A Lua
Dizem e escrevem que homem chegou à Lua há quarenta anos atrás. Em trinta anos de descoberto, por volta do ano de 1530, o Brasil tinha umas vilas aqui e ali, nuns portos improvisados em algumas baías e em certas embocaduras mansas de rios tropicais. Eram umas aglomerações de casarios precários e Portugal já começara a saga de sua colonização. Sempre foi muito arriscado cruzar o vasto oceano (e ainda hoje existem perigos inesperados a tornar a travessia dificil e incerta). Mas o ciclo da História fazia-se incontornável e aos primeiros seguiram-se outros e depois, muitos. É assim na vida e tudo tem seu curso, em evolução cumulativa. Nada fica igual em trinta anos. Mas o cenário imaginado por Stanley Kubrick em 2001, surpreendentemente, não aconteceu. Ao contrário, não aconteceu absolutamente nada na Lua.
Fala-se em ausência de interesse comercial, das dificuldades de exploração mineral e das impossibilidades de viabilização econômica. Com toda a certeza esse deve ser esse o motivo, de fato. Mas quem nasceu de 1979 em diante, tem todo o direito de não acreditar que alguém chegou à Lua, se ninguém jamais lá voltou ou sequer pôde imaginar voltar. À propósito, não seria tudo bem mais fácil hoje, com a ajuda dos sofisticadissimos computadores e da leveza da miniaturização de todos os componentes necessários para uma nova façanha daquelas? Como foi possível em 1969 e agora já não é mais possível?
O que me intriga é ver o notável esforço do foguete Saturn a empurrar, para vencer a atmosfera e gravidade terrestre (um foguete que mais parecia um arranha-céu em toneladas de combustível potente) e levar penosamente o pequeno módulo e a cápsula dos astronautas para sua órbita, comparado-se com a extrema facilidade com que decolou alguns dias o frágil artefato, o módulo de pernas de inseto, com pouco combustivel e nenhum teste prévio, a alçar-se em vôo de helicóptero e escapulir suavemente da tênue gravidade lunar. E de lá partiram gloriosamente os astronautas hermeticamente mascarados em seus capacetes de visor negro, depois de emitir suas frases solenes, deixando alguns corpos de máquinas fotográficas Hasselblad cujo peso interferiria dramaticamente no eventual sucesso da decolagem faceira. Quedaram-se olvidados ao lado da bandeira que, curiosamente, balançava ao sabor do vento lunar, nos vídeos gravados do evento. Esses vestigios lá restaram para serem reencontrados no futuro pelos descendentes dos nascidos depois de 1979.
Veja o
vídeo da chegada do homem na Lua.