José Mário Silva
insones
Fumam à janela,
o vento frio desfaz o fumo,
os dedos tremem.
Não sabem uns dos outros,
espalhados pela cidade,
mas procuram as luzes
ainda acesas noutras casas.
Noite dentro,
o silêncio dos que dormem
é uma afronta, desleixo pueril
de quem consegue
ignorar as facadas do tempo,
a areia entre os dedos,
o sobressalto.
José Mário Silva
Dia Mundial da Poesia 21 de março