Domingo, 12.02.12

Mito é a palavra

Olhos no bastidor do jogo

 

Luiz Zanin Oricchio - O Estado de São Paulo

 

Você vai ao Museu do Futebol cheio de paixão e sai de lá repleto de perguntas, o que não quer dizer que o amor pelo seu clube ou pelo jogo tenha diminuído. Pelo contrário. Talvez apenas tenha ficado mais complexo e rico. É essa a intenção de um museu que se deseja antipedagógico e, com desculpas pela da contradição, muito pouco museológico. É assim que o espectador deve se postar diante da exposição temporária Vestiário, que será inaugurada na terça-feira, às 19h30.

 


 

Com espanto, aberto a um olhar fresco e a uma nova perspectiva em relação ao esporte que ele crê conhecer tão bem. A exposição consta de 56 fotos de Gilberto Perin e 28 obras do artista plástico Felipe Barbosa, que dialogam com a técnica de video mapping do VJ Spetto. Isso quer dizer que esse espaço íntimo, os vestiários dos clubes de futebol, recebem não um tratamento realista, ou jornalístico, mas uma interpretação artística, que permite ao público vislumbrá-lo como espaço mítico. Mito é a palavra.

 

Como diz o curador Leonel Kaz, "trabalhamos aqui como no filme de John Ford, O Homem Que Matou o Facínora, no qual se a lenda é melhor que a realidade, que se imprima a lenda". Qual a melhor maneira de abordar essa lenda?

 

Não poderia ser de maneira tradicional. E, de fato, não se trata de uma exposição como outras, mas visa levar o espectador a uma experiência desse espaço exclusivo do mundo do futebol, onde muitas vezes se decide a vitória ou a derrota, que é o vestiário. As fotos de Perin seriam como o aspecto mais palpável desse "espaço sagrado" do futebol, ao qual apenas os jogadores e o técnico têm acesso. As obras do artista plástico Felipe Barbosa, compostas por bolas, chuteiras, caneleiras e outros utensílios do mundo do jogo, dispostos em forma de instalação que reproduz os armários de um vestiário, enfatizam o caráter um tanto lúdico do espaço. Assim como essa impressão fica acentuada pelas animações criadas por Spetto em computador e que serão projetadas em cima das obras dos outros artistas e nas paredes da Sala Osmar Santos, onde está montada a exposição que deve ficar em cartaz por cerca de cinco meses.

 

Essas três modalidades de percepção - as fotos, as instalações, os vídeos - são conjugadas de modo a proporcionar uma experiência única ao visitante. "Uma das sacadas da exposição é essa articulação entre três artes, fotografia, mapping e artes plásticas, que, sobrepostas, permitem trazer alguns dos imaginários que flutuam em torno do espaço íntimo do vestiário", diz Clara Azevedo, diretora de conteúdo do museu. De fato, cada uma dessas modalidades se articula com a outra, como numa jogada bem urdida de um grande time. Tudo para sugerir, de maneira poética, o que é indevassável por definição e constitui, ainda, o último reduto intransponível do futebol em meio à sociedade do espetáculo e sua vocação de tudo mostrar e transformar em show. O espaço mais escondido, o vestiário, é o que pode revelar mais a fundo a natureza do esporte. Se hoje ele é tão profissional, tão mercantilizado e pragmático, é no vestiário que seus aspectos mais essenciais se revelam. A coesão do grupo é enfatizada nos gritos de guerra, nas rodinhas de incentivo mútuo e nas palavras do "professor".

 

 

 

Mas há também espaço para as crenças, para velas acesas, ramos de arruda atrás da orelha, imagens de devoção. Conta-se que, no vestiário do Santos, todos os ruídos cessavam um pouco antes do início do jogo, quando Pelé, já inteiramente paramentado com seu uniforme, meias e chuteiras, se estendia sobre um banco, cobria o rosto com uma toalha e permanecia alguns minutos em silêncio. O que fazia? Tirava um pequeno cochilo antes da partida decisiva? Rezaria uma prece? Pensaria no adversário, na tática a ser empregada para vencê-lo? Ou apenas buscaria seu vazio interior, aquele silêncio de paz que o preparava para o jogo? Nunca ninguém jamais soube. Assim como (conta-se) não se sabe até hoje o que existe no armário que o mesmo Pelé trancou depois de jogar o último jogo pelo Santos, em 1974. Nunca mais foi aberto e ele não revela o que contém. Está lá, conforme a lenda, do jeito que Pelé o deixou, na Vila Belmiro.

 

Coisas do vestiário, desse espaço de mistério. Mitos do futebol, que povoam o imaginário desse esporte, que é também uma religião para muitos dos seus seguidores. Foi pensando nessa aura mítica, e no que vai além dela, que a exposição foi montada. Como diz Felipe Barbosa, "a mostra discute muitas coisas além do futebol. Alarga o conceito de vestiário, não apenas como local físico, mas como lugar de crença, celebração, fé. Um espaço sagrado, onde somente jogadores têm acesso", diz. Leonel Kaz lembra também que o vestiário é como um rito de passagem para o jogador. "Ele se despe de sua roupa civil, como a de qualquer mortal, e se veste com o uniforme do seu clube, como quem se prepara para uma batalha." É nesse recinto que a pessoa física do profissional se transforma na figura do jogador, aquele que veste a cor de um clube ou de uma seleção e entra na arena para representar os torcedores, às vezes um país inteiro. Ele se ritualiza. E a entrada no gramado é o termo final desse rito. "Uma vez acompanhei a entrada em campo do Pelé, ao lado dele, e nunca esqueci a experiência", conta Kaz, que torce para o América do Rio. "Aquele barulho da torcida vai subindo até explodir; é algo muito físico, impressionante, essa passagem do vestiário para o campo de jogo."

 

Enfim, o que se tenta é a aproximação, através de da interpretação dos artistas, dessa realidade para sempre escondida dos torcedores. Por isso, o curador da mostra, Leonel Kaz, diz que "ao conceber a mostra, eu brincava que ela seria um misto entre uma exposição e uma alucinação. Por quê? Porque levaria o visitante aos extremos da sua percepção, numa comunhão singular de experiências visuais". Na superposição de espaços míticos, entra o próprio local onde se dará a exposição. O espaço, hoje denominado Sala Osmar Santos, em homenagem ao grande inovador da narração esportiva, era antigamente usado como vestiário. Teve essa finalidade até a construção do Tobogã, quando então os vestiários foram realocados no espaço do velho estádio, inaugurado em 1940. Estádio mítico, já que é disso que se trata.

 

Publicado em O Estado de São Paulo

Imagem: Fotografia de Gilberto Perin

Retrato do fotógrafo Gilberto Perin por Liane Neves

 

 

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Grande Exposição no Museu do Futebol - São Paulo

Dia 14 de fevereiro - 19h30 horas - Estádio do Pacaembu - Praça Charles Miller, s/nº

Abertura da mostra de Fotografias de Gilberto Perin

Livro: CAMISA BRASILEIRA - Imagens dos bastidores do futebol

 

VESTIÁRIO

 

 

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Sábado, 11.02.12

“Que triste a noite sem lua”

A arca perdida (e encontrada) de Fernando Pessoa

 

António Jiménez Barca 

 

A lo largo de toda su vida, Fernando Pessoa acarreó siempre de acá para allá un arcón que le acompañó en sus muchas mudanzas y en el que iba guardando, en un orden a veces indescifrable, los miles de papeles que contenían escritos suyos que no publicó.

 

Tras su muerte en 1935 el baúl quedó en la casa de su hermana, en Lisboa, que lo conservó casi intacto durante décadas. Allí, a la casa de la hermana, acudían los investigadores portugueses en los años cincuenta y sesenta —muchos casi de tapadillo a causa de la dictadura de Salazar— a expurgar entre los papeles del poeta en busca de tesoros literarios.

 

Los había: Pessoa dejó cerca de 25.000 documentos en ese baúl mágico. Entre otras cosas, el arca encerraba hojas sueltas, cartas, carpetas con libros inconclusos, poemarios, escritos inclasificables, reflexiones, cuadernos, semidiarios, confesiones, estrofas, los sobres que contenían el Libro del desasosiego y hasta un arranque de novela policiaca que Pessoa no terminó, inspirada en cuando, en 1930, ayudó a un mago famoso de la época a fingir un suicidio para que éste recuperara a su mujer.

 

El arcón de Pessoa permaneció décadas en casa de la hermana del escritor. Cartas, libros sin terminar, poemarios y diarios conforman este ‘tesoro’ literario El baúl aún esconde aparentes joyas: hace dos semanas dos especialistas de la obra del poeta editaron el — por ahora — último libro de Pessoa, con medio centenar de textos inéditos, titulado Sebastianismo e Quinto Império. El volumen es temático y reúne, según los compiladores, el portugués Jerónimo Pizarro y el colombiano Jorge Uribe, algunos escritos en prosa sobre "la dimensión mítica de la nacionalidad portuguesa".

 

Los estudiosos de la obra de Pessoa ya no tienen que ir a la casa de la hermana del escritor, abrir el arca y rebuscar. La herencia se encuentra ordenada en la Biblioteca Nacional de Portugal desde 1979 y el arcón fue subastado hace tres años y vendido a un particular anónimo por 60.000 euros.

 

Pero los papeles del poeta presentan las mismas dificultades para descifrarlos y ordenarlos que en los años sesenta: en una misma hoja, Pessoa solía escribir — con una letra intrincada y diminuta, además — un poema y al lado un bosquejo de ensayo; o una carta y por detrás la corrección del anterior poema citado; o varias versiones del mismo poema.

 

Según recuerda uno de los mayores especialistas actuales de Pessoa, Richard Zenith, el poeta solía comenzar proyectos de libros que luego se ramificaban en principios de obras distintas que a la vez se metamorfoseaban en otra cosa y que, la mayoría de las veces, quedaban inconclusas pero con descubrimientos bellísimos por el camino. Dentro de esta actualidad pessoana, la Fundación Gulbenkian, en Lisboa, organiza una exposición sobre el poeta, titulada Pessoa, plural como o universo, que se inaugura ahora. La muestra reúne algunos de esos cuadernitos suyos que comenzaban como diarios y poemarios y que acababan siendo, por ejemplo, libros de contabilidad donde anotar las deudas de las casas comerciales para las que el escritor trabajaba.

 


 

En la Gulbenkian se incluyen muchas referencias a los otros yo del poeta, a sus heterónimos, a los varios poetas distintos para los que el mismo Pessoa inventó estilo, biografía y carácter. Hay páginas memorables, como aquella en la que, al lado de un poema, figura este apunte premonitorio: Título: Desasosiego.

 

Richard Zenith conoce bien el legado de Pessoa: "Aún hay inéditas muchas de sus páginas en prosa, sobre todo las referentes a la política. En verso no tanto. El problema es clasificarlo todo. ¿Cómo ordenas esas hojas que están imbuidas de ese caos creativo en el que vivía Pessoa, en donde hay mezclados textos disímiles y, a veces, tal vez, escritos por heterónimos distintos? A él le gustaba estar en movimiento, y su obra parece responder a ese movimiento continuo también". En una de las vitrinas se expone la página que da título a la exposición: una hoja blanca en la que figura, escrita con la caligrafía complicada de Pessoa, Plural como o universo, sin que se sepa si es un verso suelto, el principio de una estrofa truncada, un aforismo o el título de un libro que no llegó a escribir.

 

Al lado, en uno de esos cuadernos-diarios, hay una hoja fechada el 1 de noviembre de 1935, sólo 30 días antes de morir, en la que figura el último poema que escribió, y que arranca así: "Que triste a noite sem lua [qué triste la noche sin luna]".

 

António Jiménez Barca - Publicado em El País

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Sábado, 21.01.12

Botero e os limites da violência

Exposição de Fernando Botero em Porto Alegre

 

Pinturas em óleo sobre tela, aquarelas e desenhos.

 

 

 

Fernando Botero completará 80 anos em 19 de abril como um dos artistas mais prestigiados — e, acima de tudo, populares — em atividade no mundo.

 

O colombiano parece surpreendentemente próximo de nós, em parte devido à herança da Renascença, que ainda hoje representa uma das principais referências do público não especializado. No entanto, há mais para ser descoberto sobre Botero. A exposição individual que será aberta para visitação neste sábado, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, na Capital, traz obras criadas entre o final da década de 1990 e meados dos anos 2000, doadas pelo artista ao Museu Nacional da Colômbia, instituição que assina a curadoria. Intitulada Dores da Colômbia, a mostra conta com 36 desenhos, 25 pinturas e seis aquarelas com cenas da violência que tomou conta do país especialmente na década de 1990, com o narcotráfico, as guerrilhas e os grupos paramilitares.

 

É como uma representação de todos os estados da violência, um tema com o qual Botero se identifica nos anos 2000, período em que também fez uma série sobre o que se passou nas prisões do Iraque — observa Natalia Bonilla Maldonado, comissária do Museu Nacional da Colômbia para a exposição. Botero tem formação cosmopolita.

 

Nascido em Medellín, se destacou a partir da década de 1960 e morou na França, na Itália, nos Estados Unidos e no México. Hoje, está radicado na França. Suas figuras rechonchudas não são exatamente gordas, mas volumosas, característica que aparece nos personagens, nos objetos e nos cenários. É um reflexo da influência de Giotto (1266 – 1337) e dos artistas florentinos que ele traduziu em linguagem moderna. Há uma graça, até mesmo certo humor, em boa parte de suas obras, o que contrasta com o viés político — embora ele tenha rejeitado o termo — de outros segmentos fundamentais de sua produção.

 

Exemplos significativos estão na mostra em cartaz até 8 de março na Capital e que já passou por Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo (depois, seguirá para Belo Horizonte). Em Porto Alegre, a exposição dá início às comemorações de 10 anos do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.

 

Embora o contexto das obras seja a situação da Colômbia, o que está em jogo é a opressão do homem pelo próprio homem — diz Regina Leitão Ungaretti, coordenadora geral do espaço cultural.

 

 

Publicado no jornal Zero Hora

 

 

 

 

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Quarta-feira, 21.12.11

Aniversário do Jornalista Vaz

Homenagem ao Jornalista Vaz - 21 de dezembro

 

Mostra de esculturas de Baselitz - Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris

 

Esculturas em madeira (policromadas), tamanhos diversos

 

 

 

 

 

 

 


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Segunda-feira, 21.11.11

Cuba - Como não mais será

LUZ DE CUBA



 Lisette Guerra foi a Cuba com a sua função 
e o seu olhar de fotógrafa profissional. 

Não foi como diletante, não foi como turista e 
muitissimo menos como engajada política num viés ou noutro. 
Foi para fotografar sistematicamente ao longo de quatro viagens 
à ilha. Quatro duradouras viagens de cerca de um mês cada uma 
– períodos de permanência para viver em convívio com os 
habitantes da ilha em diferentes localizações geográficas, 
como se fosse ela mesma 
uma habitante do local, em movimento. 
Sem preconceitos estabelecidos e sem outras finalidades 
que não fosse o compromisso ético com a sua própria 
expressão fotográfica. 
Ela não foi para a ilha com o objetivo prévio de fazer 
escolhas estéticas orientadas por um posicionamento 
político, de defesa ideológica 
de uma postura assumida ou por um filtro seletivo 
em que valorizasse algo em detrimento de alguma 
coisa que devesse permanecer oculta. 
A sua fotografia está isenta desses valores 
estranhos à sua exigência artística. 

Ela fotografou o que viu, especialmente retratou as pessoas 
em seus locais de atividades, que produziram um depoimento 
imagético de profunda humanidade. 

Ela mostra tudo, o estado preciso e real das coisas, 
dos objetos, dos bairros, das cidades, das limitações significativas 
de um mundo tolhido por um persistente bloqueio econômico, 
a presença da música como um antídoto à falta de perspectivas, 
a alegria e o desejo de superação de suas dificuldades 
por parte de um povo sofrido que muito se assemelha 
ao povo brasileiro. 

Lisette Guerra realizou centenas, milhares de fotografias 
que resultaram nesta seleção para a mostra LUZ DE CUBA 
(e para o seu livro que será publicado em breve). 
É importante ressaltar alguns dos critérios que balizaram 
a construção deste conjunto de imagens;
 inicialmente a busca de um conceito estético estrito pela 
qualidade fotográfica de autoria da artista e
a veracidade temática com a isenção de qualquer produção 
externa sobre as imagens capturadas e documentadas; 

Lisette realizou o seu projeto de documentar um momento 
de um período histórico em cidades cubanas (de 2009 a 2011) 
em viagens sequenciais,  período no qual ela fixou 
um testemunho de imagens através do estado das pessoas, 
dos objetos e dos locais. Ela não fotografou o passado nostálgico
 nem um futuro imaginário, ela apenas congelou imageticamente 
um documento extremamente importante - 
o retrato de uma Cuba como não mais será 
(necessaria e inexoravelmente com a passagem do tempo). 

© Ouro de Cuba, fotografia de Lisette Guerra, Habana Vieja , Cuba

Alfredo Aquino - Artista plástico, escritor e curador da exposição LUZ DE CUBA
publicado por ardotempo às 00:58 | Comentar | Adicionar

Convite Exposição LUZ DE CUBA

CONVITE

 


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Domingo, 30.10.11

Desenho da exposição J.O.A.N.A

 

Desenho aquarelado - mostra J.O.A.N.A

 

 


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Livro, poema, arte, exposição e palestra

 

CONVITE

 

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Quinta-feira, 20.10.11

Recital AVE, FLOR em Santa Cruz do Sul RS Brasil

 

O Recital AVE, FLOR de música erudita e canto lírico, no circuito cultural do SESC RS, em Santa Cruz do Sul RS Brasil, acontecerá no sábado dia 22 de outubro - às 19h - com o lançamento do livro AVE, FLOR  - edições ardotempo

publicado por ardotempo às 18:09 | Comentar | Adicionar

Um desenho da Exposição J.O.A.N.A

 

 

 

Arredada de sua tessitura,

 

resta-lhe de sobra,

 

incendiar a vastidão

 

corporal do mundo.

 

 

© Maria Carpi - A chama azul - Editora AGE, 2011

publicado por ardotempo às 14:41 | Comentar | Adicionar

HOJE - Exposição de desenhos e livro

J.O.A.N.A

 

Exposição de desenhos aquarelados, sobre papel de gravura 100% algodão

30 desenhos de uma releitura estética do poema A Chama Azul, de Maria Carpi, editado pela Editora AGE. 2011

 


 

 

 

publicado por ardotempo às 14:28 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 06.10.11

Apenas Pintura no Circuito SESC

 

Apenas Pintura - SESC RS / Lajeado

 

 

 

De 5 de outubro a 28 de outubro de 2011 - 16 pinturas (100 cm x 130 cm) em óleo sobre tela, de Alfredo Aquino - Mostra itinerante no Circuito SESC RS

 

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Quarta-feira, 21.09.11

A viagem das fotografias continua

Os bastidores do futebol em Montenegro (RS Brasil)

 

 

 


 

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Quarta-feira, 10.08.11

Fotografias e livros no Museu

 

MALG  SESC

Gilberto Perin e Aldyr Garcia Schlee

 


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Sábado, 25.06.11

Uma exposição: uma tela

Arte en medio de la violencia

 

 

 

Nunca una exposición tan pequeña creó tanta expectación. Quizá porque nunca una obra de Pablo Picasso viajó a Palestina. El lienzo Busto de mujer, pintado por el artista en 1943, se encuentra ya en la Academia Internacional de Arte Palestina, con sede en la ciudad cisjordana de Ramala. El cuadro es el primero del pintor malagueño en ser mostrado allí, y su traslado ha costado dos años de arduas negociaciones.

 

Desde ayer, y hasta el próximo 22 de julio, preside Picasso en Palestina, la exposición más pequeña del mundo. Será la única obra ofrecida al público a modo de metáfora de las dificultades sufridas por esa población, que alberga la sede de la Autoridad Nacional Palestina.

 

Busto de mujer es una pintura valorada en cinco millones de euros. Es también una de las estrellas de la colección del museo holandés Van Abbe (Eindhoven), que la ha cedido en nombre de su particular teoría sobre el papel del arte en la sociedad. O como dice Charles Esche, responsable del centro, "para que una colección europea contribuya a buscar una respuesta a las contradicciones de la realidad global en que vivimos".

 

"Nuestro picasso vendrá cambiado de su viaje a Ramala. Y esta peripecia formará parte, para siempre, de la historia del cuadro. Es como si creáramos algo nuevo, preservando al mismo tiempo lo que teníamos", comenta. Khaled Hourani, director artístico de la Academia Internacional de Arte Palestina, ha añadido aún otro acento al insólito viaje picassiano: "Intentamos arrojar luz sobre la realidad contemporánea de Palestina y darle a este proyecto el poder de lo imposible. Picasso en Palestina habla del valor del arte y también de relaciones humanas".

 

La idea de la muestra arrancó en 2009, cuando los alumnos de la Academia palestina escogieron el lienzo de pintor español para colgarlo en el centro. No solo señalaron a uno de los grandes nombres del arte moderno. Relatar los problemas de la mudanza -entre permisos de aduanas y seguridad- serviría para discutir el efecto del conflicto de Oriente Medio en el arte mismo surgido en la zona. Según los responsables del museo Van Abbe, durante el periodo de creación de Busto de mujer, en plena guerra mundial y poco después de la guerra civil española, "Picasso dejó claro su rechazo al conflicto bélico".

 

Verlo en Ramala, por tanto, "ayuda a pensar en otras luchas ocurridas en otros lugares y momentos históricos". Para que la exposición cierre el círculo de compromiso artístico y social que ha dibujado, incluye un programa de conferencias que abordarán las repercusiones del intercambio artístico entre instituciones europeas y de Oriente Medio. Pero tal vez la parte más emotiva de la expedición del cuadro sea su reflejo en el documental dirigido por el cineasta palestino Rashid Masharawi. Hijo de refugiados y nacido en Gaza, en El viaje de Picasso cuenta los detalles de dos años de negociaciones para embarcar la tela en un vuelo entre Ámsterdam y Tel Aviv. También sigue su paso por innumerables controles, y la escolta de agentes de seguridad israelíes que velaron el recorrido hasta Ramala.

 

"Es un momento histórico para nosotros. Es muy importante poder darle al público una obra de este calibre", asegura Tina Sherwell, directora de la Academia Internacional de Arte Palestina. En el museo Van Abbe comparten su opinión. Esche anuncia: "Estamos ampliando las posibilidades de nuestra colección [que suma también varias piezas de Kandinsky con gestos así".

 

Isabel Ferrer - Publicado em El País

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Terça-feira, 21.06.11

Jogo da bola

A intimidade virou arte

 

Luísa Roig Martins

 

 

 

 

Com as lentes de uma câmera fotográfica, Gilberto Perin pôs seus olhos onde os de mais ninguém já haviam chegado. Registrou, em imagens, um Brasil de Pelotas fora do campo de futebol e da visão comum da torcida. Pois é lá, nos bastidores dos estádios, que os jogadores expressam suas angústias, discutem táticas, comemoram bons resultados e, em um dos momentos mais íntimos e pessoais, rezam.

 

Como um ser invisível, o fotógrafo acompanhou o elenco xavante por quase quatro meses, no ano passado, durante a disputa da Segunda Divisão Gaúcha. O resultado: a exposição e o livro intitulados Brasil – Camisa brasileira, este último com inserções textuais de Aldyr Schlee e João Gilberto Noll. À venda nas livrarias Vanguarda e Mundial (em Pelotas RS), a obra tem o selo da edições ardotempo, a mesma do livro Don Frutos, de Schlee.

 

Em Pelotas, o lançamento será simultâneo à inauguração da mostra, no dia 18 de agosto, no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG). A curadoria é do escritor e artista plástico Alfredo Aquino. Antes disso, porém, o trabalho será apresentado no Museu de Futebol, em São Paulo, e em Bagé, ainda sem local definido, a partir do dia 13 de julho.

 

 

O projeto foi concebido por Perin como uma forma de resgatar o antigo hábito de documentar o que ocorria nos vestiários – locais aos quais, hoje em dia, nem mesmo a imprensa especializada tem acesso. “Antigamente, no intervalo e ao final das partidas, os repórteres de rádio transmitiam o som dos vestiários. Era direta a emoção expressiva dos jogadores, falando após as vitórias ou derrotas. E poeticamente, esse era um mundo que me interessava: os bastidores, essas coisas que não estão na parte da frente”, comenta o fotógrafo. Perin deu o primeiro passo: garantir a autorização do então presidente do clube rubro-negro, Helder Lopes. “Em função de sua proximidade com Schlee, que fez esse intermédio, ele topou. Eu queria fotografar um time batalhador. E ainda dei a sorte de trabalhar com um clube chamado Brasil, o que deu um significado muito maior ao projeto”, diz. Mas como deixar os atletas à vontade frente a presença de alguém que, mais do que “alheio” à equipe, apontava a ela suas lentes? Antes de qualquer atitude, uma conversa com os jogadores foi fundamental para explicar que ele não era nenhum tipo de espião. “Pois há outros tipos de intimidade além da física. É lá que eles definem estratégias de jogo, por exemplo”, aponta. Depois, fez o alerta: sempre que alguém não se sentisse à vontade com sua presença, era só levantar a mão e ele pararia de clicar. “Mas nenhum deles fez isso, em momento algum”, conta.

 

Durante todos os meses em que acompanhou os vestiários, Perin quase não conversou com os atletas. “Eu não queria interferir na cena. A intimidade foi criada pela não-intimidade”, define. As fotos de nudez, publicadas semana passada em galerias na web, chamaram a atenção dos internautas, mas representam menos de 5% do total de cliques. No total, são 50 fotos na exposição em 110 no livro, distribuídas em 114 páginas. “E a diversidade entre os próprios jogadores engrandeceu o ensaio. Naquele elenco, havia representantes de dez estados brasileiros”.

 


 

Se o vestiário é um mundo com o qual os torcedores fantasiam, Perin buscou expôr a bela natureza de um ser que vibra, sofre e se emociona. Humanizou o futebol de sentimentos que ninguém vê. “Este não é um livro sobre o centenário do clube. É um livro sobre bastidores. E me sinto privilegiado em ter as escritas de Schlee e de Noll. São duas feras. Eles deram consistência à obra”, afirma.

 

Livro Brasil – Camisa Brasileira

edições ardotempo

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saiba mais

 

Gilberto Perin (fotógrafo, diretor de cena, roteirista e jornalista) – www.gilbertoperin.com

 

 

 

Luísa Roig Martins - Publicado no Diário Popular - Pelotas

 

 

 

 

 

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Sexta-feira, 17.06.11

Um recusa, outros reverenciam

 

BRAVO!!! Pinacoteca de São Paulo

 

 

 

 

Um curador de um museu de São Paulo recusou para o seu acervo, juntamente com o seu conselho consultivo, 16 obras do notável artista pintor e escultor Arcangelo Ianelli. Ao mesmo tempo a Pinacoteca de São Paulo reverencia e homenageia o grande artista pelo idêntico gesto generoso de doação de obras ao seu acervo. Bravo, Pinacoteca de São Paulo. Parabéns, Arcangelo Ianelli.

 

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Quinta-feira, 02.06.11

Ave, Flor no SESC

 

Bravo!!! Cleonice Bourscheid e Anelise Scherer

 

 

 

 

Exposição de imagens ampliadas de aquarelas botânicas de Anelise Scherer, de poemas de Cleonice Bourscheid e o Recital Ave Flor no Circuito SESC

publicado por ardotempo às 02:59 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 30.03.11

Anos loucos, belas pinturas e o erro fatal

 

Van Dongen y los años locos parisienses

 

 


 

 

Fauvista, anarquista y mundano.

 

Así define a Kees Van Dongen, el pintor holandés que retrató como pocos los locos años 20 parisienses, el Museo de Arte Moderno de la ciudad de París, en una impactante exposición que pretende abarcar todas sus facetas.

 

Esta sigue el recorrido del artista y gran vividor desde las calles de su Rotterdam nativo, pasando por los cabarés de Pigalle hasta llegar a los salones burgueses de la capital francesa. La muestra participa así también en la recuperación de esta figura libre y algo marginada en la historia del arte contemporáneo, difícil de encasillar, pero cuyo uso descarado de los colores fuertes sitúa como uno de los grandes representantes del movimiento fauvista.

 

"Queríamos recordar que Van Dongen ha sido un artista mayor de principios del XX, que destaca por su libertad y por la rapidez y variedad de su evolución", explica Fabrice Hergott, director del Museo parisiense. Para ello concentra alrededor de un centenar de pinturas y dibujos, incluidas sus viñetas de prensa y sus grandes carteles de presentación de espectáculos.

 

Más sorprendente, incluye también una parte de sus cerámicas, de las que realizó cerca de una cuarentena. Con ellas, al igual que gran parte de sus contemporáneos, trataba de convencer a los más reticentes de la validez del arte moderno. Variada y extremadamente rica, la muestra destaca por su intensidad, consecuencia de su apuesta por limitarse a los mejores años del artista: desde 1895 hasta 1931.

 

Recuerda sus primeros dibujos y pinturas antes de instalarse en la capital francesa en 1899. Se detiene por su paso por el Montmartre de Picasso, con quien compartió residencia y taller en el mítico Bateau Lavoir, así como modelo, Fernande Olivier. Y culmina con su mudanza al Montparnasse del periodo de entre guerra, donde se consagró como anfitrión de sonadas fiestas selectas y como retratista del adinerado mundo artístico y aristocrático; una suerte de Andy Warhol de los años 20.

 

En todo el recorrido, se explora sus experimentaciones con los diferentes estilos, como el neo-impresionismo de Paul Signac, antes de dejar paso a los retratos de poses y colores característicamente fauvistas. Expone también sus Luchadoras (1908), su respuesta a las Las señoritas de Aviñón de Picasso, donde demuestra su falta de interés por el cubismo. El todo deja patente su amor confeso por "la vida, el arte y las mujeres", a las que retrata vestidas o desnudas, siempre con enormes ojos pintados de negro.

 

Abarcan desde las voluptuosas mujeres de las clases más populares hasta las afinadas y elegantes burguesas, cubiertas de joyas y accesorios. La muestra se detiene bruscamente en 1931, antes de la caída en desgracia del artista. Deja así de lado sus últimos 37 años, en los que se le acabó la inspiración y se volvió reiterativo. "Hemos decidido centrarnos realmente en lo mejor de su obra", relata Hergott.

 

También elimina el episodio que le dio el último empujón fuera del círculos artísticos de moda. Se trata de un viaje organizado por el escultor Arno Breker a la Alemania nazi de 1941, a cuya invitación cometió el error de responder favorablemente.

 

Aunque centrada en su periodo parisiense, la muestra también recuerda su vena orientalista. Entre 1910 y 1913, viajó a España, Marruecos y Egipto, donde acentuó su gusto por los colores y los detalles. Será de hecho el retrato de una mujer adornada por un precioso mantón de flores español el que será censurado en 1913 del salón de otoño y que contribuyó en afianzar su fama de provocador. Sobriamente titulado Le tableau, el lienzo fue retirado por la policía que consideró indecente la representación desnuda de la modelo, su esposa Guus.

 

Muchos le reprocharon al joven anarquista sin un duro que llegó a la capital francesa, atraído como "un faro" por la que era entonces capital mundial artística, el haber traicionado sus valores y haberse dejado llevar por el brillo del París más selecto. Acusado de "bohemio disfrazado de pijo", él nunca negó su gusto por la buena vida. Como escribió en 1927: "Vivir es el cuadro más bonito. El resto no es más que pintura".

 

Publicado em El País

publicado por ardotempo às 22:41 | Comentar | Adicionar
Domingo, 21.11.10

Ave, Flor no jardim do Museu da Casa Brasileira

Flores no jardim

 

 

 

 

 

A mostra de imagens de flores da paisagem brasileira, de aquarelas de Anelise Scherer e poemas de Cleonice Bourscheid, em ampliações fotográficas de Pierre Yves Refalo, sob as árvores do jardim do Museu da Casa Brasileira, em plena Av. Brig. Faria Lima, na capital paulista.

publicado por ardotempo às 12:22 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 17.11.10

No jardim do Museu da Casa Brasileira - Dia 20 das 11 horas às 14h

Convite para Recital Ave, Flor


Com Fernando Mattos (viola) e Deisi Coccaro (soprano)

Temas Brasileiros (Eruditos e Populares)

com LAURA DE SOUZA (soprano) e Nancy Bueno (piano)

 

Exposição de Imagens Botânicas no jardim do MCB

De ANELISE SCHERER e poemas de CLEONICE BOURSCHEID

 

Lançamento de livro AVE, FLOR

De CLEONICE BOURSCHEID e ANELISE SCHERER

Edições ARdoTEmpo

 

 

publicado por ardotempo às 13:01 | Comentar | Adicionar
Segunda-feira, 15.11.10

Convite para Recital e Exposição AVE, FLOR

Dia 20 de novembro no Museu da Casa Brasileira - São Paulo

 

Das 11h às 14h - Sábado (20 de novembro)

 

Recital AVE, FLOR - com LAURA DE SOUZA (e a pianista Nancy Bueno)

De Fernando Mattos sobre os poemas de Cleonice Bourscheid

com Deisi Coccaro e Fernando Mattos

 

PROGRAMA

 

PARTE I AVE, FLOR (ciclo de canções)

 

Música: Fernando Mattos

Poesia: Cleonice Bourscheid


I. Poética

II. Lírios

III. Asa-de-anjo (Flor-do-céu)

IV. Mal-me-quer

V. Lição de poesia

 

SOPRANO: DEISI COCCARO

VIOLA: FERNANDO MATTOS

 

PARTE II TRIBUTO À NATUREZA


Diversos Compositores

 

R.Schumann

Myrten” op. 25 (H.Heine)

Die Lotosblume , n°7

- Du bist wie eine Blume, n° 24

- Der Nussbaum, n°3

 

C.Guastavino

 

“Flores Argentinas”(León Benarós)

- El clavel del aire Blanco

- Qué linda la madreselva!

- Campanilla, adónde vás?

La Rosa y el Sauce

 

F.Mignone

 

Quando uma flor desabrocha (Toada)

 

H.Villa-Lobos

 

“Modinha carioca” (Cattulo Cearense)

-  Tu passaste por este jardim

 

SOPRANO: LAURA DE SOUZA

PIANO: NANCY BUENO

 

Exposição no Jardim do Museu da Casa Brasileira

Imagens botânicas de ANELISE SCHERER

De 20 de novembro de 2010 a 16 de janeiro de 2011

 

Lançamento do Livro AVE, FLOR

Poemas de CLEONICE BOURSCHEID

Imagens de aquarelas botânicas de Anelise Scherer

Edições ARdoTEmpo

 

 

 

 

publicado por ardotempo às 13:53 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 16.09.10

Quimera - Desenho de Geri Garcia

Desenho a lápis

 

 

 

 

 

 

Geri Garcia - La Quimera - Desenho a lápis (El Padul / Granada  Espanha), 1954

publicado por ardotempo às 03:45 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 07.09.10

Segredos

Pintura de Siron Franco (detalhe) - Óleo sobre tela

 

 

 

 

 

 

Mostra Individual de SIRON FRANCO - Segredos

Pinturas e Esculturas

10 de setembro a 17 de outubro

Inauguração (sexta-feira) - 10 de setembro - 19 horas

Caixa Cultural São Paulo

Vitrine da Paulista

Conjunto Nacional - Av. Paulista nº 2083 - Térreo

São Paulo SP Brasil

Curadoria: Cláudia Ahimsa

publicado por ardotempo às 16:28 | Comentar | Adicionar

Misturadas

Expressões Misturadas

 

 

 

Carla Osorio, Sergio GAG e Geri Garcia.

 

Três artistas de trabalhos bastante peculiares e individualizados, três expressões distintas de seus olhares singulares sobre o mundo estético com suas respectivas interpretações.  O que fazem juntos nessa tríplice mostra de individuais a um mesmo período de tempo? Eles nos trazem um conjunto consistente de expressões que merecem e devem ser observados com atenção.

 

Três artistas de vertentes expressionistas e figurativas, de épocas diversas e contemporâneas. É importante salientar a convergência e o diálogo que se estabelece a partir desta comunhão expressionista. Temos aqui em nosso estado uma tradição de valorização dessa estética e desse olhar expressionista e figurativo, basta olhar atentamente para a obra integral de Iberê Camargo e Ruth Schneider, ou para os trabalhos que fizeram Vasco Prado e Xico Stockinger. Ali estão, em todos eles e em muitos outros, claramente identificados os valores que organizam e compreendem este universo bem definido da arte.

 

 

 

E a mistura das propostas de pintura? A arte espontânea e densa de Carla Osorio enseja ligações e referências à pintura de Sérgio GAG? O que autoriza este cão no meio da sala, ao correr das calçadas do confuso e arbitrário meio urbano?  É justamente dessa mistura e desse pouco dissimulado caos que se constrói a linguagem. A arte de Carla Osorio, bem realizada na fatura aprendida com sua mestre pintora Clara Pechansky e, portanto não estamos falando aqui de uma autodidata e sim de uma fina pintora que conhece as técnicas e os materiais desde o convívio sistemático com quem sabe fazer e ensinar; aponta-nos a direção da vertigem do indivíduo aos seus próprios abismos, às intensidades da solidão, às asperezas de suas ansiedades e angústias insolúveis confrontadas com o mundo externo, natural e injusto, desigual e catastrófico, exatamente como se conduzem as construções e os interesses humanos.

 

Um olhar para dentro e um grito, espectral e infinito, tão paradoxal e incomôdo que se tranforma em cor. Os azuis densos e profundos da noite final, os vermelhos vívidos como a lava da erupção incontrolável de um vulcão de emoções contrafeitas, a explosão de sangue dos seres desesperados na fronteira da vida e da morte. 

 

A cada dia, dia após dia. Nada está mais distanciado da obra de Carla Osorio do que a finalidade da decoração inofensiva dos ambientes. A sua densidade é refratária ao frívolo. Ela nos estimula a pensar como se lêssemos um livro, nessas suas histórias da cor valente.

 

Essa dinâmica expressionista dialoga com os gestos precisos e cirúrgicos de Sérgio GAG. Afirmo o cirúrgico no pincel do pintor paulista porque ele o sintetiza em golpes de urgência e já será o suficiente. Não será preciso voltar à tela para retocar ou para corrigir nada. Basta fechar os pontos e aguardar a cicatrização.  Sérgio pinta um cachorro que anda por uma cidade. Essa cidade pode ser São Paulo, Porto Alegre, Rio, Delhi ou o Cairo. Isso não importa. O que importa aqui é o cão e a identidade do cão. Um cão viralata de pêlo curto e eriçado, de muitas cores, pardo, preto, branco, sempre o mesmo cão. Um dia alguém olhando as suas telas na parede de seu bar-bistrô ateliê na Rua Santa Madalena, no bairro do Paraíso em São Paulo, perguntou-lhe se gostava muito de cachorros e se ele tinha algum cão em sua casa. O artista sorriu com simpatia e disse que nunca fora dono de nenhum cão. Apontou uma tela pintada a óleo em que aparece um cachorro com óculos escuros, fumando, sentado num balcão de bar, em frente a um copo e uma garrafa de cerveja e respondeu: “Auto-retrato”.

 

 

 

 

O cachorro curioso e desvalido, que dorme na rua, que observa os prédios, que conversa, boquirroto e enfático, com os outros cães, que admira sua própria imagem no reflexo das poças d’água, esse cão, todos nós conhecemos bastante bem. Esse é o animal universal, o cão cinzento de Arthur Schopenhauer e de Jorge Luis Borges, o cão de Sérgio GAG.

 

Esse cachorro e esses artefatos boêmios de viver pintados por Sérgio GAG estabelecem os fios invisíveis com as figuras trágicas, de vida intensa de Carla Osorio. É necessário passear entre as telas, criar e estabelecer os vínculos possíveis, pois essa é proposta da mostra, essa ação elucidativa e reflexiva de quem as observa, de quem delas tira o melhor proveito e extrai as próprias conclusões. Expressões Misturadas é uma mostra de quem vê, porque a vê pela primeira vez como nem mesmo os próprios artistas a tinham previsto anteriormente, portanto é uma exposição de primeira leitura, de linguagem própria e autônoma.

 

Certa feita estando em Veneza, durante a Bienal, recebi um catálogo e a informação de que na Fondation Maeght, em Saint-Paul de Vence, no sul da França, estava acontecendo uma exposição de Lucian Freud e Francis Bacon. Fui até lá para ver a mostra e no percurso do caminho, imaginei que veria uma clássica mostra temporária, de um lado numa sala expositiva as obras de um dos grandes artistas e noutro salão, o conjunto do outro pintor consagrado. Não foi isso o que deparei: a mostra, audaciosa e surpreendente, misturava impunemente as obras dos dois artistas e criava múltiplas interpretações, estabelecia diálogos visuais, confrontos e desafios. Foi, sem nenhuma dúvida, um experiência instigante, inédita e provocadora. Uma corajosa proposta curatorial que estabelecia um curioso projeto de interpretação triangular entre os dois artistas e o público.

 

 

 

 

Carla Osorio e Sergio GAG, evidentemente são outros artistas que não aqueles consagrados pintores ingleses, monumentos da arte universal, porém são artistas originais e com linguagem própria, locais e brasileiros, amadurecidos em suas reflexões pictóricas, que têm algo essencial a nos dizer e que estabelecem esse rico diálogo visual, fonte potencial e generosa para nossas próprias reflexões.

publicado por ardotempo às 01:28 | Comentar | Adicionar
Segunda-feira, 06.09.10

Memória secreta

El Padul

 

 

 

 

 

Geri Garcia é um grande artista, desenhista e pintor.

 

Com formação acadêmica na École de Beaux-Arts, de Paris e na Académie Julien, França, entre 1951 e 1953. Em 1953 seguiu para a Espanha, para habitar pelo período de três anos, o povoado de origem de sua família, El Padul, nos arredores de Granada, nos contrafortes da Sierra Nevada, abaixo da montanha El Manal.

 

Ali permaneceu desenhando e pintando as pessoas, os animais, a paisagem. Escutou atentamente a memória oral de seus parentes e dos habitantes do local acerca do terror franquista instalado na região, que dizimou grande número de republicanos.

 

Das viúvas, das crianças do povoado e dos poucos sobreviventes homens, ouviu os relatos das dificuldades, das esperanças e da miséria a que todos foram submetidos pela opressão e por uma guerra impiedosa de motivações políticas.

 

Guardou consigo na forma da arte, os relatos sombrios dos fuzilamentos nas madrugadas andaluzas, que todos tiveram que testemunhar ao serem obrigados a recolher os corpos nos dias seguintes, situação emblemática no legado da memória de um habitante da região (de Fuentevaqueros), o poeta Federico Garcia Lorca, igualmente vítima dessa inesquecível tragédia.

 

Desses relatos pungentes e graves, dos murmúrios de vozes ocultas e da delicadeza poética dessa memória preservada, extraiu um conjunto de desenhos e pinturas que jamais foi visto anteriormente. A mostra inédita de 1953, em aguadas, realizadas a pena caligráfica, em pincel a tinta china e a lápis, um tesouro que podemos apreciar hoje, com emoção.

 

Desenhos que permaneceram secretos e silenciosos por quase 60 anos e que são apresentados agora no conjunto desta mostra de pinturas e desenhos Expressões Misturadas. Geri produziu esses desenhos e pinturas durante aquele período de três anos, guardou-os até os dias de hoje e somente agora concordou em mostrá-los a um público apreciador de arte.

 

São memórias sutis, sussurradas como a névoa alaranjada do deserto que recobre e marca, vez por outra, o branco eterno dos picos da serra de El Padul; trabalhos delicados de viés expressionista, aqui e ali com um toque algo cubista, descompromissados com escolas ou modismos, um documento precioso deste recolhimento recatado de palavras que se tornaram perenes e emuladoras do sagrado, no traço do artista.

 

Alfredo Aquino - Artista plástico e curador da mostra Expressões Misturadas

 

 

 

 

 

 

 

Desenho de Geri Garcia - Tio Antonio colhendo batatas - Desenho a tinta china e aguadas, a pincel e pena caligráfica - El Padul, 1953

publicado por ardotempo às 15:24 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 02.09.10

HOJE!

Exposição de Pinturas e Desenhos - 19 horas

 

CARLA OSORIO

GERI GARCIA

SÉRGIO GAG

 

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

Rua dos Andradas, 1223

Centro Histórico

Porto Alegre RS

Brasil

 

publicado por ardotempo às 11:32 | Comentar | Adicionar
Segunda-feira, 30.08.10

EXPRESSÕES MISTURADAS

Expressões Misturadas - Centro Cultural CEEE Erico Verissimo: 02 de setembro

 

 


 

publicado por ardotempo às 19:28 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 24.08.10

EXPRESSÕES MISTURADAS - Vestígios da Guerra

Vestígios da Guerra - GERI GARCIA

 

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo - 02 de setembro de 2010

Rua dos Andradas, 1223  Centrro Histórico  CEP  90020-008

Porto Alegre RS Brasil


GERI GARCIA - Desenhos e pintura de 1953 -  Vestígios da Guerra Civil Espanhola (A memória do terror franquista contra os republicanos na Espanha - Desenhos realizados no Padul, povoado de Federico Garcia Lorca, nos arredores de Granada, Andaluzia) - EXPOSIÇÃO INÉDITA


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


publicado por ardotempo às 13:41 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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