Quarta-feira, 03.02.10

Os espiões

Os espiões
 
Autor: Luis Fernando Verissimo
Editora: Dom Quixote (Portugal) / Alfaguara (Brasil)
N.º de páginas: 171
ISBN: 978-972-20-3922-2 (Portugal)
ISBN: 8560281991 (Brasil)
Ano de publicação: 2009
 
O narrador de Os Espiões (primeiro romance escrito de moto próprio por Luis Fernando Verissimo) é um «camaleão» imperfeito que deseja desaparecer «contra o fundo» mas nunca consegue. Responsável, numa pequena editora, pela selecção de originais e pelas cartas de recusa, ele afoga em álcool a sua insatisfação profissional e familiar, até ao dia em que começa a receber às prestações o manuscrito de uma certa Ariadne, candidata a escritora, cujo projecto literário consiste em revelar a sua história de amores proibidos e crimes de sangue numa cidade do interior (Frondosa), suicidando-se no fim.
 
Apesar dos erros ortográficos e da ausência de vírgulas, o texto deslumbra tanto o editor como os amigos com quem costuma discutir no bar do Espanhol. Acreditando na veracidade do relato, o grupo decide montar uma «Operação Teseu» que inverta o mito e salve Ariadne, presa ainda no labirinto (à mercê de um temível Minotauro de apelido italiano) ou já em Naxos, aguardando um Dionísio que a redima.
 
Exímio na caracterização das personagens, Verissimo oferece-nos uma galeria de tipos inesquecíveis, de que fazem parte o Professor Fortuna, especialista em sexo tântrico sem contacto físico e em tiradas definitivas sobre autores que não leu («A literatura terminou com Sófocles. Tudo que veio depois é post-scriptum.»); o «Uruguaio», milionário que ganhou a sua fortuna ao apostar contra o Brasil na célebre e traumática final da Copa do Mundo, em 1950, esbanjando o dinheiro, desde então, para expiar a culpa; e Afonso, director do jornal Folha de Frondosa, estalinista empedernido que procura, à falta de revoluções, criar uma «rosa de um vermelho inédito» – a que chamaria, claro está, Rosa Luxemburgo.
 
Nunca perdendo o fio da narrativa (muito bem arquitectada, com os vários elementos da intriga a encaixarem-se na perfeição), o escritor gaúcho conseguiu urdir uma história sólida mas leve, alucinante e divertidíssima, onde cabem De Chirico e Sylvia Plath, conspirações e plágios, sequestros e resgates, cemitérios e bordéis, exercicíos meta-ficcionais e crónica de costumes, literatura e futsal. Em duas palavras: uma delícia.
 
 

 

José Mário Silva - Publicado no blog Bibliotecário de Babel 

publicado por ardotempo às 13:50 | Comentar | Adicionar

A publicidade

 

A publicidade não é Arte 

 

 

"A publicidade é um negócio, de valores fabulosos e de muito poder. É feita para vender, para alcançar resultados pela redundância e pela repetição exaustiva. Funciona muito bem ao que se propõe. Não pode ser Arte a ausência da surpresa e rarefação absoluta de sua permanência. A sua função é fazer funcionar o comércio ou convencer as pessoas a aderir a algo sobre o que ainda não tinham pensado, nem estavam, de fato, precisando. A publicidade é o anúncio do dia, pisoteado no chão, após cumprir seu objetivo de transmitir uma mensagem, verdadeira ou não. Apenas isso." - Elio Mirrado, 1981

 

 

 

 

 

Itaci Batista - O anúncio na calçada - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010

publicado por ardotempo às 00:03 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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