A Sagração da Primavera - de Gonzaga
A Sagração da Primavera, um mural de 2,20 m x 4,80 m, ornamenta desde 1999, o espaço de entrada da estação Ana Rosa, do Metrô de São Paulo. Ele representa uma verdadeira cosmogonia da condição humana inserida na natureza. Sobre um fundo cinza-cimento, duas figuras emblemáticas simbolizam o homem e a mulher.
Aos pés do homem, duas formas oblongas e carnudas evocam os frutos da terra.
Entre o homem e a mulher, o espaço é ocupado por varetas lineares que formam um discurso de intensa conotação semântica: no alto um leque de varetas curvilíneas em posição de guarda-chuva aberto esquematiza a estrutura da habitação primitiva, a oca.
Um pouco mais distante, um bastão linear vertical aponta o signo da fecundação. Logo abaixo, um quadrado delimita o espaço do território. Saboreia-se a beleza da natureza no equilíbrio do momento presente.
A Sagração da Primavera define os signos essenciais dentro do quadro da comunicação vital, o que significa, no espaço do mistério. O espaço do mistério é o da expectativa, o da vigília ao instante mágico da comunicação do ser com as forças da natureza.
Pierre Restany, maio de 2002 - Paris
Fotos de Rômulo Fialdini (divulgação do artista)