Terça-feira, 15.02.11

Homenagem ao poeta e músico

Sax-O-Phone

 

 

 

Homenagem ao mestre Pedro Gonzaga, escritor, poeta e músico.

 

o aprendizado


Pedro Gonzaga


ainda estava no colégio

quando comecei a tocar saxofone.

depois que as aulas terminavam

eu ficava na imensidão da sala

em meio as tias da limpeza

maltratando o sax weril

que meu pai comprara usado

com dois vazamentos

e três amassões.

então não conhecia coltrane

sonny rollins e gato barbieri

não conhecia paul desmond

charlie parker e cannonball

pouco sabia sobre

boquilhas

palhetas

técnicas de digitação.

eu soprava com a força

destemor

e destempero

tinha no peito

colunas e colunas de ar

para desperdiçar.

pobres tias da limpeza

penso em vocês agora,

que nunca ouviram

minha evolução.

esta melodia de agora

é para vocês,

nobres tias

por nunca reclamarem

do som de pato

enquanto levavam a faxina

depois do trabalho de um dia inteiro.

onde quer que estejam,

benditas tias

quero que saibam que foram

meu melhor público,

o mais gentil,

pois nunca mais encontrei

tamanha tolerância

para a imperfeição.


© Pedro Gonzaga

publicado por ardotempo às 22:40 | Comentar | Adicionar

Por acaso, a receita secreta

Receita da Coca-Cola é revelada e tem coentro

 

A “receita” secreta da bebida mais famosa do mundo foi revelada. Para fazer um litro de Coca-Cola basta ter ingredientes como extracto líquido de folha de coca, óleo de noz-moscada e néroli. O coentro também é necessário para produzir o sabor 7X que entra na composição do xarope que dá o toque especial à bebida.


A descoberta foi feita pela pelo This American Life, um programa de rádio semanal de uma hora, que é transmitido pela Chicago Public Radio, e que encontrou a fotografia da receita na edição de 18 de Fevereiro de 1979 do jornal "Atlanta Journal Constitution", em Atlanta, a cidade de John Stith Pemberton, o homem que inventou a fórmula da bebida em 1885.


Pemberton era farmacêutico e voltou da Guerra Civil viciado em morfina. Para tentar resolver o seu vício fabricou uma bebida alcoólica que tinha coca nos seus ingredientes chamada Pemberton's French Wine Coca. Mais tarde, devido às pressões contra as bebidas alcoólicas, o químico refez a receita sem álcool, mas manteve a coca na sua composição. Nasceu assim a Coca-Cola.


O artigo sobre a Coca-Cola da edição de 1979 do jornal de Atlanta recebeu pouca atenção na altura, mas os produtores do programa da rádio, explica a revista "Time", dizem que ninguém se apercebeu que a fotografia que ilustrava o artigo continha a receita. Segundo a rádio, a receita foi passada à mão, a partir da original de Pemberton, por um amigo do farmacêutico, e estava escrita num livro com receitas de produtos medicinais e unguentos, com uma capa de couro, que foi copiada por amigos e família durante gerações.

 

A receita:


Extracto líquido de folha de coca: 11,07 mililitros (mL)

Ácido cítrico: 90 mL

Cafeína: 30mL

Açúcar: 30 (medida desconhecida)

Água: 9,46 L

Sumo de lima: 0,946 L

Baunilha: 28,35 gramas

Caramelo: 42,525 gramas (a quantidade pode ser maior para dar cor)


O sabor secreto 7X (usa-se 60mL do sabor 7X por 18,927L de xarope)


Álcool: 240 mL

Óleo de laranja: 20 gotas

Óleo de limão: 30 gotas

Óleo de noz-moscada: 10 gotas

Coentro: 5 gotas

Néroli (extracto de flor de um citrino "parente" da laranja): 10 gotas

Canela: 10 gotas


Publicado pelo jornal Público (Lisboa - Portugal) e notícia indicada por Eduardo Pitta (Da Literatura)


Você acredita nesta história? Eu também não mas ela é bem engraçada. Acho que é uma brincadeira dos jornalistas norte-americanos, só para ver o tamanho da repercussão em todo o mundo. Curiosamente, no Brasil, uma agência de publicidade afirma que a felicidade existe e que está dentro de uma lata ou de uma garrafa desse refrigerante. O que será mesmo que eles estão querendo passar com essa mensagem?

publicado por ardotempo às 20:51 | Comentar | Ler Comentários (2) | Adicionar

Tinta china e lápis de cor

Um desenho para uma capa

 

 

 

 

 

Desenho - Tinta china, aguadas a pincel e lápis de cor, sobre papel de gravura Montval 100% algodão

tags: ,
publicado por ardotempo às 18:10 | Comentar | Adicionar

A vida é séria, a arte é alegre

La vida es seria


Enrique Vila-Matas

 

La frase dice: "basta que un libro sea posible para que exista". La encontramos en La Biblioteca de Babel, relato en el que, según algunos, Borges anticipó Internet. Qué pena, por cierto, que nos falte el comentario irónico que habría dado Borges de haberse enterado de que fue un visionario que prefiguró la Red.


La frase borgiana abre La Biblioteca de los libros perdidos, de Alexander Pechmann, que llega ahora a nuestro país en traducción de Juan José del Solar. El divertido libro rescata una serie de obras que por muy diversos motivos, a causa, por ejemplo, de la locura o de la ira (Balzac quemando un manuscrito solo para fastidiar a su mezquino editor), se perdieron o fueron destruidas. Es un libro divertido, quizás porque conecta con el espíritu de "la vida es seria, el arte es alegre", variante que Schiller imaginó para un célebre lema sobre la vida breve y el arte largo.


El libro opta por el arte alegre, y sus páginas huyen de las máscaras de la solemnidad que tanto aterraban a Laurence Sterne, para quien la misma esencia de la seriedad era la maquinación, y en consecuencia, el engaño. El mismo Sterne aparece riendo en el capítulo de los libros falsos que surgen de textos perdidos. Cuando Sterne murió, su mojigato cuñado destruyó sus papeles y solo quedaron unos textos que también se perdieron, pero que reaparecieron años después en forma de memorias. El volumen autobiográfico siempre pareció falso, lo que a un amante del arte alegre como Sterne seguramente le habría divertido. ¿O no le faltan intencionadamente páginas a su Tristram Shandy?

 

 

 

 

He llegado hasta este discreto libro de Pechmann - puntuado por manuscritos póstumos o destruidos, memorias falsas, autores sin obra y libros que nunca fueron escritos - gracias a Robert Derain, buen amigo de mi amigo Jordi Llovet. Como si de un texto perdido de Sterne se tratara, Derain ha reaparecido después de pasar varios años en paradero desconocido. Me llamó y, tras recomendarme el libro, comentó que nuestro país le parece un camarote abarrotado de narradores que escriben como si toda la literatura desde Madame Bovary hubiese sido abolida. Considera, además, que con la próxima llegada al poder de la extrema derecha estas actitudes conservadoras se agrandarán. Habrá una época de sequía y se perderán muchos libros que, en un clima de más alto espíritu, habrían podido surgir. La vida se volverá más seria, dice. Quizás también por eso ha querido recomendarme esta suma de páginas extraviadas que podrá alegrarme en épocas que se prevén peores.


No es un libro precisamente completo, pero es lógico que así sea porque el material es interminable y el texto es breve. Falta, por ejemplo, en el capítulo de "los autores sin obra" una mención a Artistes sans oeuvres. I would prefer not to, de Jean-Yves Jouannais, libro sobre creadores que optaron por realizar obras para sí mismos en lugar de hacerlas para la lógica industrial y que cuenta entre sus héroes a Félicien Marboeuf. Nombrado "mejor escritor (no habiendo escrito nada)" de Glooscap, la ciudad del arquitecto Bublex, Marboeuf fue una especie de Pepín Bello, que tampoco aparece, por cierto, en el libro de Pechmann.


Quien sí está es el empleado bancario Ernst Polak, un vienés que inspiró a Kafka un personaje de El castillo y que no escribió nunca nada propio, pero coleccionaba citas, como si toda su existencia estuviera contenida en esa colección de frases que, según todos los indicios, se ha perdido.


Si un capítulo me ha atraído especialmente, este es el de los manuscritos destruidos. Entre otras escenas, encontramos a Joyce queriendo quemar escritos en una chimenea, cayendo pues en la vulgaridad de tantos. He tomado muchas notas de lectura, pero las he destruido, quizás para poder recomendar con más autoridad este libro sobre páginas que nunca han sido y que, solo a primera vista, parece completo.


Enrique Vila-Matas - Publicado em El País

tags:
publicado por ardotempo às 04:23 | Comentar | Adicionar

Negros fantasmas esfumados em papel

Escritores na sombra


Maria do Rosário Pedreira


 

Tenho um amigo escritor (de grande qualidade, é bom que se diga) que, no seu país, e quando era mais jovem, escreveu a autobiografia de outra pessoa – o presidente de um grande clube de futebol. Calculo que lhe tenha feito algumas entrevistas e lido o bastante a seu respeito – e a verdade é que o homem se reviu no que leu como se tivesse sido ele próprio a redigir o texto (parece que só o título do livro é da sua autoria).

 

Conheço outra pessoa que vive de escrever livros alheios, mas não escreve os seus – e tão-pouco quer que o seu nome apareça sequer como colaborador ou redactor na ficha técnica, mesmo quando lho sugerem; talvez, no seu íntimo, esteja convencido de que um dia ainda há-de escrever alguma coisa que valha a pena e não queira que os leitores identifiquem o seu nome com obras que julga menores (mesmo se escritas pela sua mão).

 

Sei que existem muitos escritores na sombra neste momento em todo o mundo – e Portugal não é excepção – e pergunto-me o que sentirão quando vêem os seus textos serem publicados com a assinatura de outra pessoa. Claro que, nestes casos, a discrição é a alma do negócio e nunca se acusarão, mas não terão pena de que, como acontece nos EUA, o seu nome não apareça na capa debaixo do do (falso) autor? E não gostariam de ocupar o tempo a escrever outras coisas, que pudessem assinar e publicar, em vez daquelas? E, quando um desses livros vende às pazadas, não pensarão no que poderiam ter ganho se fossem (e são) os seus verdadeiros autores? E como serão as pessoas que aceitam ficar com os louros (e o dinheiro) dos que assim trabalham?


Maria do Rosário Pedreira - Publicado no blog Horas Extraordinárias

tags:
publicado por ardotempo às 02:47 | Comentar | Adicionar

Novo filme de Almodóvar

A pele em que vivo

 

 

 

publicado por ardotempo às 02:30 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

Pesquisar

 

Fevereiro 2011

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11

Posts recentes

Arquivos

tags

Links