Futuro do livro (2)...?


Há cerca de 570 anos atrás surgiu a forma de impressão com tipos móveis e forneceu o conceito e, de certa maneira, o padrão do livro industrializado como o reconhecemos e utilizamos ainda hoje, cotidianamente.
Isso formou o extenso conjunto das bibliotecas públicas, privadas e individuais e organizou o universo do conhecimento e da civilização ocidental, democratizando de maneira crescente o saber e a cultura, como todos nós bem sabemos.
São esses mesmos livros como os conhecemos, como os transportamos para todos os lados, como os lemos nos locais mais improváveis. Assim têm sido e um aluvião deles é lançado no mundo todos os dias, de literatura, de arte, técnicos, didáticos, de poesia, de instruções, de leis, de auto-ajuda e do que se puder imaginar.

E multidões de todas as línguas continuam comprando-os, nas livrarias, nos mercados, nos sebos, nas feiras, nos boquinistas das calçadas e das praças...

Há quem diga que ler livros é chato, outros consideram isso uma maravilha exponencial, a sensação da existência do Paraíso.
O livro está ao alcance de todos, é comumente leve, portátil e em boa parte dos casos, barato.

Afirma-se por vezes, aqui e ali, que um novo formato digital vai substituir o livro de papel. Que a tecnologia do futuro dará um novo design aerodinâmico ao livro, digitalizado. Confortável, leve, high-tech

Permanecem as dúvidas…
O que custará um artefato desses, apenas o invólucro, a casca tecnológica, mesmo sem o custo do conteúdo literário, do direito autoral e do direito comercial das editoras?
Como se manterá e onde permanecerá o conteúdo literário, agora virtual? 
Como se perpetuará para a consulta futura dos leitores?
Quanto tempo durará um equipamento desses?
Quem o consertará, se pifar, quando sabemos que ninguém conserta mais nada em tempos de tecnologia descartável?
Como utilizá-lo e conseguir ler sem a alimentação da bateria ou da fonte de energia elétrica ao aparelho?
Esse "aparelho de portar textos virtuais" não sofrerá a mesma avalanche frenética de substituição tecnológica de linguagens eletrônicas nos gadgets, como ocorre hoje com os computadores e telefones celulares?
Quem não lembra daqueles maravilhosos CD Roms sobre Petra ou de visita virtual ao Louvre (CD Roms tão caros e vistos apenas uma vez), que já não rodam mais nos atuais computadores de última geração?
Quem não perdeu todos os arquivos, verdadeiramente importantes, em disquetes ou noutras “avançadas” formas de armazenagem de dez anos atrás, objetos que são inutilidades obsoletas hoje em dia?
Quem recorda o formato e o peso de seu primeiro celular, aquele carissimo, que perdeu-se espontaneamente em alguma gaveta sombria para não produzir mais nenhum vexame complementar…? 
publicado por ardotempo às 17:44 | Comentar | Adicionar