Um dia bom...
12 de outubro
Dia de mão quebrada, menos pesada, dura em tala rígida, também duros e inchados, os dedos. Mais leve a tala. Mais fácil de saber à reconstituição. A vida passa muito depressa, muito depressa.
Escrever um livro, todos os dias.
"Leva-me aos fados..." ; escute a música de Ana Moura.
A chuva não para mas os pensamentos também não.
A ação mesmo que pouca, é muita. É necessário fazer mais, é necessário saber mais. O que sei é que pouco sei. É necessário buscar mais, mais, mais e mudar tudo. Fazer mais livros, mais pinturas, mais desenhos, mais exposições, mais projetos. E tudo que se fizer será muito pouco, insuficiente. Nada. O caos e a imperfeição trazem mais ordem que a artificial ordenação acadêmica. O dentes tratados pelos dentistas ficam piores que a natureza – no inicio produzem dor e desconforto e no final, perdem-se.
A palavra escrita é que importa. Os livros...A arte. A pintura, o desenho, o carinho, a lembrança do paraiso.
É o que resta e perdura.
A mão quebrada é metáfora da vida, quebrada, imperfeita, mas ativa, necessária e talvez ainda capaz de realizar algo consistente e original. Ou seja, diferente do que se fez antes.
O tempo passa, a memória guarda os acertos e os erros – o que é a beleza, o que é a feiúra e, como conta o contista num conto no limite, "assim é a vida".