Uma escritora em Paris
De Pelotas à Paris
Existem cidades que nos conduzem com leveza e simplicidade.
De uma forma tão natural como se ali tivemos nascido.
São receptivas, são gentis, são mágicas e nos permitem sonhar.
Quando cheguei à Pelotas foi exatamente assim.
A cidade me acolheu e me deu asas Conduziu-me com desenvoltura por suas belezas.
Dia após dia a descubro com prazer e encantamento.
Chegar à Paris foi da mesma forma, um estar repleto de brilhanturas poéticas.
Permitindo assim estabelecer relações e afinidades.
Nos próximos meses, vou desvendar Paris e fazer conexões com a Pelotas que habita em meu imaginário.
Nesta primeira semana já constatei de que será perfeitamente possível.
Estar na cidade onde Walter Benjamin escreveu suas primeiras narrativas após caminhar, observar e sentir Paris,
permite entender que o flâneur está entre o lugar e não-lugar, entre o tempo e não-tempo.
Em um espaço onde a distância rapidamente se desfaz.
Onde as pontes são erguidas para sociabilizar.
Paris começará a estar tão próxima de Pelotas.
Como o jornal está em suas mãos.
Como as letras estão impressas sobre o papel.
Como um flâneur do mundo está percorrendo o imaginário pelotense ao desvendar entrelinhas e narrar suas histórias.
Sua atividade preferida é passear, praticamente sem rumo.
Em Paris, o outono com seus dias de um sol magnífico têm permitido caminhar.
Simplesmente caminhar...
Para um flanar contemplativo. Um perder-se e encontrar-se, constantemente.
Aqui se caminha muito, um pouco mais que em Pelotas.
No primeiro momento vivi o Boulevard Saint-Germain.
Um lugar para travar duelos entre os grandes intelectuais da Europa, a moda e a cultura.
Uma passarela, como o calçadão da Quinze e as galerias pelotenses.
Que começam a desabrochar para a vida cultural da primavera.
Pela Quinze de Novembro se encontra uma tessitura de beleza, de elegância e de conhecimento.
É a rua da Bibliotheca Pública, com um entrelaçamento de cultura, informação e harmonia.
Da Praça Coronel Pedro Osório onde logo, logo ocorrerá mais uma edição da Feira do Livro.
Uma rua de pequenos museus, história e ensinamentos.
De cafés, encontros e diálogos.
De ondas sonoras compondo dias musicais.
De epígrafes centenárias do Diário Popular.
Entretons que transcendem Saint-Germain.
Deslocamentos que alcançam a Quinze.
De Pelotas à Paris...
De Paris à Pelotas...
Taciane Corrêa - (Paris, 2011)
Publicado no Diário Popular