Terça-feira, 13.12.11

Um brinde a DON FRUTOS

Um brinde a Dom Aldyr Garcia Schlee

 

 

 

 

 

 

Um brinde especial à primeira e melhor leitora de Schlee: Marlene

 

Um brinde ao lançamento dos livros Uma terra só, Contos de Verdades, Contos de futebol e à nova tradução de Dom Segundo Sombra

Um brinde aos escritores Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga

Um brinde ao Trio Chico.

 

Um brinde ao público leitor de Aldyr Garcia Schlee e a todos os amigos do escritor, no dia 15 de dezembro no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - 19h30

 


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Cinco vezes Prêmio Açorianos

O melhor romance: Don Frutos

 

O escritor Aldyr Garcia Schlee subiu ao palco do Teatro Renascença em Porto Alegre para receber a sua quinta estatueta do Prêmio Açorianos de Literatura - Narrativa Longa 2011, pelo segundo ano consecutivo. Merecido reconhecimento pelo seu primoroso e criativo trabalho. Quinta-feira, dia 15 será realizada uma grande homenagem ao autor no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, com o lançamento de 4 novos livros e uma festa de confraternização ao grande escritor.

 


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Terça-feira, 06.12.11

A Noite do Livro

 

Prêmio Açorianos de Literatura - CONVITE

- Dia 12 de dezembro

 

A Prefeitura de Porto Alegre, através da Coordenação do Livro e Literatura,

tem a honra de convidá-los para a Noite do Livro 2011, solenidade de entrega

do Prêmio Açorianos de Literatura Adulta e Infantil e do Prêmio Açorianos de

Criação Literária/Narrativa Longa.

 

A cerimônia será realizada no dia 12 de dezembro de 2011, às 20h,

no Teatro Renascença (Avenida Erico Verissimo, 307) com a apresentação

dos músicos e escritores Humberto Gessinger e Duca Leindecker.

 


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Quarta-feira, 01.06.11

Ano da Poesia

Leonard Cohen, Príncipe de Asturias de las Letras

 

La poesía cantada, esas novelas de seis minutos y pico, la prosa mecida por inconfundibles melodías folk le han valido al músico Leonard Cohen (Montreal, 1934) el Premio Príncipe de Asturias de las Letras.

 


 

Por sus canciones de marcado carácter literario, sí, pero también por su obra no cantada, libros como Flores para Hitler, Los hermosos vencidos, Comparemos mitologías, o la novela El juego favorito.

 

Con esta decisión, el jurado de los galardones hace realidad una vieja amenaza de la Academia Sueca: conceder su máxima distinción literaria a un simple cantante de rock. A lo mejor el Nobel nunca acaba por recaer en Bob Dylan, pero sí ha merecido un Príncipe de Asturias el cantautor canadiense cuyas letras (Suzanne, Last year's man, So long Marianne, Joan of Arc. Famous Blue Raincoat o I'm your man) son leídas con la reverencia debida a las grandes obras de la literatura por generaciones de oyentes.

 

El jurado ha destacado el "imaginario sentimental" creado por Leonard Cohen en el que "la poesía y la música se funden en un valor inalterable". Posiblemente ahora cobre todo su sentido el hecho de que la carrera de Cohen, fenomenal recitador de voz grave y ascendencia lituana, comenzase en los cenáculos literarios en aquellos años 60 en los que la generación que revisó las tradiciones del folk introdujo la sensibilidad poética de autores estadounidenses como Walt Whitman o Henry David Thoreau.

 

 

Su novela de debú, El juego favorito, tomó la forma de un libro de aprendizaje. Después vendría el fichaje por Columbia Records, auspiciado por John Hammond. Y su estreno discográfico, Songs of Leonard Cohen, acaso uno de los mejores álbumes de la historia del rock. Se abría con Suzanne, una letra dedicada platónicamente auna bailarina canadiense que ya daba idea de unas inquietudes poéticas nada común en la industria de la música: "Y cuando tratas de decirle / que careces de amor para ofrecer / te coge y te mece entre sus brazos / dejando que el río conteste / que siempre fuiste su amante".

 

La pulsión estilística de Cohen nunca desapareció desde entonces, en discos como Songs from a Room (1969), Songs of Love and Hate (1971), Death of a Ladies' Man (1977, con producción de Phil Spector), I'm Your Man (1988) o su último álbum de estudio Dear Heather (2004).

 

Cohen visitó España por última vez en 2010 en una gira enmarcada en un tour monumental, espoleado por la pertinaz ruina en la que se quedó tras el último divorcio. El tour le llevó por todo el mundo desde 2009 (en realidad, eran dos giras enlazadas). Una prueba de lo que se pudo ver en aquellos conciertos está contenida en Live in London (2009). Cohen firmó un brillante capítulo en su relación con España cuando colaboró con sus composiciones para un disco de Enrique Morente, Omega (1996).

 

 

El Festival Internacional de Benicàssim fue testigo del reencuentro entre ambas leyendas de la música. El galardón, que el año pasado recayó en el escritor libanés Amin Maalouf, reconoce a las personas cuya labor creadora o de investigación represente una contribución relevante a la cultura universal en los campos de la literatura o de la lingüística. De los ocho galardones que convoca la Fundación Príncipe de Asturias, el de las Letras ha sido el quinto en fallarse en la presente edición.

 

La entrega de los premios será en otoño en el teatro ovetense Campoamor, presidida por Don Felipe de Borbón. Cada premio está dotado con 50.000 euros y la escultura creada expresamente por Joan Miró. -

 

Publicado em El País

 

 

 

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Sexta-feira, 27.05.11

Prêmio Portugal Telecom 2011

 

50 Indicados ao Prêmio Portugal Telecom 2011

 

 

 

Veja o vídeo:


http://videos.sapo.pt/4LYzMblj0hMhD6lnrRF5

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Terça-feira, 19.04.11

Sete autores

Sete livros de autores portugueses inscritos na 9ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura

 

Entre os 380 livros inscritos na 9ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura, sete obras são de autores portugueses, duas de autores angolanos, uma de autora moçambicana e 371 de autores brasileiros, todas publicadas no Brasil no ano de 2010. Até ao dia 15 de Maio serão escolhidos os primeiros 50 classificados. Desses serão escolhidos dez e, por fim, os três vencedores. Na edição do ano passado, o romance “Leite Derramado” de Chico Buarque foi o vencedor.

 

 

 

 

A lista dos livros escritos na 9ª edição daquele que é um dos prémios literários mais importantes no Brasil foi hoje divulgada e entre eles encontram-se obras dos angolanos José Eduardo Agualusa (“Milagrário Pessoal”) e Pedro Proença (“Comentários do Apocalipse”) e da moçambicana Tânia Tomé (“Agarra-me o sol por trás”). Os escritores portugueses que têm obras inscritas para serem seleccionadas pelo júri são: Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro (“Neo-Poemas-Pagãos”); João Tordo (“As três vidas”); José Mário Silva (“Efeito Borboleta e outras histórias”); Gonçalo M. Tavares (“Uma viagem à Índia”); Inês Pedrosa (“Os íntimos”); Maria do Sameiro Barroso (“Poemas da noite incompleta”) e Júlio Conrado (“A escrita a postos”).

 

Entre os inscritos brasileiros destacam-se obras de Adélia Prado (“A Duração do Dia”); João Gilberto Noll (“Anjo das Ondas”); Mariana Ianelli (“Treva Alvorada”); Fabrício Corsaletti (“Esquimó”); Carlos Heitor Cony (“Eu, aos Pedaços”); Paula Parisot (“Gonzos e Parafusos”); Luiz Schwarcz (“Linguagem de Sinais”); Marcelo Ferroni (“Método Prático da Guerrilha”); Aldyr Garcia Schlee (“Don Frutos”); Marina Colasanti (“Minha Guerra Alheia”); Lourenço Mutarelli (“Nada me Faltará”); Tony Bellotto (“No Buraco”); Christiane Tassis (“O melhor do Inferno”); João Paulo Cuenca (“O único final feliz para uma história de amor é um acidente”); Mário Prata (“Os Viúvos”); Carola Saavedra (“Paisagem com Dromedário”); Ronaldo Correia de Brito (“Retratos Imorais”); José Castello (“Ribamar”) e Cristovão Tezza (“Um erro emocional”).

 

Os curadores deste prémio literário brasileiro – Maria Esther Maciel, Regina Zilberman, Lourival Holanda, Selma Caetano – e os 306 membros do júri (indicados entre professores, críticos literários e escritores de todas as regiões do Brasil pela curadoria) vão também eleger até 15 de Maio o Júri Intermediário que irá depois analisar as 50 obras seleccionadas e escolher entre elas os 10 nomeados para a fase final que serão divulgados em Setembro. Por fim, o júri final – composto pelos quatro curadores e os seis profissionais eleitos pelo Júri Intermediário – irá eleger, em Novembro de 2011, os três livros vencedores.

 

Na 8ª edição do Prémio, em Novembro do ano passado, “Leite Derramado” (Companhia das Letras), o quarto romance do compositor e escritor Chico Buarque foi o vencedor, seguido de “Outra Vida” (Alfaguara) o quarto romance do escritor Rodrigo Lacerda e de “Lar,” (Companhia das Letras) do escritor Armando Freitas Filho. A lista com os inscritos e o Júri Inicial está em http://www.premioportugaltelecom.com.br/

 

Publicado por Isabel Coutinho no blog Ciberescritas

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Sexta-feira, 25.03.11

Jabuti (...chico, devolve o prêmio...)

Abertas as inscrições do Prêmio Jabuti, com novas regras

 

No último dia 22/03 a Câmara Brasileira do Livro apresentou o novo regulamento do Prêmio Jabuti, que agora tem 29 categorias. Em 2011 foram desmembradas quatro categorias: Arquitetura e Urbanismo; Artes; Comunicação; Ciências Exatas; Tecnologia e Informática; Ciências Naturais; Ciências da Saúde; Educação; Psicologia e Psicanálise, e foram criadas três novas: Turismo e Hotelaria; Gastronomia e Ilustração.

 

Com as mudanças no regulamento, apenas o primeiro lugar de cada categoria será laureado com o troféu Jabuti e o prêmio em dinheiro de 3 mil reais.

 

Também a partir desta edição, somente os livros vencedores - primeiro lugar - em cada categoria vão concorrer ao Livro do Ano Ficção e Livro do Ano Não-ficção, para evitar a polêmica ocorrida no ano passado com a premiação do vencedor principal atribuída a um livro classificado em segundo lugar, e que receberão 30 mil reais cada. As inscrições ao Prêmio Jabuti começaram no dia 23/03 e terminam em 31/05/ 2011.

 

Poderão concorrer apenas obras inéditas, editadas no Brasil entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2010. A participação é aberta a editores, escritores, autores independentes, tradutores, ilustradores, produtores gráficos e designers. No ano passado, a premiação alcançou recorde de inscritos (2.867) entre todas as edições do concurso. Mais informações, regulamento e inscrições estão disponíveis no site do Prêmio Jabuti.

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Sábado, 19.03.11

Mérito literário no lugar do lobby?

O novo Jabuti

 

A Câmara Brasileira do Livro anuncia nos próximos dias aquela que deve ser a maior reformulação na história do cinquentenário Jabuti. Alvo de críticas no final do ano passado, o prêmio foi questionado publicamente pelo grupo Record, um dos maiores do país, e fez surgir a jocosa campanha "Chico Buarque, devolva o Jabuti", que teve como pivô o vencedor do grande prêmio de ficção. "São muitas as mudanças e estou satisfeita com o resultado", afirma Karine Pansa, presidente recém-empossada da CBL.

 

Entre as marcas de sua gestão, destacam-se o alinhamento  com a ministra da Cultura, Ana de Holanda, no debate sobre a lei de direitos autorais e a intenção de aumentar a oferta de cursos sobre livro digital.  

 

Publicado na Folha de São Paulo

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Sábado, 19.02.11

Os ditadores não suam

Vargas Llosa, Prêmio Nobel


Carlos Fuentes


Un análisis de la obra del escritor peruano a través de La fiesta del Chivo, retrato el horror de la opresión de Trujillo en República Dominicana. "Es novela, novedad, y también nivola, nube y niebla unamunianas gracias a una presencia que comunica los hechos".


En el otoño de 1967, coincidí en Londres con Mario Vargas Llosa. Ambos habíamos leído, recientemente, y con admiración, la colección de retratos de la guerra de secesión norteamericana Patriotic Gore, por Edmund Wilson. Sentados en un pub de Hampstead, se nos ocurrió que no estaría mal un libro comparable sobre la América Latina: una galería imaginaria de retratos. En ese instante, varios espectros entraron al pub londinense reclamando el derecho a encarnar. Eran los dictadores latinoamericanos.


Vargas Llosa y yo invitamos a una docena de autores latinoamericanos. Cada uno debería escribir una novela breve -no más de cincuenta páginas por dictador- sobre su tirano nacional favorito. El volumen colectivo habría de llamarse Los padres de las patrias. Nuestro editor francés, Claude Gallimard, se convirtió en el padrino del proyecto. Por desgracia, a la postre resultó imposible coordinar los múltiples tiempos y las variadas voluntades de los escritores que, si mi memoria es tan buena como la de El Supremo de Augusto Roa Bastos, incluían, además de Vargas Llosa y yo mismo, al propio Roa, el argentino Julio Cortázar, el venezolano Miguel Otero Silva, el colombiano Gabriel García Márquez, el cubano Alejo Carpentier, el dominicano Juan Bosch, a los chilenos José Donoso y Jorge Edwards (Donoso prometió ocuparse de un dictador boliviano; su mujer, María Pilar, nació en ese penthouse de las Américas).

 

Al fracasar el proyecto, tres de los escritores mencionados decidieron seguir adelante y concluir sus propias novelas: Carpentier (El recurso del método), García Márquez (El otoño del patriarca) y Roa Bastos (Yo el Supremo).


Vargas Llosa, a partir de entonces, ha publicado una serie de grandes novelas que culminan, las más recientes, con La fiesta del Chivo (2000) y El sueño del celta (2010). Destaco Conversación en La Catedral (1969) y La guerra del fin del mundo (1981) para concentrarme en La fiesta del Chivo, toda vez que rememora el propósito de aquella vieja conversación en un pub londinense y culmina la preocupación literaria con el tirano genérico en García Márquez y en Carpentier. En El otoño del patriarca (1975), los modelos son Franco y Salazar primordialmente, aunque no quedan fuera resabios de dictadores latinoamericanos del pasado, del presente y del futuro. En El recurso del método (1974) el modelo es el hombre fuerte Venezolano Antonio Guzmán Blanco, un contradictorio personaje que confiscó los bienes de la Iglesia, creó el sistema de educación primaria y apoyó la educación superior... pero también gobernó con mano dura, no frenó a la corrupción y padeció de una vanidad tan ancha como el río Orinoco. Carpentier enfoca un rasgo semicómico de Guzmán Blanco: sus periódicas retiradas del poder para gozar de la vida en Francia y decorar, nostálgicamente, su piso parisino como una selva tropical, con cacatúas y todo. Aunque el poder le importaba más que París: apenas estallaba una rebelión en Venezuela, Guzmán Blanco regresaba -lenta pero seguramente, en barco- a retomar el poder y acentuar la tiranía.


Roa Bastos, en contraste, escoge a un tirano individual - el doctor Francia - y Vargas Llosa a otro más contemporáneo, Rafael Leónidas Trujillo, el sátrapa dominicano. Sólo que Roa Bastos puede hallar elementos de redención en la figura de Francia y Vargas Llosa no los admite en la de Trujillo. Si Francia es explicable a la luz de la inestabilidad post-independiente del siglo XIX, Trujillo no es explicable, ni admisible, en pleno siglo XX: Es una sangrienta anacronía.


Iniciado por Valle-Inclán en Tirano Banderas (1926) el tema del abuso del poder, el autoritarismo despótico y la distancia entre la ley y la práctica, se continúa, con los Ardavines de Gallegos, el don Mónico de Azuela, el Pedro Páramo de Rulfo, el Caudillo de Guzmán y ya citados, los dictadores de Roa Bastos, García Márquez y Carpentier. La diferencia en Vargas Llosa es que no apela a un seudónimo literario o a una figura simbólica, sino que nos refiere a un dictador concreto, personalizado, con nombre, apellido y fechas certificables de nacimiento y muerte: Rafael Leónidas Trujillo Molina, Benefactor de la Patria Nueva, Restaurador de la Independencia Financiera y Primer Periodista de la Nación, aunque los dominicanos, para no meterse en aprietos, lo llamaron "Mr. Jones" o "Mr. Jackson".


Esta salubre denominación - las cosas por su nombre - no significa que Vargas Llosa se limite a un ejercicio periodístico acerca de los treinta años de la dictadura trujillista. Los datos están ahí, biográficos, exactos, lúgubres, pero el marco novelesco los reduce (o eleva) a testimonios de una realidad atroz, en tanto que la misma realidad es cercada (y revelada) por la imaginación narrativa, que se propone, a su vez, como parte de una realidad más ancha, que incluye a la realidad de la invención literaria.


De esta manera, conocemos al detalle el horror de la opresión trujillista. A los enemigos "los echamos a los tiburones, vivos como usted mandó". Las prisiones son hoyos de tortura en los que la sevicia del tirano es ampliada por la sevicia y los rencores de cada torturador. Los enemigos del régimen son fusilados por doce bandidos que a su vez serán fusilados para que no queden testigos. Racimos de hombres desnudos son vejados, torturados, asesinados... Trujillo cuenta con una corte de aduladores, asesinos y subordinados. Johnny Abbes, a quien se le puede atribuir todo lo malo: "Para que un gobierno dure treinta años, hace falta un Johnny Abbes que mete las manos en la mierda". Ladrón de cadáveres ayer, asesino de sospechosos hoy, maricón, casado con una "horrible y aguerrida mexicana", Lupita, "que andaba con pistola en la cartera". "Soy el perro de usted", le dice a Trujillo.


Henry Chirinos, llamado "el constitucionalista beodo", "la inmundicia viviente", come atragantado, dueño de una "insolente fealdad", autor de poemas, acrósticos y oraciones fúnebres. Es el-hombre-que-nunca-suda: no necesita ventilador. Sus labios son del color de la ceniza; sus palabras exhalan vaho.


Y está, al cabo, Agustín Cabral, "experto en imperdonables": trampas, triquiñuelas, intrincadas traiciones. Le atribuye a Trujillo que "los dominicanos descubrimos las maravillas de la puntualidad". Es el padre de Urania. Y está, más allá del bien y del mal, Joaquín Balaguer, que sabe lo conveniente y no se entera de lo inconveniente. Sabe callar. Es más jesuita que los jesuitas: actúa como si creyera...


Trujillo veja a sus colaboradores. Se especializa en humillar a quienes, cultos, universitarios, le sirven. Atiza la lucha de facciones trujillistas, neutralizando a sus colaboradores. ¿Ha leído a Maquiavelo? Como Hernán Cortés en la Conquista de México, ni falta que le hace. Su instinto lo conduce a ejercer un principado vengativo, sangriento, que sin embargo, como lo dijo El Príncipe, sangra a su vez por varios costados. Como todos los tiranos patrimonialistas Trujillo es el benefactor, no sólo de la Patria, sino de su familia. Su madre "la excelsa matrona", "madre del perínclito varón que nos gobierna" y la Prestante Dama, mujer de Trujillo, una vieja "gorda y pendeja", mujercita de "medio pelo y dudoso vivir, apodada La Españolita".


¡Ah! Y faltan los hijos del dictador, Radhamés y Ramfis, así nombrados, en honor de la Aída de Verdi. Radhamés es "brutito" y Ramfis el niño mimado, nombrado coronel a los siete años, elevado a general a los diez, enviado a la Academia militar de Fort Leavenworth, donde no recibe el trato que se merece ("general Trujillo") y regresa a la patria a ser festejado como héroe: nombrado Jefe del Estado Mayor Conjunto de las Fuerzas Armadas.

 

Crece rodeado de "dos o tres amigos que lo festejan, adulan, sirven y medran a su costa". Hace regalos a las actrices que seduce - Kim Novak, Zsa Zsa Gabor - equivalentes a la ayuda militar de los EE UU a la República Dominicana. Y el propio benefactor, Padre de la Patria Nueva, ¿qué hace?, ¿qué no hace? Nunca suda. Disimula. Controla sus corajes. Se blanquea la tez mulata. Tiene centenares de uniformes, casas grandes y casas chicas multiplicadas. Le gusta "hacer chillar a las hembritas". Confía en que su régimen será eterno, ¿o no lo ha bendecido el propio Cardenal Primado de Nueva York, Francis Spellman? ¿No cuenta con el apoyo norteamericano? Luego de servir como mandadero, entra a la Guardia Nacional durante la ocupación norteamericana y es elevado a Coronel, protegido por el Mayor Watson: "¡Trujillo piensa como un marine!". Golpe de Estado mediante, llega al poder desde 1930 y ya no lo suelta. Asesina impunemente a siete mil trabajadores haitianos en 1937 y a decenas de miles de ciudadanos dominicanos hasta el fin de la Dictadura. Sin él, la República Dominicana sería "país horda, tribu, caricatura". ¡Qué pena, para un gobernante tan superior, tener una familia, "el error de mi vida", la calamidad incomparable, "sin otro horizonte que el trago, las penas y tirar"! Es a pesar, no gracias a ellos -la horda, la tribu- que el régimen se sabe eterno. "¿Quién iba a pensar que un día la Tierra podría dejar de girar alrededor del Sol?".

 

 

 

 

Esta "fe" le permite al dictador sobrellevar sus propias miserias personales. La próstata infectada. La incontinencia. Mearse en los pantalones. No controlar el esfínter. No poder "hacer chillar a una hembrita".


Y no poder evitar, tampoco, la muerte.


La muerte del tirano: la anticipan los valientes, impacientes, mal preparados opositores que preparan la celada final para asesinar a Trujillo. Y lo consiguen de manera desorganizada, bravos, dispuestos, ellos mismos, a morir en el intento. Del país de "pijoteros, vampiros y pendejos" despreciado por el dictador, surgen los locos justicieros que lo matan y lo mandan a un lecho de hielo, como si el frío pudiera resucitarlo. Ha perseguido a los curas, ha perdido el respaldo de Washington, ha dejado un vacío que llena el hombrecito Balaguer y la transitoria posición de Ramfis como jefe del ejército. Todo es apresurado, todo es pasajero. Lo entendió desde siempre la Prestante Dama "la terrible, la vengadora" y la astuta dama, que fue acumulando millones de dólares en los bancos suizos, últimos beneficiarios de la rapiña trujillista. La Dama nunca reveló los millones de las cuentas suizas. Murió en la pobreza, en Panamá, y llevaron a enterrarla en un taxi.


La novela de Vargas Llosa no es periodismo: no revela nada que no se haya publicado sobre la tiranía trujillista. Tampoco es historia: demasiados dominicanos sufrieron o se aprovecharon de las tres décadas de Trujillo como para esfumarlas en el pasado.


Es novela, novedad, y también nivola, nube y niebla unamunianas gracias a una presencia que comunica los hechos, la distancia, los humaniza, los vuelve novedosos y novelables. La presencia es la de Urania, hija del senador Agustín Cabral, el "cerebrito" del régimen y ahora un vegetal humano, despojado de voluntad, a quien su hija abandonó, protegida por las monjas, para salvarse del destino de Rosalía Perdomo, de tantas otras muchachas violadas por Trujillo, por los Trujillos, por las bandas de los Ardavines, los Pedro Páramo, los hijos de patriarcas y los descendientes del tirano Banderas: las legiones del poder sin ley de la América Latina.


Urania Cabral se salva. Se va a Nueva York a llevar una vida propia, como profesionista independiente, lejos de la fatalidad de la fuerza bruta. Regresa a reconocer a su padre inválido. Regresa a contar esta novela a su tía Adelina, a sus primas Lucinda y Manolita, es decir, a todos nosotros, los lectores de una novela de Mario Vargas Llosa que no sólo cuenta lo que ya sabíamos sino lo que no sabíamos: el efecto de esta historia en el alma de una mujer, Urania, que escapa de la historia para poder contar la historia, desde el marco de una personalidad hecha por la historia pero salvada de la historia para contarla -Urania Cabral - dándole un marco personal, protagonista, que renueva y hace inteligible a la historia.


Carlos Fuentes - Publicado em Babelia / El País

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Terça-feira, 01.02.11

Prêmio Literário Casa de las Américas

 

Nelson de Oliveira recebe prêmio Casa de las Américas (Cuba)

O escritor brasileiro Nelson de Oliveira foi anunciado como o vencedor do prêmio Casa de las Américas, de Cuba. (Literatura Brasileira)


A obra dele, "Poeira: Demônios e Maldições", foi considerada a melhor na categoria Literatura Brasileira.


O júri foi formado por Marcos de Moraes (Brasil), Trinidad Pérez (Cuba) e Ricardo Alberto Pérez (Cuba).


"A novela se sobressai pela eficiência de sua estrutura, que propõe o diálogo entre o discurso do relato e outro discurso que se vale de passagens oníricas e níveis elaborados a partir de jogos radicais com a linguagem", justificaram.


"Esta dualidade conduz o livro a uma posição renovadora que pretende mostrar o novo caminho da ficção, tratando de enfrentar um mundo irreverente e caótico."


A escritora e poeta Mariana Ianelli recebeu uma menção por "Treva Alvorada", e Orlando Senna, uma menção especial por "Os Lençóis e os Sonhos".


LITERATURA BRASILEÑA

 

El jurado integrado por Marcos de Moraes, Brasil; Trinidad Pérez, de Cuba y Ricardo Alberto Pérez, de Cuba acordó otorgar por unanimidad el Premio a la obra:


Poeira: demonios e maldições - Nelson de Oliveira


“Dicha novela sobresale por la eficacia de su estructura, la cual propone un diálogo entre el discurso del relato, y otro discurso que se vale de pasajes oníricos y niveles elaborados a partir de juegos radicales con el lenguaje. Esta dualidad conduce el libro a una posición renovadora que pretende mostrar el nuevo camino de la ficción tratando de enfrentar un mundo irreverente y caótico.
La novela es movida por el impulso de la literatura de pensarse a sí misma, de colocarse en una posición protagónica desde la que puede contemplar sus propias crisis. Estos rasgos colocan el territorio del libro como una zona de vértigo donde el que decida dejarse atrapar estará participando de una experiencia repleta de interrogantes y dudas que a su vez construyen una delirante posibilidad”.

 

 

 

 


Mención Treva alborada - Mariana Ianelli


Mención Especial  Os lençóis e os sonhos, novela  Orlando Senna

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Quarta-feira, 15.12.10

Os livros do novo ano

Livros e amigos

 

 

 

Aldyr Garcia Schlee esteve em Porto Alegre na segunda-feira, participando da entrega do Prêmio Açorianos, onde encontrou vários escritores amigos e junto a eles festejou a premiação, a bela cerimônia e o show em que vários deles foram premiados em diversas categorias. Foi uma bela festa de confraternização e amizade, bem organizada pela Secretaria Municipal da Cultura, pela equipe do Secretário da Cultura e escritor Sergius Gonzaga.

 

 

 

No dia seguinte, terça-feira, esteve com agenda cheia, conversando sobre DON FRUTOS, sobre Jaguarão, sobre Pelotas e sobre o pampa, com um brinde de espumante pelo FATO LITERÁRIO 2010, numa lotada Livraria Sapere Aude! (de Lia, Letícia e Carlos Cartell), a casa repleta de amigos e especialmente de muitos jaguarenses; até o momento em que se dirigiu ao Bar Ocidente, para participar de um bate-papo animadissimo no SARAU ELÉTRICO, sobre a sua literatura do pampa, com KATIA SUMAN, CLAUDIA TAJES, LUÍS AUGUSTO FISCHER (outro premiado Açorianos) e CLÁUDIO MORENO. Em nenhum instante se falou de futebol, apenas de literatura e livros.

 

Em 2011, serão relançados em novas edições, os livros Contos de verdades e O dia em o Papa foi a Melo (atualmente esgotados), além de um novo livro de contos, inédito, previsto para lançamento em setembro.

 

 

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Terça-feira, 14.12.10

Prêmio Açorianos - Contos

 

 

 

 

 

Aldyr Garcia Schlee ganhou. Com o livro Os limites do impossível - Contos Gardelianos

Imagem: Desenho do troféu Açorianos, de Xico Stockinger, realizado a caneta esferográfica por Flor, neta do escritor.

publicado por ardotempo às 11:41 | Comentar | Ler Comentários (3) | Adicionar
Domingo, 12.12.10

Noite do Livro, em Porto Alegre

 

Prêmio Açorianos - Convite para a entrega dos Prêmios de Literatura - 13 de dezembro

 


 

 

publicado por ardotempo às 23:03 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 25.11.10

Livros para serem lidos, sem pressa

 

Ano para reconhecer Schlee

 

 


 

HOMEM FORJADO no território por natureza incerto da fronteira, o escritor, tradutor e professor Aldyr Garcia Schlee acostumou-se a labutar em silêncio e a produzir sua obra em um ritmo próprio e compassado, alheio (“à margem”, como ele mesmo define) ao sistema literário e suas pressões de mercado. Basta notar que, em quase meio século de carreira, o número de seus livros individuais não chega a uma dezena. Por isso, é o próprio escritor o primeiro a apontar o quanto o último ano marcou em sua trajetória uma pequena revolução, iniciada em 2009, com o elogiado Os Limites do Impossível, e coroada na Feira do Livro de Porto Alegre com publicação do épico romance Don Frutos e com o reconhecimento do prêmio Fato Literário – Schlee foi escolhido na categoria “personalidade”, com 52% dos 123 votos do Júri Oficial.


Me surpreendi muito com a premiação. Achei, sem querer afetar modéstia, que a premiada seria a Lya Luft, a quem conheço há muitos anos. Ainda estou tentando entender como foi que obtive tantos votos. Se fosse eleição política, eu teria vencido no primeiro turno – brinca o autor, que completa 76 anos no próximo dia 22.


Antes de lançar, na Feira de 2009, Os Limites do Impossível – uma narrativa de estrutura ambígua pode ser lida como um romance formado de histórias curtas independentes ou uma coletânea de contos com uma unidade temática –, Schlee vinha de um silêncio de quase uma década. Seu livro anterior havia sido a coletânea Contos de Verdades (2000), que teve uma precária distribuição devido à complicada situação financeira em que se encontrava sua editora da época.


Foi um livro que não repercutiu fora de um pequeno círculo de leitores. A trajetória de um livro não se completa com o seu ponto final, é parte fundamental dela também o conjunto de leituras que ele ganha depois de ir a público, e esse livro, lamentavelmente, não completou ainda essa trajetória – lamenta.


Mas uma década de silêncio não significou uma década de inatividade. Schlee dedicou boa parte dela, ao contrário, à pesquisa e à redação febril de sua obra mais ambiciosa, Don Frutos, monumental romance histórico que reconstitui, em mais de 500 páginas, a passagem por Jaguarão, terra natal do autor, do caudilho uruguaio Dom José Fructuoso Rivera (1784 – 1854), primeiro presidente constitucional do Uruguai.


É um romance sonhado por quatro décadas, desde que Schlee, ainda um jovem professor da Universidade Federal de Pelotas, topou, ao fazer uma pesquisa, com a informação de que Rivera havia morrido em Jaguarão. A obra só começou a ganhar feição, contudo, depois que o autor obteve a valiosa ajuda de um amigo uruguaio, o pesquisador Amílcar Brum, que o auxiliou a coletar a imensa massa de informações sobre a vida e os tempos do caudilho. Além de uma narração barroca e suntuosa, Schlee sustenta seu romance com a transcrição de documentos, cartas, notas de expediente, panfletos de época, alguns reais, outros fictícios. O livro ficou pronto antes mesmo de Schlee começar Os Limites do Impossível, mas só ganhou publicação este ano, pela editora ARdoTEmpo.


Duas grandes editoras chegaram a me solicitar o romance, eu enviei, e depois de um ano é que obtive resposta. Na primeira disseram que o livro era muito bom mas o “custo-benefício” não valia a publicação, ainda mais para um autor da minha idade. A segunda queria mutilar o livro da parte dos documentos – conta.

 

 

 

 

 

Tais episódios, contudo, ficaram para trás, ele garante. A repercussão obtida com a indicação e a premiação ao Fato Literário chamaram a atenção do público para o romance, principalmente na região da fronteira onde Schlee ambienta a maior parte de sua ficção. A versão em espanhol da obra deve ganhar publicação no Uruguai em breve, com tradução do próprio autor – que escreve indiscriminadamente seus livros tanto em português como em espanhol, o que pode explicar um pouco o ritmo sem pressa de sua produção literária. E sua surpresa no reconhecimento a ele ofertado como grande nome da cultura do Estado neste ano:


Das dezenas de e-mails que recebi me parabenizando, um terço veio do Uruguai. O que para mim tem um grande significado. Sou mesmo um autor de um universo pequeno e próprio. Quando falo que produzo à margem é que sou limitado ao meu pequeno mundo de fronteira: Rio Branco, Melo, Tacuarembó e Treinta y Tres, no Uruguai, e Jaguarão. Fora disso, não sei nada.


Carlos André Moreira - Publicado em Zero Hora

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Terça-feira, 16.11.10

O Prêmio FATO LITERÁRIO 2010 é...

ALDYR GARCIA SCHLEE

 

 

 

 

 

 

Autor de DON FRUTOS (2010) e de OS LIMITES DO IMPOSSÍVEL - Contos Gardelianos (2009)

Fotografia: Alexandre Schlee Gomes - 56ª Feira do Livro de Porto Alegre 2010

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Domingo, 14.11.10

O jabuti sem carapaça e o leite talhado

A Editora Record e o Prêmio Jabuti

 

Carta do editor Sergio Machado à Câmara Brasileira do Livro sobre a atribuição do Prêmio Jabuti a Chico Buarque, pelo seu romance Leite Derramado.


"O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.

 

Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu.

 

Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.

 

Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial. Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas".


Aos seus autores, Sérgio Machado enviou por e-mail a seguinte mensagem:


"O Grupo Editorial Record decidiu que não mais participará do Prêmio Jabuti até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas. Como editor responsável e orgulhoso de ter em catálogo o melhor da literatura nacional, não posso admitir que nossos autores sejam submetidos a recorrentes situações de constrangimento e injustiça. Enviei , hoje, à Câmara Brasileira do Livro e à Comissão do Prêmio Jabuti a carta comunicando esta decisão. Deixo claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo. Só não queremos participar institucionalmente de um processo equivocado que dá margem a distorções vergonhosas".

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Sexta-feira, 12.11.10

DARDOS

Agradecimento pela indicação feita por José Simões

 

 

DARDOS

 

 

 

 

 


"O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc.... que, em suma, demonstrem a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras e as suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web."

 

E faço a minha indicação de dez nomes/blogs:

 

José Mário Silva - Bibliotecário de Babel

Mariana Ianelli

Luiz Carlos Vaz - Jornalista Vaz

Henrique Chagas - Verdes Trigos

Gilberto Perin

Eric Tenin - Paris Daily Photo

Laure Limongi - Rougelarsenrose

Pedro Gonzaga

João Ventura - O leitor sem qualidades

Roger Lerina

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Quinta-feira, 11.11.10

Prêmio Açorianos (Porto Alegre RS Brasil) indica seus finalistas

LITERATURA

 

Na sua 16ª edição, o Prêmio Açorianos de Literatura Adulta e Infantil premiará 10 livros e 02 destaques literários. Esse ano, os três finalistas de cada categoria são:

CAPA:

 

AUTOBIOGRAFIA DE UM EX-NEGRO

Autor: James Weldon Johnson. Tradutor: Roberto Frizero – Capa: Gustavo Demarchi e Gabriel Demarchi. Editora 8inverso

 

SILÊNCIO EM SIENA

Autor: Flávio Wild - Capa de Flávio Wild.  Editora 7Letras

 

VOO RUMO ÀS ASAS: A ARTE E O VÍNCULO COMO REMÉDIO

Autor: Valmor Bordin - Capa de Kelly Gerevíni. Editora Nova Prova

 

PROJETO GRÁFICO:

 

O NERVO DA NOITE

Autor: João Gilberto Noll - Projeto gráfico: Marisa Iniesta Martin. Editora Scipione

 

MINICONTOS E MUITOS MENOS

Autores: Laís Chaffe e Marcelo Spalding - Projeto gráfico: Auracebio Pereira. Editora Casa Verde

 

THEO WIEDERSPAHN: ARQUITETO

Autor: Günter Weimer - Projeto Gráfico: Vinicius Xavier. Editora EDIPUCRS

 

INFANTIL:

 

ERVILINA E O PRINCÊS OU DEU A LOUCA EM ERVILINA

Autora: Sylvia Orthof. Editora Projeto

 

PEDRO MALAZARTE E A ARARA GIGANTE

Autor: Jorge Furtado. Editora Artes e Ofícios

 

ROSITA MARIA ANTONIA MARTINS DA SILVA

Autora: Ana Terra. Editora Larrousse Júnior

 

INFANTO-JUVENIL:

 

MARIA DEGOLADA, SANTA ASSOMBRADA

Autor: Caio Riter. Editora Edelbra

 

O NERVO DA NOITE

Autor: João Gilberto Noll. Editora Scipione

 

TRÊS PAIS

Autor: Paulo Bentancur. Editora Atual

 

CONTO:

 

ESCURO, CLARO: CONTOS REUNIDOS

Autor: Luís Augusto Fischer. L&PM Editores

 

HISTÓRIAS DO MUNDO VIRTUAL

Autora: Tania Correa Alegria. Editora Movimento

 

OS LIMITES DO IMPOSSÍVEL - CONTOS GARDELIANOS

Autor: Aldyr Garcia Schlee. Editora ARdoTEmpo

 

 

CRÔNICA:

 

A VOZ QUE SE DANE

Autor: José Pedro Goulart. L&PM Editores

 

FLOR DE GUERNICA

Autor: Pablo Morenno. WS Editor

 

MULHER PERDIGUEIRA: CRÔNICAS

Autor: Fabrício Carpinejar. Editora Bertrand Brasil

 

POESIA:

 

FIM DAS COISAS VELHAS

Autor: Marco Menezes. Editora Modelo de Nuvem

 

PEJUÇARA

Autor: Escobar Nogueira. Editora 7Letras

 

ZERO UM

Autor: Guto Leite. Editora 7Letras

 

NARRATIVA LONGA:

 

ANJO DAS ONDAS

Autor: João Gilberto Noll. Editora Scipione

 

CRIME NA FEIRA DO LIVRO

Autor: Tailor Diniz. Editora Dublinense

 

O GATO DIZ ADEUS

Autor: Michel Laub. Editora Companhia das Letras

 

ENSAIO DE LITERATURA E HUMANIDADES:

 

GUILHERMINO CESAR: MEMÓRIA E HORIZONTE

Autora: Maria do Carmo Campos (org.). Editora da UFRGS

 

INTELIGÊNCIA COM DOR - NELSON RODRIGUES ENSAÍSTA

Autor: Luís Augusto Fischer. Arquipélago Editorial

 

TRÍPTICO PARA IBERÊ

Autores: Daniela Vicentini, Laura Castilhos e Paulo Ribeiro. Edição da Fundação Iberê Camargo e Cosac Naify

 

ESPECIAL:

 

CIDADES GAÚCHAS: PAISAGENS URBANAS

Autor: Eurico Salis. Edição do Autor

 

DOSTOIÉVSKI: CORRESPONDÊNCIAS 1838-1880

Autor: Fiodor Dostoievski. Tradutor: Robertson Frizero. Editora 8Inverso

 

TENTATIVA DE INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autor: Luigi Nascimbene. Organizador: Mário Rozano. Tradução: Elvo Clemente. Editora CiaE


A Noite de premiação será no dia 13 de dezembro, às 20h, no Teatro Renascença. Nesse dia, além de conhecer os vencedores de cada categoria, serão anunciados os destaques do ano (concorrem editoras e/ou livrarias; projetos de incentivo, promoção e divulgação da literatura; mídia digital; e mídia impressa, rádio e TV); o Livro do Ano, que receberá um prêmio no valor de R$ 10 mil; e a Coletânea inédita vencedora do Prêmio Açorianos de Criação Literária/Conto que receberá R$ 10 mil e a publicação da obra.


Informações: Coordenação do Livro e Literatura
(51) 32898072 / 8071
e-mail: cll@smc.prefpoa.com.br
site: coordenacaodolivro.blogspot.com

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Quinta-feira, 04.11.10

Em São Paulo - segredos do nascimento de Carlos Gardel no Uruguai

Lançamento do livro de contos/ romance Os limites do impossível, de Aldyr Garcia Schlee

 


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Terça-feira, 26.10.10

O romance secreto

OS LIMITES DO IMPOSSÍVEL - de Aldyr Garcia Schlee

 

 



Os limites do impossível é um livro de contos, identificados na narrativa singular e no estilo personal de doze mulheres diferentes e idades diversas, todas elas de alguma maneira relacionadas com uma personagem masculina que galvaniza e define a estrutura da construção literária. Estes contos finamente polidos e essencialmente trabalhados interligam-se a tal ponto que geram uma espécie de “romance secreto”. Será isso mesmo, diretamente um romance integral, disfarçado pelo subtítulo de Contos Gardelianos, apenas porque o escritor teve a intenção de nos confundir um pouco? Doze relatos de mulheres, com denso carregamento poético e intenso prazer na sua leitura, que geram imaginações e fantasias na consciência dos leitores e resultam em conclusões surpreendentes que não estão escritas em nenhuma página do livro. Será essa a intervenção criativa dos próprios leitores sobre o texto de Aldyr Garcia Schlee. Este livro notável ( de contos ou romance, o leitor decide essa questão) resultou na indicação de Aldyr Garcia Schlee, como finalista ao Prêmio Fato Literário de 2010.

 

Feira do Livro de Porto Alegre - 03 de novembro de 2010

Com a presença e autógrafos do autor - Palestra e conversa com Cláudio Moreno.

 

Aldyr Garcia Schlee é finalista indicado ao Prêmio Fato Literário 2010

 

Os limites do impossível

Contos.

Capa de Mario Castello, em duas versões diferentes.

Edições ARdoTEmpo.

204 páginas.

ISBN nº 978-85-62984-00-6

Valor: R$ 30,00

Edições ARdoTEmpo, 2009

 

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Domingo, 24.10.10

Prêmio Fato Literário - 2010

3 perguntas para Aldyr Garcia Schlee


Entrevista de Daniel Feix


ZHOs Limites do Impossível – Contos Gardelianos é um romance. Você o vê assim ou prefere classificá-lo como um livro de contos? E em algum momento pensa em escrever um texto ficcional longo?


Aldyr Schlee – Chamei Os Limites do Impossível subsidiariamente de Contos Gardelianos porque como tais os imaginei e os construí; mas sempre percebendo que podia (e até devia) levar o leitor a admitir que a trama ficcional urdida em cada história imbricava-se na de outra história e na de outra e outra... De modo que, tendo a ver todas as histórias entre si, resultava tudo numa só. Sempre estive consciente de que não queria estruturar um romance convencional. Estava apenas no exercício de meu ofício, que é duro e sério – de dizer, redizer, desdizer, contradizer o que seja, sempre bem e da melhor maneira; mas é também ofício divertido – de fazer de conta, imaginar, admitir que tudo é verdade e que não se está mentindo nem inventando; e que é, enfim, um ofício mágico – de recriar o mundo, ordenar e desordenar vidas, interferir na realidade e irrealidade. A propósito: antes de Os Limites do Impossível, eu havia escrito um romance – que será lançado agora, na Feira. Ele se chama Don Frutos e é uma longa narrativa ficcional de 500 páginas a partir da vida de Don Fructuoso Rivera, caudilho pampeano e primeiro presidente constitucional do Uruguai, que passou os últimos meses de sua vida em Jaguarão (RS).


ZH A formação de artista gráfico o ajuda no processo de escrita, especialmente na construção de cenas literárias?


Schlee – Não exatamente: o cinema me ajuda mais. Sempre, entretanto, com a certeza de que o texto, como forma de concretização da criação literária, deve se impor entre a invenção do autor e a imaginação do leitor – entre aquilo que talvez pudesse ter sido e aquilo que bem poderia ser. Aí, sobressaindo a palavra: a palavra precisa ser posta a serviço do texto como mediadora entre o inventar e o imaginar, impondo-se e valorizando-se também pela sonoridade que oferece e pela imagem que ajuda a construir.


ZH Você se considera mais brasileiro, uruguaio ou gaúcho?


Schlee – Eu sou um brasileiro sul-rio-grandense que, como escritor fronteiriço, sente-se quase uruguaio. Aqui, sobre a fronteira uruguaio-brasileira, tenho a gostosa e permanente ilusão de estar com meus leitores e personagens dentro de um particularíssimo mundo ficcional – fiel a mim mesmo e a eles –, com a sempre renovada certeza de que assim posso melhor me dedicar honesta e autenticamente à execução de meu projeto literário.


Publicado em Zero Hora RS - Brasil (23. outubro. 2010)

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Sábado, 16.10.10

Cafezinho na barbearia

Mario Vargas Llosa

 

 

 

Gilberto Perin - Retrato de Mario Vargas Llosa - Fotografia (Porto Alegre RS Brasil), 2010

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Quinta-feira, 07.10.10

Para aquele que disse que ler livros é muito chato

Vargas Llosa: "El goce que produce la buena literatura es incomparable"

 

 



El flamante Premio Nobel de Literatura ha comparecido esta tarde por primera vez en rueda de prensa, en Nueva York, donde se encuentra dictando un curso sobre Borges. Con el rostro feliz, Mario Vargas Llosa ha asegurado que "este premio no solo reconoce al escritor, sino también a la maravillosa lengua española y a la literatura latinoamericana". Durante toda la jornada, el escritor hispanoperuano ha confesado que lograr el premio "ha sido una gran sorpresa". Incluso ha revelado que en un principio pensó que se trataba de una broma. El autor ha tenido una cariñosa mención a España, por el enorme apoyo a su literatura. "España se ha vuelto un país mío", ha manifestado. El escritor tampoco se ha olvidado de sus lectores.


"Ha sido una sorpresa total", ha revelado Vargas Llosa, que no cree que el Nobel cambie su forma de escribir, "lo que sí espero es que cambie mi vida diaria". Y ha continuado: "Yo pensaba que estos meses aquí, en Nueva York, iban a ser muy tranquilos; pero mira, en cambio, la Academia sueca todo lo cambia". "¡Será una locura, pero sobreviviré!", ha apostillado.


El Nobel hispanoperuano ha detallado cómo se enteró de la noticia: "La llamada pensé que era una broma; cuando me llamó el secretario general de la Academia Sueca. Y le dije a mi mujer 'si se trata de una broma mejor no llamemos a los hijos hasta que se confirme'. Eran las cinco y media de la mañana y estaba leyendo, releyendo un libro maravilloso que es El reino de este mundo, de Alejo Carpentier, un libro que recomiendo, maravillosamente escrito. Vi que se acercaba mi mujer con el teléfono en la mano y sentí angustia, porque las noticias suelen ser malas cuando llegan a esas horas. Era el secretario general de la Academia Sueca. Se cortó y volvió a llamar cinco minutos después. Me dijo que en 14 minutos iba a ser anunciado".


Mario Vargas Llosa ha protagonizado una larga comparecencia en la que no evitado ningún asunto. Entre los temas por los que se han interesado los periodistas ha estado, lógicamente, la literatura, pero también la política. "No puedes dejar la política fuera de la vida", ha apuntado. El autor ha subrayado que en "América Latina existe un consenso que permite que la democracia eche raíces en nuestros países", pero al tiempo ha advertido de que "la tentación autoritaria seduce a algunos".


"Hay que estimular la literatura en las nuevas generaciones", ha reclamado, porque "el goce que produce la buena literatura es incomparable".

 

Publicado em El País

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Domingo, 20.06.10

O discurso do Prêmio Nobel

"De como a Personagem Foi Mestre e o Autor Seu Aprendiz"

 

José Saramago

 

O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

 

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.

 

Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira".

 

Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira. Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz nocturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direcção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?".

 

Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras.

 

Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer".

 

Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.

 

Muitos anos depois, escrevendo pela primeira vez sobre este meu avô Jerónimo e esta minha avó Josefa (faltou-me dizer que ela tinha sido, não dizer de quantos a conheceram quando rapariga, de uma formosura invulgar), tive consciência de que estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira de não os esquecer, desenhando e tornando a desenhar os seus rostos com o lápis sempre cambiante da recordação, colorindo e iluminando a monotonia de um quotidiano baço e sem horizontes, como quem vai recriando, por cima do instável mapa da memória, a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu passar a viver.

 

A mesma atitude de espírito que, depois de haver evocado a fascinante e enigmática figura de um certo bisavô berbere, me levaria a descrever mais ou menos nestes termos um velho retrato (hoje já com quase oitenta anos) onde os meus pais aparecem: "Estão os dois de pé, belos e jovens, de frente para o fotógrafo, mostrando no rosto uma expressão de solene gravidade que é talvez temor diante da câmara, no instante em que a objectiva vai fixar, de um e de outro, a imagem que nunca mais tornarão a ter, porque o dia seguinte será implacavelmente outro dia... Minha mãe apoia o cotovelo direito numa alta coluna e segura na mão esquerda, caída ao longo do corpo, uma flor. Meu pai passa o braço por trás das costas de minha mãe e a sua mão calosa aparece sobre o ombro dela como uma asa. Ambos pisam acanhados um tapete de ramagens. A tela que serve de fundo postiço ao retrato mostra umas difusas e incongruentes arquitecturas neoclássicas". E terminava: "Um dia tinha de chegar em que contaria estas coisas. Nada disto tem importância, a não ser para mim. Um avô berbere, vindo do Norte de África, um outro avô pastor de porcos, uma avó maravilhosamente bela, uns pais graves e formosos, uma flor num retrato - que outra genealogia pode importar-me? a que melhor árvore me encontraria?"

 

Escrevi estas palavras há quase trinta anos, sem outra intenção que não fosse reconstituir e registar instantes da vida das pessoas que me geraram e que mais perto de mim estiveram, pensando que nada mais precisaria de explicar para que se soubesse de onde venho e de que materiais se fez a pessoa que comecei por ser e esta em que pouco a pouco me vim tornando. Afinal, estava enganado, a biologia não determina tudo, e, quanto à genética, muito misteriosos deverão ter sido os seus caminhos para terem dado uma volta tão larga...

 

À minha árvore genealógica (perdôe-se-me a presunção de a designar assim, sendo tão minguada a substância da sua seiva) não faltavam apenas alguns daqueles ramos que o tempo e os sucessivos encontros da vida vão fazendo romper do tronco central, também lhe faltava quem ajudasse as suas raízes a penetrar até às camadas subterrâneas mais fundas, quem apurasse a consistência e o sabor dos seus frutos, quem ampliasse e robustecesse a sua copa para fazer dela abrigo de aves migrantes e amparo de ninhos. Ao pintar os meus pais e os meus avós com tintas de literatura, transformando-os, de simples pessoas de carne e osso que haviam sido, em personagens novamente e de outro modo construtoras da minha vida, estava, sem o perceber, a traçar o caminho por onde as personagens que viesse a inventar, as outras, as efectivamente literárias, iriam fabricar e trazer-me os materiais e as ferramentas que, finalmente, no bom e no menos bom, no bastante e no insuficiente, no ganho e no perdido, naquilo que é defeito mas também naquilo que é excesso, acabariam por fazer de mim a pessoa em que hoje me reconheço: criador dessas personagens, mas, ao mesmo tempo, criatura delas. Em certo sentido poder-se-á mesmo dizer que, letra a letra, palavra a palavra, página a página, livro a livro, tenho vindo, sucessivamente, a implantar no homem que fui as personagens que criei.

 

Creio que, sem elas, não seria a pessoa que hoje sou, sem elas talvez a minha vida não tivesse logrado ser mais do que um esboço impreciso, uma promessa como tantas outras que de promessa não conseguiram passar, a existência de alguém que talvez pudesse ter sido e afinal não tinha chegado a ser. Agora sou capaz de ver com clareza quem foram os meus mestres de vida, os que mais intensamente me ensinaram o duro ofício de viver, essas dezenas de personagens de romance e de teatro que neste momento vejo desfilar diante dos meus olhos, esses homens e essas mulheres feitos de papel e tinta, essa gente que eu acreditava ir guiando de acordo com as minhas conveniências de narrador e obedecendo à minha vontade de autor, como títeres articulados cujas acções não pudessem ter mais efeito em mim que o peso suportado e a tensão dos fios com que os movia.

 

Desses mestres, o primeiro foi, sem dúvida, um medíocre pintor de retratos que designei simplesmente pela letra H., protagonista de uma história a que creio razoável chamar de dupla iniciação (a dele, mas também, de algum modo, do autor do livro), intitulada Manual de Pintura e Caligrafia, que me ensinou a honradez elementar de reconhecer e acatar, sem ressentimento nem frustração, os meus próprios limites: não podendo nem ambicionando aventurar-me para além do meu pequeno terreno de cultivo, restava-me a possibilidade de escavar para o fundo, para baixo, na direcção das raízes. As minhas, mas também as do mundo, se podia permitir-me uma ambição tão desmedida. Não me compete a mim, claro está, avaliar o mérito do resultado dos esforços feitos, mas creio ser hoje patente que todo o meu trabalho, de aí para diante, obedeceu a esse propósito e a esse princípio.

 

Vieram depois os homens e as mulheres do Alentejo, aquela mesma irmandade de condenados da terra a que pertenceram o meu avô Jerónimo e a minha avó Josefa, camponeses rudes obrigados a alugar a força dos braços a troco de um salário e de condições de trabalho que só mereceriam o nome de infames, cobrando por menos que nada a vida a que os seres cultos e civilizados que nos prezamos de ser apreciamos chamar, segundo as ocasiões, preciosa, sagrada ou sublime.

 

Gente popular que conheci, enganada por uma Igreja tão cúmplice como beneficiária do poder do Estado e dos terratenentes latifundistas, gente permanentemente vigiada pela policia, gente, quantas e quantas vezes, vítima inocente das arbitrariedades de uma justiça falsa. Três gerações de uma família de camponeses, os Mau-Tempo, desde o começo do século até a Revolução de Abril de 1974 que derrubou a ditadura, passam nesse romance a que dei o título de Levantado do Chão, e foi com tais homens e mulheres do chão levantados, pessoas reais primeiro, figuras de ficção depois, que aprendi a ser paciente, a confiar e a entregar-me ao tempo, a esse tempo que simultaneamente nos vai construindo e destruindo para de novo nos construir e outra vez nos destruir.

 

Só não tenho a certeza de haver assimilado de maneira satisfatória aquilo que a dureza das experiências tornou virtude nessas mulheres e nesses homens: uma atitude naturalmente estóica perante a vida. Tendo em conta, porém, que a lição recebida, passados mais de vinte anos, ainda permanece intacta na minha memória, que todos os dias a sinto presente no meu espírito como uma insistente convocatória, não perdi, até agora, a esperança de me vir a tornar um pouco mais merecedor da grandeza dos exemplos de dignidade que me foram propostos na imensidão das planícies do Alentejo. O tempo o dirá. Que outras lições poderia eu receber de um português que viveu no século XVI que compôs as "Rimas" e as glórias, os naufrágios e os desencantos pátrios de "Os Lusíadas", que foi um génio poético absoluto, o maior da nossa literatura, por muito que isso pese a Fernando Pessoa, que a si mesmo se proclamou como o Super-Camões dela? Nenhuma lição que estivesse à minha medida, nenhuma lição que eu fosse capaz de aprender, salvo a mais simples que me poderia ser oferecida pelo homem Luís Vaz de Camões na sua estreme humanidade, por exemplo, a humildade orgulhosa de um autor que vai chamando a todas as portas à procura de quem esteja disposto a publicar-lhe o livro que escreveu, sofrendo por isso o desprezo dos ignorantes de sangue e de casta, a indiferença desdenhosa de um rei e da sua companhia de poderosos, o escárnio com que desde sempre o mundo tem recebido a visita dos poetas, dos visionários e dos loucos. Ao menos uma vez na vida todos os autores tiveram ou terão de ser Luís de Camões, mesmo se não escreverem as redondilhas de "Sôbolos rios"...

 

Entre fidalgos da corte e censores do Santo Ofício, entre os amores de antanho e as desilusões da velhice prematura, entre a dor de escrever e a alegria de ter escrito, foi a este homem doente que regressa pobre da Índia, aonde muitos só iam para enriquecer, foi a este soldado cego de um olho e golpeado na alma, foi a este sedutor sem fortuna que não voltará nunca mais a perturbar os sentidos das damas do paço, que eu pus a viver no palco da peça teatro chamada Que farei com este livro?, em cujo final ecoa uma outra pergunta, aquela que importa verdadeiramente, aquela que nunca saberemos se alguma vez chegará a ter resposta suficiente: "Que fareis com este livro?".

 

Humildade orgulhosa, foi essa de levar debaixo do braço uma obra-prima e ver-se injustamente enjeitado pelo mundo.

 

Humildade orgulhosa também, e obstinada, esta de querer saber para que irão servir amanhã os livros que andamos a escrever hoje, e logo duvidar que consigam perdurar longamente (até quando?) as razões tranquilizadoras que acaso nos estejam a ser dadas ou que estejamos a dar a nós próprios. Ninguém melhor se engana que quando consente que o enganem os outros... Aproximam-se agora um homem que deixou a mão esquerda na guerra e uma mulher que veio ao mundo com o misterioso poder de ver o que há por trás da pele das pessoas. Ele chama-se Baltasar Mateus e tem a alcunha de Sete-Sóis, a ela conhecem-na pelo nome de Blimunda, e também pelo apodo de Sete-Luas que lhe foi acrescentado depois, porque está escrito que onde haja um sol terá de haver uma lua, e que só a presença conjunta e harmoniosa de um e do outro tornará habitável, pelo amor, a terra. Aproxima-se também um padre jesuíta chamado Bartolomeu que inventou uma máquina capaz de subir ao céu e voar sem outro combustível que não seja a vontade humana, essa que, segundo se vem dizendo, tudo pode, mas que não pôde, ou não soube, ou não quis, até hoje, ser o sol e a lua da simples bondade ou do ainda mais simples respeito. São três loucos portugueses do século XVIII, num tempo e num país onde floresceram as superstições e as fogueiras da Inquisição, onde a vaidade e a megalomania de um rei fizeram erguer um convento, um palácio e uma basílica que haveriam de assombrar o mundo exterior, no caso pouco provável de esse mundo ter olhos bastantes para ver Portugal, tal como sabemos que os tinha Blimunda para ver o que escondido estava... E também se aproxima uma multidão de milhares e milhares de homens com as mãos sujas e calosas, com o corpo exausto de haver levantado, durante anos a fio, pedra a pedra, os muros implacáveis do convento, as salas enormes do palácio, as colunas e as pilastras, as aéreas torres sineiras, a cúpula da basílica suspensa sobre o vazio. Os sons que estamos a ouvir são do cravo de Domenico Scarlatti, que não sabe se deve rir ou chorar...

 

Esta é a história de Memorial do Convento, um livro em que o aprendiz de autor, graças ao que lhe vinha sendo ensinado desde o antigo tempo dos seus avós Jerónimo e Josefa, já conseguiu escrever palavras como estas, donde não está ausente alguma poesia: "Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu". Que assim seja. De lições de poesia sabia já alguma coisa o adolescente, aprendidas nos seus livros de texto quando, numa escola de ensino profissional de Lisboa, andava a preparar-se para o ofício que exerceu no começo da sua vida de trabalho: o de serralheiro mecânico. Teve também bons mestres de arte poética nas longas horas nocturnas que passou em bibliotecas públicas, lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem alguém que o aconselhasse com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre. Mas foi na biblioteca da escola industrial que O Ano da Morte de Ricardo Reis começou a ser escrito...

 

Ali encontrou um dia o jovem aprendiz de serralheiro (teria então 17 anos) uma revista - "Atena" era o título - em que havia poemas assinados com aquele nome e, naturalmente, sendo tão mau conhecedor da cartografia literária do seu país pensou que existia em Portugal um poeta que se chamava assim: Ricardo Reis. Não tardou muito tempo, porém, a saber que o poeta propriamente dito tinha sido um tal Fernando Nogueira Pessoa que assinava poemas com nomes de poetas inexistentes nascidos na sua cabeça e a que chamava heterónimos, palavra que não constava dos dicionários da época, por isso custou tanto trabalho ao aprendiz de letras saber o que ela significava. Aprendeu de cor muitos poemas de Ricardo Reis ("Para ser grande sê inteiro/Põe quanto és no mínimo que fazes"), mas não podia resignar-se, apesar de tão novo e ignorante, que um espírito superior tivesse podido conceber, sem remorso este verso cruel: "Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo". Muito, muito tempo depois, o aprendiz, já de cabelos brancos e um pouco mais sábio das suas próprias sabedorias, atreveu-se a escrever um romance para mostrar ao poeta das "Odes" alguma coisa do que era o espectáculo do mundo nesse ano de 1936 em que o tinha posto a viver os seus últimos dias: a ocupação da Renânia pelo exército nazista, a guerra de Franco contra a República espanhola, a criação por Salazar das milícias fascistas portuguesas. Foi como se estivesse a dizer-lhe: "Eis o espectáculo do mundo, meu poeta das amarguras serenas e do cepticismo elegante. Disfruta, goza, contempla, já que estar sentado é a tua sabedoria..." O Ano da Morte de Ricardo Reis terminava com umas palavras melancólicas: "Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera". Portanto, não haveria mais descobrimentos para Portugal, apenas como destino uma espera infinita de futuros nem aos menos inimagináveis: só o fado do costume, a saudade de sempre, e pouco mais...

 

Foi então que o aprendiz imaginou que talvez houvesse ainda uma maneira de tornar a lançar os barcos à água, por exemplo, mover a própria terra e pô-la a navegar pelo mar fora. Fruto imediato do ressentimento colectivo português pelos desdéns históricos de Europa (mais exacto seria dizer fruto de um meu ressentimento pessoal...), o romance que então escrevi - Jangada de Pedra - separou do continente europeu toda a Península Ibérica para a transformar numa grande ilha flutuante, movendo-se sem remos, nem velas, nem hélices em direcção ao Sul do mundo, "massa de pedra e terra, coberta de cidades, aldeias, rios, bosques, fábricas, matos bravios, campos cultivados, com a sua gente e os seus animais", a caminho de uma utopia nova: o encontro cultural dos povos peninsulares com os povos do outro lado do Atlântico, desafiando assim, a tanto a minha estratégia se atreveu, o domínio sufocante que os Estados Unidos da América do Norte vêm exercendo naquelas paragens... Uma visão duas vezes utópica entenderia esta ficção política como uma metáfora muito mais géneros e humana: que a Europa, toda ela, deverá deslocar-se para o Sul, a fim de, em desconto dos seus abusos colonialistas antigos e modernos, ajudar a equilibrar o mundo. Isto é, Europa finalmente como ética. As personagens da Jangada de Pedra- duas mulheres , três homens e um cão - viajam incansavelmente através da península enquanto ela vai sulcando o oceano. O mundo está a mudar e eles sabem que devem procurar em si mesmos as pessoas novas em que irão tornar-se (sem esquecer o cão, que não é um cão como os outros...).

 

Isso lhes basta. Lembrou-se então o aprendiz de que em tempos da sua vida havia feito algumas revisões de provas de livros e que se na Jangada de Pedra tinha, por assim dizer, revisado o futuro, não estaria mal que revisasse agora o passado, inventando um romance que se chamaria História do Cerco de Lisboa, no qual um revisor, revendo um livro do mesmo título, mas de História, e cansado de ver como a dita História cada vez é menos capaz de surpreender, decide pôr no lugar de um "sim" um "não", subvertendo a autoridade das "verdades históricas". Raimundo Silva, assim se chama o revisor, é um homem simples, vulgar, que só se distingue da maioria por acreditar que todas as coisas têm o seu lado visível e o seu lado invisível e que não saberemos nada delas enquanto não lhes tivermos dado a volta completa. De isso precisamente se trata numa conversa que ele tem com o historiador. Assim: "Recordo-lhe que os revisores já viram muito de literatura e vida, O meu livro, recordo-lhe eu, é de história, Não sendo propósito meu apontar outras contradições, senhor doutor, em minha opinião tudo quanto não for vida é literatura, A história também. A história sobretudo, sem querer ofender, E a pintura, e a música, A música anda a resistir desde que nasceu, ora vai, ora vem, quer livrar-se da palavra, suponho que por inveja, mas regressa sempre à obediência, E a pintura, Ora, a pintura não é mais do que literatura feita com pincéis, Espero que não esteja esquecido de que a humanidade começou a pintar muito antes de saber escrever, Conhece o rifão, se não tens cão caça com o gato, ou, por outras palavras, quem não pode escrever, pinta, ou desenha, é o que fazem as crianças, O que você quer dizer, por outras palavras, é que a literatura já existia antes de ter nascido, Sim senhor, como o homem, por outras palavras, antes de o ser já o era, Quer-me parecer que você errou a vocação, devia era ser historiador, Falta-me o preparo, senhor doutor, que pode um simples homem fazer sem o preparo, muita sorte já foi ter vindo ao mundo com a genética arrumada, mas, por assim dizer, em estado bruto, e depois não mais polimento que primeiras letras que ficaram únicas, Podia apresentar-se como autodidacta, produto do seu próprio e digno esforço, não é vergonha nenhuma, antigamente a sociedade tinha orgulho nos seus autodidactas, Isso acabou, veio o desenvolvimento e acabou, os autodidactas são vistos com maus olhos, só os que escrevem versos e histórias para distrair é que estão autorizados a ser autodidactas, mas eu para a criação literária nunca tive jeito, Então, meta-se a filósofo, O senhor doutor é um humorista, cultiva a ironia, chego a perguntar-me como se dedicou à história, sendo ela tão grave e profunda ciência, Sou irónico apenas na vida real, Bem me queria a mim parecer que a história não é a vida real, literatura, sim, e nada mais, Mas a história foi vida real no tempo em que ainda não se lhe poderia chamar história, Então o senhor doutor acha que a história e a vida real, Acho, sim, Que a história foi vida real, quero dizer, Não tenho a menor dúvida, Que seria de nós se o deleatur que tudo apaga não existisse, suspirou o revisor".

 

Escusado será acrescentar que o aprendiz aprendeu com Raimundo Silva a lição da dúvida. Já não era sem tempo. Ora, foi provavelmente esta aprendizagem da dúvida que o levou, dois anos mais tarde, a escrever O Evangelho segundo Jesus Cristo. É certo, e ele tem-no dito, que as palavras do título lhe surgiram por efeito de uma ilusão de óptica, mas é legítimo interrogar-nos se não teria sido o sereno exemplo do revisor o que, nesse meio tempo, lhe andou a preparar o terreno de onde haveria de brotar o novo romance. Desta vez não se tratava de olhar por trás das páginas do "Novo Testamento" à procura de contrários, mas sim de iluminar com uma luz rasante a superfície delas, como se faz a uma pintura, de modo a fazer-lhe ressaltar os relevos, os sinais de passagem, a obscuridade das depressões. Foi assim que o aprendiz, agora rodeado de personagens evangélicas, leu, como se fosse a primeira vez, a descrição da matança dos Inocentes, e, tendo lido, não compreendeu. Não compreendeu que já pudesse haver mártires numa religião que ainda teria de esperar trinta anos para que o seu fundador pronunciasse a primeira palavra dela, não compreendeu que não tivesse salvado a vida das crianças de Belém precisamente a única pessoa que o poderia ter feito, não compreendeu a ausência, em José, de um sentimento mínimo de responsabilidade, de remorso, de culpa, ou sequer de curiosidade, depois de voltar do Egipto com a família. Nem se poderá argumentar, em defesa da causa, que foi necessário que as crianças de Belém morressem para que pudesse salvar-se a vida de Jesus: o simples senso comum, que a todas as coisas, tanto às humanas como às divinas, deveria presidir, aí está para nos recordar que Deus não enviaria o seu Filho à terra, de mais a mais com o encargo de redimir os pecados da humanidade, para que ele viesse a morrer aos dois anos de idade degolado por um soldado de Herodes...

 

Nesse "Evangelho", escrito pelo aprendiz com o respeito que merecem os grandes dramas, José será consciente da sua culpa, aceitará o remorso em castigo da falta que cometeu e deixar-se-á levar à morte quase sem resistência, como se isso lhe faltasse ainda para liquidar as suas contas com o mundo. O "Evangelho" do aprendiz não é, portanto, mais uma lenda edificante de bem-aventurados e de deuses, mas a história de uns quantos seres humanos sujeitos a um poder contra o qual lutam, mas que não podem vencer. Jesus, que herdará as sandálias com que o pai tinha pisado o pó dos caminhos da terra, também herdará dele o sentimento trágico da responsabilidade e da culpa que nunca mais o abandonará, nem mesmo quando levantar a voz do alto da cruz: "Homens, perdoai-lhe porque ele não sabe o que fez", por certo referindo-se ao Deus que o levara até ali, mas quem sabe se recordando ainda, nessa agonia derradeira, o seu pai autêntico, aquele que, na carne e no sangue, humanamente o gerara. Como se vê, o aprendiz já tinha feito uma larga viagem quando no seu herético "Evangelho" escreveu as últimas palavras do diálogo no templo entre Jesus e o escriba: "A culpa é um lobo que come o filho depois de ter devorado o pai, disse o escriba, Esse lobo de que falas já comeu o meu pai, disse Jesus, Então só falta que te devore a ti, E tu, na tua vida, foste comido, ou devorado, Não apenas comido e devorado, mas vomitado, respondeu o escriba". Se o imperador Carlos Magno não tivesse estabelecido no Norte da Alemanha um mosteiro, se esse mosteiro não tivesse dado origem à cidade de Münster, se Münster não tivesse querido assinalar os mil e duzentos anos da sua fundação com uma ópera sobre a pavorosa guerra que enfrentou no século XVI protestantes anabaptistas e católicos, o aprendiz não teria escrito a peça de teatro a que chamou In Nomine Dei. Uma vez mais, sem outro auxílio que a pequena luz da sua razão, o aprendiz teve de penetrar no obscuro labirinto das crenças religiosas, essas que com tanta facilidade levam os seres humanos a matar e a deixar-se matar. E o que viu foi novamente a máscara horrenda da intolerância, uma intolerância que em Münster atingiu o paroxismo demencial, uma intolerância que insultava a própria causa que ambas as partes proclamavam defender. Porque não se tratava de uma guerra em nome de dois deuses inimigos, mas de uma guerra em nome de um mesmo deus. Cegos pelas suas próprias crenças, os anabaptistas e os católicos de Münster não foram capazes de compreender a mais clara de todas as evidências: no dia do Juízo Final, quando uns e outros se apresentarem a receber o prémio ou o castigo que mereceram as suas acções na terra, Deus, se em suas decisões se rege por algo parecido à lógica humana, terá de receber no paraíso tanto a uns como aos outros, pela simples razão de que uns e outros nele crêem. A terrível carnificina de Münster ensinou ao aprendiz que, ao contrário do que prometeram, as religiões nunca serviram para aproximar os homens, e que a mais absurda de todas as guerras é uma guerra religiosa, tendo em consideração que Deus não pode, ainda que o quisesse, declarar guerra a si próprio...

 

Cegos. O aprendiz pensou: "Estamos cegos", e sentou-se a escrever o Ensaio sobre a Cegueira para recordar a quem o viesse a ler que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante. Depois, o aprendiz, como se tentasse exorcizar os monstros engendrados pela cegueira da razão, pôs-se a escrever a mais simples de todas as histórias: uma pessoa que vai à procura de outra pessoa apenas porque compreendeu que a vida não tem nada mais importante que pedir a um ser humano. O livro chama-se "Todos os Nomes". Não escritos, todos os nossos nomes estão lá. Os nomes dos vivos e os nomes dos mortos. Termino. A voz que leu estas páginas quis ser o eco das vozes conjuntas das minhas personagens. Não tenho, a bem dizer, mais voz que a voz que elas tiverem. Perdoai-me se vos pareceu pouco isto que para mim é tudo.

 

 

José Saramago

 

Estocolmo, 7 de Dezembro de 1998

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Terça-feira, 08.06.10

Poeta maior

 

Ferreira Gullar, poeta maior

 

A atribuição do Prémio Camões – no valor de cem mil euros (metade dos quais pagos por Portugal; metade pelo Brasil) – a um escritor cuja obra, no seu conjunto, contribua para o enriquecimento do património literário em português, gera todos os anos entusiasmos e incómodos na comunidade cultural lusófona. Independentemente dos méritos de quem ganha, há sempre a desconfiança de que os critérios do júri são mais da ordem da diplomacia – e do equilíbrio de forças dentro do espaço da língua comum – do que da literatura. A edição de 2010 não deverá ter escapado a esta tendência.

 

Na passada segunda-feira, antes do anúncio oficial feito pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, o júri – composto por dois brasileiros (António Carlos Secchin e Edla van Steen), dois portugueses (Helena Buescu e José Carlos Seabra Pereira), um moçambicano (Luís Carlos Patraquim) e uma são-tomense (Inocência Mata) – esteve reunido durante duas horas. À partida, era previsível que o vencedor fosse brasileiro ou português, uma vez que em 2009 o Camões foi para o poeta cabo-verdiano Arménio Vieira e a lógica rotativa (nunca admitida) do prémio implicava um regresso ao território das duas maiores potências da CPLP. Se os jurados brasileiros defenderam com empenho a causa de Ferreira Gullar, autor que Secchin, um dos “imortais” da Academia Brasileira de Letras, já tinha de resto proposto como candidato ao Nobel (em 2002), os representantes portugueses no júri tudo fizeram para que a distinguida fosse Hélia Correia. A decisão foi difícil e tomada por maioria, prevalecendo a ideia de uma maior urgência em premiar Gullar (n. 1930) do que a autora de Lillias Fraser, 19 anos mais nova. "Quase demos o prémio para a Hélia Correia e teria sido muito bom também, mas ela tem tempo", admitiu Edla van Steen no fim da conferência de imprensa em que foi lida a acta do júri, na qual se sublinha "a alta relevância estética da obra de Ferreira Gullar, em especial a poesia, incorporando com mestria tanto a nota pessoal do lirismo quanto a defesa de valores éticos universais".

 

 

 

 

Único editor de Ferreira Gullar em Portugal, Jorge Reis-Sá considera que a atribuição do prémio é “inteiramente justa”, até porque volta a distinguir a poesia brasileira, vinte anos exactos após o Camões atribuído a João Cabral de Melo Neto. Hoje a trabalhar no grupo Babel, Reis-Sá publicou em 2003, nas Edições Quasi (entretanto falidas), as mais de 500 páginas da Obra Poética completa de Gullar. Na altura, teve oportunidade de visitar o poeta na sua casa do Rio de Janeiro, na companhia de Eucanaã Ferraz, e recorda um homem “inteligentíssimo”, correcto e afável, “um gentleman”. Entretanto, a tiragem de mil exemplares da Obra Poética esgotou e Reis-Sá gostava muito de reeditá-la, embora não saiba se depois do prémio isso será possível. As Quasi publicaram ainda, em 2005, um outro livro de Gullar de que Reis-Sá se orgulha: Um Gato chamado Gatinho, volume de poemas infantis, “lindíssimos”, com ilustrações de Joana Quental. Alguns desses poemas foram cantados ao vivo por Adriana Calcanhotto, versão Partimpim, num concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

 

Além de poeta, Ferreira Gullar (pseudónimo de José Ribamar Ferreira) foi ou é também cronista, crítico de arte, dramaturgo, ensaísta, biógrafo, tradutor e guionista. Em 2008, o volume Poesia Completa, Teatro e Prosa (Nova Aguilar) reuniu uma produção literária de quase seis décadas em 1264 páginas – do seu livro de estreia (Um pouco acima do chão, 1949) às memórias do seu exílio (no tempo da ditadura militar), passando pelas várias fases da sua evolução como escritor, do experimentalismo ao neoconcretismo, da torrente visceral de Poema Sujo (1976), uma obra-prima que evoca a infância em São Luís do Maranhão, aos versos em que se comprometeu com as lutas sociais e políticas do seu tempo, nunca abdicando do rigor absoluto da linguagem.

No livro de ensaios Indagações de hoje (1989), Ferreira Gullar escreveu: «a palavra que forma o poema sempre foi, no meu entender, uma entidade viva, nascida do corpo, suja sabe-se lá de que insondáveis significados». E o ensaísta Ivan Junqueira, no prefácio à Obra Poética editada pelas Quasi, sintetizou: “Se examinarmos a poesia de Ferreira Gullar desde 1954 até agora à luz de sua tessitura estilística, chegaremos à conclusão de que poucos autores entre nós alcançaram tanta e tamanha coerência interna, tanta e tamanha fidelidade às suas origens de artista que se dispôs a transgredir as fronteiras do sistema da língua”.

 

A consagração do Prémio Camões foi precedida por outras distinções importantes no Brasil, como um Jabuti, em 2007, e o Prémio Machado de Assis, pelo conjunto da obra, em 2005. No próximo mês de Setembro, quando completar 80 anos, Ferreira Gullar lançará um livro de poemas inédito, Em Alguma Parte Alguma (José Olympio), o primeiro desde Muitas Vozes (1999), volume onde se podem ler estes três versos que de certa forma resumem a sua arte poética: “Meu poema / é um tumulto, um alarido: / basta apurar o ouvido.

 

Publicado no blog Bibliotecário de Babel

 

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Terça-feira, 01.06.10

Prêmio ao grande poeta e à Poesia

Prêmio Camões para Ferreira Gullar

 

O poeta sensível (e crítico de arte lúcido e perspicaz), de postura corajosa e jamais subserviente a quaisquer interesses, merece muito esse prêmio.

Artista de dimensão maior e da solidão coerente com seu pensamento não concessivo, merece o reconhecimento, nossa confraternização e a nossa alegria.

Parabéns, Ferreira Gullar. (Obrigado Filipa e José Simões, pela saudação ao poeta.)

 

 

Considerado um dos maiores poetas brasileiros vivos, Ferreira Gullar acaba de ser distinguido com o Prémio Camões, o mais importante do universo literário lusófono. Do júri, que decidiu por maioria, fizeram parte Helena Buescu, José Carlos Seabra Pereira, Inocência Mata, Luís Carlos Patraquim, António Carlos Secchin e Edla van Steen. (Publicado no blog Bibliotécário de Babel, de José Mário Silva)

Imagem: Retrato do poeta Ferreira Gullar, por Mario Castello

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Segunda-feira, 17.05.10

Sobre uma ausência

A seleção do Prêmio Portugal Telecom

 

Estive no Rio de Janeiro para participar da festa de indicação dos 50 finalistas (que, em realidade, tornaram-se 54). Felicidades aos indicados, posto que todos os indicados mereceram, por certo, ali estarem alinhados. Não questiono nenhuma das indicações. Apenas fiquei surpreendido e confesso que fiquei estarrecido e chocado pela ausência de Os Limites do Impossível da lista dos indicados.

 

Li vários dos livros constantes da lista e posso afirmar que o livro de Aldyr Garcia Schlee é do mesmo nível de alguns deles e em diversos casos é superior, bastante superior em qualidade literária. Apontaria até uma distância sideral nessa qualidade superior, pela extraordinária fatura literária, pela originalidade do tema e da ideia, pela proposta da linguagem e especialmente pela intrincada elaboração do "romance invisível" que se estrutura e se concretiza pela fina imaginação do autor com a ativa participação dos leitores.

 

É portanto uma ausência intolerável e surpreendente, resultando numa injustiça agora irreparável.

 

Nada a reclamar sobre o que não resiste a explicações. Mas haverá alguma explicação possível? Certamente não.

 

O que há é uma triste constatação que o Prêmio Portugal Telecom nem é tão isento nem tão democrático como poderíamos imaginar a princípio.

Naquela mesma noite do triste sábado já em São Paulo, conversando sobre este assunto com uma jornalista crítica literária que normalmente participa das votações primárias do Portugal Telecom, ela fez um comentário espantoso sobre como funciona o primeiro filtro - os que votam nem lêem todos os livros, indicam por experiência anterior e convencional, os nomes conhecidos e célebres ou os livros que estiveram mais badalados aqui e ali... Nenhuma preocupação mais profunda com a questão literária e sim com um compromisso mais mediático no qual, evidentemente, as grandes editoras ficam automaticamente favorecidas.

 

Ora, se é assim porque autores outros de cidades ou centros culturalmente desfavorecidos na questão da potência da mídia e não presentes no guarda-chuva protetor das grandes editoras, deveriam se inscrever no Prêmio Porugal Telecom que corre, aparentemente com cartas previamente marcadas e autorizadas em nomes tão somente de escritores celebrizados, independentemente da sua eventual qualidade literária? Isso deveria ficar mais claro no discurso de convite ao Prêmio Portugal Telecom e não sugerir, como o faz, que seria democraticamente atento e estimulador à busca da qualidade literária e do fortalecimento de um universo mais rico para os leitores?

 

No caso que afeta e fere a ausência lamentada, isso apenas serve de experiência e de lição. Não se deve concorrer ao Prêmio Portugal Telecom para não se expor a situações injustas e vexatórias de ter a sua obra literária excluída sem sequer ter sido lida para uma avaliação mais precisa e aprofundada. Uma pena, pois isso atinge a todos na medida em que macula o prestígio do próprio certame na razão direta de sua opção pela abolição do mérito em benefício a outros critérios não revelados na sua própria divulgação e publicidade.

 

A Edições ARdoTEmpo não inscreverá mais os seus livros e seus autores em futuras concorrências ao Prêmio Portugal Telecom, porque aprendeu duramente, com sua ingenuidade de principiante, que é apenas perda tempo, uma vez as pequenas editoras e aquelas que estão preocupadas apenas trazer a público obras de alta qualidade, não tem a menor chance de passar sequer à fase seguinte porque os seus livros ficam esquecidos no limbo, ou seja no espaço invisível da não-leitura.

 

Nada a reclamar, nada a reivindicar. É apenas uma constatação de como funciona o mecanismo e, se ele de fato funciona em favor do mercado, que trata livros como se fossem "commodities" de parâmetros estandartizados, nem sempre ele funciona em benefício de uma literatura de alto nível e de busca de uma originalidade singular.

 

A Edições ARdoTEmpo lançará vários títulos agora em 2010. Acredito que sejam livros bons, de excelentes autores, entre eles o notável romance DON FRUTOS de Aldyr Garcia Schlee e outros deles, de autores portugueses de alto nível e de literatura de primeirissima linha, sem intervenções na fatura literária original (ou seja, publicados na forma como foram escritos em Portugal, sem quaisquer adaptações ou "traduções", como aliás deveria ser feito sempre, tanto aqui no Brasil como em Portugal, porque essa será a riqueza extraordinária de nossa língua comum).

 

A única certeza que tenho é que eles não estarão inscritos à edição do próximo próximo Prêmio Portugal Telecom.

publicado por ardotempo às 21:54 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Sábado, 13.02.10

Para literatura de verdade, publicada em 2009

Inscrições Abertas

 

Estão abertas as inscrições para a oitava edição do Prémio Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, que contempla romance, conto, poesia, crónica, dramaturgia e autobiografia, escritos em língua portuguesa e publicados no Brasil em 2009. Os autores ou editores já podem inscrever os seus livros no site www.premioportugaltelecom.com.br até dia 7 de Março de 2010. Os livros com primeira edição fora do Brasil devem ter sido editados no país de origem entre o dia 1 de Janeiro de 2006 e 31 de Dezembro de 2009.

 

 

O Prémio Portugal Telecom 2010 conta com uma curadoria formada por Benjamin Abdala Jr., Leyla Perrone-Moisés e Manuel da Costa Pinto, com coordenação da consultora literária da Portugal Telecom, Selma Caetano.
 
Publicado por Isabel Coutinho, no blog Ciberescritas

 

publicado por ardotempo às 00:10 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 03.12.09

As histórias na televisão

Sem Sinal recebeu nove troféus no Prêmio Histórias Curtas 2009

 
 
 
 
Numa parceria do Grupo RBS, Banrisul e Governo do Estado, nessa quarta-feira (2 de dezembro), foram revelados os melhores do ano do Prêmio HISTÓRIAS CURTAS, no Theatro São Pedro de Porto Alegre, além dos destaques do MINIMETRAGEM.
 
“Sem Sinal”, episódio de ficção com direção de Vicente Moreno foi o grande vencedor da noite, recebendo nove troféus: Júri Oficial, Direção, Atriz (Kalisy Cabeda), Ator (Nelson Diniz), Atriz Coadjuvante (Áurea Baptista), Arte (William Valduga), Fotografia (Pablo Escajedo) e Produção (Glauco Urbim). O Júri Popular premiou “À Moda Antiga”, de Bruno Carvalho. A lista completa dos premiados está abaixo.
 
Os homenageados da noite foram cinco pioneiros da TV Piratini, que há 50 anos foram para o Rio de Janeiro para aprender fazer televisão na TV Tupi. Nelson Vaccari, Walmor Bergesch, Sérgio Reis, Enio Rockembach e Salimem Júnior receberam homenagens e troféus por serem os visionários da televisão no Rio Grande do Sul.
 
 
Os 10 anos do Núcleo de Especiais também foram lembrados pelo Vice-Presidente de Produto e Operações do Grupo RBS, Geraldo Correa que apresentou uma placa  para lembrar o trabalho de realização de documentários e programas de ficção.
 
Roger Lerina apresentou o evento, que teve direção artística de Marcelo Bacchin, roteiro de Gilberto Perin, cenografia de Vicente Saldanha, direção de palco de André Birck e direção de produção de Simone Buttelli. Estiveram no palco do Theatro São Pedro, profissionais da RBS TV e TVCOM, além do Vice-Presidente de Produto e Operações do Grupo RBS, Geraldo Correa; o Diretor de Operações de Rádio e TV, Claudio Toigo; a Gerente de Produção da RBS TV, Alice Urbim; o diretor do Núcleo de Especiais da RBS TV, Gilberto Perin; e os apresentadores Alexandre Fetter, Ico Thomas, Rosane Marchetti, Maysa Bonissoni, Rodaika, Paula Valdez, Kátia Suman e Tânia Carvalho. O Superintendente da Assessoria de Marketing do Banrisul, Walney Fehlberg subiu ao palco para entregar o Troféu Banrisul - Júri Popular.
 
Atores também participaram da apresentação: Zé Adão Barbosa, Leonardo Machado, o ator mirim Arthur Quadros, Rafhael Moura, Sandra Dani e Luiz Paulo Vasconcellos, que recebeu homenagem por seus 50 anos de carreira. A música teve destaque na apresentação com a presença de Nico Nicolaiewski, Felipe Catto, Ricardo Fa, Fabiano “Elvis” Feltrin e a banda Pata de Elefante
 
 
O Prêmio HISTÓRIAS CURTAS é a etapa final de um concurso que seleciona oito projetos de curtas de ficção, documentário e animação. No final do evento, foi anunciado que a partir do dia 2 de janeiro, o regulamento do HISTÓRIAS CURTAS 2010 vai estar no site www.rbstv.com.br/historiascurtas com uma novidade: os projetos terão uma temática especial: “a passagem da infância para adolescência, os sonhos e as decepções de quem está se tornando adulto”.
 
PREMIADOS HISTÓRIAS CURTAS 2009:
 
Júri Oficial: “Sem Sinal”
Troféu Banrisul – Júri Popular: “À Moda Antiga”
Diretor: Vicente Moreno (“Sem Sinal”)
Ator: Rafael Tombini (“Um Breve Assalto”)
Atriz: Kalisy Cabeda (“Sem Sinal”)
Ator Coadjuvante: Nelson Diniz (“Sem Sinal”)
Atriz Coadjuvante: Áurea Baptista (“Sem Sinal”)
Roteiro: André Costantin e Nivaldo Pereira (“A Jaqueta do Elvis”)
Fotografia: Pablo Escajedo (“Sem Sinal”)
Arte: William Valduga (“Sem Sinal”)
Montagem: Denise Marchi (“Sem Sinal”)
Música Original: Raul Ellwanger (“Luz e Sombra no Paralelo 30”)
Desenho de Som: Fabrício Licks (“O Retorno de Saturno”)
Direção de Produção: Glauco Urbim (“Sem Sinal”)
 
VENCEDORES MINIMETRAGEM 2009
 
Júri Oficial: “Amor à Camisa”, de Pablo Chassereaux.
Júri Popular: “O Monstro”, de Fernando Busch.
 
TVCOM: MARATONA e PREMIAÇÃO
 
Neste domingo (6 de dezembro), às 16h, a TVCOM reapresenta a noite de premiação no Theatro São Pedro. No sábado (12 de dezembro), a partir das 16 horas, acontece a maratona com apresentação de todos os episódios de HISTÓRIAS CURTAS 2009.
 
Imagens: Fotografias de Danny Bittencourt
publicado por ardotempo às 22:35 | Comentar | Adicionar
Sábado, 05.09.09

Prêmio+prêmio+prêmio+prêmio+prêmio

O Filho Eterno, de Cristovão Tezza
 
(Será O Filho Eterno o melhor de livro de literatura brasileira de todos os tempos? AT)
 

Depois de ter ganho quase tudo o que havia para ganhar no Brasil em 2008, do Jabuti de Romance ao Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, O Filho Eterno acaba de ser distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, no valor de 100 mil reais (38 mil euros). Se este excelente romance de Cristovão Tezza não é o livro brasileiro mais premiado de todos os tempos, anda lá perto. (José Mário Silva - Bibliotecário de Babel)

publicado por ardotempo às 13:14 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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