Eduardo Pitta

 

Nenhum de nós passeia impune

pelos retratos: fazem-nos doer

os recessos da memória.

 

Deles saltam, por vezes, sustos,

primeiras noites, secreta

loucura, lábios que foram.


Interditam-nos sempre.

Trepam-nos pelo torpor

mais desprevenido, subsistem.

 

A sua perenidade é volátil

e cheia de venenosos ardis.

Um sopro no acetato.

 

Distintos, os seus contornos

não são nunca

os que supomos.

 


Eduardo Pitta


Dia Mundial da Poesia 21 de março

publicado por ardotempo às 19:18 | Comentar | Adicionar