Poema de Maria Carpi

De A Força de não ter Força


                              Eu a canga e o amor o brilho.                              
Eu a pedra e o amor a gema.
Eu o gemido e o amor o canto.

 
Eu o transido e o amor o vento.
Eu grão-podrido do amor arvoredo.
Eu as cinzas, os senões

 
de seu alento alteando-se chama.
Eu ao meio, a pedaços e farpas,
pondo-me inteira a sua agulha,
 

a seu amálgama de suor e sal,
que meu sabor é sabê-lo
e meu saber é saboreá-lo.






© Maria Carpi, A Força de não ter Força - Editora Bertrand Brasil, 2004
Escultura de Gonzaga - A Noite, 1989
 
publicado por ardotempo às 20:39 | Comentar | Adicionar