Domingo, 27.02.11

Prudência

Em direção à Argélia

 

 

 

 

Pierre Yves Refalo - Atenção com os camelos - Fotografia  (Deserto do Saara - Marrocos) 1982

publicado por ardotempo às 18:04 | Comentar | Adicionar

Gal Opido - Retrato

retrato-na-abertura-da-mostra

 

 

 

 

 

Giacomo Favretto - Retrato de Gal Opido - Fotografia - Museu Afro-Brasil (São Paulo SP Brasil), 2011

publicado por ardotempo às 15:17 | Comentar | Adicionar

As verdades do sofrimento

Una lección sobre el arte de la ficción
 
Alberto Manguel
        
 
Quizás hay ciertas formas narrativas que corresponden al espíritu de una época: la novela epistolar al siglo XVII, la saga balzaciana al XIX, la ficción que requiere la complicidad del lector, al XX. Si es así, sugiero que una de las formas elegidas por los escritores del siglo XXI para dar voz a nuestra época es la novela fragmentaria en la que, bajo la forma de cuentos individuales, los mismos personajes juegan, de fragmento en fragmento, roles mayores o menores. En los últimos años, La novia de Odessa de Edgardo Cozarinsky, Fama de Daniel Kehlmann y ahora Amor y obstáculos de Aleksandar Hemon son espléndidos ejemplos de este género.
 
Amor y obstáculos es la historia, en ocho cuentos, de un joven bosnio cuyo nombre va cambiando según los apodos que le dan los distintos personajes con los que se encuentra (Trabuquillo, Dirigent, Comando), sea en Kinshasa, en Sarajevo, en Hamilton, en Chicago. De historia en historia, van apareciendo sus rasgos: es un adolescente perdido en la noche africana; es un joven que escribe poesía y cuentos; es un muchachito que escucha a Led Zeppelin y lee a Rimbaud; es un vendedor ambulante de revistas norteamericanas que anhela un paraíso de mediocridad; es un inmigrante más de la comunidad exyugoslava en exilio, viviendo entre estafadores y mafiosos; es una nueva estrella literaria que llega a publicar en The New Yorker; es un estudiante de inglés en Chicago, cuyos padres están en Sarajevo y, en ciertos otros momentos, en Zaire y en Canadá; es un literato que se encuentra con escritores mayores y famosos, tanto bosnios como norteamericanos; es un jovencito inocente y también un hombre de mediana edad carcomido por la experiencia.
 
El proteico bosnio es como una suerte de testigo crítico de nuestro tiempo.
 
En el fondo de todos estos relatos está siempre la guerra, o el recuerdo de la guerra, evocada de cierta manera como un arquetipo literario, a través de anécdotas al parecer triviales, y por lo tanto más espantosas, o por medio de testimonios tergiversados, reconstruidos como ficción o como sueño. La guerra (de la ex-Yugoslavia o de Vietnam, por darle dos de sus nombres más recientes) aparece en la obra de Aleksandar Hemon como horriblemente presente y a la vez intemporal, como una encarnación de Troya, la guerra que es el trasfondo de todas nuestras vidas, tanto en Sarajevo destruida y rehabilitada como en América indiferente y codiciosa. Hay en la escritura de Hemon una furia apenas disimulada contra la imbecilidad y la fuerza bruta de todas nuestras sociedades, un sarcasmo a flor de piel que oculta una majestuosa indignación, similar a aquella que en la Edad Media se llamaba cólera justa.
 
Lo más extraordinario de este libro extraordinario es la habilidad y precisión con la que todo esto se enlaza, y que la prolija traducción de Damià Alou deja entrever. Hay una disimulada virtuosidad en la manera en la que Hemon teje y desteje su biografía ficticia con elementos (nos asegura la solapa) que corresponden a los de la vida del autor y otros muchos que pueden ser o no parte de su propio recorrido. El último cuento o capítulo, 'Las nobles verdades del sufrimiento', glorifica y denigra el valor de la experiencia vivida. 
 
El joven bosnio, que ya se ha hecho estadounidense, vuelve a su Sarajevo natal a visitar a sus padres y es invitado por la Embajada de Estados Unidos a festejar a un escritor norteamericano, Richard Macalister, que acaba de ganar el Premio Pulitzer. Por amor propio, por envidia, por generosidad, el joven se presta a ser el lazarillo de Macalister en Sarajevo, y hasta lo invita a comer en casa de su familia. Ante la estupefacción del joven, Macalister acepta. La comida resulta, para el joven, una pesadilla: la familia se comporta con incultura y brutalidad, el padre apabullando a Macalister con preguntas personales y obligándolo a tomar vino (Macalister es abstemio porque sufre de alcoholismo), la madre llenando su plato de comida grasosa (Macalister es vegetariano). 
 
Tiempo después, el joven lee la nueva novela de Macalister, que trata de un veterano de la guerra de Vietnam, y descubre azorado que aquella comida se ha transformado en la escena clave del libro. Pero todo ha sido deformado: ahora se trata de un soldado que visita a la familia de un compañero muerto; la hospitalidad de la madre adquiere un tono nefasto, el interrogatorio del padre (que en la realidad giraba en torno a la carrera literaria del joven) es ahora sobre la guerra, y el valor y coraje del hijo muerto. Todo ha sido utilizado para la alquimia de la narración, incluso detalles atrozmente íntimos, para describir no una banal visita turística sino la vida y la muerte de personas y civilizaciones. De pronto, con una última vuelta de tuerca, Hemon transforma un ejercicio de autobiografía literaria en una lección sobre el arte de la ficción, sobre la verdad de la mentira literaria, sobre la constante injusticia de toda guerra, sobre la constante injusticia (y redención) de la condición humana.
 
 
 
Alberto Manguel - Publicado em El País
tags: , ,
publicado por ardotempo às 14:56 | Comentar | Adicionar

A paciência tem limites?

O povo desorganizado
 
Ferreira Gullar
 
O fim da ditadura de Hosni Mubarak, no Egito, pode suscitar indagações acerca das consequências que podem advir dela, mas num ponto todas as opiniões parecem coincidir: foi o povo desorganizado que pôs abaixo o regime autoritário que durara 30 anos.
 
No Egito havia - e ainda há - numerosos partidos e organizações sociais que, de uma maneira ou de outra, vinham atuando na vida do país. Mas não partiu de nenhuma delas a mobilização popular que, concentrada na praça Tahrir, durante 18 dias, obrigou o ditador, obsessivamente apegado ao poder, a abrir mão dele. A fagulha que incendiou a nação egípcia foi o suicídio de um jovem, em resposta ao abuso da repressão policial.
 
Esse gesto desesperado despertou a revolta inicialmente de algumas dezenas de jovens, depois de centenas, de milhares e finalmente de milhões de cidadãos. Ignorando o poder repressivo do regime, foram para a rua, ocuparam a praça e receberam o apoio do povo egípcio. O povo desorganizado se mobilizou e através da internet passou a coordenar suas ações e seus objetivos. 
 
Parece um milagre? Pode parecer, mas não é. A razão disso é que o povo é, de fato, o detentor do poder, esteja ele organizado ou não.
 
Essa rebelião popular espontânea leva-me a refletir sobre o que chamo de "povo desorganizado". 
 
O que é, então, o povo organizado? Certamente aquelas parcelas da população que atuariam nos sindicatos e em outras entidades profissionais, estudantis e culturais. O objetivo de tais organizações, ao serem criadas, é defender os interesses das categorias e classes sociais que representam. A verdade, porém, é que isso nem sempre acontece e pode até mesmo ocorrer que tais organizações passem a se valer de sua suposta representatividade para atuar contra os interesses que deveriam defender.
 
Isso pode acontecer de várias maneiras, especialmente nos regimes autoritários. Por exemplo, no Brasil, quando os militares tomaram o poder, prenderam as lideranças sindicais e as substituíram por agentes do regime. A partir de então, essas entidades, que deveriam representar o povo organizado, agiam em sentido oposto, isto é, impedindo toda e qualquer manifestação contrária ao governo. Por isso que a primeira grande manifestação popular contrária à ditadura - a passeata dos Cem Mil - nasceu da mobilização espontânea de intelectuais e artistas que, em face da repressão policial, se concentraram num teatro e dali apelaram para a solidariedade da população, que aderiu a eles.
 
Mas essa noção da potencialidade política do povo desorganizado deveria ser acionada também no estado democrático, quando as entidades, que deveriam lutar pelos direitos da população, são cooptadas pelos que exercem o poder.
 
No Brasil, temos um péssimo exemplo: o de Getúlio Vargas, que, ao criar o imposto sindical, anulou a combatividade dos sindicatos de trabalhadores. Foi uma medida maquiavélica. Enquanto em outros países os sindicatos nascem da conscientização dos trabalhadores, que neles se organizam e os mantêm com sua contribuição mensal, os nossos, sustentados pelo imposto que é cobrado de todos os assalariados e controlado pelo governo, dispensam a participação efetiva dos assalariados.
 
Noutras palavras, são entidades-fantasmas, que não nasceram da necessidade dos empregados de se organizarem em entidades que defendam seus direitos. Por isso mesmo, poucos são os trabalhadores que delas participam, enquanto os oportunistas, com o apoio de minorais organizadas, passam a dirigi-las, impondo-se como lideranças fajutas.
 
Através delas, vinculam-se a partidos políticos, elegem-se deputados, tornam-se ministros e passam a atuar na vida política. Como a maioria dos trabalhadores ignora tudo ou quase tudo do que estou dizendo aqui, esses impostores passam por ser líderes de verdade e servem de "pelegos" para manter os trabalhadores submissos aos jogos de interesses.
 
Agora, mesmo esses falsos líderes apresentaram-se como defensores de um aumento do salário mínimo maior que o oferecido pelo governo, num jogo de cartas marcadas, demagógico, cujo resultado estava previsto.
 
E assim as coisas irão até que, um dia, o povo desorganizado perca a paciência e acabe com essas lideranças de araque e esses sindicatos de mentira.
 
Ferreira Gullar - Publicado na Folha de São Paulo / UOL
tags:
publicado por ardotempo às 14:22 | Comentar | Adicionar

Construtor de guitarras

Hacedor de guitarras
 
Antonio Muñoz Molina        
 
En París, en el otoño de 1912, Pablo Picasso hizo una guitarra. No la dibujó, no la talló en madera o la modeló en cera o en barro, no hizo ni un cuadro ni una escultura ni un boceto. Hizo una guitarra, completa, aunque también inútil, una guitarra con sus cuerdas, su mástil, su caja de resonancia con un agujero en el centro, sus clavijas, un objeto tridimensional que a continuación colgó de un clavo en una pared, y le pegó debajo un trozo de cartón doblado como si fuera un soporte, o el filo de una mesa de café. La guitarra la hizo con lo primero que encontró a mano en el gran desorden del taller, que según testimonios contemporáneos tenía mucho de chamarilería o de almacén de trapero, de desván en el que apilados contra las paredes o clavados en ellas con tachuelas estaban algunos de los cuadros que iban a trastornar el arte del siglo XX, aunque por entonces muy pocas personas los habían visto. Hizo la guitarra recortando con unas tijeras de sastre anchas láminas de papel de envolver y trozos de cartón. Las seis cuerdas y los trastes eran hilo basto de atar paquetes. El hueco en el centro de la caja era un tubo de cartón que visto de cerca podría haber pertenecido a un rollo de papel higiénico. La cejuela -acabo de consultar el nombre en una enciclopedia: la pieza horizontal debajo de las clavijas- era un trozo pequeño de cartón doblado por la mitad.
 
 Recortaba, pegaba, apartando de cualquier manera dibujos y hojas de periódico para hacer espacio sobre la mesa. Los grandes ojos románicos los tendría guiñados para evitar el humo del cigarrillo que le colgaba de la boca. El pelo le caería sobre la frente: el flequillo de gnomo y de hombre moderno que aún tiene en las fotos de aquel año y del año siguiente. La expresión de Picasso en esas fotos es a la vez de enajenación y de burla: todo el día, todos los días, yendo a los cafés o encerrándose en el estudio, la mirada, la imaginación y las manos, ocupadas siempre en algo, en observar o en hacer, en observar y en hacer al mismo tiempo, los dedos distraídos doblando un trozo de cartón sobre el mármol de la mesa del café en el que hay una botella, una jarra, el periódico del día, una pipa, o buscando en el bolsillo de la chaqueta un cuaderno en el que anotar cosas o dibujar bocetos, mientras al fondo del café la orquestina toca piezas sentimentales y repetidas, valses, polcas, canciones de moda.
 
No hay una sola forma que no atraiga la atención clínica de esa mirada, que no despierte en las manos el instinto de hacer, en las yemas de los dedos la apetencia de una pluma o de un lápiz de carboncillo para ponerse a dibujar allí mismo, sobre el mármol del velador. Cada objeto es una epifanía, una forma admirablemente cerrada sobre sí misma, perfecta, sólida, no gastada por el uso, no borrada por su cotidianidad. La botella, la pipa, la caja pomposa del contrabajo, las volutas como de capiteles clásicos en las que acaban los mástiles, ese hueco de negrura en el centro sobre el que resaltan las paralelas de las cuerdas. 
 
El espectáculo de lo diario ya había subyugado a Degas, a Toulouse-Lautrec, al monástico Cézanne. Cézanne había enseñado a mirar los objetos puestos sobre una mesa no como ficciones de la luz sino como volúmenes macizos y arquetipos platónicos: la esfera de una manzana, el cilindro de la botella, el ángulo de una mesa, la curva de un mantel dotado de una consistencia caliza. Toulouse-Lautrec se había deleitado con la música de las orquestinas y de los bailes de suburbio. Degas había dibujado bocetos portentosos de contrabajistas vistos de espaldas, de violinistas que establecen con su postura perspectivas imposibles. 
 
Picasso, en ese otoño de 1912, fue mucho más allá; no sólo dibujó o pintó lo que veía con esa destreza suprema de un joven talento adiestrado desde niño en las mejores disciplinas artesanales del oficio, exaltado por su descubrimiento de la modernidad en Barcelona y París: en vez de representar las cosas en el espacio plano de la pintura las hizo tangibles, tan presentes como si estuvieran todavía sobre la mesa del café. 
 
En vez de pintar al músico fatigado de tocar siempre lo mismo recortaría y pegaría encima del lienzo o de una pieza de cartón un trozo de la partitura misma. En vez de copiar como en un bodegón la botella de licor y a su lado el periódico recortaría la silueta de una botella en una hoja tupida de tipografía, con titulares y noticias terribles o triviales. En la mesa caótica del estudio la obra se va haciendo no con los materiales nobles de la tradición -los pinceles, los botes de color- sino con los residuos mismos de la vida de todos los días, lo más barato, lo que igual cae al suelo y es pisado o barrido o se queda meses acumulando polvo, periódicos, papel de embalar, cajas de cartón, chinchetas, puñados de arena, trozos de madera, hilo bramante, muestras de papel pintado con florecillas y adornos de comedor de medio pelo. Una botella de feroz anís del Mono y una guitarra -en esa época instrumento de músicos ciegos y gente marginal- invocan en París el desgarro de las tabernas españolas. 
 
Durante meses, en el otoño y el invierno de 1912, en la primavera de 1913, en el verano de ese año, Picasso inventa, dibuja, recorta formas de guitarras como un pianista maníaco que nunca se fatiga de explorar variaciones posibles de una melodía muy sencilla. El taller, el cuaderno, son lugares de metamorfosis: el hueco redondo de la guitarra es una luna llena o el péndulo de un reloj o la cara redonda de un monigote con mostachos engomados. Su perfil es el de una cara y el de una oreja. Las cuerdas se pueden convertir en cordones de zapato. Las acanaladuras de la madera están hechas recortando papel barato de imitación madera o bien simulando ese mismo papel con un cuidado de falsificación absurda. La botella acaba siendo una clavija o el hueco de una cerradura. 
 
La frágil guitarra de papel y cartón y cuerda de envolver se transforma en otra idéntica pero mucho más perdurable hecha de láminas de metal y de cuerdas de alambre. El papel de periódico de los collages muy pronto se vuelve amarillo: el metal y el alambre se oxidan al cabo del tiempo. La obra de arte no es un objeto intangible y sagrado: la modifica la intemperie de la vida real, la muerde la luz, está expuesta a los azares de mudanzas y pérdidas.
 
Tendemos a ver el cubismo con la reverencia y la solemnidad de lo que se ha vuelto sagrado: estos días, en el MOMA, uno de los muchos méritos de esta exposición de guitarras de papel y guitarras de hojalata y collages pegados con engrudo hace ya casi un siglo es devolvernos la carcajada de celebración y desafío, el descarado humorismo que está en el origen del arte moderno, la gran broma en serio de Picasso.
 
Antonio Muñoz Molina - Publicado em Babelia / El País
tags: ,
publicado por ardotempo às 13:57 | Comentar | Adicionar

Bicicletas assassinadas

 
Atropelamento múltiplo de ciclistas em Porto Alegre
 
Na noite de sexta-feira dia 25 de fevereiro, no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, um automóvel Golf preto, novo, atropelou e derrubou cerca de 200 ciclistas do grupo Massa Crítica, ferindo com gravidade 15 ciclistas, removidos com urgência ao Hospital de Pronto Socorro, destruindo totalmente 20 bicicletas e danificando dezenas de outras. Na sequência, em alta velocidade, fugiu do local do crime, abandonando dezenas de feridos graves no asfalto da avenida. A Polícia de Porto Alegre mostrou-se incapaz de identificar e prender o agressor, apesar de ter localizado o carro danificado na madrugada de sábado no bairro Partenon, abandonado e com a placas de licença removidas.  A Polícia já sabe que o carro pertence a um morador do Centro de Porto Alegre, que tem a idade de 47 anos, porém não consegue informar sua identificação, localizá-lo fisicamente e tampouco esclarecer o motivo que o levou a "a participar do acidente".
 
Aparentemente o proprietário, talvez o motorista, chama-se Ricardo José Neif, 47 anos, e seria morador no centro de Porto Alegre.
 
 
Carta aberta de repúdio ao Delegado Gilberto Almeida Montenegro e à Polícia Civil do RS
 
Em primeiro lugar, Sr. Delegado de Polícia Gilberto Montenegro, nós os ciclistas não cometemos erro nenhum, estávamos utilizando as vias públicas de Porto Alegre com meios de transporte autorizados e legais, o que inclusive deveriam ser incentivados para que não ocorram congestionamentos e poluição ambiental.
 
O “erro” que o Sr, afirma, muito menos foi um ”erro grave”, pois legalmente não se necessita pedir autorização para nenhuma entidade para pedalar bicicletas em conjunto, repito, em vias públicas de Porto Alegre ou em qualquer cidade brasileira. Além disso, a EPTC sabia dos eventos da Massa Crítica.
 
Outro equivoco do Sr. – ninguém impediu o direito de ir e vir de ninguém – estávamos andando nas vias como meios de transporte legítimos, bicicletas, conhece o Sr. uma bicicleta, sabe o que é? Um veiculo aceito e autorizado ao trânsito urbano pelo Código Nacional de Trânsito?
 
Não era uma manifestação e sim um deslocamento para uma festividade, com muitas pessoas utilizando o mesmo meio de transporte. Eram 200 carros, Sr. Delegado? Não, eram singelas bicicletas, pois se todos fossemos de carro ficariamos congestionados na via pública. Isso sim seria um transtorno para muitos.
 
Os automóveis frequentemente são os que obstruem a minha passagem de bicicleta pelas vias, pois normalmente ando mais rápido que um carro para ir da perimetral até a Olavo Bilac, pela José do Patrocínio.
 
Sr. Delegado, responda-me uma coisa somente: porque nos dias de futebol várias ruas são legalmente fechadas e o fluxo de carros é totalmente impedido para que torcedores, apenas torcedores pedestres, passem? Estas manifestações são consideradas mais “legítimas” pela polícia? Elas podem impedir o direito de ir e vir de todos os outros que nada têm a ver com futebol, e que às vezes muitas vezes, por questões urgentes, até de saúde e de risco de vida, necessitariam passar por aquelas vias bloqueadas?
 
Com mais 100 ciclistas derrubados, 20 bicicletas, eu disse 20 bicicletas totalmente destruídas, além das dezenas de feridos graves e um carro bastante avariado, como o Sr acha que “ainda não é possível afirmar que o motorista teve alguma intenção de matar”?  As testemunhas, e são várias, e o Sr. já deve tê-las ouvido como delegado de polícia que é, disseram que o carro acelerou deliberadamente, com intensidade e não parou mesmo com pessoas sobre o capô e bicicletas amontoadas embaixo do carro. E o Sr. afirma publicamente que não foi com intenção de matar? Em nome do que e de quem o Sr. defende esse agressor que não conhecemos?
 
Por favor, só posso interpretar esta declaração como tendenciosa, defendendo, protegendo e ocultando o criminoso. Ainda por cima está esperando ouvir o motorista para que ele confirme ou não que teve a intenção de matar ou ferir alguém? Ora, me desculpe, isso não é polícia investigativa, Sr. Delegado Gilberto Almeida Montenegro. Por acaso, vocês já conhecem o motorista? Ele é policial? É alguém de nome importante na cidade ou filho desse alguém considerado importante? A polícia está ganhando tempo e acobertando alguma coisa? Esperando o tempo passar para evitar o flagrante ou extinguir os resíduos do álcool ou das drogas?
 
Se o proprietário do carro não deu queixa nenhuma, não informou roubo do veículo, não foi para sua casa, não atende ao telefone e abandonou o carro num bairro popular, distante da sua residência no centro ou em algum bairro sofisticado da cidade, logo depois da tentativa de assassinato coletivo, retirando ardilosamente as placas do carro, o que significa isso? Quem poderia estar dirigindo o carro, anonimamente?
 
A perícia tirou ao menos, impressões digitais no carro, no volante, no espaço do carro em que estavam as placas que foram removidas? Ou nem isso fizeram?
 
Com tudo isso que eu argumentei, qualquer pessoa de mínima inteligência ligaria todos fatos, informando imediatamente a população quem é o culpado, quem dirigia o carro naquele momento de intensa agressão. Espero que a Polícia Civil tenha o mínimo respeito à população, que merece ser informada.
 
Sr. Delegado Gilberto Montenegro, espero que o Sr. também peça desculpas publicamente por suas declarações infelizes, pois o Sr. criminalizou um movimento de ciclistas em paz, lutando apenas por dignidade e respeito no trânsito, ao tentar justificar e amenizar o procedimento do agressivo atropelador.
 
Continuaremos com muito mais bicicletas nas ruas, pois é nosso direito, é o nosso meio de transporte, sem poluição, sem alarido, sem agressão ao meio ambiente e aos outros cidadãos.
 
Mais amor, menos motor!
 
Guilherme Schröder
publicado por ardotempo às 13:29 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Morre o escritor Moacyr Scliar

Literatura brasileira perde Moacyr Scliar
 
Com Moacyr Scliar, morto à 1h deste domingo por falência múltipla de órgãos devido às consequências de um acidente vascular cerebral (AVC), acontecia o contrário. Poucos escritores terão gostado tanto de escrever — e terão demonstrado tanta facilidade em fazer isso.
 
Aos 73 anos, Moacyr Jaime Scliar havia construído uma obra sólida, com mais de um livro publicado para cada ano de vida, em uma ampla gama de gêneros: contos, romances, literatura infanto-juvenil, ensaios. Além disso, era colunista frequente de uma dezena de publicações, de jornais diários como Zero Hora e Folha de S. Paulo a revistas técnicas. Escrevia em qualquer lugar a qualquer hora, auxiliado pela tecnologia – jamais viajava sem seu laptop. Tal dedicação à palavra e ao ofício que exercia com evidente prazer transformaram Scliar em um dos autores mais respeitados do Brasil.
 
 
 
Scliar morreu no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde estava internado desde 11 de janeiro. O escritor havia sido admitido no hospital para a retirada de pólipos (formações benignas) no intestino. A cirurgia, simples, havia transcorrido sem complicações. Scliar já se recuperava quando sofreu um AVC – obstrução de uma artéria que irriga o cérebro – de extrema gravidade.
 
Scliar nasceu em 1937, no bairro judaico do Bom Fim, em Porto Alegre, filho de José e Sara Scliar – a mãe, professora primária, seria a grande responsável pela paixão do escritor pelas letras: foi ela quem o alfabetizou. Formado médico sanitarista pela UFRGS, ingressou na profissão em 1962. Casado com Judith, professora, e pai do fotógrafo Roberto, Scliar havia também passado pela experiência de professor visitante em universidades estrangeiras e tinha obras traduzidas em uma dezena de idiomas, entre elas o russo e o hebraico. 
 
O trabalho como médico de saúde pública seria crucial na vida e na obra de Scliar – seu primeiro livro, publicado em 1962, foi uma coletânea de contos inspirados pela prática médica, Histórias de Médico em Formação, volume que mais tarde Scliar excluiria de sua bibliografia oficial por considerá-lo a obra prematura de um autor que ainda não estava pronto.
 
Nos seus livros seguintes, Scliar jamais se permitiria outra publicação prematura. Do mesmo modo como escrevia com velocidade e prazer, Scliar também revisava obsessivamente o próprio texto, a ponto de às vezes reescrever uma obra do zero por ter encontrado um ponto de vista narrativo mais adequado.
 
Se o escritor não tiver prazer escrevendo, o leitor também não terá.” — comentou em uma entrevista concedida quando completou 70 anos, em 2007.
 
Publicado no jornal Zero Hora
publicado por ardotempo às 13:18 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

Pesquisar

 

Fevereiro 2011

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11

Posts recentes

Arquivos

tags

Links