Os torturadores blindados do Brasil
A tortura protegida
Israel foi buscar, audaciosamente, inclusive em países distantes, os seus algozes no Holocausto, para ajustar as suas contas e fazer justiça frente às atrocidades medonhas que seu povo sofreu durante a 2ª Guerra Mundial. Juízes espanhóis encarceraram por algum tempo o sanguinário e assassino ditador chileno Pinochet.
Ernesto Sabato realizou um comovente trabalho de resgate da dignidade argentina identificando e relatando os fatos, as vítimas, os seus verdugos e hoje, os ditadores responsáveis e vários torturadores nominados daquele período terrível estão recolhidos aos presídios, cumprindo suas penas.
Uruguai e Chile identificaram, julgaram e condenaram diversos torturadores. Por que no Brasil os torturadores gozam dos privilégios da blindagem oficial, da liberdade de ação e do esquecimento de seus atos perversos? Por qual motivo iníquo os governantes e autoridades brasileiras, ano após ano, fingem-se de postes e de árvores silenciosas, para proteger no esquecimento e nas sombras, as ações tenebrosas e cruéis desses assassinos que serviram de forma sangrenta aos mais nefastos interesses e produziram malfeitorias doentias contra a população indefesa?
Até quando a tortura praticada por anos, durante os tempos de chumbo da ditadura, permanecerá oculta nas sombras da impunidade, nos arquivos cerrados da burocracia e do descaso oficial?