Puras Misturas; no Pavilhão das Culturas Brasileiras
A exposição “Puras Misturas”, anuncia a criação do Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera. A instituição ocupará o Pavilhão Engenheiro Armando Arruda Pereira, um edifício de 11 mil metros quadrados projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1950, tombado pelos órgãos de patrimônio histórico municipal, estadual e federal.
Depois de sediar eventos como a Bienal de Artes de São Paulo (1953) e o Pavilhão dos Estados durante o IV Centenário de São Paulo (1954), o prédio deixou de ser utilizado como espaço cultural para abrigar, por quase quatro décadas, a Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo) e agora retorna a sua vocação original.
A Exposição de Lançamento da Instituição
Em “Puras Misturas”, os visitantes conhecerão uma parte do acervo do futuro museu. Serão exibidas peças de arte erudita, popular e indígena adquiridas recentemente pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico, ou vindas de outras coleções públicas, com destaque para o acervo do antigo Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima, que desde o ano passado pertence à Secretaria e a Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade. A curadoria geral é de Adélia Borges, e Cristiana Barreto é a curadora geral adjunta.
A exposição celebrará a riqueza e diversidade da cultura do Brasil, apresentando um diálogo entre variadas formas de criação artística produzidas em diferentes tempos e lugares. “Ao construir diálogos entre as culturas letradas e iletradas, ou cultas e populares, será possível evidenciar como ambas se alimentam mutuamente, num processo permanente de recriação e ressignificação, que acaba por tornar equívoca a própria oposição entre essas duas esferas”, afirma Adélia Borges.
A expressão “Puras Misturas”, cunhada pelo escritor João Guimarães Rosa em carta a um amigo, foi escolhida para esse projeto por sua afinidade com o conceito da exposição. “Tomamos emprestada essa expressão paradoxal e contraditória porque ela expressa com poesia a miscigenação que constitui a força maior da cultura brasileira. E esse processo é dinâmico, está sempre se reinventando”, diz Adélia.
Viva a Diferença!
Na entrada do Pavilhão, está montada uma instalação “usável” com 65 banquinhos (de um total de 88 que se revezarão durante a mostra), de variados formatos e materiais, onde os visitantes poderão sentar. São bancos confeccionados por povos indígenas, por comunidades artesanais de várias partes do país, por artesãos contemporâneos e por designers como Sergio Rodrigues, Carlos Motta, Marcelo Rosenbaum, Michel Arnoult, Nido Campolongo, Claudia Moreira Sales, Lina Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki.
Abre-Alas
Na sequência, esculturas e objetos utilitários conduzem os visitantes a uma viagem ao Brasil profundo. Nesse módulo estão obras de artistas como Bispo do Rosário (RJ), Getúlio Damado (RJ), José Francisco da Cunha Filho (PE), José Maurício dos Santos (CE), Mestre Fida – Valfrido de Oliveira Cezar (PE), Paulo Laender (MG), Tamba – Cândido Santos Xavier (BA) e Véio – Cícero Alves dos Santos (SE), entre outros.
Da Missão à Missão
Uma linha do tempo, construída em um painel de 180 metros de comprimento, faz um histórico das principais iniciativas de difusão da diversidade da cultura brasileira. O painel terá início com a Missão de Pesquisas Folclóricas realizada em 1938 por iniciativa de Mário de Andrade, passando por nomes como Gilberto Freyre, Aloisio Magalhães e Lina Bo Bardi, até chegar ao projeto do Pavilhão, cuja missão será “pesquisar, registrar, salvaguardar e difundir a diversidade cultural brasileira”. Esse módulo contou com a participação de Vera Cardim na equipe de curadoria.
Fragmentos de um Diálogo
É o módulo propositivo do Pavilhão das Culturas Brasileiras. Com a participação de José Alberto Nemer na equipe de curadoria, o módulo tem manifestações culturais distintas que se sucedem num percurso contínuo, com caráter assumidamente fragmentário, como teasers de exposições a serem desenvolvidas pela instituição posteriormente.
Ele reúne obras de artistas “eruditos”, como Alex Flemming, Di Cavalcanti, Emmanuel Nassar, Farnese, Fulvio Pennacchi, Luiz Hermano, Mauro Fuke, Rubem Grilo, Samico, Tarsila do Amaral, Vicente Rego Monteiro Victor Brecheret, e “populares”, como Alcides Pereira dos Santos, Artur Pereira, J. Borges, José Antonio da Silva e Zé do Chalé. Entre os designers, há peças dos irmãos Campana, Ronaldo Fraga e Lino Vilaventura. A arte indígena estará representada com de diferentes povos, como os Mehinako, do Mato Grosso, os Tukano, do Amazonas, e Kadiweu, do Mato Grosso do Sul, além da produção artística marajoara.