Botero e os limites da violência

Exposição de Fernando Botero em Porto Alegre

 

Pinturas em óleo sobre tela, aquarelas e desenhos.

 

 

 

Fernando Botero completará 80 anos em 19 de abril como um dos artistas mais prestigiados — e, acima de tudo, populares — em atividade no mundo.

 

O colombiano parece surpreendentemente próximo de nós, em parte devido à herança da Renascença, que ainda hoje representa uma das principais referências do público não especializado. No entanto, há mais para ser descoberto sobre Botero. A exposição individual que será aberta para visitação neste sábado, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, na Capital, traz obras criadas entre o final da década de 1990 e meados dos anos 2000, doadas pelo artista ao Museu Nacional da Colômbia, instituição que assina a curadoria. Intitulada Dores da Colômbia, a mostra conta com 36 desenhos, 25 pinturas e seis aquarelas com cenas da violência que tomou conta do país especialmente na década de 1990, com o narcotráfico, as guerrilhas e os grupos paramilitares.

 

É como uma representação de todos os estados da violência, um tema com o qual Botero se identifica nos anos 2000, período em que também fez uma série sobre o que se passou nas prisões do Iraque — observa Natalia Bonilla Maldonado, comissária do Museu Nacional da Colômbia para a exposição. Botero tem formação cosmopolita.

 

Nascido em Medellín, se destacou a partir da década de 1960 e morou na França, na Itália, nos Estados Unidos e no México. Hoje, está radicado na França. Suas figuras rechonchudas não são exatamente gordas, mas volumosas, característica que aparece nos personagens, nos objetos e nos cenários. É um reflexo da influência de Giotto (1266 – 1337) e dos artistas florentinos que ele traduziu em linguagem moderna. Há uma graça, até mesmo certo humor, em boa parte de suas obras, o que contrasta com o viés político — embora ele tenha rejeitado o termo — de outros segmentos fundamentais de sua produção.

 

Exemplos significativos estão na mostra em cartaz até 8 de março na Capital e que já passou por Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo (depois, seguirá para Belo Horizonte). Em Porto Alegre, a exposição dá início às comemorações de 10 anos do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.

 

Embora o contexto das obras seja a situação da Colômbia, o que está em jogo é a opressão do homem pelo próprio homem — diz Regina Leitão Ungaretti, coordenadora geral do espaço cultural.

 

 

Publicado no jornal Zero Hora

 

 

 

 

publicado por ardotempo às 16:15 | Comentar | Adicionar