Sábado, 11.02.12

A barbárie previsível

A barbárie é um mundo sem livros

 

 

Existe uma nova maneira de se queimar livros sem a utilização do fogo.

 

Um mundo sem arte, sem poesia, sem literatura, sem memória, sem cultura.

Um mundo concentrado exclusivamente no entretenimento frívolo, midiático (cada vez mais superficial, cada vez com menos palavras), no consumo demencial e na desenfreada especulação financeira, construindo um cenário idealizado em engenharia de gestão não-social que privilegia o desemprego como uma ideia de austeridade.

publicado por ardotempo às 23:37 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 13.12.11

Um brinde a DON FRUTOS

Um brinde a Dom Aldyr Garcia Schlee

 

 

 

 

 

 

Um brinde especial à primeira e melhor leitora de Schlee: Marlene

 

Um brinde ao lançamento dos livros Uma terra só, Contos de Verdades, Contos de futebol e à nova tradução de Dom Segundo Sombra

Um brinde aos escritores Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga

Um brinde ao Trio Chico.

 

Um brinde ao público leitor de Aldyr Garcia Schlee e a todos os amigos do escritor, no dia 15 de dezembro no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - 19h30

 


publicado por ardotempo às 11:59 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Quinta-feira, 08.12.11

Homenagem, conversa, leituras, livros, autógrafos e música

Homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee

 

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

– Grupo CEEE

Rua dos Andradas, 1223 – Porto Alegre – RS

Telefones: (51) 3228.9710 – 3226.5342 – 3226.7974

 imprensa@cccev.com.br www.cccev.com.br

 

15 de dezembro - 19h30

 

 

 

Homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee inclui lançamento de livros no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

 

O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV) promove, dia 15 de dezembro (quinta-feira), às 19h30min, o lançamento, com coquetel, de quatro livros de autoria de Aldyr Garcia Schlee, em homenagem a este escritor e jornalista gaúcho, que dentre realizações fundou o jornal Gazeta Pelotense e a Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), além de possuir significativa produção literária.

 

O evento ocorre no auditório Barbosa Lessa, 4º andar, na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre. Com larga experiência no cenário literário e artístico, Schlee construiu uma trajetória profissional que tem lhe proporcionado reconhecimento no cenário regional, nacional e, também, internacional. Uma prova disto é fato de ser um dos finalistas da 18ª edição do Prêmio Açorianos de Literatura 2011, com o romance Don Frutos, da editora ardotempo, cujo resultado será divulgado no dia 12 de dezembro.

 

A programação prevê ainda um bate-papo com Aldyr Schlee, Paulo José Miranda e Pedro Gonzaga sobre o romance Don Frutos.

 

Os livros que serão lançados, edições ardotempo, são os seguintes: Contos de futebol (reedição 2011); Contos de Verdades (reedição 2011) - Prêmio Açorianos de Literatura, 2001 – ambos com capa de Gilberto Perin; Uma terra só (reedição 2011) - Prêmio II Bienal Nacional de Literatura 1984 – capa de Marcelo Freda Soares; Dom Segundo Sombra, de Ricardo Güiraldes - Tradução Aldyr Garcia Schlee (notas e elucidário) - Edição Comemorativa (2011), com capa de Leonid Streliaev.

 

 

 

 

O Trio Chico será a atração musical da noite, que reúne Andrea Cavalheiro (voz), Pedro Gonzaga (sax e voz) e Rodrigo Rheinheimer (violão), que apresentam em seu repertório composições de Chico Buarque de Holanda.

 

Sobre Aldyr Garcia Schlee – Um dos contistas e romancistas mais importantes do Brasil na atualidade, que vive de sua literatura.

Gaúcho de Jaguarão, é também tradutor, desenhista e professor universitário. As suas especialidades são a criação literária, a literatura uruguaia e gaúcha, a identidade cultural e as relações fronteiriças. Doutor em Ciências Humanas publicou vários livros de contos e participou de antologias, de contos e de ensaios. Traduziu a importante obra "Facundo - Civilização e Barbárie", do escritor argentino Domingos Sarmiento e fez a edição crítica da obra de João Simões Lopes Neto. Criou o uniforme verde e amarelo da seleção brasileira de futebol, mais conhecido como Camisa Canarinho, sendo um dos símbolos da nacionalidade brasileira mais reconhecidos no Brasil e no exterior. Recebeu duas vezes o prêmio da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira e foi quatro vezes premiado com o Prêmio Açorianos de Literatura.

 

 

 

 

 Imagens: Retrato do escritor Aldyr Garcia Schlee - Gilberto Perin

 Capa de livro DOM SEGUNDO SOMBRA - Leonid Streliaev

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Domingo, 11.09.11

Ler não é ler. Ler é viver.

Erros capitais da leitura

 

Paulo José Miranda

 

Julgamos que pelo fato de aprendermos a ler desde muito cedo, a juntar as letras, a formar palavras que juntamos a outras e a entender palavras e frases, que sabemos ler qualquer coisa. Pois nada mais errado. Para tudo é necessário uma preparação específica e a leitura não é menos do que tudo o resto.

 

Sempre fico fascinado quando qualquer pessoa julga que pode apreciar uma peça de teatro, um poema como qualquer outro, mas sabe que não pode correr a maratona e, ainda que a consiga correr, sabe que não a consegue correr com os melhores. Ou seja, quando se trata do corpo, aceitamos facilmente que outros podem ser melhores do que nós, porque se prepararam para isso, mas quando se trata de ler um texto, de apreciar uma obra de arte, não.

 

Há textos que oferecem ao leitor a mesma resistência que a maratona.

 

Por exemplo, a Crítica da Razão Pura, de Kant, a Fenomenologia do Espírito, de Hegel, o Ser e Tempo, de Heidegger. O leitor aqui chegado a estas páginas, ou já fez muito treino, e treino específico, ou não vai conseguir ultrapassar a primeira página, quanto mais os 42 km de livro que tem pela frente. Mas não se julgue que é pelo fato de se tratar de textos filosóficos, de textos de filosofia, que o leitor encontra essa resistência e assume a sua incapacidade. Nem sequer de ser de filosofia alemã, pois o leitor assim que chega às páginas de Nietzsche, mesmo que nunca tenha corrido uma página de filosofia sequer, julga-se apto a lançar-se estrada a fora até ao fim do texto. O mesmo se passa com Platão, por exemplo. E também com o chamado segundo Wittgenstein.

 

Se isto é assim com os filósofos, por maioria de razão será com poetas e escritores. Esses, então, não oferecem resistência (com exceção de alguns casos raros). Assim, o leitor diante da maratona do poema ou do romance lança-se estrada fora e não admite que haja algum outro leitor mais preparado do que ele. Nem pensar! Aliás, é porque ele pensa, que não admite que outro pense melhor do que ele.

 

Depois abundam essas teorias de trazer pelos cafés e pelos bares: não há interpretações melhores, há interpretações. Lá está o iniciado na arte de pôr o pé na estrada a não admitir que alguém que já fez milhares de quilômetros possa correr melhor do que ele. Nem pensar! Evidentemente, o tempo de vôo não é garante de melhor leitura. Mas a falta de tempo de vôo deveria conferir mais humildade.

 

Para além do tempo de vôo, do tempo de preparação, dos muitos quilômetros percorridos, há ainda um outro fator que os leitores esquecem com freqüência: o talento. O talento, sim. Pois ninguém duvida que o Cristiano Ronaldo tem mais talento do que ele, sentado no sofá a assistir ao jogo. Aliás, mesmo 90% dos jogadores de futebol, que treinam tanto quanto Cristiano Ronaldo não têm o mesmo talento e nós admitimos “fácil”. Ora, cá estamos de novo diante do corpo. Desta feita do talento do corpo (e não só, mas é através do corpo). Mas quem é que aceita que o leitor ao seu lado ou à sua frente tenha mais talento para ler do que ele?

 

Quem é que diz: “cara, você é show de bola a interpretar um texto! Você é mesmo bom, gostava de ler como você.”

 

Esta fala nunca deve ter sequer existido e, se existiu, soou tão estranho que não deve ter sido repetida.

 

Que leva o humano a não aceitar que alguém leia melhor do que ele, quando facilmente aceita que alguém seja melhor do que ele a correr a maratona ou a jogar futebol? De onde vem esta idéia pré-concebida de que somos todos iguais na leitura?

 

Outro erro capital da leitura é julgar que, sendo capaz de ler bem uns determinados autores, somos capazes de ler bem todos os autores. Errado.

 

É como se num jogo de futebol Cristiano Ronaldo fosse igualmente fera defendendo as redes do gol (baliza) ou comandado a zaga (defesa).

 

Vocês julgam que um excelente leitor de Gabriel García Márquez será um bom leitor de Fernando Pessoa, por exemplo, e vice versa? A resposta só pode ser um redondo e verdadeiro não. Imaginemos um leitor de Cem Anos de Solidão e um leitor de Livro do Desassossego. Ambos lêem muito bem cada um dos seus livros, jogam muito bem a cada uma das suas posições no gramado, seriam igualmente feras se trocassem de livro, de posição?

 

Poderia até acontecer, mas seria tão improvável quanto encontrarmos um goleiro que jogasse na frente tão bem quanto o Cristiano Ronaldo. Porquê? Pela simples razão que se trata de galáxias distantes. Um e outro livros não são planetas diferentes, são galáxias diferentes. Não está aqui em causa a qualidade literária de cada um deles, que não discuto sequer. O que está em causa é a qualidade extra-literária, a qualidade para além da escrita (partindo do princípio que são ambos textos excelsos do ponto de vista literário). O humano que acede a uma exemplar leitura do livro de Fernando Pessoa muito dificilmente fará uma leitura igualmente exemplar do livro do escritor colombiano; e o contrário ainda será mais difícil.

 

A dificuldade está no universo que se abre diante do leitor. O texto implica a vida, num e noutro caso. Mas as vidas implicadas são diferentes. Eu não consigo imaginar um homem casado, com filhos, de bem com sua vida, chegando em casa depois de um dia de trabalho, ajudar os filhos, no jantar, falar com a mulher, eventualmente fazer amor com ela e, depois, pôr-se a ler Livro do Desassossego.

 

Desculpem, mas não consigo.

 

Não consigo imaginar este homem a entrar no texto do Pessoa e conseguir respirar, com tanta solidão, tanto solipsismo, tanto cinismo. Não é que não possa ler, mas não vai ler bem, seguramente; é pôr o Cristiano Ronaldo no centro da zaga, marcando o centro-avante.

 

Pelo contrário, já imagino esse mesmo homem a ler bem Cem Anos de Solidão. Não há aqui um diferencial de qualidade literária, repito, insisto, mas de mundividência. Quem é que já não sentiu, aos 18, 19, 20 anos, um medo inexplicável pela coluna acima ao ler esse livro do Pessoa? E porquê?

 

Porque usualmente nessas idades o humano ainda não está casado e com filhos, tem ainda as possibilidades todas em aberto, e ao confrontar-se com aquele texto sente dentro de si a possibilidade de isso vir a ser a sua vida. Isso assusta-o e fascina-o. Mas o homem, que vimos atrás, que chega a casa depois do trabalho para a mulher e filhos, não sente mais isso. Mas pode muito bem sentir e compreender o livro de Gabriel García Márquez, pois este livro, independentemente da sua qualidade literária, não choca de frente com a sua vida. Por outro lado, o homem que não está mais casado ou que nunca esteve, sente isso como aquilo em que foi parar a sua vida.

 

Ler não é ler. Ler é viver.

 

 

 

Paulo José Miranda

publicado por ardotempo às 18:18 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 10.08.11

Linguagem de fronteira - o escritor conta

 

Dois lançamentos nos próximos dias -

Aldyr Garcia Schlee

 

 

 

 

 

 

(reedições de dois livros de contos, premiados e com suas respectivas edições esgotadas)

 

 

Capa de Contos de Verdades: Gilberto Perin

Capa de Uma terra só: Marcelo Freda Soares

 

 

 

publicado por ardotempo às 00:58 | Comentar | Adicionar
Segunda-feira, 30.05.11

Sobre bons livros e a Jornada

 

(A importância da Jornada Literária de Passo Fundo)

 

 

 

O antídoto contra a violência e o caos

 

O Brasil, infelizmente, está colocado entre os países de comportamento mais violento e corrompido no mundo civilizado. Isso pode ser facilmente constatado nas estatísticas do trânsito urbano e rodoviário, no cenário policial desproporcional dos assaltos nas cidades, na impressionante violência doméstica contra mulheres e crianças, na aspereza dos relacionamentos no cotidiano das pessoas.

 

Pode-se responsabilizar os disparates da iníqua distribuição de renda e os apelos ao consumo feérico, estimulado pelas campanhas publicitárias e ao comportamento sugerido pela mídia em geral. Existe um mundo imantado de vaidades, hedonismos, de consumo e de riqueza instantânea a atrair e fascinar milhares de pessoas.

 

Como alcançar ou compreender e aceitar o inalcançável?

 

Ler e escrever pode ajudar a integrar mais pessoas. Mas não a leitura superficial de qualquer coisa escrita, legendas, textos precários, preconceituosos, superstições e frivolidades. Praticar e estimular esportes em geral pode até ajudar a reduzir as tensões e abrir portas a reconhecimentos aqui e ali. Mas não é o suficiente porque o pão ainda é escasso e o circo mostra-se cada vez mais como estopim ardente para a violência estrepitosa, em comportamento incontrolável de barbárie por massas enfurecidas.

 

Uma saída efetiva vem sendo oferecida há anos pela Jornada Literária de Passo Fundo. Estimular o aprendizado metódico do conhecimento, pela leitura crítica e consciente da boa literatura e dos bons livros, de bons autores. Alcançando resultados concretos e mensuráveis.

 

Esta é uma saída construtiva que recupera um caminho já trilhado por grandes civilizações. A recuperação do espírito e da ética, a reconstrução dos reconhecimentos dos espaços antagônicos do bem e do mal, a avaliação dos espaços tangíveis dos direitos individuais e o respeito ao outro e à dignidade de todos, como princípios.

 

Essa tem sido a contribuição cultural efetiva das Jornadas Literárias de Passo Fundo. O antídoto contra a violência e o caos.

 

 

 

 


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Sábado, 28.05.11

O leitor que não pára de ler

Um adolescente extraordinário

 

Juan Cruz

 

Alberto Manguel tiene 62 años, pero no sólo por eso es un adolescente extraordinario. A su edad, y después de una experiencia que lo ha llevado a muchos países y a numerosos libros, e incluso a la cárcel argentina cuando era un muchacho díscolo frente al poder militar, aún se pone rojo como un tomate cuando la timidez lo vence.

 

Esa es una facultad que se convierte en virtud cuando uno tiene 62 años. Y acaso es esa perpetuación de la adolescencia la que late debajo de este libro singular al que uno se enfrenta como si fuera a leer una conversación erudita y sale de él con la frescura de haber asistido a un divertidísimo recuento de las andanzas de un hombre al que uno imaginaba acechado por los libros, ajeno a la vida, un poco como Jorge Luis Borges, o como la mitología dice que fue el gran ciego de Buenos Aires.

 

El libro es Conversaciones con un amigo y es el conjunto de charlas, muy bien conducidas, que tuvo con Manguel el editor francés Claude Rouquet a lo largo de varias semanas. La edición de entrevistas es un arte, y conviene aprender de esta que emprendió Rouquet, pues en ningún momento se olvida uno de que es una conversación, porque en todo momento se sabe uno involucrado en ella, participando en una peripecia que el arte de la entrevista convierte en una buena experiencia propia. Aunque se habla de libros, sobre todo, se habla también de la vida, y de mucha vida, pues, como con Borges, que fue su amigo, y a quien leyó en un periodo singular de la vida, con Manguel hay un malentendido si uno cree que sólo está preocupado por lo que nace de la lectura, que por otra parte es su saludable obsesión perpetua.

 

Borges era un hombre risueño y bromista, no estaba todo el día rodeado de legajos; y a Manguel le pasa algo parecido: está rodeado de libros, esa es su geografía, pero hay mucho más en Manguel; la suya es una mirada distraída y minuciosa, mira como si escribiera, y se ríe o se enfada mirando, no es un ermitaño alojado en la torre húmeda de Montaigne. Este es, pues, un libro sobre la vida y se lee como si fuera una reflexión sobre el tiempo en función de los libros. Incluye el acontecer realmente singular de su padre diplomático, peronista y vagabundo, la expresión indignada del joven Manguel y la raíz de su pasión por la escritura, que es un ejercicio muy generoso en su caso, pues escribe de otros, obsesivamente escribe de otros, aunque también aborda la novela propia de la que la vida emerge.

 

Los libros son tan importantes que le sirven, incluso, para marcar su propio tiempo. Es muy emocionante leer esta confesión de Manguel que ya tiñe el recuerdo del libro: "No creo en el más allá, creo que me convertiré en un polvo que, espero, ayudará a que crezcan algunos zapallos. Lo que me importa es saber que todo esto va a terminar. El tiempo que pasa me permite medir lo que me queda por hacer". Cuando era adolescente se consideraba capaz de todo, de leerlo todo; ahora sabe que ya no es posible. "Me da lo mismo. Como cualquier lector, tuve la suerte de haber encontrado algunos textos interesantes". En el libro aparecen esos textos, desde policiales a la Divina Comedia, pasando por Kipling y Chesterton. Esta biblioteca, dice, es un autorretrato. Y el libro es un retrato en el que Manguel aparece como un adolescente extraordinario que no parará de leer.

 

 

 

Juan Cruz - Publicado em Babelia / El País

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Quarta-feira, 11.05.11

La Hune

 

 

 

 

 

 

 

Pisando em chão mítico - Carregamento de oito livros

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Segunda-feira, 25.04.11

O terceiro homem

Las firmas son tímidas

 

Enrique Vila-Matas

 

1 Se cuenta que a la gran actriz francesa Sarah Bernhardt la detuvo una mañana un señor por la calle para preguntarle si era la ilustre Sarah Bernhardt.

 

- Sí, lo seré esta noche - dijo ella.

2  La impresión de que como escritor voy contra natura cuando aparezco en público y más cuando, a causa de la lógica perversa de la aparición misma, me veo de golpe haciendo teatro, transformado en otro, convertido en alguien distinto del que escribe y también distinto del que vive y que en mí al menos nunca se confunde con el que escribe, por mucho que algunos crean lo contrario.

 

La impresión de que en esas ocasiones aparece siempre "el tercer hombre", el actor que sabe que esas intervenciones en público nada tienen que ver con la actividad de escribir y sí en cambio con el reposo, son manifestaciones puras y duras de esa "sociedad del espectáculo" que Guy Debord diagnosticó con lucidez de primera hora. Vistas desde un ángulo nada piadoso, esos shows ligados aparentemente al mundo de los libros niegan nada menos que la actividad estricta de escribir y son capaces de convertir a un narrador o un poeta en una simple Sarah Bernhardt de noche. Eso no quita que en esos modernos espectáculos de la escritura puedan surgir de pronto ideas para aquel escritor que, a la caza de inéditos hilos narrativos, sepa utilizar el escenario como si estuviera de reposo en una playa, de vacaciones: en aparente descanso, pero anotando como un loco imágenes o ideas para cuando regrese a casa.

 

3 Dramático o no, el hecho es que para esas intervenciones en público he tenido con el tiempo que ir creándome un personaje tan distinto del que soy en mi vida corriente como del que soy cuando, en la soledad de mi gabinete, escribo. En esas apariciones me convierto en esa especie de "tercer hombre", y eso me ocurre tanto si subo a un escenario como si firmo tímidamente libros en la calle. Es una sensación rara porque, a diferencia del personaje que escribe en su casa y también a diferencia del personaje que vive su vida, ese tercer hombre es tímido de tanto teatro que hace o, al revés, hace tanto teatro porque es tímido. Cuando en el día de las firmas se acerca alguien y me pregunta si soy yo, no puedo evitarlo, quisiera decirle que lo seré más tarde. Esa respuesta es la esencia de mi pulsión tímida en cualquier Día del Libro en el que me encuentre por el mundo.

 

- He venido desde Bendinat para saludarle y para que me firme este libro.

 

Suele ocurrir que ante el bondadoso lector que se acerca con su inocencia de viajero llegado de lejos, el "tercer hombre" no pueda evitar sentirme un farsante antes ya de hablar, antes ya de preguntar con sincera cordialidad al viajero cómo se llama para así poder estampar su nombre en la dedicatoria. Ante cada nuevo lector bondadoso que se planta ante él, se pregunta enseguida el "tercer hombre" qué personaje piensa ahora representar, puede elegir entre una gran variedad de personalidades. "Mi nombre es Legión, porque somos muchos", se lee en la nada tímida Biblia.

 

4 Qué diferencia con el sentimiento de autenticidad que llega a tener uno cuando está en casa enfrentado a sus textos y no a merced de un público que, confundiéndole con el dependiente de unos grandes almacenes, pueda preguntarle el precio de la mesa en la que está firmando. Sé que a veces el escritor, tratando de huir de la gran comedia del día de las firmas, decide ser auténtico y parecerse al que escribe y dar algo de sí mismo, y opta entonces por confesarle al bondadoso lector de Bendinat que se siente "otro" siempre que se ve de repente ante seres humanos, y más en los últimos tiempos en los que lleva una vida retirada y una voluntad de alejarse del personaje literario que en otros días, sin pretenderlo, forjó fatalmente. Mire usted, acaba diciéndole al lector de Bendinat, debido a que hace años que paso hasta semanas enteras sin apenas contacto con el público, a veces sin contacto con ningún extraño a lo largo de mucho tiempo, me sucede que cuando aparezco de repente un día en un escenario como éste, me quedo flotando como en un sueño, tímido total, como un libro, o como una firma.

 

 

 

 

 

 5 Lo peor viene después de firmar, porque uno se queda con la impresión de haber decepcionado a la persona que viajó de tan lejos para verle y, además, con la mala conciencia de haberse explicado demasiado cuando lo mejor habría sido firmar y no darle tantas vueltas al asunto. Siempre después de firmar un libro, uno quiere volver a casa. O desea ir a ver a colegas para que le firmen su libro y pueda de este modo volver a ser él mismo y no el otro, el rufián, el tercer hombre, el actor, el personaje inventado, el no escritor, el tortuoso farsante, el odiador del mundo de las fiestas de los libros.

 

Libros que recomendé a los lectores que deseaban que les firmara un libro mío: Cosas que ya no existen (Cristina Fernández Cubas), Romance en París (Franz Hessel), Adéu a la universitat (Jordi Llovet) Memorias (Arthur Koestler), El día de mañana (Ignacio Martínez de Pisón), Constatación brutal del presente (Javier Avilés), La mujer de Rapallo (Sònia Hernández), El pozo y las ruinas (Jimena Néspolo) Los libros son tímidos (Giulia Alberico).

 

6 Poder volver a casa, solo eso desea al final del día de las firmas. Volver despacio mientras va pensando que en los primeros libros que escribió se liberó de sus obsesiones, pero solo con los primeros, porque después lo que fue creciendo en él fue el interés por el estilo, por la depuración de la forma y la palabra, por intentar que cada palabra lograda fuera una fiesta, todo eso que uno sabe perfectamente que solo lo puede hacer en casa, bien que imaginándose apocado bajo la lluvia, a la intemperie.

 

Enrique Vila-Matas

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Sexta-feira, 22.04.11

O medo está aí - sem livrarias será a barbárie

O que será das livrarias?

 

Juan Cruz

 

La librería es un centro cultural. En muchos lugares son los únicos centros en los que sirven de altavoz a las inquietudes de la sociedad a la que sirven.

 

En algún tiempo, en España, las librerías tuvieron tanta importancia social (y política) que resultaron objeto del odio de los que, como Goebbels, veían en la cultura una amenaza. En la revista Texturas (marzo 2011) Lola Larumbe, de la Librería Rafael Alberti (Madrid), recuerda cuando su establecimiento fue asaltado por terroristas que entonces, en el inmediato posfranquismo, tenían los libros en el punto de mira de su odio nostálgico. Ahora los problemas de las librerías no son esos, dice Larumbe. Ahora el problema de las librerías se encierra en una pregunta: ¿Resistirán?

 

Los libreros dicen que sí, pero tienen muchos problemas, y en primera fila está el que afecta a la edición de libros, a la música, al cine y a la prensa: ¿resistirán el desafío tecnológíco? ¿Resistirán, sobre todo, a la piratería? Los datos no animan al optimismo. Actualmente quedan en en España 4.500 librerías. Desde 2005 el sector vive una cierta estabilidad (los años anteriores cerraban 90 por cada 60 que abrían), pero se espera que su número vuelva a bajar.

 

En la Feria Internacional de Guadalajara dijo el escritor Fernando Vallejo, autor de La virgen de los sicarios: "Cuando cunda en serio el libro electrónico esta profesión tan honorable [la de editor] que empezó algo después de Gütenberg hace 500 años va a quedar más descontinuada que la de relojero o la de deshollinador". Para los libreros no es menos preocupante la situación. Por lo menos, dice Paco Goyanes, de la librería Cálamo (Zaragoza), es "enrevesada". Dice Goyanes, en cuya librería se juntaron 125 libreros, editores y distribuidores para hablar de estos asuntos: "Sufrimos (literalmente: casi nadie subraya la carga de dolor que supone la crisis para la mayoría de la población) la crisis económica y social que soportamos todos los españoles, aderezada con algunos elementos propios del sector". Esos elementos son preocupación común de los libreros: la fuerte caída de las compras institucionales (bibliotecas, centros de enseñanza, Ayuntamientos); un mercado sobredimensionado, con un exceso de oferta que estrangula las librerías y que, dice Goyanes, "recuerda la crisis inmobiliaria". Tampoco las cifras de lectores son buenas. Un 91,1% de la población declara leer, pero de ellos solo el 55% dice que libros. Eso sí, de estos, el 41,3% afirma que lo hace a diario.

 

Goyanes ve la situación "enrevesada". Pere Duch, de Babel (Castellón), la ve "mal, muy mal". "Nunca habíamos vivido una situación tan crítica". Los bajos índices de lectura, la progresiva implantación de las nuevas teconologías y su incidencia en el mundo de las librerías, los sistemas de venta de libros de texto impuestos por la Administración, la "desmesurada" competencia en una ciudad pequeña, y la crisis económica son los que convierten en "muy mala" esta situación "enrevesada". Ese es el presente. ¿Y el futuro? Duch cree que "es muy incierto"; para seguir, "las librerías habrán de dar cabida al libro de papel y a los contenidos digitales" y "deberán buscar la fuerza del asociacionismo, librerías interconectadas que serán capaces de proporcionar mayores ventajas y servicios a sus clientes". Para sobrevivir, dice Concha Quirós (Cervantes, Oviedo), lo que han de hacer los libros es "ejercer su función, que no es otra que ejercer de asesor e intermediario entre el autor y el lector. Las librerías independientes, las que quedamos, tenemos asegurada nuestra pervivencia si somos capaces de ejercer como libreros". Rodrigo Rivero (Lé, Madrid) añade un sustantivo a la lista de adjetivos fatales: la situación actual, dice, es "de incertidumbre". Pero él es optimista.

 

En primer lugar, "el libro en papel seguirá teniendo durante un gran plazo de tiempo un papel preponderante con respecto al libro electrónico". Pero, para que se cumpla esa versión optimista, "lo que tendríamos que hacer las librerías es adecuarnos a los tiempos, reformar nuestros sistemas informáticos, tener potentes webs de venta para todos los formatos, aparecer en las redes sociales, ofertarnos como espacios culturales para dinamizar las zonas geográficas donde nos ubicamos..." Y, además, "maridar el libro con otros componentes culturales como la gastronomía, la fotografía, la pintura, los viajes... Y, por supuesto, estar muy pendientes del desarrollo e incoporación a la demanda del libro electrónico".

 

 

 

 

 

 Juan Manuel Cruz, de la librería Rayuela (Málaga), dice que "la situación es bastante complicada". El libro ha perdido mercado, al menos "en un 30%" en los últimos tres años, lo cual ha puesto en riesgo "la viabilidad de las empresas". Las librerías han sido dañadas por "políticas demagógicas" como las que hablan de "la gratuidad de los libros de texto que han convertido a estos libros en mercado de votos electorales". Hace aún más complicada esta situación lo que Cruz llama "cruzada contra el libro papel y la alabanza al libro digital". Dice que "lo que durante siglos ha sido un valioso objeto social, se ve degradado a un objeto obsoleto que hay que sustituir con urgencia"; esa prisa para sustituir el libro tradicional deja "como marginales" los problemas de la piratería y la pérdida de derechos de autor. El presente es, afirma Cruz, "tan tormentoso como atractivo". Ya se ve por qué es tormentoso, "pero también supone un reto. Hasta hoy, el mundo de la librería independiente ha sido capaz de superar las amenazas de muerte que han significado los distintos cambios tecnológicos (como el CD-ROM)".

 

Fernando Valverde, presidente de la Confederación de Gremios y Asociaciones de Libreros (Cegal), considera que "el impacto de la crisis ha tardado algo más en llegar" al mundo del libro que a otros sectores. Pero la crisis convierte la situación "en un momento complicado a la vez que interesante". Se nota "el descenso en las adquisiciones de libros para las redes bibliotecarias" y "ha descendido la venta directa en las librerías".

 

"La alarma" ante la llegada de los formatos digitales es como una gota malaya; se ha suavizado a medida que ha habido más información sobre los dispositivos de lectura. Valverde cree que las pequeñas y medianas librerías "están soportando mejor estos momentos que las cadenas y las grandes tiendas". Según él, "tienen una mayor capacidad de adaptación a los momentos duros"; saben, además, "que no es posible crecer siempre y a cualquier precio"; cree que "las dificultades de grandes cadenas en Estados Unidos e Inglaterra, caso de Borders; el cierre de las librerías Crisol en España, y la reciente absorción de la cadena Bertrand por Casa del Libro, hablan por sí solo de las dificultades de soportar estructuras gigantescas, en donde el elemento humano, la calidez del trato, la integración con los entornos es más complicada que en la red de librerías independientes". Esas sombras no le hacen perder el optimismo. "Nunca como ahora se ha leído tanto. Abren nuevas librerías, con gente joven al frente... En la última década también han irrumpido en el mercado nuevos editores, jóvenes, haciendo apuestas por literatura de calidad, haciendo objetos bellos y apetecibles".

 

El miedo está ahí. Paraliza, dice. "Pero no debemos perder energías en intentar enfrentar los soportes. No son excluyentes porque la experiencia de leer en papel y la de hacerlo en pantalla son esencialmente distintas. Y las dos son buenas. Y las dos pueden y deben y creo que convivirán mucho tiempo". "La peor amenaza", afirma, "es no hacer nada. Es resistirse numantinamente a los cambios que se están produciendo. Junto a esto es obvio que el anuncio de la llegada de plataformas como Amazon, o la irrupción en el mercado digital de operadores ajenos hasta ahora al sector del libro suponen nervios y expectación, y, por qué no decirlo, algo de miedo.

 

Es imprescindible que la actitud de la Administración y de los editores sea inequívoca a la hora de buscarse los mejores aliados". Y él cree que los mejores aliados "son los libreros". Montse Moragas, de Laie (Barcelona), pone énfasis en los peligros que trae la piratería al mundo del libro, "ese es el problema más grave", pero avisa de otra amenaza: "La desintermediación", que el librero "se quede fuera de juego, que no sepa evolucionar para seguir jugando un papel determinante en el mundo de la cultura; que adopte una actitud defensiva y victimista y deje pasar la oportunidad de posicionarse claramente en el mundo digital". Según ella, esa oportunidad llevará al librero "a nuevos públicos, que hasta ahora no frecuentaban las librerías. Las librerías tienen que vender libros en todos los formatos, y además de la presencia física tienen que vender virtualmente". ¿Y qué puede hacer la Administración?

 

La respuesta es unánime: tomarse en serio las librerías como centros de agitación cultural, como otra forma de bibliotecas, algo así como lo que dice Luis Landero: recuperar las librerías "como centro del mundo". A eso apunta Lola Larumbe: "Creo que la salud de las ciudades, de los barrios, de los pueblos de un país se debería estimar por el número de librerías que alberga y por la calidad de éstas. Parece que no ha habido mucha gente con capacidad de decidir que haya visto esto, que le haya importado el empobrecimiento paulatino que han sufrido los barrios de una ciudad tan importante como Madrid con el despojamiento de sus librerías. Librería y biblioteca, formando un núcleo duro de actividad, deberían estar siempre en el horizonte de los gestores culturales públicos". "Ir a la librería", concluye Larumbe, "es un signo de humanismo, de humanidad, y es la pérdida de ésta la gran amenaza".

 

Juan Cruz - Publicado em El País

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Terça-feira, 19.04.11

Sete autores

Sete livros de autores portugueses inscritos na 9ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura

 

Entre os 380 livros inscritos na 9ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura, sete obras são de autores portugueses, duas de autores angolanos, uma de autora moçambicana e 371 de autores brasileiros, todas publicadas no Brasil no ano de 2010. Até ao dia 15 de Maio serão escolhidos os primeiros 50 classificados. Desses serão escolhidos dez e, por fim, os três vencedores. Na edição do ano passado, o romance “Leite Derramado” de Chico Buarque foi o vencedor.

 

 

 

 

A lista dos livros escritos na 9ª edição daquele que é um dos prémios literários mais importantes no Brasil foi hoje divulgada e entre eles encontram-se obras dos angolanos José Eduardo Agualusa (“Milagrário Pessoal”) e Pedro Proença (“Comentários do Apocalipse”) e da moçambicana Tânia Tomé (“Agarra-me o sol por trás”). Os escritores portugueses que têm obras inscritas para serem seleccionadas pelo júri são: Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro (“Neo-Poemas-Pagãos”); João Tordo (“As três vidas”); José Mário Silva (“Efeito Borboleta e outras histórias”); Gonçalo M. Tavares (“Uma viagem à Índia”); Inês Pedrosa (“Os íntimos”); Maria do Sameiro Barroso (“Poemas da noite incompleta”) e Júlio Conrado (“A escrita a postos”).

 

Entre os inscritos brasileiros destacam-se obras de Adélia Prado (“A Duração do Dia”); João Gilberto Noll (“Anjo das Ondas”); Mariana Ianelli (“Treva Alvorada”); Fabrício Corsaletti (“Esquimó”); Carlos Heitor Cony (“Eu, aos Pedaços”); Paula Parisot (“Gonzos e Parafusos”); Luiz Schwarcz (“Linguagem de Sinais”); Marcelo Ferroni (“Método Prático da Guerrilha”); Aldyr Garcia Schlee (“Don Frutos”); Marina Colasanti (“Minha Guerra Alheia”); Lourenço Mutarelli (“Nada me Faltará”); Tony Bellotto (“No Buraco”); Christiane Tassis (“O melhor do Inferno”); João Paulo Cuenca (“O único final feliz para uma história de amor é um acidente”); Mário Prata (“Os Viúvos”); Carola Saavedra (“Paisagem com Dromedário”); Ronaldo Correia de Brito (“Retratos Imorais”); José Castello (“Ribamar”) e Cristovão Tezza (“Um erro emocional”).

 

Os curadores deste prémio literário brasileiro – Maria Esther Maciel, Regina Zilberman, Lourival Holanda, Selma Caetano – e os 306 membros do júri (indicados entre professores, críticos literários e escritores de todas as regiões do Brasil pela curadoria) vão também eleger até 15 de Maio o Júri Intermediário que irá depois analisar as 50 obras seleccionadas e escolher entre elas os 10 nomeados para a fase final que serão divulgados em Setembro. Por fim, o júri final – composto pelos quatro curadores e os seis profissionais eleitos pelo Júri Intermediário – irá eleger, em Novembro de 2011, os três livros vencedores.

 

Na 8ª edição do Prémio, em Novembro do ano passado, “Leite Derramado” (Companhia das Letras), o quarto romance do compositor e escritor Chico Buarque foi o vencedor, seguido de “Outra Vida” (Alfaguara) o quarto romance do escritor Rodrigo Lacerda e de “Lar,” (Companhia das Letras) do escritor Armando Freitas Filho. A lista com os inscritos e o Júri Inicial está em http://www.premioportugaltelecom.com.br/

 

Publicado por Isabel Coutinho no blog Ciberescritas

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Quinta-feira, 31.03.11

Admiráveis vozes singulares

La literatura española en el mundo

 

Alberto Manguel

 

 

 

 

 

 

Con la excepción de algunos poetas de la primera mitad del siglo veinte, la buena literatura española dejó de escribirse a finales del Siglo de Oro", nos informó un profesor de literatura cuando teníamos trece o catorce años. Salvo ciertos lectores empedernidos, esta opinión prevaleció en Argentina durante toda mi adolescencia.

 

Borges había decretado que ninguna novela española, después del Quijote, valía el esfuerzo de ser leída (cuando alguien le dijo que Galdós era, en su opinión, mejor novelista que Eça de Queiroz, Borges le contestó "mi sincero pésame"). A pesar de tal desolado juicio, los lectores de mi generación descubrimos que la literatura española sí existía.

 

Aprendimos de memoria a Lorca, Cernuda, Aleixandre, Blas de Otero y Miguel Hernández; leímos (sin respetarlos lo suficiente) a Ortega y Gasset y Américo Castro; devoramos a los novelistas (que nos parecían extraordinariamente osados), de Goytisolo a Juan Benet, de Carmen Laforet a Mercé Rodoreda. Es cierto, sin embargo, que la literatura española influyó poco en los escritores de mi época, volcados sobre todo a la poesía y filosofía francesa, y a la novela americana e italiana.

 

Y luego vino el llamado Boom de la literatura latinoamericana, con el cual toda la literatura de la Península, a los ojos del lector de lengua castellana, dejó de existir. En parte como consecuencia de la mentada globalización, en parte por el nuevo aire que empezó a respirarse después de la muerte de Franco, en el nuevo milenio buen número de autores españoles empezaron a cobrar popularidad del otro lado del Atlántico. Hoy Javier Marías, Javier Cercas, Manuel Rivas, Antonio Muñoz Molina, Bernardo Atxaga son habituales best sellers; cuando le dije a mi hermana que conocía a Rosa Montero, se apareció con una pila de veinte novelas para hacerle firmar, diciéndome que para todas sus amigas, era una "diva absoluta".

 

En el mundo anglosajón, la situación es distinta. Si bien ciertos autores (Cercas, por ejemplo) son bien reseñados y bastante bien vendidos, y unos pocos otros pertenecen a esa nacionalidad sin fronteras que otorga el estatus de best seller (como el ubicuo Carlos Ruiz Zafón), la mayor parte de los editores anglosajones no parecen interesarse por la literatura de España. Es cierto que, desde siempre, el lector inglés no ha sentido mayor afinidad con los escritores de la península Ibérica. Ya Robinson Crusoe, rescatando algunos libros del naufragio, deja atrás los volúmenes "escritos por plumas papistas".

 

Sólo Don Quijote entra en el canon universal del lector inglés: ni Calderón ni Quevedo ni Góngora son admitidos. De la poesía española de este último siglo, no se conoce nada, salvo a Lorca. La revista inglesa Granta incluyó a algunos españoles en su lista de "los mejores narradores jóvenes en español", pero ninguno se ha convertido en estrella del firmamento literario británico. Algún crítico curioso en The Times Literary Supplement ha citado alguna vez a Ortega, pero de los otros pensadores españoles no se sabe nada. Cuando mencioné a Fernando Savater y a María Zambrano en una nota para The Washington Post, el editor (premio Pulitzer de crítica literaria) me preguntó quiénes eran.

 

En Alemania (donde sí conocen a Calderón, que es parte del repertorio nacional) hay un esfuerzo por publicar y hacer conocer a los autores españoles. En los países escandinavos, sólo un puñado de autores de novelas más o menos policiales son leídos (Vázquez Montalbán, Pérez-Reverte). En Italia, si bien parece haber un mayor interés que en el Norte por la literatura española, ésta (me confiesa una editora de Roma) no se vende. Pequeñas editoriales italianas sacan traducciones de poetas y ensayistas, y las grandes publican a los novelistas de mayor fama, pero esto no quiere decir que ni unos ni otros sean leídos: en Italia parece haber más editores que lectores.

 

Por razones históricas, económicas, a veces literarias y otras menos definibles, una cierta literatura alcanza a veces a interesar, en su conjunto, a lectores de otras lenguas. En algunos casos, adquiere en el extranjero una identidad uniforme: desde España, hablamos de literatura japonesa, por ejemplo, o mexicana, y sabemos a qué nos referimos. El caso de la literatura española no es tan simple. Javier Cercas o Almudena Grandes son leídos en Corea y en Finlandia, pero no de la misma manera. Quizás la literatura española se ha convertido, en estas últimas décadas, en algo tan complejo y diverso, que ha perdido su carácter nacional y se ha convertido en una multiplicidad universal de admirables voces singulares.

 

Alberto Manguel - Publicado em El País

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Sábado, 19.03.11

Mérito literário no lugar do lobby?

O novo Jabuti

 

A Câmara Brasileira do Livro anuncia nos próximos dias aquela que deve ser a maior reformulação na história do cinquentenário Jabuti. Alvo de críticas no final do ano passado, o prêmio foi questionado publicamente pelo grupo Record, um dos maiores do país, e fez surgir a jocosa campanha "Chico Buarque, devolva o Jabuti", que teve como pivô o vencedor do grande prêmio de ficção. "São muitas as mudanças e estou satisfeita com o resultado", afirma Karine Pansa, presidente recém-empossada da CBL.

 

Entre as marcas de sua gestão, destacam-se o alinhamento  com a ministra da Cultura, Ana de Holanda, no debate sobre a lei de direitos autorais e a intenção de aumentar a oferta de cursos sobre livro digital.  

 

Publicado na Folha de São Paulo

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Terça-feira, 15.03.11

A sombra e o sol

Retrato do escritor Aldyr Garcia Schlee

 

 


 

Gilberto Perin - Retrato de Aldyr Garcia Schlee - Fotografia (Jaguarão RS Brasil), 2011

 

Aldyr Garcia Schlee é autor de notáveis livros: Os limites do impossível / Contos Gardelianos; Don Frutos; Uma terra só; Contos de verdades; O dia em que o Papa foi a Melo; Contos de futebol; Linha Divisória; e muitos outros.

publicado por ardotempo às 11:56 | Comentar | Adicionar
Sábado, 19.02.11

Os escritores

 

Os livros e a imaginação do leitor

 

 

O romance O SONHO DO CELTA, de Mario Vargas Llosa não se sustenta em grandeza literária. É previsível em seu desfecho conhecido inicialmente (Borges e Garcia Marquez, foram mestres em contar antes e ainda assim nos enfeitiçar no enredo da sequencia, mas neste livro de Llosa isso não acontece); é burocrática a história da execução na forca do protagonista Roger Casemet, líder político pela emancipação da Irlanda, como consta na História e na wikipedia. Aliás, a estruturado livro está resumida toda ali, numa só página wikipedia.( Aliás, aprende-se mais sobre Roger Casement nesta página da wikipedia).

 

 

Poder-se-ia contrapor valor pela beleza da escrita, pelo deslumbramento literário de uma ideia interessante - contar a vida de um herói libertário nos tempos áureos e cruéis da exploração dos seres humanos das colônias, no Congo do Rei Leopoldo da Bélgica e na Amazônia peruana ao tempo do esplendor da riqueza da borracha e do extermínio das tribos indígenas amazônicas de Putumayo. Mas isso não acontece, o texto corre frouxo, sem convicções, sem surpresas e sem fervor. Apela um pouco ao sensacionalismo e à pieguice a partir de um certo instante.

 

A história do diplomata que se tornou Sir britânico, pelos dois livros-relatos de denúncias sobre as situações no Congo e na Amazônia e que posteriormente, foi considerado traidor pela Inglaterra por aliar-se ao inimigo, a Alemanha, durante a 1ª Guerra Mundial para tentar favorecer a dissidência da Irlanda. Foi sentenciado e enforcado por este motivo, da mesma forma que a Inglaterra moveu-se a atacar a Argentina pela razão (que se atribui na sua postura imperial) de domínio britânico sobre as Ilhas Malvinas. A justificativa da força e da pancada é a mesma. É da História o tempo para o julgamento sobre as injusticas cometidas no patíbulo e na guerra. Cabe aos escritores o universo da fantasia e da literatura.

 

Roger Casement foi um herói bastante corajoso nas denúncias contra a empresa exploradora do Rei Leopoldo no Congo Belga e contra a empresa anglo-peruana no caso da borracha amazônica. Não o foi mais ou menos por ser gay, simplesmente o foi por ser digno e um ser humano ético, de grandeza e coerência pessoal.

 

Casement foi executado em 1916 por ter sido considerado traidor à Inglaterra, pelo Rei e seus ministros, no caso da insurreição armada da Irlanda, pelo contrabando de armas, pelo acordo militar secreto com os generais alemães e não pelo fato de ser homossexual, independemente se os seus diários eram autênticos ou teriam sido forjados pela Scotland Yard, para escandalizar a sociedade e constranger os ministros do Império quanto à comutação da pena capital. O escândalo só entra nessa parte por conta do sensacionalismo dos tablóides e dos arabescos de Vargas Llosa.

 

O que importa é se o livro está bem construído, bem escrito e fascinante no seu ritmo e na sua invenção literária. Isso não acontece em nenhum instante, o texto não pega e não nos encanta. Não tem densidade e tampouco expõe os nervos e a carne dilacerada. Vai indo mansamente para o seu desfecho, sem surpresas e sem sombras, como se navegasse num grande rio tranquilo e sem os sobressaltos das quedas d’água. É estranha a posição pessoal do escritor, que acredita que os Diários Negros, com os breves apontamentos considerados chulos e pornográficos, tenham sido de fato escritos por Casement, porém sendo apenas fruto de sua imaginação, ainda que desejados na sua essência, mas fictícios, jamais realizados na verdade de sua vida concreta e tangível.

 

Muito melhor é ler e reler DON FRUTOS, de Aldyr Garcia Schlee, este sim um livro infinitamente superior, de literatura magnífica e surpreendente, que nos golpeia a cada instante, nos impacta e nos arrasta a cenários e ações que nos tira o fôlego, que nos transtorna, nos aflige, nos faz rir e desejar continuar lendo até o final. Há escritores e escritores, há livros e outros livros. Cabe a nós a escolha dessas viagens e dessa felicidade.

 

Alfredo Aquino

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Terça-feira, 15.02.11

A vida é séria, a arte é alegre

La vida es seria


Enrique Vila-Matas

 

La frase dice: "basta que un libro sea posible para que exista". La encontramos en La Biblioteca de Babel, relato en el que, según algunos, Borges anticipó Internet. Qué pena, por cierto, que nos falte el comentario irónico que habría dado Borges de haberse enterado de que fue un visionario que prefiguró la Red.


La frase borgiana abre La Biblioteca de los libros perdidos, de Alexander Pechmann, que llega ahora a nuestro país en traducción de Juan José del Solar. El divertido libro rescata una serie de obras que por muy diversos motivos, a causa, por ejemplo, de la locura o de la ira (Balzac quemando un manuscrito solo para fastidiar a su mezquino editor), se perdieron o fueron destruidas. Es un libro divertido, quizás porque conecta con el espíritu de "la vida es seria, el arte es alegre", variante que Schiller imaginó para un célebre lema sobre la vida breve y el arte largo.


El libro opta por el arte alegre, y sus páginas huyen de las máscaras de la solemnidad que tanto aterraban a Laurence Sterne, para quien la misma esencia de la seriedad era la maquinación, y en consecuencia, el engaño. El mismo Sterne aparece riendo en el capítulo de los libros falsos que surgen de textos perdidos. Cuando Sterne murió, su mojigato cuñado destruyó sus papeles y solo quedaron unos textos que también se perdieron, pero que reaparecieron años después en forma de memorias. El volumen autobiográfico siempre pareció falso, lo que a un amante del arte alegre como Sterne seguramente le habría divertido. ¿O no le faltan intencionadamente páginas a su Tristram Shandy?

 

 

 

 

He llegado hasta este discreto libro de Pechmann - puntuado por manuscritos póstumos o destruidos, memorias falsas, autores sin obra y libros que nunca fueron escritos - gracias a Robert Derain, buen amigo de mi amigo Jordi Llovet. Como si de un texto perdido de Sterne se tratara, Derain ha reaparecido después de pasar varios años en paradero desconocido. Me llamó y, tras recomendarme el libro, comentó que nuestro país le parece un camarote abarrotado de narradores que escriben como si toda la literatura desde Madame Bovary hubiese sido abolida. Considera, además, que con la próxima llegada al poder de la extrema derecha estas actitudes conservadoras se agrandarán. Habrá una época de sequía y se perderán muchos libros que, en un clima de más alto espíritu, habrían podido surgir. La vida se volverá más seria, dice. Quizás también por eso ha querido recomendarme esta suma de páginas extraviadas que podrá alegrarme en épocas que se prevén peores.


No es un libro precisamente completo, pero es lógico que así sea porque el material es interminable y el texto es breve. Falta, por ejemplo, en el capítulo de "los autores sin obra" una mención a Artistes sans oeuvres. I would prefer not to, de Jean-Yves Jouannais, libro sobre creadores que optaron por realizar obras para sí mismos en lugar de hacerlas para la lógica industrial y que cuenta entre sus héroes a Félicien Marboeuf. Nombrado "mejor escritor (no habiendo escrito nada)" de Glooscap, la ciudad del arquitecto Bublex, Marboeuf fue una especie de Pepín Bello, que tampoco aparece, por cierto, en el libro de Pechmann.


Quien sí está es el empleado bancario Ernst Polak, un vienés que inspiró a Kafka un personaje de El castillo y que no escribió nunca nada propio, pero coleccionaba citas, como si toda su existencia estuviera contenida en esa colección de frases que, según todos los indicios, se ha perdido.


Si un capítulo me ha atraído especialmente, este es el de los manuscritos destruidos. Entre otras escenas, encontramos a Joyce queriendo quemar escritos en una chimenea, cayendo pues en la vulgaridad de tantos. He tomado muchas notas de lectura, pero las he destruido, quizás para poder recomendar con más autoridad este libro sobre páginas que nunca han sido y que, solo a primera vista, parece completo.


Enrique Vila-Matas - Publicado em El País

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Terça-feira, 01.02.11

Os prêmios

 

Romain Gary: O escritor que recebeu o Goncourt duas vezes


Isabel Coutinho


Trinta anos depois da morte do escritor, sai finalmente em Portugal “Uma Vida à Sua Frente”, o livro que Romain Gary assinou como Émile Ajar para poder ganhar, violando as regras, o seu segundo Prémio Goncourt. Ao mesmo tempo, em Paris, uma exposição conta a história de um dos maiores embustes do mundo literário. Por Isabel Coutinho

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No dia 17 de Novembro de 1975, o júri do mais importante prémio literário francês reuniu-se e, à oitava ronda, atribuiu o Prémio Goncourt ao senhor Émile Ajar pelo seu romance “La Vie Devant Soi”. Na altura, os jornalistas perguntaram insistentemente se o júri não se tinha sentido pouco à vontade por estar a atribuir o prémio a um “autor desconhecido”. Poucos tinham visto Émile Ajar em carne e osso. Do escritor havia apenas uma fotografia um homem de cabelos ao vento em frente ao mar e sabia-se que tinha escrito, também sob pseudónimo, “Gros-Câlin”, o seu primeiro romance.


O júri não deu importância a estes pormenores e foi assim que, sem ninguém saber, Romain Gary (1914-1980) se tornou no único escritor a ganhar duas vezes o Goncourt, um prémio que, estipula o regulamento, só se pode receber uma vez na vida. O escritor francês já tinha recebido o prémio literário em 1956, pelo romance “As Raízes do Céu”, e voltava agora a ser escolhido com este livro. Só se soube a verdade seis meses depois da sua morte. A história narrada por Momo, um adolescente muçulmano de 14 anos que vive no bairro de Belleville, em Paris, na casa de Madame Rosa, uma prostituta reformada e sobrevivente de Auschwitz, é esta semana publicada, pela primeira vez em Portugal, numa edição da Sextante. Foi adaptado para cinema, por Moshé Mizrahi, com Simone Signoret a interpretar Madame Rosa.


Romain Gary arquitectou tudo. Teve atenção aos pormenores para que ninguém suspeitasse de que era ele quem estava por trás de Émile Ajar. Arranjou um cúmplice, contratou advogados e mentiu com os dentes todos, até aos amigos mais íntimos. Antes de se suicidar com um tiro, deixou indicações ao seu filho e ao editor para que o manuscrito “Vie et Mort d’Émile Ajar” fosse publicado postumamente.


Nessas dezenas de páginas, o escritor que nasceu em Vilnius, na Lituânia, filho de russos judeus, e viveu em França, com a mãe, desde os 14 anos, torna pública a falcatrua. “Diverti-me muito. Adeus e obrigado”: assim termina o livro onde conta como engendrou um dos maiores embustes do mundo literário.


O escritor – que começou por ser aviador e herói de guerra, fez carreira diplomática na Bulgária, em França, na Suíça e nos EUA, e foi cineasta, jornalista e actor revela aí que a sua principal motivação foi mostrar que os críticos literários franceses eram tolos. Em “Romain Gary: a Tall Story”, biografia publicada no final do ano passado, David Bellos afirma que o escritor estaria farto de ser cataloga do e desrespeitado pelos críticos. “Ele queria provar ao mundo que os jornalistas e os editores são preguiçosos, não lêem os textos que criticam ou os livros que sugerem, e apoiam-se em preconceitos e fofocas para formarem as opiniões que impõem à comunidade”, escreve o autor, professor de francês e de literatura comparada da Universidade de Princeton.


Na verdade, só depois de ter acabado de escrever “Gros-Câlin” é que Romain Gary decidiu publicá-lo com outro nome. Sentia que era muito diferente das suas obras anteriores. O romance é quase um diário de um homem que vive com uma serpente pitão num apartamento em Paris e tem uma linguagem considerada inovadora.


Foi assim que tudo começouComo é que Romain Gary conseguiu levar avante, e sem que ninguém suspeitasse, um dos maiores embustes do mundo literário? Primeiro precisou de convencer o seu amigo Pierre Michaut, um homem de negócios que vivia no Brasil, a entrar no jogo. Ele aceitou e, numa das suas visitas a Paris, dirigiu-se ao escritório do editor Robert Gallimard com o manuscrito de “Gros-Câlin” debaixo do braço.


Contou-lhe que estava ali em nome de um francês que vivia no Rio de Janeiro. Por razões legais, esse exilado não podia usar o nome verdadeiro nem regressar a França. O editor, conta David Bellos na biografia, leu duas páginas e enviou o livro para apreciação. No dia seguinte recebeu um convite para ir a casa de Romain Gary. Quando lá chegou, encontrou o escritor com um homem que lhe parecia familiar. “Não o estás a conhecer?”, perguntou-lhe Gary. Robert Gallimard percebeu a marosca.


Não me digas que me pregaste esta partida…”, disse. Romain Gary obrigou-o a jurar que não contaria o segredo a ninguém. O editor cumpriu a promessa, bem como o pequeno grupo que sabia que era Gary o verdadeiro Émile Ajar: a secretária que dactilografava os textos, a sua ex-mulher e mãe do seu filho, a actriz Jean Seberg, os advogados, e o seu primo Paul Pavlowitch, que terá um papel fundamental nesta história.


Apesar de a primeira leitora de “Gros-Câlin” ter dado uma apreciação muito positiva, os editores que o leram a seguir não ficaram tão entusiasmados.

 

Conta David Bellos que o escritor Raymond Queneau, que fazia parte do painel de leitura, disse que o autor devia ser um chato mas tinha talento. Aconselhava que o livro fosse publicado na Mercure de France, uma filial da Gallimard.


Quando o livro foi publicado, os críticos literários tentaram descobrir quem era o autor por trás do pseudónimo.


Nunca suspeitaram de Romain Gary, que nesse ano publica “La Nuit Sera Calme”, onde responde às perguntas de um seu amigo de adolescência, o jornalista François Bondy.


Para que tudo corresse bem com o pseudónimo, o escritor não assinou os contratos com a editora e, receando a curiosidade dos jornalistas, pediu ao primo Pavlowitch que se envolvesse na história fazendo-se passar por Émile Ajar. O plano: viajar para o Rio de Janeiro e aí encarnar a personagem de Émile Raja, um médico francês que, acusado da prática de abortos clandestinos, teria saído de França e adoptado o sobrenome Ajar como pseudónimo literário. A viagem nunca chegou a acontecer.


A mentira continua. Quando começou a correr o rumor de que “Gros-Câlin” poderia ser candidato ao Prémio Renaudot (atribuído a primeiras obras), Robert Gallimard avisa Romain Gary de que ele poderia meter-se em apuros. O escritor deu instruções ao advogado para que o livro fosse retirado das listas de todos os prémios a atribuir em 1974.


Mas, com o livro nas livrarias, Émile Ajar teve de aparecer e por isso Paul Pavlowitch deu uma entrevista ao “Le Monde”. A sua fotografia sai nos jornais. Entusiasmado com o sucesso, Romain Gary começa a escrever o segundo livro. Trabalhava de manhã na obra de Émile Ajar e de tarde na obra de Romain Gary. Em Outubro, publica “Uma Vida à Sua Frente”, que teve como primeiro título “La Tendresse des Pierres”. Quando a capa do livro já estava a ser impressa, a mulher de Pavlowitch repara que o título é igual àquele que uma personagem de um romance anterior de Gary dava ao livro que estava a escrever. Antes que alguém notasse a coincidência, Émile/ Paul Pavlowitch pediu ao editor para parar a impressão.


Mas o pior estava para vir. A 17 de Novembro de 1975, “Uma Vida à Sua Frente” recebe o Goncourt. Se alguém descobrisse que o romance era de um escritor que já tinha vencido o prémio, Romain Gary seria preso. Por isso, três dias depois, Émile Ajar faz saber que recusa o prémio.


O júri responde que “o Goncourt é como a vida e como a morte não se aceita nem se recusa”. Entretanto, um jornalista consegue, através da fotografia que circulara nos jornais, perceber que Émile Ajar era Paul Pavlowitch, primo de Romain Gary, e publica a história. Tudo é posto em causa. Gary é forçado a dizer publicamente que não ajudou o primo a escrever o livro e que não tem nada a ver com Émile Ajar. Nunca mais poderá contar a verdade, e portanto começa a escrever “Pseudo”, livro em que Émile Ajar conta como Paul Pavlowitch, internado numa clínica psiquiátrica, escreveu os seus livros. A mentira continua.

 

 

 

O último livro assinado por Émile Ajar, “L’Angoisse du Roi Salomon”, é publicado em 1979. No ano seguinte, aos 66, Romain Gary suicida-se na sua casa em Paris: “Fiz um pacto com o senhor lá de cima, vocês conhecem-no? Fiz um pacto com ele de forma a nunca me deixar envelhecer.” A sua ex-mulher, Jean Seberg, tinha aparecido morta no ano anterior. “Nenhuma ligação”, escreve na nota de suicídio que deixou.


Seis meses depois, em 1981, é revelada a verdadeira identidade de Émile Ajar. Paul Pavlowitch publica “L’Homme que l’On Croyait”, onde conta a sua versão da história. É entrevistado no programa “Apostrophes”, de Bernard Pivot. Pouco depois, é publicado o manuscrito “La Vie et Mort d’ Émile Ajar”, onde Romain conta que a jornalista Laure Boulay, do “Paris Match”, lhe disse a certa altura que estava convencida de que Romain Gary e Émile Ajar eram a mesma pessoa.

 

Romain Gary apaixonou-se perdidamente por ela e respondeu: “É evidente. Ninguém se apercebeu a que ponto Ajar foi influenciado por mim. Podemos até falar de um verdadeiro plágio. Mas enfim, é um jovem autor. Não faço questão de protestar.” Esta história mirabolante volta agora a ser contada, 30 anos depois da morte do escritor, no Musée des Lettres et Manuscrits, em Paris. Até 3 de Abril, a exposição “Romain Gary, des Racines du Ciel’ à ‘La Vie Devant Soi’” mostra os manuscritos, as cartas, as notas, as fotografias e os artigos de imprensa que reconstituem o grande golpe.


Isabel Coutinho - Publicado no Caderno Ípsilon, do PÚBLICO / Ciberescritas

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Quarta-feira, 19.01.11

As capas dos livros

Breve historia de las cubiertas (Breve história das capas de livros)

 

Alberto Manguel

 

 

 

Oscar Wilde sostenía que sólo la gente superficial no juzga por las apariencias; su observación redime al lector que, obnubilado por la cantidad de títulos que impúdicamente se le ofrecen desde los escaparates de las librerías, se deja seducir por aquellos con las cubiertas más vistosas o más originales, más elegantes o más audaces.

 

Para quien nada sabe de un cierto libro (título misterioso, autor desconocido, editor ignoto) la cubierta ilustrada insinúa el contenido, como en una suerte de adivinanza iconográfica ofrecida a la perspicacia del lector. Todos hemos comprado un libro a causa de la cubierta, desde aquellas primeras de Alianza que revolucionaron el diseño editorial con sus invenciones surrealistas, hasta las más recientes, ingeniosamente elegantes, de la pequeña editorial mexicana Almadía.

 

A los veinte años, Truman Capote, temprano conocedor de las estrategias comerciales, insistió para que su primer libro, Otras voces, otros ámbitos, apareciese con la foto del propio Capote en la cubierta, reclinado lascivamente como una odalisca en su diván. No cabe duda que, sin descontar los méritos literarios del libro, fue la cubierta la que lo convirtió en un succès à scandale. Sin embargo, como los grandes seductores, las cubiertas también mienten.

 

¿Cómo suponer que una mano femenina sosteniendo negligentemente una copa de champagne corresponda, en una cubierta de los años sesenta, a Madame Bovary? ¿Qué relación pudo haber imaginado cierto diseñador argentino entre contenedor y contenido cuando eligió ilustrar una edición de Macbeth con un paisaje alpino, incluidas las vacas con sus cascabeles?

 

¿Y por qué aparece Borges (o alguien que se parece a Borges) del brazo de un joven hippie sobre la cubierta de una edición colombiana de El Lazarillo de Tormes?

 

La historia de las cubiertas es mucho más reciente que la historia del libro. El libro nace hace unos seis mil años, en Mesopotamia, bajo la forma de tabletas de arcilla, generalmente conservadas en cajas de cuero o de madera; las primeras cubiertas remontan apenas al siglo V de nuestra era cuando el códice de hojas plegadas empezó a remplazar casi por completo los engorrosos rollos de papiro. Para los primeros lectores de códices, como para los lectores de nuestros textos electrónicos, sólo el contenido del libro era tenido en cuenta: la cubierta poco importaba. Durante largo tiempo, las cubiertas sólo tuvieron una función práctica: proteger el libro que cubrían.

 

Puesto que los códices eran guardados acostados sobre los anaqueles, las cubiertas llevaban a veces el título (o el nombre del autor) escrito en el lomo o en el costado: esta voluntad de identificación tal vez contribuyó más tarde al deseo de decorarlas. Si bien hay ejemplos de cubiertas decoradas en los siglos V y VI, la costumbre de dar a la cubierta su propio valor estético no se estableció hasta siglos después.

 

En la alta Edad Media, y sobre todo en el Renacimiento, las cubiertas transformaron al libro en objeto de lujo, y la encuadernación fue reconocida como un arte en sí mismo, a medio camino entre la orfebrería y la alta costura. Si la encuadernación artesanal, aún en nuestros días, da a un libro una identidad única y privada, las cubiertas impresas, sobre todo a partir de los finales del siglo XIX, brindan la ilusión de una uniformidad democrática. Curiosamente, sin embargo, esa misma uniformidad puede ofrecer a un libro una nueva vida. Bajo otra cubierta, con otro diseño, un cierto texto se vuelve original, adquiere una virginidad artificial. Es así como, después de una adaptación cinematográfica, los clásicos se disfrazan de best seller, y un Brad Pitt reluciente de sudor sonríe sobre la cubierta de nueva edición de la Ilíada. A lo largo de los siglos, las cubiertas cambian, multiplican sus estilos, se vuelven más complejas o más discretas, más comerciales o más exclusivas.

 

 

Siguen ciertos movimientos artísticos (las efusiones neogóticas de William Morris o los inventos tipográficos del Bauhaus), se pliegan a voluntades comerciales (la unificación de diseños de las colecciones de bolsillo o la identificación de ciertas maquetas con la seudoliteratura del best seller), adoptan y definen géneros literarios (las cubiertas de las novelas policiales o de ciencia-ficción de los años cincuenta).

 

A veces los diseñadores de cubiertas quieren ser más literarios que los autores del texto, y es así como dan a luz cubiertas en las que no aparece el título del libro (la edición inglesa de Aqua de Eduardo Berti) o remplazan el título con el primer párrafo del libro (la edición canadiense de Si una noche de invierno ... de Calvino) o el título y el nombre del autor aparecen impresos boca arriba (una edición alemana de Viaje al centro de la Tierra de Julio Verne). En tales casos, el lector siente que la cubierta ha incurrido en algo asó como una falta de lèse-majesté.

 

Para su lector, la cubierta de un libro tiene algo de documento de identidad, emblema y resumen del libro mismo, una imagen que define y tal vez hasta usurpa la autoridad del texto. No leemos el Quijote: leemos el Quijote con la cubierta que lleva un grabado de Gustave Doré, o el retrato de Cervantes, o la sobria tipografía de los Clásicos Castellanos, o el azul cuadriculado de la Colección Austral. Entre todos estos (y varios más) está mi Quijote: tiene cubiertas negras, letras blancas y un grabado de Roberto Páez. Ese es, para mí, el Quijote auténtico.

 

 

 

 

Alberto Manguel

Imagens: Capas de livros com fotografias de Mario Castello (Efeito Borboleta) e Gilberto Perin (Função Elvis e Don Frutos)

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Quinta-feira, 13.01.11

Bem-vindos sempre!

Vários autores portugueses estarão no Brasil em 2012, O Ano de Portugal no Brasil


Entre as ações culturais, artísticas e comerciais que Portugal pretende realizar no Brasil em 2012, estarão três iniciativas no campo literário: a primeira será a viagem de vários escritores portugueses ao Brasil para palestras e conferências em todo o país; a segunda, a comercialização de livros da nova literatura portuguesa em valores diferenciados e especiais, a menor. A terceira iniciativa será a realização de um filme de 30 minutos sobre os novos autores de Portugal. Tudo isto tem a assinatura de Inês Pedrosa, diretora da Casa Museu Fernando Pessoa (Lisboa) e encarregada de tratar do assunto com os interlocutores brasileiros.

 

 

 

 

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A camisola de Schlee

A camisola de Schlee


José Mário Silva

 

 

 


Os fios do acaso que levam duas pessoas a encontrar-se num dado lugar, num dado momento, são insondáveis. Quando me sentei numa esplanada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, no recinto da maior feira do livro a céu aberto do continente americano, não imaginei que aquele escritor septuagenário de sorriso aberto e longo cabelo grisalho pelos ombros – Aldyr Garcia Schlee, apresentado ali mesmo pelo nosso editor comum (Alfredo Aquino, da ARdoTEmpo) – se converteria, poucos dias depois, num velho amigo. Mas foi isso que aconteceu.


Logo naquela primeira tarde, à sombra dos jacarandás e ipês floridos, a dois passos das barraquinhas com livros pendurados por cordéis, não falámos de literatura mas de futebol. Acompanhado pela mulher, Marlene, tão fanática pelo jogo quanto ele e capaz de recordar, com minúcia, factos ou lugares perdidos no tempo, Aldyr apresentou-me enciclopedicamente o mundo das grandes equipas brasileiras, sem esquecer as mais antigas, algumas das quais relegadas para divisões secundárias, como o time de que é torcedor: o Grêmio Esportivo Brasil, de Pelotas, já perto da fronteira com o Uruguai. Estava dado o mote. Primeiro em Porto Alegre, depois nos três dias que passámos juntos em São Paulo, falámos bastante dos seus «contos gardelianos» (Os limites do impossível) e do imponente romance, com mais de 500 páginas, que escreveu sobre a vida extraordinária do General Fructuoso Rivera (Don Frutos), mas os olhos deste homem que tem exactamente o dobro da minha idade, embora não se note (conversou sempre tu cá tu lá, com aquela intimidade dos colegas de liceu que se reencontram muitos anos depois), os olhos deste homem ganhavam outro brilho ao resgatar da memória certos estádios, os nomes dos craques e o que eles faziam dentro de campo, o clamor das arquibancadas.


Por trás desta paixão, esconde-se uma história incrível que logo veio à tona. Além de escritor, Schlee já foi muitas coisas: desenhista, homem da imprensa, professor universitário. O primeiro momento de glória, porém, aconteceu quando tinha apenas 19 anos. Em 1953, para apagar de vez o trauma provocado pela derrota na final do Campeonato do Mundo de 1950, frente ao Uruguai, no Maracanã, o jornal carioca Correio da Manhã decidiu lançar um concurso para mudar o equipamento da selecção nacional brasileira, uma vez que o branco parecia ser funesto. Das centenas de candidaturas recebidas, a escolha recaiu na proposta de um tal Aldyr Garcia Schlee. Ou seja, a célebre canarinha (camisola amarela e calção azul), um dos maiores ícones do desporto mundial, é nem mais nem menos do que uma criação do meu companheiro de tournée literária.

 

Já em São Paulo, antes de visitarmos o MASP (com os seus Van Gogh, Renoir, Modigliani, Velázquez, Turner e outras maravilhas da pintura europeia), fomos ao Museu do Futebol, instalado por baixo do Estádio Pacaembu. Logo à entrada, uma imagem de Barbosa ainda desperta comentários ressentidos nos visitantes. Ele é o mais odiado dos guarda-redes (no Brasil diz-se goleiro), o bode expiatório da Copa perdida no Maracanã. Aldyr ri-se deste ódio que persiste há mais de meio século. Até porque ele, ó ironia, torce desde sempre pelo Uruguai (país que quase vê das janelas da sua casa-biblioteca e cujos principais escritores vem traduzindo para português). Quando Ghiggia marcou o 2-1 fatal, ele estava num cinema em Montevideu. Lembra-se de o filme ser interrompido e de ouvir, emocionado, o hino uruguaio. Como se lembra de quase tudo o que as fotografias, filmes e hologramas do museu documentam. A história do Brasil reflectida no verde da relva.


Talvez para selar uma viagem feliz e uma amizade inesperada, o nosso editor encontrou uma camisola da canarinha, em algodão, modelo de 1954 (sem as modernices estéticas e têxteis da Nike, que Schlee detesta). É para ela que olho agora, já deste lado do Atlântico. A gola verde, o emblema grandão, junto ao qual a firme caligrafia de Aldyr evoca «Pelé & cia». Depois arrumo-a no saco e vou ler Don Frutos.

 

 

 

 


José Mário Silva - Escritor e poeta - Publicado na revista Ler (Lisboa, Portugal)

Imagem: Caricatura de Aldyr Garcia Schlee

Fotografia: Don Frutos, por Alexandre Schlee Gomes

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Quinta-feira, 23.12.10

A luta que nunca cessa

Homenagem à Palavraria, à Sapere Aude!, à Bamboletras, à Livraria da Travessa (Rio), à Livraria da Vila (São Paulo), à Contexto (Jaguarão), à Vanguarda e à Mundial (Pelotas) - A luta que nunca cessa

 

Libreros con vocación

 

Enrique Vila-Matas

 

En Barcelona, una optimista librería de barrio, la Bernat, en la calle Buenos Aires, ha duplicado su espacio a costa del local vecino, un sex shop que se ha hundido. Parece una noticia espectacular, pero solo lo parece, porque detrás de ella está únicamente la soledad de una librería independiente en su lucha dura del día a día, en su combate por la supervivencia, por una manera de ser, por una manera de relacionarse con la literatura. La Bernat de la calle Buenos Aires es un activo paradigma de tantas librerías de este país que, con sus historias de ánimo y coraje, desafían la lógica de los negocios y la rutina de la incultura. Me gustaría que estas líneas fueran un homenaje a nuestras librerías independientes, de cuyas angustias y alegrías me siento aún más cerca cuando entro en el blog El Llibreter (llibreter.blogspot.com), que describe atmósferas de un mundo que camina bajo la pólvora, el mundo de los libreros de vocación. Precisamente, hace unos días, el anónimo redactor de El Llibreter viajó a Nueva York y, una vez más, tras darse una vuelta por los lugares de costumbre, tuvo que levantar acta del cierre de otra librería, Central Booking en esta ocasión.

En Lima es noticia siniestra de estos últimos días que la especulación inmobiliaria va a cerrar El Virrey, legendaria librería. Hace tres años, sin haberla visitado nunca, escribí un texto de añoranza por lo no vivido, hablé de mi melancolía por no haber pisado esa librería peruana, lugar al que una fuerza enigmática me arrastraba. Pero este verano, por fin, la conocí. Fui una noche con Enrique Prochazka y Gabriel Ruiz Ortega y descubrí que, como en un juego de cajas chinas, en el interior de El Virrey había otra librería, llamada Sur, una librería de viejo, y en ella encontré una primera edición de la siempre para mí entrañable Antología negra, de Blaise Cendrars, "traducida del francés por Manuel Azaña" (Cenit, 1930)


Al poco de haber vuelto a Barcelona con el antiguo ejemplar, me encontré con la sorpresa de que acababa de salir en Madrid, manteniendo la traducción de Azaña, una documentadísima edición crítica de Jesús Cañete de Antología negra (Árdora). Hablo de sorpresa porque hasta pisar El Virrey nunca antes había visto la Antología en ninguna otra edición que no fuera la original francesa, y ahora de golpe tenía ante mí dos ediciones españolas del libro, la más vieja y la más nueva. La más nueva llegaba con aportaciones de Tomás Segovia, el apoyo entusiasta de Emilio Sola, y con una conferencia, Sobre la literatura de los negros, que Cendrars dio en 1925 en la Residencia de Estudiantes, con notable éxito entre los jóvenes artistas madrileños que vieron en él a un tipo "rápido, desenfadado, entusiasta y seco, rítmico y entrecortado, o roto como música de jazz band".


Desde este verano, Antología negra me evoca a El Virrey y desde hace unos días también su tragedia, comentada por Ariel Segal en La República: "La librería fundada por la pareja Sanseviero en 1973, y ampliada por sus hijos con anexos que incluyen la librería anticuaria Sur - con anaqueles repletos de obras antiguas, grabados, mapas y manuscritos-, es una institución que, por definición, debería ser preservada en el lugar en el que fue instituida".

 

 

 

 


Para Segal, El Virrey debería pasar a ser "patrimonio cultural de la nación peruana" y esta sería una forma de salvar un lugar que supo entroncar con la tradición de las antiguas librerías de la vieja Lima. Pero nada indica que la sensata idea de Segal vaya a prosperar. El drama de El Virrey es, a este otro lado del Atlántico, el de tantas de nuestras librerías de la vieja escuela, que día a día se van convirtiendo en símbolos de una lucha por la supervivencia de ciertas formas y estilos. El combate es duro en medio de un panorama severo, pero es una lucha que, como el rayo, nunca cesa.

 

Enrique Vila-Matas - Publicado em El País

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Sexta-feira, 17.12.10

Os livros e as brocas

O bibliófilo e o fim do livro

 

Umberto Eco

 


O bibliófilo não tem medo nem da Internet, nem dos CD –ROM nem dos e-book. Na Internet ele já encontra os catálogos de antiquários, nos CD-ROM as obras que um particular dificilmente poderia ter em casa, como os 221 volumes in-fólio da Patrologia Latina de Migne, num e-book estaria super disposto a circular por aí com bibliografias e catálogos, tendo sempre consigo um repertório precioso, especialmente se e quando visita uma feira do livro antiga. Quanto ao resto, confia em que, até se os livros desaparecessem, sua coleção simplesmente duplicaria, que digo, decuplicaria de valor. Portanto, pereat mundus!


Mas o bibliófilo também sabe que o livro terá longa vida, e percebe isso justamente ao examinar com olhos amorosos as próprias estantes. Se tivesse sido gravada, desde os tempos de Gutemberg, em suporte magnético, toda aquela informação que ele acumulou teria conseguido sobreviver por  duzentos, trezentos, quatrocentos, quinhentos, quinhentos e cinquenta anos? E teria sido transmitida antes de nós, com os conteúdos das obras, as marcas de quem as tocou, compulsou, anotou, atormentou e muitas vezes, sujou com impressões de polegar? E alguém poderia apaixonar-se por um disquete como se apaixona por uma página branca e dura, que faz crac-crac sob os dedos como se acabasse de sair da prensa?


Como é belo um livro, que foi pensado para ser tomado nas mãos, até na cama, até num barco, até onde não existem tomadas elétricas, até onde e quando qualquer bateria se descarregou e suporta marcadores e cantos dobrados, e pode ser derrubado no chão ou abandonado sobre o peito ou sobre os joelhos quando a gente cai no sono, e fica no bolso, e se consome, registra a intensidade, a assiduidade ou a regularidade das nossas leituras, e nos recorda (se parecer muito fresco ou intonso) que ainda não o lemos...


A forma-livro é determinada pela nossa anatomia. Podem existir os enormes, mas estes em sua maioria têm função de documento ou de decoração; o livro-padrão não deve ser menor que um maço de cigarros ou maior que um tabloide. Depende das dimensões da nossa mão, e estas – ao menos por enquanto – não mudaram, queira ou não queira Bill Gates.


Função do bibliófilo é também aquela, para além da satisfação pessoal do seu desejo privado, de testemunhar sobre o passado e o futuro do livro. Lembro-me do primeiro salão do livro de Turim, quando reservaram ao livro antigo um grande corredor (depois, creio que este belo hábito se perdeu). Visitavam a mostra os jovens das escolas, e alguns eu vi grudados às vitrines para descobrir pela primeira vez o que era um livro de verdade, não um fascículo descartável qualquer, um livro com todos os seus atributos no lugar certo. Eles me lembraram o bárbaro de Borges, quando vê pela primeira vez a obra prima da arte humana que é uma cidade. Este havia caído de joelhos diante de Ravenna, e se fizera romano. Eu me contentaria se os jovens de Turim tivessem levado para casa pelo menos uma emoção, talvez até uma broca benéfica.


Ah, eu ia esquecendo: também as brocas fazem parte da paixão do bibliófilo. Nem todas desvalorizam o livro. Algumas, quando não afetam o texto, parecem uma delicada renda. Eu, hoje confesso, também gosto delas. Naturalmente, ao livreiro que me vende o livro manifesto desprezo e nojo, para baixar o preço. Mas já disse aos senhores: por amor a um belo livro a gente se dispõe a qualquer baixeza.


Umberto Eco - Enviado por Carlos Cartell - Sapere Aude! Livros

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Quarta-feira, 15.12.10

Os livros do novo ano

Livros e amigos

 

 

 

Aldyr Garcia Schlee esteve em Porto Alegre na segunda-feira, participando da entrega do Prêmio Açorianos, onde encontrou vários escritores amigos e junto a eles festejou a premiação, a bela cerimônia e o show em que vários deles foram premiados em diversas categorias. Foi uma bela festa de confraternização e amizade, bem organizada pela Secretaria Municipal da Cultura, pela equipe do Secretário da Cultura e escritor Sergius Gonzaga.

 

 

 

No dia seguinte, terça-feira, esteve com agenda cheia, conversando sobre DON FRUTOS, sobre Jaguarão, sobre Pelotas e sobre o pampa, com um brinde de espumante pelo FATO LITERÁRIO 2010, numa lotada Livraria Sapere Aude! (de Lia, Letícia e Carlos Cartell), a casa repleta de amigos e especialmente de muitos jaguarenses; até o momento em que se dirigiu ao Bar Ocidente, para participar de um bate-papo animadissimo no SARAU ELÉTRICO, sobre a sua literatura do pampa, com KATIA SUMAN, CLAUDIA TAJES, LUÍS AUGUSTO FISCHER (outro premiado Açorianos) e CLÁUDIO MORENO. Em nenhum instante se falou de futebol, apenas de literatura e livros.

 

Em 2011, serão relançados em novas edições, os livros Contos de verdades e O dia em o Papa foi a Melo (atualmente esgotados), além de um novo livro de contos, inédito, previsto para lançamento em setembro.

 

 

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Segunda-feira, 13.12.10

SÁBADO 18 de dezembro - O JANTAR - Livraria da Vila Itaim

LANÇAMENTO EM SÃO PAULO - Livraria da Vila Itaim

 

 

 

 

 

 

Lançamento na Livraria da Vila Itaim - Rua Mário Ferraz, nº 414 (11) 3073-0513 - Itaim-Bibi São Paulo, no dia 18 de dezembro, das 15h até às 19h30, com a presença da autora, Naira Scavone, do chef Aires Scavone e do fotógrafo Mauro Holanda, autor das várias imagens publicadas no livro.

 

Imagem: Mauro Holanda

 



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Domingo, 12.12.10

Noite do Livro, em Porto Alegre

 

Prêmio Açorianos - Convite para a entrega dos Prêmios de Literatura - 13 de dezembro

 


 

 

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SARAU ELÉTRICO - 14 de dezembro - GRANDES RELATOS

SARAU DOS GRANDES RELATOS

 

O escritor de Jaguarão que passou 45 anos dedicado a uma ideia é o convidado do SARAU ELÉTRICO da proxima terça.

 

ALDYR GARCIA SCHLEE, Fato Literário 2010, apresenta seu romance DON FRUTOS, sobre a vida do caudilho uruguaio Fructuoso Rivera. Com a assistência da turma da casa, LUÍS AUGUSTO FISCHER, CLÁUDIO MORENO, CLAUDIA TAJES e KATIA SUMAN.

 

SARAU DOS GRANDES RELATOS. Histórias que mudaram tempos e vidas. E vão transformar a sua terça-feira também.


Canja pura salsa - TONDA Y COMBO

SARAU DOS GRANDES RELATOS - TERÇA 14.12.10 - OCIDENTE - 21h

 

 

 

 

DON FRUTOS

 

Um romance extraordinário sobre a vida do caudilho Fructuoso Rivera, presidente da República Oriental do Uruguai em duas oportunidades históricas e indicado a um terceiro mandato em triunvirato, num momento preciso e pontual: cerca de um ano inteiro de vida, o último de sua jornada, vivido em Jaguarão, no sul extremo do Brasil e permeado pelas lembranças sobre os inúmeros episódios de sua espantosa vida de aventuras políticas, amorosas, militares e de barroca construção de um novo país. Frutos Rivera, um dos libertadores da América. Um homem do pampa que assomou à presidência do Uruguai e incluiu-se como um dos fundadores da nova república, entre impérios e potências internacionais. Escrito com mestria por Aldyr Garcia Schlee (FATO LITERÁRIO 2010) em quatro anos, lastreado numa pesquisa exaustiva ao longo de 45 anos, em bibliotecas e arquivos nacionais, no Uruguai e no Brasil.

 

DON FRUTOS é um romance finamente lapidado em linguagem criativa, arquitetado pelo escritor que refez os caminhos, as memórias e as falas do personagem histórico com a verossimilhança que apenas a ousadia ilimitada de um autor densamente documentado poderia fazer. Abandone-se nessa escrita de alumbramentos e reconheça as marés de formação dos países do pampa.

 

Quantos serão eles, além daquele imaginado pelo escritor e os outros sugeridos pela imaginação infinita dos leitores, incendiada pelas suas palavras?

 

Aldyr Garcia Schlee pesquisou tanto, colheu um volume tamanho de informações, refletiu tão intensamente sobre sua personagem que mimetizou-se a ela, a ponto de pensar genuinamente suas ações, sentir seus sentimentos e saber seus medos, suas limitações, suas inseguranças, suas doenças e seus humores. Um romance magnífico que empresta a atmosfera de um continente emergente para o desfrute de uma literatura de invenção e originalidade.

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A biblioteca - como será?

A un paso de la biblioteca de Babel


Daniel Salgado

 

Las profecías sobre el futuro de las bibliotecas suelen citar a Jorge Luis Borges. Su relato La biblioteca de Babel, publicado en Ficciones, se ha convertido en tópico a la hora de imaginar cómo serán los almacenes de libros en lo que el comunicólogo Román Gubern denomina Galaxia Leibniz. Hace más de 70 años que Borges presentó el universo como biblioteca sin límites, con escaleras de caracol infinitas y miles de pasillos entrecruzados. En una peculiar e involuntaria analogía, los expertos actuales hablan de sistema de nodos interconectados, centros en red y acceso a todo el saber del mundo desde la soledad de la pantalla del computador.


"La meta es que el universo cultural entero pueda aparecer en la pantalla de consulta, hacer real el concepto totalizador de la biblioteca de Babel de Borges", explica Gubern, quien participó en Santiago de Compostela en un encuentro sobre el pasado, presente y futuro de las bibliotecas. Fue en esas jornadas en las que el escritor triestino Claudio Magris certificó que la lectura y el libro se encuentran ante un cambio de civilización. No aventuró hacia donde se dirigen y prefirió hablar de las bibliotecas de Cervantes o de Rabelais.


De entrada, pocos expertos se atreven a mapear lo que vendrá. Gubern, que define los centros que se encargan de custodiar los libros como "depósito del saber y de la fantasía que permiten realizar una geología del conocimiento", nombra el concepto de red y "la conexión con otros centros del mundo". Y la novelista Rosa Regás, directora de la Biblioteca Nacional española entre 2004 y 2007, se muestra totalmente escéptica: "Las bibliotecas irán cambiando paulatinamente, no habrá grandes cambios sino a medida que cambien las costumbres de los usuarios. Si estos se acostumbran a las pantallas, en las bibliotecas habrá también pantallas y posibilidades para descargar los materiales". Tampoco el catedrático de Historia Contemporánea de la Universidad de Santiago y presidente del Consejo de Cultura Gallega, Ramón Villares, vislumbra grandes vuelcos: "Lo digital y lo físico se combinarán durante un tiempo y las bibliotecas, tal y como las conocemos, no morirán. Por lo menos, en el corto plazo".


Que haya una persona, el estadounidense Robert Darnton, que al mismo tiempo asesora a Google Books y dirige la biblioteca de Harvard parece dar la razón al profesor gallego. Sin embargo, el discurso del sociólogo canadiense Derrick de Kerckhove, discípulo de Marshall McLuhan, difiere. Presente en los debates de Santiago, realizados en la Biblioteca de Galicia, aún por inaugurar, que alberga la Cidade da Cultura, De Kerckhove defiende la posibilidad de "situar el centro del mundo en casa".


El teórico de la "inteligencia conectiva" aplicada a Internet recuerda que, en su país, cada persona pasa "siete horas al día ante una pantalla" y metaforiza en la figura de Pinocho 2.0 la actual condición humana. "La memoria se encuentra fuera del individuo, en Google, en la Wikipedia", explica, "y una biblioteca debe pensar en cómo funcionar en ese contexto híbrido electrónico". Lo material y lo digital, lo local y lo global, son asuntos de los que preocuparse. Y si la realidad objetiva es que los estudiantes cada vez usan menos la biblioteca, para De Kerckhove hay razones palmarias: "Ya tienen acceso directo a toda la información".


Pero no todo son buenas noticias en el bando de los integrados. El propio sociólogo advierte de los estudios recientes que afirman la superioridad de la lectura en papel sobre la digital. Por lo menos, desde el punto de vista de ejercitar la memoria: leer un libro en pasta de celulosa hace trabajar la memoria un 20% más que hacerlo en digital. "Una biblioteca es una cosa viva", consideró Claudio Magris, "también es una perfumería, con sus olores". En ninguna profecía aparece, todavía, un mundo sin libros. "A veces hablamos del futuro como si fuese un horizonte al que llegar", se lamenta Rosa Regás, "pero no es así; se trata de un proceso continuo y los cambios resultan paulatinos". Nadie pensaba, 15 años atrás, "que existirían todas estas herramientas para descargar música o libros de la Red", dice.


La imagen del templo resulta socorrida, recurrente a la hora de definir la idea de biblioteca. Como peculiar espacio colectivo también corre riesgos. "Es cierto que en una biblioteca hay mucha gente que no se habla entre sí", describe Román Gubern, "pero sí hay compañía". El rito colectivo de estudiar o leer en una biblioteca se asemeja, según su visión, al del cine. Y como en el cine en salas, la afluencia decae. La multitud solitaria la llamó, ya en los años cincuenta, otro sociólogo, David Riesman. "Las empresas de hardware y software", ironiza Gubern, "conspiran para fomentar la claustrofilia y la agorafobia". Arrancar es el verbo con que el ensayista catalán define "las estrategias necesarias para que la gente salga de casa".


"Cada vez más, las bibliotecas tienden a que nadie venga a ellas", coincide Daniel Buján. Actual director de la Biblioteca de Galicia, Buján se encargó de poner en marcha el centro público Ánxel Casal, que el Estado construyó en Santiago de Compostela y que abrió en 2008. "Pero el libro funciona, se sigue prestando", asegura, antes de referirse a las pruebas de la institución que encabeza sobre el préstamo de e-readers. En las mesas redondas de la Cidade da Cultura, su intervención centró las aproximaciones de los expertos y enumeró problemas concretos a los que se enfrentan las bibliotecas en la época digital.


"Es necesario diferenciar entre una biblioteca de las llamadas nacionales, como la de Galicia, ocupadas de la conservación y que deben guardar todo", aduce Buján, "y las públicas, de difusión de la lectura". Digitalizar un documento cuesta aproximadamente un euro por página. Y los metadatos, la información que adjunta cada elemento digitalizado, tienen que ceñirse, vía directiva europea, al estándar de la Biblioteca del Congreso de Estados Unidos. Pero la obsolescencia tecnológica -Buján hace memoria y explica como, a principios de siglo, el CD "iba a ser el formato del futuro"- dificulta las labores: existen fondos en formatos que no se pueden leer, archivos informáticos en programas ya desaparecidos, papeles irreductibles a las técnicas hasta ahora conocidas.

 

Según el pensador De Kerckhove, en imagen transparente, "el futuro del libro en la biblioteca equivale al oro de la banca: nadie lo usa, pero debe existir, es la garantía, el símbolo".


"Todavía no conocemos la duración de los formatos digitales", alerta, a mayores, Gubern. "Hay expertos que hablan de unos 30 años, es decir, menos incluso que las viejas cintas de vídeo". La experiencia de la Galaxia Leibniz (el filósofo alemán que hace cuatro siglos sentó las bases del sistema binario de lo digital) es todavía incompleta. El propio Gubern recurre a sus ejemplares de la Enciclopedia Británica para expresar la incertidumbre: "La compré en 1995 y fue la última edición en papel que se editó".


El historiador Ramón Villares, que confiesa no imaginar un mundo sin bibliotecas, menciona otras cuestiones inherentes al abandono de la, en terminología de McLuhan, Galaxia Gutenberg. "Que el libro físico conviva con un gran almacén de libros digitales, una biblioteca universal virtual", señala, "acarreará consecuencias, ya las está acarreando, en la industria editorial, y aún no hemos resuelto el problema de los derechos de autoría y la retribución económica de los autores". La historia del libro y de su organización colectiva se entrelazan desde que Aristóteles comenzara a reunir los papiros que formarían el embrión de la biblioteca de Alejandría, en la tercera centuria antes de Cristo.


César Antonio Molina mostró similares preocupaciones: "Una biblioteca, pública o privada, es un templo. La mía está repleta de lugares y calles. Estoy en contra de aquellos que piensan que llegamos a un final; Gutenberg no ha muerto".


Para De Kerckhove no parece que haya vuelta atrás. La humanidad ha dado un paso adelante y aunque, dice, la libertad se reduce "al leer en pantalla", lo digital resulta irremediable también en las bibliotecas. "Ahora deben convertirse en aceleradores culturales, con una posición nodal en la red del conocimiento, al nivel de un gran aeropuerto". Atrás van quedando las avenidas abigarradas de los antiguos centros, aquellos que filmó Alain Resnais en la Biblioteca Nacional de Francia y llamó Toda la memoria del mundo.

 

 

 

 


Daniel Salgado - Publicado em Babelia / El País

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Sexta-feira, 19.11.10

Música no jardim - Museu da Casa Brasileira - Sábado 20 de novembro

Música

 

 

 

 

 

 

 

 

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Quarta-feira, 17.11.10

No jardim do Museu da Casa Brasileira - Dia 20 das 11 horas às 14h

Convite para Recital Ave, Flor


Com Fernando Mattos (viola) e Deisi Coccaro (soprano)

Temas Brasileiros (Eruditos e Populares)

com LAURA DE SOUZA (soprano) e Nancy Bueno (piano)

 

Exposição de Imagens Botânicas no jardim do MCB

De ANELISE SCHERER e poemas de CLEONICE BOURSCHEID

 

Lançamento de livro AVE, FLOR

De CLEONICE BOURSCHEID e ANELISE SCHERER

Edições ARdoTEmpo

 

 

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Domingo, 14.11.10

O jabuti sem carapaça e o leite talhado

A Editora Record e o Prêmio Jabuti

 

Carta do editor Sergio Machado à Câmara Brasileira do Livro sobre a atribuição do Prêmio Jabuti a Chico Buarque, pelo seu romance Leite Derramado.


"O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.

 

Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu.

 

Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.

 

Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial. Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas".


Aos seus autores, Sérgio Machado enviou por e-mail a seguinte mensagem:


"O Grupo Editorial Record decidiu que não mais participará do Prêmio Jabuti até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas. Como editor responsável e orgulhoso de ter em catálogo o melhor da literatura nacional, não posso admitir que nossos autores sejam submetidos a recorrentes situações de constrangimento e injustiça. Enviei , hoje, à Câmara Brasileira do Livro e à Comissão do Prêmio Jabuti a carta comunicando esta decisão. Deixo claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo. Só não queremos participar institucionalmente de um processo equivocado que dá margem a distorções vergonhosas".

publicado por ardotempo às 19:35 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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