Na Serra da Mantiqueira

Escritores entre montanhas

 

"Ao organizarem alguma coisa não me convidem para a mesa do português Miguel Sousa Tavares. O homem se acha, deve pensar que é o Fernando Pessoa ou Eça de Queiroz  e nem chega aos pés do José Cardoso Pires, Lídia Jorge, Saramago ou Lobo Antunes. Foi marcada uma sessão de autógrafos dele e minha na mesma mesa, mesmo local, ao meio dia e meia de domingo. Ao chegar, ele estava sentado, cumprimentei-o. Ele nem me olhou, rosnou: "Hum". Sentei-me e estendi a mão, dizendo o meu nome. Ele nem estendeu a mão, nem se virou para o meu lado, nem rosnou "Hum". Diante de tanta cortesia, levantei-me, levei minha turma, fui autografar na praça. Não sem antes apanhar o romance Equador, que havia comprado para que ele me autografasse, afinal, é um companheiro de ofício. Na caixa da livraria Saraiva, troquei o Equador pelos 125 Contos de Guy de Maupassant."

 

Ignácio de Loyola Brandão - Publicado em O Estado de São Paulo

publicado por ardotempo às 16:23 | Comentar | Adicionar