Para fazer dinheiro verdadeiro
Luiz Ruffato, Curador Editorial - Quem é o leitor comum?
É no Brasil que a Babel se apresentará única e exclusivamente por si mesma, Paulo Teixeira Pinto, seu dono e presidente, não acredita em cut & paste na vida real:
– Cada problema tem uma solução diferente, cada oportunidade tem uma fisionomia distinta, – observa ele, que mergulhou a tal ponto na nova profissão que é, hoje, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
– A Guimarães é uma coisa, a Verbo é outra. Mas essas são marcas ligadas à vida portuguesa. No Brasil começamos do zero, e não faria sentido criar, do zero, uma editora com divisões. Costumo dizer que a Babel é uma editora de língua portuguesa, mas não uma editora portuguesa. A Babel não será, no Brasil, a filial de uma editora portuguesa, mas uma editora brasileira, com personalidade própria.
A festa de debutante já tem data marcada. Acontece no próximo dia 14, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com a apresentação de uma das especialidades da casa: a edição clonada de um clássico.
“Edição clonada” é aquilo que, antigamente, se chamava edição facsimilar. O novo nome se fez necessário porque chega a ser covardia comparar os velhos facsímiles com os clones que a tecnologia de impressão permite produzir hoje: pude ver lado a lado a edição da Babel de “Mensagem”, de Fernando Pessoa, com o original que está na Biblioteca Nacional em Lisboa, e a semelhança entre os dois livrinhos dá um arrepio na espinha.
– Não há porque fazer menos do que isso, – diz Paulo Teixeira Pinto. – Se há quem consiga produzir dinheiro falso em oficinas clandestinas, por que não podemos reproduzir um livro com a mesma fidelidade?
Ele obviamente ama os livros também como objetos, e faz questão que todos os títulos publicados pela Babel tenham sempre a melhor qualidade possível: “Fazer bons livros que sejam livros bons” é um dos seus lemas.
Sabe que tão cedo ela não será a maior editora brasileira, mas vai fazer todo o possível para que seja a melhor.
– O que nasce grande acaba monstruoso, – observa. – Não podemos começar pelo fim; precisamos ter um crescimento sustentável. A previsão é que, em velocidade de cruzeiro, a Babel, que publicou no ano passado mais de 300 títulos em Portugal (entre eles alguns dos brasileiros Ferreira Gullar e Eucanaã Ferraz), publique cerca de cem títulos no Brasil. Mas não quaisquer cem títulos: ela pretende tornar-se referência cultural, a editora pela qual os melhores autores queiram ser publicados.
Curadoria Editorial
Para chegar a esse ponto, conta com a curadoria editorial de Luiz Ruffato – o premiado autor de “Eles eram muitos cavalos” e “Estive em Lisboa e lembrei de você” – secundado por um vasto Conselho Editorial que, a exemplo do que acontece em Portugal, reunirá cabeças pensantes dos mais variados matizes e áreas de atividade, de Alberto Costa e Silva e Antonio Cicero, por exemplo, muito bem conhecidos na área literária, a Roberta Medina, do Rock in Rio.
– A idéia de uma curadoria editorial, "cargo" inédito no mercado brasileiro, é de servir como uma espécie de literary scout para a Babel, – explica Ruffato.
– A minha proposta para a editora é a de publicar não livros, mas autores, apostando em nomes inéditos e outros que, embora já lançados, não estejam ligados a nenhuma casa editorial, para formar um catálogo nacional, com ênfase na qualidade. É um trabalho de médio a longo prazo, buscando uma consolidação progressiva e segura, que irá tornar a Babel uma editora de referência no mercado brasileiro, tanto na área de ficção e poesia quanto na de não-ficção.
Ruffato concorda plenamente com as diretrizes de qualidade estabelecidas em Lisboa:
– Os livros vão primar pelo apuro gráfico e rigor editorial, com a certeza de agradar tanto a um leitor especializado quanto ao leitor comum.
Publicado em InternETC