Vibrações
O prazer que te dão as chuvas
Porque derrubam sem chance de luta
As árvores centenárias, os muros,
Um templo com sua esfarrapada figura,
Um pouco é sonho, um pouco insulto
Da tua resistência ao rés do absurdo
Viver quarenta noites no dilúvio
Atado a uma cama, o corpo no escuro
Ao abrigo de uma mente lúcida.
O que ainda vibra nesse homem
Se ele nada mais quer, nada pode,
- Demasiada realidade exposta -
Como aceitar que no sono suporte
O lodo se intrometendo pelas bordas,
Perguntam por dentro os que estão à tua volta
E não veem a enguia se movendo,
Se esquivando, ludibriando o tempo,
Quinze côvados abaixo das tuas pálpebras.

© Mariana Ianelli - Iluminuras, 2009
Imagem: Páteo dos Leões - Alhambra, Granada (Espanha)