Paisagem Cultural

AS CASAS DA IMIGRAÇÃO



As casas da imigração ainda existem no sul do Brasil. Em Teutônia, em Westphalia, em Linha Frank, em Bento Gonçalves, em Antônio Prado, na estrada de Pinto Bandeira. Algumas delas foram fotografadas por Mário Castello, em abril de 2007. Elas são um tesouro arquitetônico, histórico e cultural. Necessitam ser preservadas. São o documento vivo da formação do caráter de uma nação.

Algumas estão muito bem conservadas, outras nem tanto e um grande número delas desapareceu silenciosamente, tragadas pelas falaciosas promessas de um progresso incontornável e do conforto material, proferidas pela cupidez da especulação imobiliária. Isso atingiu a muitas nas cidades e algumas na área rural.


 
A Coleção Azevedo Moura é um grito de alerta  sobre tal situação. Quando a coleção decidiu recolher algumas portas da imigração dos depósitos onde já se encontravam, o fez para devolvê-las ao conhecimento de um imenso público dentro do contexto da obra monumental dos imigrantes no espaço cultural brasileiro. Salvaguardou-as de serem aviltadas, “restauradas” com bizarras camadas de tinta e incrustradas em ambientes contemporâneos, pelas rêmoras da frivolidade e pelos vampiros de uma estética de ocasião, para usufruto e capricho de uns poucos. As casas das colônias precisam ser conservadas vivas e intactas e não podem ficar simplesmente à mercê do mercado, pois sabemos bem o que o mercado faz com elas.

É importante a conscientização de todos e a efetiva valorização cultural desse patrimônio. É necessária a criação de políticas inteligentes de preservação positiva que direcione recursos de benefícios fiscais e alguma isenção de tributos aos proprietários dessas casas (alguns deles bastante pobres) para que possam manter e conservar seus próprios imóveis, que são o patrimônio imaterial de uma coletividade maior e que podem ser vistos por todos, pesquisados e analisados por especialistas e estudantes.

                                              

© Coleção Azevedo Moura - Fotos de Mário Castello
publicado por ardotempo às 15:27 | Comentar | Adicionar