Quinta-feira, 03.03.11

Sombras atrás das árvores

Telenovela protegida 

 
Me encuentro con una vecina en el ascensor, intercambiamos saludos, 
comentarios sobre el clima, preguntas acerca de si llegaron o no los huevos a la bodega de la esquina. 
Todavía vamos por el piso seis, cuando amparada en la momentánea privacidad de la cabina, me dice 
que gracias a mí ha podido ver una telenovela colombiana. No entiendo nada. 

Qué relación podría tener esta blogger escéptica de los culebrones dramáticos con el arte de sacarle las 
lágrimas a la gente frente a la pantalla. Pero la mujer insiste. Comienzo a evocar los guiones del viejo Félix B. Cañet 
cuando todavía faltan cuatro pisos para llegar a planta baja. 

La respuesta me alcanza por el camino más inaudito. Mientras la pizarra del elevador marca el número 3, ella me 
cuenta que el miedo a la oscuridad del parque –a un lado del edificio– era el impedimento para llegar hasta la casa 
de una amiga donde cada noche proyectan un capítulo de la telenovela, captada por una ilegal antena parabólica. 
Pero ahora, afirma con gratitud, esa franja de concreto y vegetación está custodiada las 24 horas. 
Hago como que no entiendo, sin embargo, me subraya que los miembros del MININT que rondan mi casa han vuelto 
más segura la barriada. Preferiría creer que esas sombras que veo desde mi balcón son fantasías de alguien que 
consume demasiadas ficciones, pero la mujer vuelve a la carga. No me deja evadirme detrás de una sonrisa, 
más bien quiere subrayar que me debe el llegar hasta el otro edificio sana y salva. 

Sin esperármelo, me veo retribuida por el horror, alguien acaba de agradecerme por ser carne de vigilancia, 
objetivo de centinelas. Nunca había visto una manera más ligera de entender la represión, pero me río con la vecina, 
¡qué remedio me queda! En aras de no parecer distante, le pregunto cuál es la temática de la telenovela que yo le 
he “ayudado” a disfrutar. Se relame gustosa. Es una recreación del siglo dieciocho, con esclavos que huyen, 
matronas que tienen hijos ilegítimos que esconden de sus esposos, látigos que suenan sobre las espaldas, 
guardarrayas a oscuras que en la noche son custodiadas por mayorales y por perros.

Yoani Sanchéz
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publicado por ardotempo às 23:53 | Comentar | Adicionar

Llvros andando pelo mundo

Moacyr

 

Luis Fernando Verissimo

 

Eu brincava com o Moacyr Scliar e dizia que ele era a vergonha da classe literária: um escritor que não bebia. Ou, pior, só bebia Malzbier. Ele também tinha horror a peixe, contava com muito humor seu martírio diante de sushis e sashimis quando visitou o Japão. Viajamos juntos algumas vezes, mas ele me ganhava em matéria de trotear pelo globo.

 

Certa vez nos encontramos em Carlos Barbosa, no interior do Rio Grande do Sul, mas foi um encontro muito rápido, ele estava indo dali a minutos para Tocantins! O Moacyr vivia assim, de Carlos Barbosa para Tocantins, com escalas em Nova York e Paris, sem perder os chás da Academia nas quintas. Eu invejava seu talento e sua estampa de príncipe russo, mas invejava, acima de tudo, suas milhas acumuladas.

 

Era uma pessoa extremamente generosa e solidária. Quando um leitor me chamou de antissemita no jornal, o primeiro telefonema que recebi foi do Moacyr dizendo para não dar bola, ele mesmo já tinha sido chamado de antissemita várias vezes pela sua posição no conflito de Israel com os palestinos. Sua preocupação com saúde pública e com a questão social vinha dos seus tempos de estudante de Medicina e se refletiu desde o começo na sua obra literária. Que nunca foi panfletária, mas sim encharcada de humanismo e compaixão – mesmo quando tratava de personagens em guerra com o mundo.

 

Nenhum outro escritor brasileiro, que me ocorra, dominou, como o Moacyr, aquela estreita faixa da imaginação entre o cômico e o trágico também frequentada por Kafka, Vonegut e alguns poucos outros. E ele foi o único praticante, no Brasil, do melhor humor judaico, com suas narrativas urbanas e modernas que nunca deixavam de evocar arquétipos e mitos antigos, como se dispensadas por um xamã tribal num bar do Bom Fim, o bairro judeu de Porto Alegre.

 

Sua obra foi extensa, mas meus Scliars favoritos são A guerra no Bonfim, O exército de um homem só e Os voluntários, talvez por serem dos seus primeiros livros, os que revelaram sua originalidade. Nos enchíamos de orgulho, um pouco por bairrismo gaúcho e muito pela nossa velha amizade, sempre que em qualquer livraria da Europa ou dos Estados Unidos víamos os livros traduzidos do Moacyr numa prateleira. Os livros, pelo menos, vão continuar a andar pelo mundo.

 

Luis Fernando Verissimo

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publicado por ardotempo às 20:52 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Noite Mundial do Livro - 5 de março

 

Nós somos o que lemos

 

 

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publicado por ardotempo às 02:18 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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