Os Correios no País das Maravilhas

"O seu SEDEX será entregue amanhã, sem falta"

 

Algum tempo atrás, os Correios no Brasil estiveram ótimos. Eram eficazes e entregavam as cartas e encomendas leves em apenas um dia entre as capitais brasileiras. Funcionava bem e detinha a simpatia e a confiança da população. Nem precisava fazer publicidade e tampouco desviar quantias amazônicas em suspeitos e desnessários patrocínios ao esporte. Funcionava bem e era bastante respeitado. As quantias cobradas pelos serviços era adequadas e até consideradas módicas. Os brasileiros, de maneira generalizada, gostavam dos Correios.

 

Os tempos são outros. Os Correios terceirizaram-se em franquias. Os custos subiram consideravelmente e tudo piorou de maneira cubana. Um dia, um executivo ladino inventou o SEDEX, artimanha que consistia em aumentar em dez vezes os custos para prestar o mesmo serviço que já se fazia, de entregar cartas e encomendas leves em um dia e, repentinamente, transformaram-se as cartas simples e registradas num serviço de terceira classe, que leva de cinco a seis dias para serem entregues, às vezes cerca de um mês.

 

Genial, cobrar bem mais pelo que já se fazia e piorar uma parte de seus próprios serviços, pelo mesmo valor que já se cobrava anteriormente num serviço de excelência, agora por um serviço mais demorado e deficiente. Começou paralelamente a folia da publicidade.

 

Agora o serviço de SEDEX, que já é bastante caro - uma carta em envelope de peso mínimo chega a custar mais de R$ 40,00 para ir de Porto Alegre a Brasília - e já não é mais entregue em apenas um dia como, infelizmente, continuam apregoando os funcionários nos balcões dos Correios (agora é entregue em média, em cinco dias, no mínimo, como aconteceu recentemente).

 

Sim, porque ocorreu uma nova invenção de transformação do existente - a transformação valiosa do que já existe simplesmente em algo bem mais caro para se prestar o mesmíssimo serviço. A perfeição para o País da Maravilhas, no qual não se reclama de nada simplesmente porque não se tem a quem reclamar (e jamais se é atendido por tal reclamação).

 

Surgiu o SEDEX 10, que custa o dobro do SEDEX, ou seja, de vinte a cinquenta vezes o que custava anteriormente o porte simples, que era e podia ser entregue da mesma forma, em apenas um dia. Agora com o SEDEX 10, pratica-se uma chantagem de balcão - sua carta pode ser entregue em um dia, mas o mais seguro será enviar por SEDEX 10. E a carta urgente, um envelope simples com peso mínimo, que partindo na quinta-feira deveria ser entregue na sexta feira, ao custo de R$ 24,00 (Porto Alegre - São Paulo), simplesmente não foi entregue na sexta-feira por algum motivo secreto (“eu bem que falei ao Sr. para enviar por SEDEX 10 ao custo de pouco mais de R$ 50,00 - cerca de 23 euros - afinal era urgente, não?”) não foi entregue no dia previsto e até agora passados já 6 dias ainda não chegou às mãos do destinatário. Apesar da promessa enfeitada da publicidade de televisão, a proclamar a excelência dos serviços dos Correios do rico País das Maravilhas, do Carnaval e do Futebol.

 

 

 

 

Repare que no dia em que deveria ser entregue (sexta-feira), a carta, que já estava em São Paulo desde a noite anterior (quinta-feira), sequer foi tocada e a informação da tentativa de entrega para uma empresa comercial de serviços de computação gráfica “teria” ocorrido após o meio dia de sábado de Carnaval... Correios, Correios...

 

PS: Experimente enviar um livro de Portugal para o Brasil...a encomenda certamente será extraviada nos Correios do País das Maravilhas e jamais chegará ao seu destino final.

publicado por ardotempo às 17:59 | Comentar | Adicionar