Sábado, 23.10.10

O romance de Elvis Presley

Função Elvis - Romance de Laure Limongi

 

 

 

 

 

O livro Função Elvis é um romance de Laure Limongi sobre a temática da criação e formação de um mito mediático.

 

Um romance que conta numa linguagem clara, dinâmica, hipnótica, pop, em frases curtas, em capítulos de apenas uma página, de precisão cirúrgica e contemporânea, a trajetória de construção minuciosa da imagem do ídolo universalizado pelo poder de difusão dos meios de comunicação. A criatura imaginária e idealizada, permanente, fora do indivíduo. Uma função. A ascenção e a não queda do mito. Elvis vive. Em milhares de clones multiplicados pelo mundo, em imagens recorrentes, em filmes, em fotografias, em impressões reproduzidas, em canções de rock e baladas, em souvenirs, em imãs de geladeira...Um livro empolgante e magnético, como esses mesmos imãs triviais, como o próprio ídolo, permanente em copyrights, que lhe motiva o tema. Mesmo que sejam peças “únicas” fabricadas na China em quantidades monumentais.

Imagens fotográficas de Gilberto Perin.


 

Função Elvis

Autora: Laure Limongi

Tradução de Jean-Michel Lartigue.

Capa e imagens fotográficas de Gilberto Perin.

Edições ARdoTEmpo, a partir da edição original francesa de Éditions Léo Scheer.

88 páginas.

ISBN nº 978-85-62984-07-5

Edições ARdoTempo, 2010

publicado por ardotempo às 18:39 | Comentar | Adicionar

Cultura e arte - os assuntos negligenciados

Arte, aspirinas e urubus

 

Leonardo Brant

 

Qual a importância da arte em nossa sociedade?

Como responder a essa pergunta quando sequer conseguimos definir o que é arte? Qual a função política da arte? Podemos atribuir um papel a ela?

 

Cidadania, cultura, educação: o que isso tudo tem a ver com arte? Precisamos deixar de enxergar a arte (e consequentemente, o artista) por sua fragilidade, delicadeza, como algo que precisa ser sustentado pela sociedade. Estamos acostumados a colocar a arte numa redoma, num lugar de proteção, de cuidado.

 

O artista, então, passa a ser visto como alguém descontectado do mundo real, alguém que precisa tratamento especial, precisa ser protegido, celebrado, celebrizado. E, portanto, aprisionado. A arte sustenta a sociedade, oferece sentido, significado, razão e emoção. Sem ela, não sabemos por que existimos, o que estamos fazendo aqui, para onde vamos, como devemos olhar e se relacionar com o outro, com a natureza. Subordinada a qualquer instância de poder (de cunho religioso, ideológico, do Estado ou da economia) a arte, tanto quanto a filosofia e a ciência (não seriam formas de arte?), tornam-se poderosos instrumentos de manipulação. Uma arte moral, a serviço de determinada visão de mundo, desconectada de uma ética mais profunda, universal.

 

Precisamos (e podemos) redimensionar o tempo e o lugar da arte nas sociedades contemporâneas (videocráticas, do consumo, do espetáculo). A política, o mercado (se é pelo capitalismo, usemos suas armas), o processo de formação (cultural e educacional) são nossos meios de construção de uma nova ética que catapulte a arte e o artista a outro patamar. Mas estão cada vez mais consumidos por grupos de interesses (econômicos, partidários, ideológicos). Uma arte livre e democrática não tem a ver apenas com a liberdade de criação dos artistas e com a manutenção de espaços de expressão dessa liberdade. Tem a ver, sobretudo, com o estímulo e o desenvolvimento da capacidade artística do cidadão, com a conquista de sua autonomia e independência, permitindo-o escolher e definir seus próprios referenciais estéticos, éticos e identitários, frente à enxurrada de informações e mensagens subliminares, presentes em todos os tipos de arte, do cinema à publicidade, passando pelas paisagens urbanas e pelos ritos e ritmos da vida cotidiana, que nos permite viver sem pensar, sem sentir, sem olhar. Precisamos formar artistas. Não artistas de profissão (isso é escolha de cada um).

 

Precisamos criar cidadãos capazes de ler, de compreender o sentido mais profundo da vida, de encontrar este sentido nas atitudes mais simples. De viver e conviver com ética e verdade.

 

Leonardo Brant - Publicado no blog Cultura e Mercado

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publicado por ardotempo às 17:47 | Comentar | Adicionar

O encontro possível

Carta para o amigo


Mariana Ianelli

 

 


Não falo em destino, porque destino hoje é palavra mal reputada, mas a verdade é que ter te encontrado uma noite sob um tropel de estrelas não tem nada que ver com o acaso. A fotografia inexistente de nós dois, ali, como velhos amigos desde o começo, é a imagem que me fica depois de tanto tempo.


Quanto pesem os maus bocados, as páginas rasuradas e sem nexo da minha vida, sempre te encontro debaixo de um céu imenso, num sossego que torna ridículo qualquer acesso de impaciência. E que vida cinzenta seria a minha se não estivesse ali contigo, se apesar de tudo não conseguisse estar, se inventasse uma desculpa por medo, medo da noite, medo do sossego, medo dos teus olhos tocando os meus, lá no fundo de um poço, como só aqueles que se amam sabem fazer. Mas até hoje alguma coisa em mim foi maior do que o medo, alguma coisa de bicho desaçamado que fareja a terra e se sente bem.

 

Quem sabe um dia eu me esqueça, quem sabe, depois de tudo, a vida fique cinzenta, já vi isso acontecer a muita gente, esse desencanto, essa focinheira, esse cansaço de quem não tem mais lá no fundo dos olhos além de um poço seco.


Mas digamos que não aconteça, que eu ponha os meus olhos nos teus sempre com o mesmo bulício de água fresca. Digamos que seja assim, que todas as noites eu compareça, como se fosse cada noite uma estrela dentro de uma única noite imensa. Digamos, por enquanto: este encontro é possível.

 

 

 


Mariana Ianelli - Publicado em Vida Breve

publicado por ardotempo às 15:42 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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