Duas torres


Vermelho, azuis

 

O tempo não se diz história,

simplesmente se faz

nos gestos, nos fatos,

na memória.

 

Um dia amanhece a nuvem

e a notícia no mundo

inverossímil.

 

O jato chocou-se

com o prédio mais alto,

na rota impossível.

 

Vermelho, azuis.

 

No segundo jato,

a história antes do tempo.

 

Numa noite,

a palavra desviou a razão,

confundiu o gesto,

o desejo.

 

Vermelho, azuis.


No prédio mais alto

das caixas nomeadas

a munição de 35,

não são de 22,

nem de 38

tampouco de 45.

 

Reservado arsenal

para mudar

o desfecho da guerra

sem armistício.

 

Vermelho, azuis.

 

A espera da palavra,

sem pressa,

que transforma o tempo,

as vidas,

redesenha a carta

da história.

 

Vermelho, azuis.



publicado por ardotempo às 18:16 | Comentar | Adicionar