Maquinaria da Arte SESC - Porto Alegre
Fotografia - Dia 10 de setembro
É uma proposta de debate sobre o fazer artístico. Uma forma de ampliar a voz do artista, fornecendo-lhe um espaço de discussão e de divulgação de sua própria (manu)fatura. Nesse instante em que se ampliaram as possibilidades de expressão e estimula-se a diversidade de comunicação através da multiplicidade mediática, resta-nos as definições dos limites da Arte. O que é Arte e o que não é arte? Ou o que não mais seria arte ou o que é perda de tempo ainda fazer como arte? Se tudo é Arte na atribuição divinatória do artista, então nada é arte e o artista não é seu deus individual. No entanto, nem tudo é matemática, tampouco tudo é água. Existem as diferenças e são elas o motivo crucial de discussões para o Maquinaria da Arte SESC. Essa questões serão levantadas com os próprios produtores de Arte: fotógrafos, pintores, cineastas, poetas, escultores, escritores, diretores de teatro, gravadores, etc. – ao longo de vários meses. No decorrer da História desenvolveu-se a ampliação do fazer como forma de expressão artistica. Criou-se paralelamente um condicionamento do que era permitido fazer e como se deveria ser feito sob determinados padrões e limitações teóricas, que foi ora religioso, ora ético, muitas vezes político e ideológico, ciclicamente acadêmico. Na maior parte das vezes as regras e os manifestos trazem a carga restritiva de banimentos e expurgos. São escolhas e sinalizam escolhas de grupos. “Conservar, melhorando” – costuma ser o lema secreto para a manutenção dos espaços conquistados, numa direção ou outra. Isso não resulta em brincadeira inofensiva. Foi assim contra os impressionistas na segunda metade do século XIX na Europa, deu-se o mesmo pelo nazismo contra a “Arte Degenerada” (leia-se Van Gogh, Picasso, Soutine, Cèzanne, Kandinsky e outros); foi esse o embate figurativos versus abstratos em meados do século XX; correu paralelo nas ácidas exigências de realismo social para as expressões de arte, teatro e literatura. Nada disso está muito distante nem tão mudado. Declara-se a cada dia a morte de alguma expressão artística. Espaços expositivos fecham-se petreamente a esta ou aquela forma de expressão em razão lastreada em alguma nova teoria ou convicção. Ou alguma conveniência. Hoje elege-se a feiúra, a escatologia e o sensacionalismo contra a beleza. Ontem a regra de imposição e cerceamento era o contrário. Mudaram as maçãs. Dessa forma o Maquinaria da Arte SESC propõe um canal de ampliação do debate sobre Arte de maneira abrangente e expansiva. A intenção não é a de criar regras, nem dogmas ou definir posturas, é mostrar a diversidade, mostrar o fazer artístico de seus diversos agentes, dar-lhes a voz. Alfredo Aquino Artista, escritor e curador - Maquinaria da Arte SESC