Porque Obama não deve visitar o Brasil
Ivan Lessa
Nosso país irmão, os Estados Unidos, não têm mais vagas para mártires. Só se um desastre natural levar Obama (ele já merece nossa intimidade, como o nada saudoso Bush), algo assim como um raio o fulminar. É o caso do novo presidente nunca visitar o Brasil. Não por birra ou pouco caso, mas por cautela.
Peço perdão por tergiversar. É que foi amplamente noticiado aqui no Reino Unido o fato de que o Brasil, segundo relatório da ONU, conta com o dobro da média mundial de homicídios. Apesar de tudo, ao contrário dos americanos, não temos uma listinha de presidentes assassinados (a saber: quatro a tiros) ou que tenham sofrido tentativa de assassinato.
Nenhum presidente brasileiro foi assassinado. Nem a tiros nem a golpe de peixeira. Morreram todos da forma mais natural possível. Pois nós somos assim: naturais pela própria natureza. Sei que me estendo como se estivesse discursando uma posse qualquer minha, mas eu queria era explicar, com a devida clareza, os motivos porque sou contra uma chegada do novo presidente ao nosso país.
Tem mais. Lideramos o mundo em matéria de raios. Os números são de nosso próprio governo. Segundo eles, 75 pessoas morreram fulminados por raio em 2008. O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, organização acima de qualquer suspeita, afirma que até agora o recorde estava com o ano de 2007, quando 47 morreram de raio. Importante é salientar o fato científico, também divulgado pelo instituto em questão, de que o Brasil recebe, sofre ou acolhe uma média de 50 milhões de raios por ano. Agora, em 2009, na Bahia, quatro já morreram de raio. Quatro. Mesmo número de presidentes americanos abatidos a bala.
Raios! É muito raio! Mesmo para um fenômeno que escapa ao controle do mais esclarecido dos governos.
Voltando à vaca fria: seria terrível se Obama, numa visita de cortesia a nosso país, fosse atingido, ou tivesse membro de sua comitiva atingida, por um desses 50 milhões de raios.
Resta apenas desejar boa sorte ao novo presidente norte-americano e que lhe seja leve o duro caminho que tem pela frente. Um caminho, esperamos todos, sem bandidos à espreita, no solo, ou raios, nos céus.