Sábado, 21.08.10

Brinquedos populares

Rústico

 

 

 

Cavalinho de pau - Artesanato popular - Brinquedo rústico antigo, feito de lenho (Interior do Rio Grande do Sul RS Brasil)

publicado por ardotempo às 14:58 | Comentar | Adicionar

"O mar anda/ e a água canta"

"O mar anda/ e a água canta”


José Mário Silva

Quando a Alice tinha três anos (quase a fazer quatro), viu-me certo dia a rabiscar furiosamente um moleskine e perguntou logo: «O que é que estás a fazer, papá?» Expliquei-lhe que era um poema e ela ficou ao meu lado, silenciosa, a ver os traços deixados pela tinta negra da Bic.

 

Na manhã seguinte, apanhei-a deitada no chão do quarto, a rabiscar furiosamente um caderno. A página estava cheia de gatafunhos ilegíveis, mas muito bem ordenados, linha a linha. Pormenor importante: as linhas não chegavam ao fim da página. Foi a minha vez de perguntar: «O que é que estás a fazer, Alice?» E ela, como já terão adivinhado, respondeu: «poemas».Só isto já merecia ser contado, mas a história não acaba assim.

 

Quando peguei no caderno, apercebi-me de que o primeiro poema tinha apenas duas linhas. E fiz a pergunta óbvia: «Podes dizer-me, Alice, o que está escrito aqui?» Então ela aproximou-se e leu, muito desembaraçada, apontando o seu pequeno dedo aos gatafunhos:

 

«O mar anda /

e a água canta».

 

Eu nem queria acreditar no que tinha ouvido. Pedi-lhe que repetisse. O dedinho lá seguiu o primeiro verso,

 

«O mar anda»,

 

e depois o segundo,

 

«e a água canta».

 

O espanto, o espanto, o espanto. Fiquei a repetir os dois versos, a apreciar a sua música, a sua ressonância helénica (um vislumbre de Ulisses e as sereias), perplexo com isto de uma criança de três anos ser capaz de criar assim, out of the blue, um dístico que, perdoem-me o exagero, pede meças a muita coisa que se vê para aí publicada.

 

Agora, se um dia a Alice se tornar poeta e lhe perguntarem quando é que começou a escrever poemas, ela pode responder com a data exacta: 3 de Janeiro de 2009. E acrescentar os dois versos:

 

O mar anda/ e a água canta.

 

O entusiasmo foi tal que a Alice, à noite, teve dificuldade em adormecer. «Estou a pensar nos meus poemas», dizia ela, com os olhos a piscarem de sono.

 

Disse-lhe que dormisse, que sonhasse com palavras e que na manhã seguinte escrevesse mais versos no caderno. E assim aconteceu.

 

O primeiro contacto directo com a poesia foi tão belo e espontâneo que não merecia prolongamentos forçados. O reencontro acontecerá quando tiver de acontecer. E nessa altura ela saberá que o pai não se esqueceu dos seus primeiros poemas, escritos quando ela ainda nem sequer sabia escrever.


José Mário Silva - Publicado no blog  Bibliotecário de Babel

tags: , ,
publicado por ardotempo às 13:44 | Comentar | Adicionar

"Hacia afurea y hacia adentro"

Os Limites do Impossível – Os Contos Gardelianos

 

José Maria del Rey Morató


El correo trajo a mi casa, hace dos o tres meses, esta obra escrita por Aldyr Garcia Schlee (Porto Alegre, RS Brasil - Ardotempo, 2009). No había tenido tiempo, hasta ahora, para entrar a sus páginas.


Por otro lado supe que el autor, cuando tenía diecisiete años, ganó un concurso: desde entonces la selección de fútbol de Brasil viste la camiseta “canarinho” diseñada por Aldyr.


El dr. Garcia Schlee escribió “El día que el Papa fue a Melo” y presentó el libro en Montevideo en 1991. Sobre la idea de ese libro se hizo, años más tarde, la película “El baño del Papa”, que ganó varios premios y gusta mucho al público uruguayo. Garcia Schlee es un hombre de la frontera de los pagos cercanos al río Yaguarón. Cultiva, con tesón y de varios modos, un fuerte cariño por el pueblo de Uruguay.


Y ahora tengo ante mis ojos este nuevo libro suyo en donde cuenta, por las voces de varias mujeres, del nacimiento de Carlos Gardel en Tacuarembó, Uruguay.


Creo que Gardel debe haber sonreído después de haber leído la última frase de Aldyr: “cada vez canta melhor”. También puede haber pensado: “otra vez con la historia de siempre”. Porque Gardel nunca entendió que la gente siguiera hablando de estas cosas: en qué país nació y quiénes fueron sus padres. Son cosas privadas, siempre sufrió mucho, nunca pudo arreglar esas cosas, no le gusta hablar de ellas; pasó tanto tiempo...


Siempre tuvo claro que alcanzó el éxito en esa gran caja de resonancia que es Buenos Aires.


Recordó que todos sus documentos – expedidos por autoridades de distintos países – decían, unánimemente, que había nacido en Tacuarembó, Uruguay.
Pero nunca se le había ocurrido pensar que un escritor fuera capaz de reunir a doce mujeres que vivieron por allá lejos, en aquellos años de la década de 1880, y consiguiera que ahora le contaran cosas… En esos cuentos Gardel oye, de nuevo, sonar los nombres familiares: don Carlos, el Tano, Juana, Clara…
Sí, ya se sabe: “Os limites do impossível” es un libro de cuentos. Dice cosas imaginadas o inventadas por Aldyr. No habría de qué preocuparse.


Pero qué otra versión sobre un nacimiento puede superar a la de la mujer, a la de las mujeres, estas mujeres, estas doce mujeres que sabían mucho de aquellas historias.


Carlos Gardel cerró el libro y dijo en voz alta: “El dr. Aldyr pasó los límites de lo imposible dos veces: hacia afuera y hacia adentro. Estas cosas que inventó – que imagina que las mujeres le contaron – son las mismas que dicen los documentos”.


¿No halla?

José Maria del Rey Morató

tags: , ,
publicado por ardotempo às 13:10 | Comentar | Adicionar

Tempo

 

"A vida é feita de encontros e desencontros. Nisso está a sorte. O tempo é o único deus que está presente, que é real e tangível, comum a todos. Por seu capricho, a sorte de cada um será individualizada. É um deus interferente, maníaco, capaz de nos fornecer algumas alegrias e a incontornável tristeza. A ele todos temos que nos submeter e aceitar seus desfechos sem razão, sua desordem sem justiça, sua ironia sem contemplação. É ele que determina, brincalhão e mau, a sintonia entre alguns e a ansiedade, precoce e tardia, de quase todos. Ele se fará, independente e rebelde a arbítrios individuais e libertos, mais largo ou bem mais curto, apenas para que saibamos que, em sua essência sagrada, ele é igualmente finito."

publicado por ardotempo às 12:35 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

Pesquisar

 

Agosto 2010

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
16
20
25
28

Posts recentes

Arquivos

tags

Links