Domingo, 13.06.10

Lançamento de Treva Alvorada - Livraria da Vila (São Paulo)

Poesia

 

 

Uma festa bonita com presença de muito público. Foi um notável sucesso o lançamento do sexto livro de poesias de Mariana Ianelii - Treva Alvorada, na Livraria da Vila (Alameda Lorena) em São Paulo, na noite de quinta-feira, dia 10 de junho.

Fotografia de Petronio Cinque

publicado por ardotempo às 20:21 | Comentar | Adicionar

Pintura

Auto-retrato

 

 

Miquel Barceló - Moi/Yo - Pintura / Técnica mista, 2005

publicado por ardotempo às 16:26 | Comentar | Adicionar

Palavras da rua

O que está nos muros da cidade

 

 

 

"As frases verdadeiras estão sempre relacionadas com uma ferida profunda". - Herta Müller (Prêmio Nobel de Literatura 2009, Romênia)

Imagem: Cartaz espalhado e colado pelos muros e paredes da cidade de Porto Alegre, 12 de junho de 2010

publicado por ardotempo às 15:41 | Comentar | Adicionar

Calvário Andino

Cristo en las salitreras

 

J. Ernesto Ayala-Dip

 

El novelista chileno Hernán Rivera Letelier es dueño de un mundo propio. Se fragua ese mundo con el oficio de la frase bien construida, como si fuera concebida para el oído, y el empeño indeclinable de la invención. Rivera Letelier es un fabulador nato. Es consecuente con un paisaje físico que parece siempre el mismo. Suelos áridos, desérticos, proclives al espejismo. Y probablemente a los asuntos humanos más insospechados. Una suerte de sobrenaturalidad táctil, casi contagiosa. No faltan en ninguna de sus novelas los páramos de salitres. Las salitreras. Y en ese mar de soledad lunar están los cúmulos de gentes resignadas a su suerte: la pobreza, el caciquismo y la arbitrariedad. Estos elementos no están por estar. Tienen una función narrativa. Facilitan la inclusión de la imaginación. Hacen que la verdad humana lo sea en la medida en que la verdad estética despliegue su poder de convicción. En territorios tan inhóspitos, un llamado de la fábula más inesperada es una luz. (Los parajes míticos, tan familiares en la literatura latinoamericana). Ese llamado puede ser una orquesta perdida en el desierto o un malabarista del balón, una especie de Mesías que un remoto pueblito salitrero espera con unción: Fatamorgana de amor con banda de música y El fantasista, novelas en la que Rivera Letelier crea figuras legendarias, dispositivos imprescindibles para metabolizar con infalible eficacia la realidad representada. En estas novelas el autor chileno resume su filosofía de la novela.

 

En El arte de la resurrección, el autor vuelve a su sistema narrativo. Retorna a su paisaje habitual. La soledad recurrente y hostil. Ahora la historia transcurre al lado de una oficina salitrera. Volvemos a situarnos al norte de Chile, casi al borde de Bolivia. Un hombre, Domingo Zárate Vega, es durante 22 años el Cristo de Elqui. Un hombre de 40 años que deambula atizando a los explotadores y descreídos auténticas proclamas redentoras. De pueblo en pueblo su palabra aglutina a los que necesitan consuelo y esperanza. Los pobres, los tullidos y los mudos. Pero el cuadro no estaría completo si no se le sumara al infatigable mártir de los pecados del mundo la prostituta Magdalena. Contra lo que pudiera parecer, no estamos ante una parodia. Tampoco ante un dispendio de ironía y humor, aunque ambos existan en sus dosis imprescindibles. Domingo Zárate Vega se mete en la figura de un Cristo chileno que cree estar llamado a repetir en las salitreras la experiencia existencial y apostólica del fundador del Cristianismo. La resurrección es una cuestión capital en la interpretación del Cristianismo y en la investigación de la figura histórica de Jesucristo. Sin resurrección no hay fe, dicen unos; sin resurrección hay igual un hombre que viene al mundo a luchar por la justicia y la compasión, afirman otros. La figura de Magdalena tampoco es casual en la novela. Ningún evangelio afirma taxativamente que Magdalena haya sido una prostituta, aunque sí los hay que afirman que era una pecadora. En la novela de Hernán Rivera Letelier, su título y la presencia de Magdalena nos recuerdan que hay una teoría que atribuye la resurrección a la impresión que se llevó Magdalena al ver el cadáver de su maestro (¿o amante?). Una impresión real, probablemente la auténtica conmoción cristiana ante un cuerpo real, devino con el tiempo en relato. Desconozco los conocimientos bíblicos de Rivera Letelier. ¿Y si esta novela fuera también una relectura de Cristo? ¿Una relectura progresista de los Evangelios, una interpretación terrenal?

 

Encontré en El arte de la resurrección una fisura que su autor no atinó a disimular. La insistencia del narrador (me refiero a la voz que narra desde una ambigua tercera persona) en adjetivar a su protagonista de mil maneras posibles me reafirma en la creencia de que Rivera Letelier apuró la extensión de su novela. O calculó mal el dibujo de su héroe, que hubiera necesitado tal vez menos atributos barroquizantes y más densidad psicológica. Hernán Rivera Letelier ha escrito una buena novela. La idea de una especie de loco premeditado en el desierto, vociferando en nombre de Cristo su diagnóstico moral de la sociedad de su tiempo (los años cuarenta) y de todos los tiempos, tiene gancho novelístico y el autor chileno ha sabido explotarlo. Recuerdo siempre unas palabras de Harold Bloom: "Puede que Jesús fuera un enigma hasta para él mismo". ¿Y si Domingo Zárate Vega fuera él también un enigma? O el personaje que me parece que también se está mereciendo otra novela.

 

J. Ernesto Ayala-Dip - Publicado em Babelia / El País

tags:
publicado por ardotempo às 15:34 | Comentar | Adicionar

"Prefiro não vê-lo a não vê-lo"

Mudanças na rua Duvivier

 
Ferreira Gullar

 
Que as coisas mudam, a gente sabe, mas nem sempre se repara. Felizmente.

 

E eis que, hoje, indo por minha rua, a Duvivier, em direção à praia, após cruzar a avenida Nossa Senhora de Copacabana, me dou conta de que, do outro lado da rua, vizinha à farmácia, mudaram a fachada e as vitrinas de uma loja: está tudo novo, iluminado.E lembro que ali ficava uma barbearia, cujo dono vivia me pedindo que cortasse o cabelo com ele. Eu prometia sem a intenção de atendê-lo, uma vez que corto o cabelo com o Darcy, excelente cabeleireiro, mais de senhoras que de senhores.Um dia, porém, ao passar em frente à sua loja, entendi a razão do pedido: é que, na vitrina, punha fotos de pessoas conhecidas, seus fregueses ilustres: um deles era Mário Lago; outro era Braguinha, que morava aqui perto, na Barata Ribeiro.

 

E então me dei conta de que o simpático cabeleireiro havia sumido para sempre, ele e sua barbearia. Essa descoberta de distraído me levou a antigos desaparecimentos e mudanças, ocorridos na minha rua, a começar pelas várias boates que fecharam as portas para sempre. É que esta era uma área de intensa vida noturna, nos anos 50 e 60.Basta dizer que, quase em frente à falecida barbearia, está o Beco das Garrafas, onde teria nascido a bossa nova.

 

O beco ganhou esse nome, segundo consta, porque os vizinhos, que moravam em cima da boate, atormentados com o barulho dos músicos e dos bebuns, alta madrugada, jogavam garrafas sobre eles. Hoje, na esquina do beco, há uma pequena loja especializada em coisas ligadas à bossa nova.Outra boate que fechou foi a que havia debaixo de meu apartamento e não me deixava dormir. Hoje, em seu lugar, há uma silenciosa loja de móveis usados, frequentada, altas horas da noite, só pelos falecidos donos daqueles antiquados guarda-roupas de espelho na porta; mas fantasmas não fazem barulho.

 

Barulho mesmo fazia a Banda do Viver que, semanas antes do Carnaval, ocupava a área livre em frente a um casarão desabitado. Um dia o demoliram, construíram um hotel de muitos andares, e a banda passou a se concentrar debaixo de minha janela, num palanque com alto-falante e tudo. Esse tormento acabou de repente porque o responsável pela banda morreu.Não sonhava com solução tão drástica, mas a vida, às vezes, engrossa. Devo admitir, porém, que, sem a Banda do Viver, minha vida, durante o Carnaval, melhorou. Só durante o Carnaval porque, ao longo do ano, depois que construíram o tal hotel, piorou: é que ele tapa o sol que iluminava minha sala, todas as manhãs; agora, só depois das 11h, ali penetra por alguns minutos.Como a vida muda e tudo muda, minha esperança é que, um dia, esse maldito hotel seja demolido também. Sei que é nada provável, mas um pouco de insensatez ajuda-nos a viver, como ensina o inolvidável cavaleiro Dom Quixote de la Mancha.

 

Outra coisa que mudou para melhor foi uma turma que ficava ali na esquina com a Ministro Viveiros de Castro. Um deles tinha uma caminhonete de fretes, que estacionava sempre na passagem de pedestres; outro vendia móveis usados, que colocava junto à grade do prédio da esquina. Essa turma passava o dia ali, um sentado numa poltrona velha, outro na beira de um estrado de cama, ocupando a calçada.O mandão do grupo era um barrigudo, de barba por fazer e sem camisa. Certo dia, o vi montado sobre um dos colegas, socando-lhe a cara. Tomei horror a ele.

 

E não é que, de repente, sumiram todos? Um tempo depois, na mesma esquina apareceu um sujeito que vivia deitado numa colcha velha e que, quando se levantava, mal conseguia andar.À noite, desaparecia, mas, no dia seguinte, estava lá outra vez. Faz uns dois meses que sumiu também, creio que para sempre.

 

Essas foram mudanças ocorridas na rua. Há, porém as que se passaram dentro de casa, mais perto de mim. Dentre elas, a mais recente e sentida foi a perda de meu gato, chamado Gatinho, que daqui saiu em meus braços, certa madrugada, quando o levei a uma clínica na rua Santa Clara, donde não voltaria mais; a não ser, num momento ou outro, quando o sinto roçar em minhas pernas, debaixo da mesa, sem que me atreva a espiá-lo. Prefiro não vê-lo a não vê-lo.

 


 
Ferreira Gullar - Publicado na Folha de São Paulo / UOL

tags:
publicado por ardotempo às 15:27 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

Pesquisar

 

Junho 2010

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
15
25
26
30

Posts recentes

Arquivos

tags

Links