Terça-feira, 19.01.10

O mago

Fotografia

 

 

 

Mário Castello - O mago - Fotografia (São Paulo SP Brasil)

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Democracia Zero - Assembleísmo Militante

Ideia fixa

 

 

 

 
No primeiro mandato de Lula, houve dois atentados frustrados contra a liberdade de expressão e, em particular, a de imprensa, direitos da sociedade inscritos na Constituição.
 
Foram eles a proposta, maquinada no Ministério da Cultura, de uma agência (Ancinav) destinada a controlar a produção audiovisual do país, e a criação de um órgão paraestatal, o Conselho Federal de Jornalismo, idealizado com o objetivo de patrulhar as redações da imprensa profissional e independente.
 
Agora, no final do segundo mandato, e, talvez não por coincidência, às portas da campanha eleitoral, a ideia fixa de grupos do governo de acabar com a liberdade de imprensa volta a se manifestar.
 
Depois do contrabando liberticida incluído no “programa de direitos humanos”, e da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), virá mais uma investida antidemocrática, contra a imprensa, como noticiado domingo pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Trata-se da 2ª Conferência Nacional de Cultura, agendada para março.
 
Este encontro, assim como o de comunicação, usa o mesmo kit aplicado, por exemplo, na Argentina, importado originalmente da Venezuela, para dar tinturas de legitimidade a propostas autoritárias de controle da mídia: fazem-se inúmeras reuniões regionais para que a militância discuta propostas.
 
Tudo encenação, pois apenas um lado é ouvido. Na Argentina, a manobra foi executada na formulação da Lei de Meios, sob medida para debilitar os dois maiores grupos independentes de comunicação do país, o “Clarín” e “La Nación”.
 
Aprovada por um Congresso controlado pelos Kirchner, a lei já foi em parte revogada pela Justiça, por inconstitucional. E o novo Congresso, de oposição, deverá pulverizá-la de vez.
 
Os mesmos alquimistas do autoritarismo que destilaram a Ancinav, no governo passado, atacam agora pelo método do assembleísmo militante. E novamente reaparecem chavões como “o controle social ” dos meios de comunicação, ataques ao “monopólio” no setor —, embora haja nele vários grupos em intensa competição.
 
Também como no “programa de direitos humanos”, usa-se o macete da “transversalidade” para permitir que, na formulação de uma política de cultura, se trate de censura à imprensa.
 
A sucessão de investidas contra as liberdades, originadas no governo Lula, faz lembrar o quão amplo foi o arco da aliança política que lutou contra a ditadura.
 
Nela também havia grupos autoritários de esquerda, não democráticos, que apenas queriam substituir uma ditadura por outra. Usavam a luta pela redemocratização como tática, contra um inimigo comum. São partidários dessa visão ideológica que, atuantes no Executivo, forçam o governo a assumir propostas inaceitáveis.
 
E Lula, pelo visto interessado em obter dividendos eleitorais dessas facções, nada faz para contê-las.
 
Publicado no Blog do Noblat
publicado por ardotempo às 13:02 | Comentar | Adicionar

Desenho de Siron Franco

Desenho inédito

 

 

 

Siron Franco - Sem título - Desenho (Aparecida de Goiânia GO Brasil), 2009

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Segunda-feira, 18.01.10

A noiva

Itaci Batista

 

 

Itaci Batista - Rua São Caetano, a rua das noivas - São Paulo - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010

 

publicado por ardotempo às 14:28 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Haitis, tsunamis, furacões Katrina e Catarina

Queimada na floresta, soja transgênica no campo infinito, pré-sal, petróleo do Iraque, bio-combustível, energia do vento, transposição de rios, port-au-prince, muro na favela, enchentes, nevasca, muro na fronteira... E há quem pense em futibol.

 

A jornada no espaço e no tempo

 
No Reino Unido, sobrou pouca terra para cultivo e para nos alimentar, mas nós e os refugiados poderemos, de qualquer forma, não ser capazes de o fazer, porque a maioria absoluta de nós é urbana, e praticamente ignora a vida além da cidade, não entendendo que todas as nossas vidas dependem dele.
 
As visões tão íntegras e bem-intencionadas da União Europeia para "salvar o planeta" e promover o desenvolvimento sustentável com o uso apenas de energia "natural" poderiam ter funcionado em 1800, quando havia apenas um bilhão de seres humanos no mundo, mas agora não podemos nos dar a esse luxo. De fato, à sua própria maneira, a ideologia verde que agora parece inspirar o norte da Europa e os Estados Unidos poderá, afinal, ser tão prejudicial ao meio ambiente real quanto o foram as ideologias humanistas anteriores. Se o governo do Reino Unido persistir em forçar os esquemas dispendiosos e nada práticos da energia renovável, em breve descobriremos que quase tudo o que resta da nossa região rural será usado para a produção de biocombustível, geradores de biogás e parques eólicos de escala industrial - tudo isto no exato momento em que precisaremos de todo o campo existente para o cultivo de alimentos.
 
 
Não se sinta culpado por optar por essa bobagem: um exame mais profundo revela que ela é um elaborado embuste criado pelo interesse de algumas nações cujas economias se enriquecem a curto prazo pela venda de turbinas eólicas, usinas de biocombustível e outros equipamentos energéticos supostamente verdes. Não acredite por um momento sequer na conversa de vendedor de que isso salvará o planeta. A conversa mole dos vendedores tem a ver com o mundo que eles conhecem, o mundo urbano. A Terra real não precisa ser salva. Pôde, ainda pode e sempre será capaz de se salvar, e agora está começando a fazê-lo, mudando para um estado bem menos favorável a nós e outros animais. O que as pessoas querem dizer com o apelo é "salvar o planeta como o conhecemos", e isso agora é impossível.
 
James Lovelock  (A vingança de Gaia)

 

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publicado por ardotempo às 13:01 | Comentar | Adicionar

Originalidade

 

 “A los que buscan originalidad habría que decirles que buscarla es una manera poco sutil de lograrla, ya que para conseguirla les bastaría con ser ellos mismos.
 
(De Bioynventario, en El viajero más lento - © Enrique Vila-Matas)
publicado por ardotempo às 12:31 | Comentar | Adicionar

A pintura magistral de Nestor Candi

Nestor Candi

 


 

Nestor Candi - Natureza morta com sol - Pintura, óleo sobre tela (Porto Alegre RS Brasil) 

 

Veja o sítio do professor.pintor.escultor Nestor Candi:

www.nestorcandi.com

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publicado por ardotempo às 10:57 | Comentar | Adicionar
Domingo, 17.01.10

Pactos

Deus e o Diabo no Haiti
 
Luis Fernando Verissimo
 
O evangélico Pat Robertson, um dos líderes da direita religiosa americana, tem uma explicação para as desgraças do Haiti que culminaram com esse terremoto demolidor.
 
Um dos países mais miseráveis do mundo, com uma história ininterrupta de privações, violência e instabilidade política, o Haiti estaria pagando por um pacto que fez com o Diabo em 1804, quando pediu sua ajuda para expulsar os colonizadores franceses e tornar-se uma república.
 
Desde então, os haitianos viveriam sob uma maldição. O terremoto, segundo Pat Robertson, é apenas o castigo mais recente. Mas o religioso pediu a seus fiéis que rezassem pelos haitianos. E, presumivelmente, pedissem a Deus que esquecesse velhos ressentimentos e lhes desse uma folga.
 
Se o Diabo ajudou mesmo os haitianos contra os franceses foi por uma causa nobre. O Haiti foi o primeiro país do mundo a abolir a escravidão, dando um exemplo que custou a ser seguido pelos outros.
 
A república, também inédita, fundada depois da expulsão dos franceses era de ex-escravos, e acolhia escravos fugidos ou alforriados de outros países. E se Deus os castigou por esta audácia, não foi o único.
 
A França exigiu e recebeu reparação pela colônia perdida, o que aleijou a economia da nova república por muito tempo. A vizinhança com os Estados Unidos também não ajudou. Os americanos chegaram a ocupar o Haiti durante vinte anos, sem muito proveito para o país.
 
Grandes negócios foram feitos na época dos ditadores Papa Doc e Baby Doc Duvalier, também sem muito proveito para o país.
 
Nos últimos tempos, apoiando e desapoiando líderes mais ou menos populares, os americanos têm tentado manter no Haiti uma democracia representativa mas não representativa demais, a ponto de armar politicamente uma massa de desesperançados, com o risco de eles também convocarem o Diabo.
 
Agora não se sabe o que vai surgir dos escombros da tragédia.
 
Outro
 
O Deus vingativo de Pat Robertson certamente não era o Deus de Zilda Arns, que morreu no Haiti trabalhando pela causa da sua vida, a ajuda aos pobres e, principalmente, às crianças. O seu era um Deus solidário. Infelizmente, pouca gente no mundo está disposta a fazer um pacto como o que Zilda Arns fez com este outro Deus. Ela sobreviverá como um exemplo e uma inspiração.
 
© Luis Fernando Verissimo

 

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publicado por ardotempo às 21:28 | Comentar | Adicionar

Chuva

Caminhando na chuva

 

 

Itaci Batista - A chuva - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010 

publicado por ardotempo às 18:03 | Comentar | Adicionar

A soma de todas as determinações

Dois mais dois: cinco
 
Ferreira Gullar
 
João Cabral de Melo Neto nasceu no dia 9 de janeiro, e Oswald de Andrade, no dia 11; este, que é de 1890, completaria neste mês 130 anos, e aquele, 90. Não sei se você acredita em horóscopo, mas pertencerem esses dois ao mesmo signo e terem nascido quase no mesmo dia de janeiro causa espanto, já que são personalidades muito diferentes... A conclusão a tirar daí seria que essa história de que pessoas nascidas sob um mesmo signo do zodíaco têm personalidades afins não merece crédito.
 
Fiz, certa vez, observação semelhante a respeito de Vinicius de Moraes e Fernando Sabino, ambos de Libra, que eram, não obstante, o oposto um do outro. Porém um entendido em astrologia explicou-me que, embora fossem do mesmo signo, tinham ascendentes diversos, e o ascendente é que conta.
 
Dei como aceita a explicação, mesmo porque, virginiano que sou, admito ter algumas características atribuídas a esse signo, definido pelo lema "eu analiso". A esse mesmo signo pertencem Goethe e Artaud, ambos atuando na fronteira da lucidez e da loucura, que não é a minha praia. Já Oswald e João Cabral são de Capricórnio, cuja frase definidora é "eu utilizo".
Segundo o horóscopo, os nascidos em Capricórnio são racionais, tímidos e cautelosos, qualidades essas que podem se ajustar a João Cabral mas nunca a Oswald de Andrade, que parecia abusar da lógica e desconhecer a timidez e a cautela. Pelo menos à primeira vista, é difícil encontrar personalidades tão diversas quanto a deles, o que me lembra a frase que ouvi de um sertanejo maranhense, referindo-se a dois conhecidos seus: "Um é alto, o outro é baixo; um é gordo, o outro é magro; um é preto, o outro é branco, e isso é o que há de mais parecido nos dois".
 
Pois é, e foram exatamente Oswald e João Cabral que os poetas concretistas de São Paulo elegeram como ícones e precursores do seu movimento literário. Não é curioso?
 
Não vai nisso nenhum reparo, apenas constato. Muita gente sabe que, numa conversa minha com Augusto de Campos, nos primórdios da poesia concreta, ao citar Oswald como um poeta que deveria ser considerado precursor de uma nova poesia, ouvi dele que Oswald era um esculhambado e irresponsável. Ainda assim, eles reviram esse juízo sobre o poeta e o redescobriram.
 
Na verdade, àquela altura dos anos 50, ninguém mais ligava para Oswald de Andrade, nem se reeditavam seus livros. Os concretistas o resgataram do olvido e o tornaram um nome atual de nossa literatura, muito embora, creio eu, se ele vivo estivesse, dificilmente daria seu aval à poesia deles, que pouco ou nada tinha a ver com a sua, que era voltada para a recuperação da voz genuína da língua.
 
Outras características suas eram a irreverência escrachada e o humor desrespeitoso, qualidades ausentes tanto na poesia concreta quanto em seus autores, mas que, graças a eles, inspirou a geração do mimeógrafo nos anos 70, mais próxima dele, no espírito e na forma.
 
Maior afinidade havia entre os concretistas e João Cabral, que concebia o poema como construção racional, sem derramamentos emocionais e confessionalismos. Por isso mesmo, ele aprovou a poesia concreta, considerando-a, implicitamente, uma consequência de sua poesia construtivista.
 
De fato, não era, e tive oportunidade de dizer isso a ele. A diferença fundamental reside no seguinte: o poema de João Cabral funda-se no discurso, para negá-lo, enquanto a poesia concreta o eliminou. E eu, de certo modo, tenho culpa nisso, porque, em meu livro "A Luta Corporal", desintegrara o discurso, fazendo surgir a necessidade de criar-se uma nova sintaxe, não discursiva.
 
Essa nova sintaxe visual foi concebida pelos concretistas, que, assim, inauguraram um modo novo de construir o poema. Essa diferença é essencial, uma vez que é o discurso que dá concretude à expressão verbal, enfim, ao que é escrito. A mera justaposição de palavras, por proximidade e semelhança fonética, sem o discurso, resulta em expressão abstrata.
 
"Concreto", disse Hegel, "é a soma de todas as determinações". Ou seja, o gato não existe, mas sim este gato que está na poltrona...
 
Mas não foi para falar disso que escrevi esta crônica, e sim para manifestar minha surpresa com tamanha diferença de personalidade entre dois capricornianos, nascidos quase num mesmo dia do mês de janeiro. E, como não bastasse, autores de obra literária tão diversa, terem se tornado patronos de um movimento literário que pouco tinha a ver com o que cada um deles efetivamente era e escreveu. É que, na vida como na arte, frequentemente dois mais dois são cinco. 
 
 
 
© Ferreira Gullar  - Publicado na Folha de São Paulo / UOL
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publicado por ardotempo às 17:57 | Comentar | Adicionar
Sábado, 16.01.10

A culpa

O silêncio é a culpa

 

A convicção secreta e quase eterna de que a uma deusa não se contempla a possibilidade do erro. Todas as suas atitudes estarão acima do bem e do mal. Aliás, o mal somente estará encarnado num desacerto de perspectiva, do tempo congelado na memória inibida. A aproximação será concedida apenas ao cativo arbítrio da deusa. Pela deusa onisciente e a juíza sem equívocos do pensamento alheio. Estar apartado não é uma convicção, antes seria sempre a punição humilhante e inevitável. Contudo, e se não for assim o real? Se um dia, em mais de um dia, a deusa mentira? Se, naqueles noutros dias, olhou por espelhos alheios e as palavras refletidas estavam cirílicas? Se no palco do firmamento, as sombras estiveram retidas num caixa de chumbo repleta do material das nuvens? E se o silêncio, mal interpretado, fosse apenas a culpa? A culpa pelo erro do dia, a culpa no equívoco do julgamento, a culpa pelo sofrimento lapidado em mármore, a culpa pela morte?

 

 

 
 
Filme Spellbound - Alfred Hitchcock, 1945
 
“”Se queres falar de portas, falta-te aqui uma coisa: as quatro portas a abrir em linha quando Gregory Peck e Ingrid Bergman se aproximam num dos beijos mais extraodinários do cinema”. Quando eles ainda não estão juntos no mesmo plano e se olham, um pouco antes, em campo e contra-campo, a câmara já muito perto. É então que Hitchcock abre porta atrás de porta, naquele movimento contínuo de certos filmes que aceleram a vida das plantas para as vermos nascer e abrir, e abrir mais, mas não morrer (se bem que já só pensemos na morte), tudo em escassos segundos. Abro aqui outra vez essas quatro portas, como nos filmes que precipitam as coisas vivas. Folhas nascem e abrem) e abrem) e abrem) – porta atrás de porta, uma, duas, três, as quatro pétalas dessa flor acelerada. Eles aproximam-se, estão agora muito perto, dentro do mesmo plano, e vão beijar-se (enquanto que a morte continua fora de cena).”
 
 
(A Porta de Duchamp, de Rosa Maria Martelo, Averno, 2009) -
Publicado por José Mário Silva - blog Bibliotecário de Babel 
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Sexta-feira, 15.01.10

Motos a milhão

Trânsito suave

 

 

 

 

Itaci Batista - Trânsito em São Paulo - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010

publicado por ardotempo às 12:42 | Comentar | Adicionar

Pense no Haiti, reze pelo Haiti, o Haiti é aqui...

Haiti
 
Caetano Veloso (veja o vídeo)
 
Quando você for convidado pra subir no adro
da Fundação Casa de Jorge Amado
pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(Que são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos, quase pretos de tão pobres
são tratados.
E não importa se olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados
para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados
de escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula.
Não importa nada: nem o traço do sobrado
Nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon.
Ninguém, ninguém é cidadão.
 
Se você for ver a festa do Pelô,
e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti.
 
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.
 
E na TV se você vir um deputado
em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo,
qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça da democratização
Do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender
a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê
tanto espírito no feto
e nenhum no marginal.
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua
sobre um
saco de lixo brilhante do Leblon
E ao ouvir o silencio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos
são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos,
quase pretos de tão pobres.
 
E pobres são como podres
e todos sabem como se tratam os pretos
 
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
 
Pense no Haiti, reze pelo Haiti.
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.
 
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publicado por ardotempo às 12:14 | Comentar | Adicionar
Quinta-feira, 14.01.10

Os limites do impossível está nas livrarias:

 

 

http://www.livrariacultura.com.br/

 

 

Livraria Palavraria 

http://palavraria.wordpress.com/

Livraria Bamboletras

livraria@bamboletras.com.br

Livraria Sapere Aude

http://www.sapereaudelivros.com.br

Livraria Mundial - Pelotas

http://www.livrariamundial.com.br

Livraria Vanguarda - Pelotas / Rio Grande

http://www.livrariavanguarda.com.br

Livraria Contexto - Jaguarão

helosteim@gmail.com

 

 e várias outras para as quais o livro está sendo distribuído.

 

O livro terá seu lançamento em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro

em março 2010, com a presença do autor.

 

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"Não lembro de ter lido na ficção brasileira da última década
algo que me causasse tão fortemente a impressão
de beleza pungente e de inventividade."

Sergius Gonzaga -  Escritor, Professor de Literatura e
Secretário Municipal da Cultura de Porto Alegre - RS Brasil
Publicado em Zero Hora (23.12.2009)
 
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Os limites do impossível - Contos gardelianos
© Aldyr Garcia Schlee
Livro de contos - 204 páginas - 2009
Capas: imagens fotográficas de Mário Castello
ISBN nº 978-85-62984-00-6

Edições ARdoTEmpo

publicado por ardotempo às 19:02 | Comentar | Adicionar

Nestor Candi

Escultura

 


 

 

Nestor Candi - Espaço positivo-negativo I - Escultura em ferro e aço, com recortes a fogo, solda e pátina (Porto Alegre RS Brasil), 2009

 

Veja o sítio do professor.pintor.escultor Nestor Candi:

www.nestorcandi.com

publicado por ardotempo às 02:15 | Comentar | Adicionar

Bienal Biblioteca Virtual

Nova Biblioteca Virtual da Bienal do Mercosul facilita pesquisa online

 
Livros, imagens, vídeos e outros documentos sobre arte contemporânea e as sete edições da Bienal do Mercosul podem ser consultados através da internet
 
A nova Biblioteca Virtual da Fundação Bienal do Mercosul já está disponível através do site www.bienalmercosul.art.br. Nos links “Biblioteca Virtual” e “Bienais Anteriores” os pesquisadores podem ter acesso aos mais de 16 mil itens do acervo do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul – NDP, composto por documentos textuais, audiovisuais, eletrônicos e iconográficos sobre as Bienais do Mercosul e arte contemporânea latino-americana.
 
O Núcleo de Documentação e Pesquisa – NDP, criado em outubro de 2004, é um setor institucional e permanente da Fundação Bienal do Mercosul que tem por objetivo zelar pelo patrimônio histórico da Instituição. O acervo físico do NDP - que tem funções de arquivo e biblioteca - é composto por materiais audiovisuais com mais de 1.500 peças digitalizadas (VHS, U-Matic, fitas cassetes, CDs e DVDs); acervo bibliográfico com mais de 2.500 volumes (livros, catálogos e periódicos) sobre arte contemporânea, artistas, arte-educação, entre outros, e acervo iconográfico com 5.000 imagens digitalizadas (fotos em papel, cromos, slides e negativos) sobre obras, artistas e exposições da Bienal do Mercosul, dentre as mais de 16 mil imagens catalogadas. O acervo textual inclui cerca de 8.000 registros de documentos sobre a origem da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e o projeto pedagógico, a produção executiva e dossiê dos artistas participantes das Bienais do Mercosul.
 
A reformulação da Biblioteca Virtual começou em agosto de 2008, com aprovação de projeto pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O projeto previa a digitalização e preservação do acervo do NDP, o gerenciamento das informações através da criação de um banco de imagens e da estruturação da área de Tecnologia da Informação, além da realização do Seminário sobre Preservação e Disponibilização Eletrônica de Acervos Históricos e Culturais, ocorrido em outubro de 2009. Um terminal para consultas, hoje instalado na sede da Fundação Bienal do Mercosul, também está disponível aos interessados. Segundo a coordenadora do NDP, Fernanda Ott, “a revitalização da Biblioteca no site da Bienal possibilita o acesso digital a grande parte dos materiais, além de fornecer a lista completa da documentação existente no acervo da Fundação Bienal do Mercosul, disponível também para consulta física”. A consulta presencial ao acervo do NDP por professores, estudantes, pesquisadores e público interessado em geral é conduzida por meio de atendimento individualizado, com agendamento prévio, e de forma gratuita. O agendamento pode ser realizado através do telefone 51 3254 7500 e pelo email memoria@bienalmercosul.art.br.
 
Nos anos de 2008 e 2009, foram realizados 221 atendimentos ao público. O NDP também oferece suporte aos curadores das Bienais do Mercosul para o planejamento e a execução do Projeto Curatorial de cada evento, realizando pesquisas sobre artistas e temas relacionados às Bienais e à arte contemporânea.
 
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Quarta-feira, 13.01.10

São Paulo - Centro

Rua Augusta

 

 

 

Itaci Batista - Rua Augusta / Centro São Paulo - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010 

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Terça-feira, 12.01.10

Salada paulistana

Alfaces e tomates

 

 

 

 

Itaci Batista - Salada - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010 

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Segunda-feira, 11.01.10

Dívidas, hiper-consumo, ruptura ambiental

De olhos bem abertos
 
Manuel Maria Carrilho
 
 
"Deus ri-se das criaturas que se queixam dos efeitos, mas que continuam a alimentar as suas causas" - Bossuet
 
Vivemos hoje, individual e colectivamente, lúcida ou inconscientemente, as consequências das nossas opções.
 
Quando estas consequências são boas, todos reivindicam um papel, quantas vezes a despropósito. Quando elas são más, não aparece ninguém a assumir responsabilidades. Pelo contrário, todos as enjeitam, escondendo-se atrás do inesperado, como se de repente uma ordem sobrenatural - a crise, claro! - se abatesse sobre a humanidade.
 
Assim entendida, a crise corre o risco de conduzir a uma inquietante irresponsabilidade, passando-se ao lado do essencial, que é - quer se trate do autismo financeiro ou do desastre ecológico, do impasse económico ou do susto social - o do realista confronto connosco próprios.
 
Confronto incómodo porque, por um lado, revela toda a fragilidade do racionalismo calculista que tem dominado o mundo nas últimas décadas. E, por outro lado, porque destaca a força dos elementos irracionais - a que os gregos chamavam pathos - no comportamento humano, seja pelo lado dos que iludem (traders, publicitários, políticos, agências de rating, etc), seja pelo lado de todos os que são iludidos, numa espiral de cumplicidade que marcou o singular crescimento destes últimos vinte anos.
 
A crise é, contudo, a hora do inevitável confronto com algumas evidências, que têm sido evitadas pela cegueira que sempre tende a acompanhar a perseguição dos nossos desejos. O homem, dizia Adam Smith, gosta de colher o que nunca semeou, vivendo o impossível como se de algo natural se tratasse. E o impossível foi, na circunstância, um crédito sem consequências, como se as dívidas contraídas se esfumassem no imperativo da despesa ou na magia do consumo.
 
Foi esta a ilusão que a crise veio por brutalmente em causa. Tanto como evidenciar os indubitáveis excessos da finança, ela veio questionar este modo de viver, que se impôs com a precarização generalizada de populações enfraquecidas pelo aumento do custo de vida, mas constantemente seduzidas e electrizadas pelo hiper-consumo. Situação a que só conseguiram fazer face, dada a estagnação salarial, recorrendo cada vez mais ao crédito.
 
O calcanhar de Aquiles está, pois, aqui: o crescimento assentou, nas últimas décadas, e de uma forma cada vez mais intensa, no crédito. Esgotado este recurso, dados os já estratosféricos níveis da dívida (primeiro da privada, e agora também da pública), haverá algo que ponha de novo este modelo em funcionamento? Esta é a questão nuclear, que continua sem resposta.
 
E, entretanto, a tenaz aperta-se. Como ainda por estes dias explicavam J. P. Fitoussi no Le Monde e P.Krugman no The New York Times, ou se continua a beneficiar o infractor que joga com cinismo no "too big to fail", correndo-se o risco de se caminhar para uma nova bolha. Ou se aposta na normalização da situação, e as hipóteses de recessão e de uma explosão do desemprego são imensas
 
Não admira, pois, que se fale tanto em mudar de paradigma. Mas para se mudar de facto de paradigma, é fundamental que, de olhos bem abertos, se compreenda a verdadeira novidade desta crise, tanto quanto à sua natureza como quanto às suas consequências. Este passo, contudo - como bem se viu no mês passado em Copenhaga - dificilmente será dado pelos mesmos actores que conduziram à situação actual. Esperá-lo é como acreditar que um dinossáurio se torne num mamífero…
 
É preciso outro espírito, que combine realismo e utopia e perceba que hoje tudo está de facto ligado. São necessárias outras visões, outras instituições e outros gestos, que não sejam de pura retórica, como acontece com as vagas promessas de um crescimento "mais verde", "mais sustentável" ou "mais tecnológico".
 
Como diz Mia Couto, este "desenvolvimentês" tornou-se na linguagem do engano mais comum, porque fala do que na verdade é incapaz de pensar. E, assim, mantém os que a ouvem reféns de tudo aquilo que conduziu à crise quando, justamente, do que se precisa agora é de mudança de expectativas e de comportamentos, de linguagem e de valores.
 
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Desenho de Siron Franco

Desenho inédito

 

 

 

Siron Franco - Sem título - Desenho (Aparecida de Goiânia GO Brasil), 2009 

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São Paulo veneziana

Enchente

 

 

 

Itaci Batista - Enchente em São Paulo - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2010

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Um dia, um gato

Gato

 

 

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Domingo, 10.01.10

Pura mentira: um, dois, três...dois milhões!

Primeiros resmungos de 2010
 
Ferreira Gullar
 
Fala-se que Lula pretende dirigir a disputa da Presidência da República para uma comparação entre o seu governo e o governo Fernando Henrique. Quem foi melhor, Lula ou FHC? Se se considera que o êxito do governo Lula se deve, em boa parte, de um lado, à política econômica implantada pelo governo anterior e, de outro, pelo crescimento da economia mundial a partir de 2003, a discussão será bem mais complicada do que Lula supõe.
 
Além do mais, convenhamos, seria uma campanha eleitoral sui generis, que teria, como protagonistas, não os candidatos de fato e, sim, dois ex-presidentes que não estariam disputando o cargo. A única explicação para uma tal esdrúxula estratégia eleitoral é que Lula não confia na candidatura de Dilma, sabe que ela não tem cacife para enfrentar José Serra.
 
Resmungão, como sou, não gostei nada quando ouvi a televisão dizer que 2 milhões de pessoas estavam sendo esperadas para o Réveillon da avenida Atlântica, aqui em Copacabana. Esperadas por quem? Será que 2 milhões de pessoas ligaram para a televisão dizendo que aceitavam o convite? Mas a TV insistiu e, na noite do dia 31, alardeava: "Dois milhões de pessoas estão aqui na avenida Atlântica...". Alguém contou? Quer dizer que os convidados vieram todos, sem faltar nenhum! Pura mentira: na avenida Atlântica, com 3.800 metros de comprimento, não cabem 600 mil pessoas, ainda que coladas umas nas outras.
 
Estive lá na noite do Réveillon: público compacto, só havia em frente ao Copacabana Palace, onde ficava o palco principal; em frente aos outros dois palcos, também havia aglomeração, mas em número bem menor; no resto da avenida, gente dispersa.
 
Por falar nisso, já viu um close do Maracanã lotado? É muita gente, não? Pois é, aquela massa de gente soma 85 mil pessoas, e não é ficção, não, é ingresso contado. Dez Maracanãs somam, portanto, 850 mil pessoas. Dois milhões de pessoas seriam mais de 23 Maracanãs lotados. Não há logradouro público no Rio onde caiba tanta gente, um terço da população total da cidade.
 
A Prefeitura do Rio confiou em dona Adelaide, médium da seita Cacique Cobra Coral e, graças a isso, não choveu durante o Réveillon. Já em Angra dos Reis, foi a tragédia que se viu. Nisso é que dá duvidar dos poderes espirituais da Cobra Coral! Dizem que seu próximo milagre vai ser impedir o aquecimento global.
 
Estou escrevendo esta crônica no dia 4 de janeiro e me pergunto: que fim levou o Zelaya, sim, aquele que, de chapelão e botas, instalou-se na embaixada brasileira em Tegucigalpa? Devemos admitir que se trata de um dos episódios mais extravagantes da história diplomática, já que, pela primeira vez, um político, persona non grata de um governo, usa uma embaixada estrangeira, no caso, a nossa, não para sair do país e se exilar, mas para entrar nele. Com isso, criou-se, na história da diplomacia, uma figura deveras original: a do "desasilado", ou o asilado às avessas.
 
Bem, fora isso, ou apesar disso, o governo brasileiro insistiu em mantê-lo na embaixada, sem qualquer justificativa legal, por simples arrogância, que Lula jamais teria coragem de usar caso o problema se passasse não na pequenina Honduras, mas no México ou na Argentina.
Assim agia Tio Sam contra todos nós, latino-americanos, nos anos da Guerra Fria, lembram? Logo o Lula, hein, quem diria? E o pior é que, depois das eleições realizadas em novembro, ele se nega a reconhecer o presidente eleito, sobrepondo sua arrogância à vontade do povo hondurenho.
 
Mas não era disso que queria falar. É que me lembrei do conto de Franz Kafka, de um jejuador que, dentro de uma jaula, exibia ao público sua resistência à fome. Centenas de pessoas desfilavam por dia para vê-lo e constatar a sua inacreditável capacidade de jejuar, que se estendeu por semanas e meses, conforme se lia numa tabuleta presa à grade da jaula, em que era anotado, dia a dia, o seu prolongado jejum.
 
No começo, havia gente que passava a noite em claro, vigiando o jejuador, que nunca foi flagrado comendo nem sequer um biscoito. Mas, com o tempo, como seu jejum tornou-se interminável, as pessoas se desinteressaram dele, que, ainda assim, mesmo sem público, continuou jejuando em sua jaula. Terminou morrendo de fome e, sem que ninguém se desse conta disso, secou e virou pó. Um dia, o faxineiro do circo entrou na jaula, varreu o pó e pôs na lixeira. No lugar do jejuador, puseram uma jovem pantera, que transpirava saúde e voracidade.
 

E o Zelaya, gente, ainda está na embaixada ou já o varreram? 

 

© Ferreira Gullar -  Publicado na Folha de São Paulo / UOL

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publicado por ardotempo às 21:09 | Comentar | Adicionar

Todo vigilante é um voyeur

Os passageiros estão nus
 
Gilles Lapouge
 
 
 
 
No futuro, quando se quiser viajar, primeiro será preciso ficar nu. É uma moda nova. Ela chegou nos EUA, mas a Europa a está adotando com estardalhaço.
 
Holanda, depois Grã-Bretanha e França em seguida. O rebuliço todo foi motivado por um jovem nigeriano que tentou explodir um avião na rota de Amsterdã para Detroit, mas fracassou.
 
Para um atentado frustrado, ele até que funcionou. Temerosas, autoridades instalaram em aeroportos aparelhos complexos capazes de ver através das roupas e o nigeriano conseguiu obrigar uma legião de homens e mulheres a se despir diante de um funcionário de aeroporto.
 
A roupa - isso é, o pudor, a intimidade - é uma das marcas da condição humana. A quase totalidade das civilizações considera a nudez um tabu.
 
É por isso que, quando europeus enfiaram seus narizes na América e na África, duas coisas os chocaram: primeiro, que aqueles "selvagens comiam uns aos outros" e, depois, que estavam todos nus.
 
Cientistas e teólogos inicialmente opinaram que aquela gente nua não era humana. Foi preciso que o papa escrevesse uma bula para decretar que é possível estar completamente nu e, mesmo assim, ser homem ou mulher.
 
É preciso que o pânico das sociedades seja grande ante a ameaça dos terroristas para que esse tabu tão antigo, tão maciço, se desfaça.
 
As resistências são grandes, é verdade. Estudam-se novos scanners que terão a delicadeza de queimar logo em seguida as imagens.
 
Enfim, será dada aos viajantes a possibilidade de recusar o scanner, com a condição de aceitarem se submeter à "apalpação". A escolha é sua!
 
Podem-se imaginar os diálogos no aeroporto: "Minha senhora, o que prefere? Se mostrar inteiramente nua ou ser apalpada?" Tudo isso porque um nigeriano não conseguiu detonar uma bomba.
 
Ninguém subestima o terrorismo. Mas não será entrar no jogo do terror dar uma resposta tão gigantesca?
 
Publicado em O Estado de São Paulo
publicado por ardotempo às 14:12 | Comentar | Adicionar
Sábado, 09.01.10

Agonia e prazer

 Schopenhauer:

 

"Seria melhor que não existisse nada. Como há mais sofrimento que prazer sobre a terra, toda satisfação é apenas transitória, criando novos desejos e novas aflições, e a agonia do animal devorado é maior que o prazer do devorador."

 

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publicado por ardotempo às 17:09 | Comentar | Adicionar

Verdadeiro ou falso?

El universo del 'verdadero o falso'

 
Un pequeño óleo, con la firma de Joaquín Torres-García, espera en el caballete la luz del láser, que le llega a través de un cable de fibra óptica. Al entrar en contacto con la molécula de pigmento el detector capta la información y la devuelve en forma de radiación espectromagnética, una onda coloreada que se comparará con las de referencia. Para poder afirmar que los pigmentos no corresponden a los que se utilizaban en esa época y lugar, la operación se repetirá más de 300 veces. La obra tiene buenas probabilidades de ser falsa.
 
De hecho, al ser informado del resultado y quizás temiendo las consecuencias o tan sólo por la vergüenza de admitir el timo, su propietario jamás volvió a recogerla. Así que ahora sirve como ejemplo a los ingenieros Sergio Ruiz y Alejandro López-Gil, responsables del laboratorio Actio de la Universidad Politécnica de Cataluña, donde desde 1994 se realizan análisis de pigmentos para contribuir a fechar obras de arte y confirmar o establecer atribuciones.
 
"La espectroscopia Raman-Láser es una técnica muy fiable, no invasiva y no destructiva, que combinamos con el análisis visual a través del microscopio y la exposición a rayos infrarrojos", explican, rodeados por centenares de diminutas muestras de pigmentos de todas las épocas y llugares.
 
En esos años, han pasado por el laboratorio de la UPC unas 300 obras de particulares, museos, fundaciones y entidades públicas, que han querido corroborar su documentación con pruebas científicas. El precio del estudio ronda los 1.500 euros, dependiendo de la dimensión, la época, el estado de conservación y la técnica, ya que según los expertos, la acuarela es más fácil de estudiar y el óleo más complicado debido a los aglutinantes.
 
"Los análisis con espectroscopia Raman pueden resultar muy útiles en algún caso para descartar una hipótesis o reforzarla, ya que aportan datos complementarios sobre la composición molecular de pigmentos, cargas, aglutinantes y barnices, pero constituyen un resultado parcial que se debe complementar y contrastar con otros exámenes para llegar a un diagnóstico que necesitará la corroboración de los historiadores del arte. Es un trabajo de equipo", asegura Mireia Mestre, jefe de Restauración y Conservación del Museo Nacional de Arte de Cataluña (MNAC).
 
La ciencia, si bien resulta determinante para ampliar la información sobre los materiales de una obra, no es suficiente para determinar su autor o descubrir falsificaciones con fines delictivos. También hay otras posibilidades. "Es muy frecuente que obras de artistas importantes hayan sido copiadas por sus contemporáneos sin ninguna mala fe y que años después estas copias hayan sido introducidas en el mercado del arte, convirtiéndose en falsificaciones. En estos casos es muy útil el análisis con rayos X y reflectografía, porque las copias no presentan el proceso creativo previo subyacente, que estos exámenes sacan a la luz", explica Mestre.
 
Cuando una obra debe ingresar en el MNAC, el museo realiza todos los exámenes en sus instalaciones y con personal propio. Primero se llevan a cabo los que no requieren extracción de micromuestras, como las radiaciones ultravioletas, infrarrojas y rayos X. Luego se emplean las técnicas analíticas más frecuentes: microscopía óptica y electrónica para el estudio estratigráfico de las muestras, y distribución y composición de los elementos químicos. "También se tienen en cuenta las alteraciones que sufren los materiales debido al envejecimiento intrínseco, el entorno o la interacción con elementos añadidos en restauraciones posteriores", matiza Mestre.
 
Lo cierto es que, a medida que se refinan las técnicas y se profundiza en la investigación de los artistas con catálogos razonados y archivos documentales, es más difícil colocar falsos.
 
"En los años inmediatamente posteriores a la muerte de Miró había menos control, que ahora. Además hay cada vez más coleccionistas que piden una expertización a la Fundación antes de comprar. Este año hemos certificado más de 250 obras y siempre hay algunos falsos", explica Rosa Maria Malet, directora de la Fundación Miró de Barcelona, que autentifica personalmente los grabados "a mano y directamente en el dorso", mientras que las obras únicas se examinan en París por un comité formado por los nietos y la bisnieta del artista (que detienen el derecho moral sobre su obra), el experto Jacques Dupin, el galerista Lelong, Joanet Artigas, hijo del ceramista de Miró y la propia Malet. "Cuando detecto un falso aviso la familia que bloquea la obra y presenta la denuncia pertinente, siguiendo un protocolo parecido al que aplican otras colecciones monográficas, como Chagall o Picasso", añade Malet.
 
"En este periodo de crisis están apareciendo en el mercado obra de particulares, que no tienen prácticamente historial expositivo. Puede haber piezas muy interesantes, pero hay que ser muy cautos y más en el caso de una época tan controvertida y polémica como la vanguardia rusa", afirma Rosario Peiró, responsable de colecciones del Museo Reina Sofía de Madrid. El Reina es muy prudente a la hora de comprar obras que tengan un pedigrí reciente y prefieren tener documentación que la relacione directamente con la época, más allá de los materiales, ya que en el mercado negro se pueden adquirir telas, pigmentos e incluso pinceles de cualquier periodo.
 
Roberta Bosco - Publicado em El Pais
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publicado por ardotempo às 17:08 | Comentar | Adicionar
Sexta-feira, 08.01.10

Conto

O Futuro

 

Deram-lhes carta branca para fazer o que desejassem, como desejassem, sem limites orçamentais. Junto à costa, os terrenos expropriados eram uma espécie de tábua rasa, estendendo-se até ao horizonte longínquo.

 

Construam o futuro, aqui e agora”, pediu-lhes o Presidente, num discurso inflamado, solene, feito para impressionar os Presidentes dos países vizinhos. Então, eles chegaram. Os melhores arquitectos. Os melhores engenheiros. Os melhores empreiteiros. Nos projectos que pousavam em cima das elegantes mesas de vidro, estava o futuro. O Futuro, com maiúscula. Uma cidade perfeita, ecologicamente sustentada, exemplar. A cidade-síntese. A cidade ideal.

 

Então, o Presidente morreu, em circunstâncias misteriosas. A primeira decisão do sucessor foi embargar o Futuro, dirigir as verbas para outros fins.

 

Os alicerces do Futuro ficaram expostos ao vento, consumidos pelo salitre. Ainda hoje podem ser vistos, junto à costa, por entre enormes extensões de areia, detritos e urtigas.

 

© José Mário Silva

Publicado no blog Bibliotecário de Babel

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publicado por ardotempo às 20:26 | Comentar | Adicionar

Desenho de Siron Franco

Desenho inédito

 

 

 

Siron Franco - Sem título - Desenho (Aparecida de Goiânia GO Brasil), 2009 

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publicado por ardotempo às 20:15 | Comentar | Adicionar

Brasil.potência

Fotografia

 

 

 

Mário Castello - Botelhos - Fotografia (Botelhos Minas Gerais MG Brasil), 2009

publicado por ardotempo às 20:10 | Comentar | Adicionar

"Ver a Terra do alto, antes que desapareça"

James Lovelock: Biocombustíveis são embuste criado por interesses
 
 
Energia eólica, biocombustíveis e outras tecnologias "verdes" parecem ser alguns dos melhores investimentos para minimizar as alterações climáticas e ajudar a deter o aquecimento global, certo? Não para um dos ambientalistas mais respeitados do mundo, James Lovelock.
 
Conhecido internacionalmente por ser o autor da chamada hipótese Gaia --que, resumidamente, considera o planeta Terra como sendo um superorganismo--, Lovelock afirma em seu livro "Gaia: Alerta Final" que algumas destas tecnologias não passam de "um elaborado embuste criado pelo interesse de algumas nações cujas economias se enriquecem a curto prazo pela venda de turbinas eólicas, usinas de biocombustível e outros equipamentos energéticos supostamente verdes".
 
De acordo com ele, existem muitas coisas que podemos fazer para amenizar os problemas causados pelas mudanças no clima --no entanto, ele acredita ser muito pouco provável que realmente as levemos a cabo. "Não perceberemos, enquanto desfrutamos de nossas vidas cotidianas, que o custo de nossa negligência poderá em breve causar a maior tragédia já vista na história da humanidade", escreve logo no começo do primeiro capítulo da obra, "A Jornada no Espaço e no Tempo".
 
Desde que ele elaborou a hipótese Gaia e a publicou em "Gaia: Um Novo Olhar Sobre a Vida na Terra", nos anos 70, foram poucos os indícios de que a humanidade conseguirá reverter um cenário que se torna cada vez mais assustador. Talvez seja por isso que, aos 90 anos, ele pretende ser um dos primeiros civis a viajar ao espaço pela companhia Virgin Galatic, para "ver a Terra do alto antes que ela desapareça".

Publicado na Folha de São Paulo / UOL
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publicado por ardotempo às 19:08 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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