Segunda-feira, 30.11.09

O labirinto

Desenho

 

 

 

 

Labirinto - Desenho a caneta esferográfica, 2009

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publicado por ardotempo às 23:54 | Comentar | Adicionar
Domingo, 29.11.09

Só para lembrar, o Brasil fica na América Latina

El triunfo de la diversidad
 
Alberto Manguel
 
Las definiciones literarias se hacen siempre a posteriori. Para poder definir, con una lista de libros, un continente entero, es necesario primero presuponer una definición de ese continente. Algunos ejemplos: para quien América Latina es un mundo conquistado, sometido y explotado, el Popol Vuh de los mayas, la Brevísima historia de la destrucción de las Indias de Fray Bartolomé de Las Casas y la vasta literatura indigenista de José María Arguedas, Ciro Alegría y sus discípulos serán publicaciones esenciales.
 
Para quienes vean en esa América un crisol en el que la cultura de lengua castellana forjó su segundo renacimiento, libros imprescindibles serán la renovadora Gramática de Andrés Bello, la lírica de Rubén Darío, el barroco cubano de Lezama Lima y de Severo Sarduy, y la novela cuyo autor es el lector: Rayuela, de Julio Cortázar. Para los extranjeros que, como Virginia Woolf, imaginen esas "tierras lejanas" como "una selva mágica llena de mariposas azules", las obras que confirmarán esa visión serán las novelas del mal llamado "realismo mágico" y la ficción metafísica del Río de la Plata. Finalmente, para quienes América Latina es emblema de una mesiánica revolución social, la biblioteca definitiva deberá contener los escritos de Simón Bolívar, del Che Guevara, de Rigoberta Menchú, y el Nunca más, la compilación de testimonios contra la dictadura militar argentina, que se publicó bajo la valiente dirección de Ernesto Sábato. Ninguna de estas obras aparece en la selección final (salvo, como era previsible, Cien años de soledad, obra, por cierto, definitiva en más de un sentido).
 
Es obvio que nadie, razonablemente, puede objetar la presencia de Gabriel García Márquez, Juan Rulfo, Eduardo Galeano, Octavio Paz y Mario Vargas Llosa en este quinteto triunfador. Pero es obvio también que a este Parnaso, declarado summa cum laude para América Latina, le faltan temas esenciales: la poesía, el ensayo político y filosófico, el teatro, el diario de viaje, el texto humorístico, las dictaduras noveladas, el relato policial contemporáneo, el nuevo periodismo y, misteriosamente, las voces de mujeres.
 
Definir América Latina sin Pablo Neruda y sin César Vallejo, sin Ariel de José Enrique Rodó u Otras inquisiciones de Jorge Luis Borges, sin las obras de Florencio Sánchez y Griselda Gambaro, sin los Viajes de Cristóbal Colón y Una excursión a los indios ranqueles de Lucio V. Mansilla, sin las desopilantes personajes de Manuel Puig, y Concolorcorvo, y Quino, sin Yo el Supremo de Augusto Roa Bastos y La muerte de Artemio Cruz de Carlos Fuentes, sin Rosaura a las diez de Marco Denevi y las sangrientas sagas de Paco Ignacio Taibo II, sin las crónicas de Tomás Eloy Martínez, Martín Caparrós y William Ospina, y, sobre todo, sin los escritos de Sor Juana Inés de la Cruz, Gabriela Mistral (¡hélas!, como dijo André Gide de Victor Hugo), las hermanas Victoria y Silvina Ocampo, la o el anónimo redactor de las "memorias" de Evita Perón, sin Elena Garro, Rosario Castellanos, Juana de Ibarbourou e Ida Vitale (con moderación), y Alejandra Pizarnik, me parece una empresa, si no injusta, al menos incompleta.
 
Pero quizá ésa sea su virtud. Los cinco libros elegidos para resumir el vasto continente, en lugar de condensarlo, lo extienden, obligándonos a recordar otras lecturas. Nos ofrecen, por decirlo así, una definición in ausentia de la inconmensurable biblioteca latinoamericana. -
 
Alberto Manguel - Publicado em El País
 
PS: Falar de literatura latino-americana, ser apenas monoglota e deixar de citar Machado de Assis, Guimarães Rosa, Aldyr Garcia Schlee, Erico Verissimo, Jorge Amado, Clarice Lispector, Mariana Ianelli, João Ubaldo Ribeiro, Cristovão Tezza, Adélia Prado, Luiz Ruffato e Ignácio de Loyola Brandão é algo que se possa justificar? (ARdoTEmpo)
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Vai no cartão? No crédito ou no débito?

Tema polêmico
 
Ferreira Gullar
 
Ao discutir os problemas que dizem respeito a todos nós, não o faço por arrogância, mas para tentar entendê-los, suscitar a discussão ampla, já que os discuto comigo mesmo.
 
Um desses problemas são as drogas, que, a cada dia, se torna mais agudo, provocando debates e tentativas de solução os mais diversos e polêmica.
 
Vejo com apreensão pessoas e instituições responsáveis defenderem a descriminação dessas drogas, de todas ou das chamadas drogas leves, como a maconha. A experiência que tenho - eu e muita gente - indica que a droga leve é, quase sempre, a etapa inicial que conduz às drogas pesadas.
 
Os defensores da descriminação usam de um argumento que considero sofismático: alegam que defendem o fim da repressão ao tráfico de drogas porque a experiência demonstrou sua inoperância, isto é, a repressão não impediu o crescimento do tráfico e o aumento do consumo de drogas.
 
Veja bem: o aparelho judicial e a polícia foram criados para reprimir o crime e defender a sociedade; não obstante, após séculos de existência, não conseguiram acabar com a criminalidade que, pelo contrário, cresceu. Devemos, por isso, não mais prender e punir os criminosos? Claro que não. Não há como extinguir definitivamente a criminalidade, mas deixar de combatê-la é a pior das opções. Ninguém, em sã consciência, defenderá essa tese.
 
Do mesmo modo, acabar com a repressão ao tráfico e ao consumo de drogas seria render-se aos criminosos e entregar as pessoas (particularmente os jovens) a consequências desastrosas. Basta pensar: que autoridade teria um pai de família para aconselhar o filho a não consumir drogas, se o próprio governo as legalizar e as permitir?
 
Quando, pela primeira vez, ouvi falar da necessidade de descriminar as drogas, lembrei-me de que a cocaína não é produzida aqui, vem de países vizinhos, onde seu uso é proibido. Como vender legalmente uma mercadoria que entrou ilegalmente no país? A opção inevitável será, sem dúvida, o plantio, no Brasil, da coca, em larga escala. Deixaríamos de plantar feijão e arroz para cultivar um produto bem mais lucrativo.
 
Talvez por isso, passou-se a falar na legalização mundial das drogas. Essa gente delira, mesmo sem cheirar cocaína. Alguém acredita que Fernandinho Beira-Mar, que ganha milhões de reais com a venda ilegal de drogas, vai passar a pagar Imposto de Renda e ICMS? Ignoram que alguns dos maiores contrabandos que existem no Brasil são de pedras preciosas e de cigarros, que não têm sua comercialização proibida.
 
Mas há outro ponto também discutível, que é legalizar o consumo de drogas. Acreditam que o consumidor é um doente, que deve ser tratado e não castigado.
 
Será verdade que todo consumidor de drogas é um doente? Aposto que não. Os maiores consumidores de cocaína e drogas sintéticas não são viciados patológicos e, sim, consumidores que utilizam as drogas socialmente.
 
Não há o cara que bebe socialmente e não é alcoólatra? Assim como a maioria dos que consumem bebidas alcoólicas não é constituída de alcoólatras, há muita gente que ganha bem, goza de prestígio social como empresário ou artista, e consome maconha, cocaína, ecstasy, promove festas para, divertidamente, drogar-se, ele e sua patota. Compra drogas de vendedores qualificados, que não precisam subir o morro.
 
Alguém acredita que os milhões de reais que as drogas rendem ao tráfico saem do bolso dos favelados ou do garotão viciado, filhinho de papai, que paga o traficante roubando da família?
 
A legalização do consumo de drogas só servirá para estimular um número maior de pessoas, socialmente bem situadas, a se tornarem alegres consumidores delas. Oferecer tratamento ao viciado está certo, mas como, se a nova política de saúde - a tal "psiquiatria democrática" - não possibilita internações?
 
E pense nisto: o tráfico sobreviveria se, de repente, ninguém mais usasse drogas? Um exemplo hipotético: se as pessoas deixassem de consumir carne, a produção e o comércio de carne sobreviveriam? Todos sabemos que nenhuma mercadoria subsiste sem comprador.
 
É um contra-senso, portanto, pretender acabar com o tráfico de drogas liberando o consumo. Essa liberação, sem dúvida alguma, multiplicaria por milhões o número de consumidores e fortaleceria ainda mais o tráfico.
 
Ferreira Gullar  - Publicado na Folha de S.Paulo / UOL
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A mão quebrada e o labirinto

O labirinto

 

A mão quebrada, na aparência, é normal. Não está normal. Dói e encontra-se completamente enrijecida, os dedos movimentam-se imperfeitamente como os de um robô primitivo. Dedos de lata de uma antiga película em preto e branco, contrastes duros e expressionistas, de produção minguada. Movimentos com estalos internos, dores estendidas pelo tendões marmorizados em negro pela posição forçada e inerte. O arco do movimentos se faz incompleto. A mão está dura, já não é mais a mesma que foi antes. Nada mais funciona como antes. A palavra negada.

 

Mão imperfeita, o farelo dos estilhaços apresenta-se com um puzzle desmanchado e caduco, todas as manhãs. Os movimentos desorientados dão-se em direções anárquicas, birutas, com dores inesperadas e desconhecidas. Mão nova, mão velha. A mão parece um brinquedo que já chega quebrado, a sensação indica que existem peças soltas ali dentro, desencaixadas, sobrantes, excessivas. O que dói denuncia a desarmonia, a falta de lubrificação, ausência do estiramento funcional dos tendões. O dedo curvado e rígido somente responde com dores agudas nas extensões extremas, para dentro e para fora.

 

Minutos depois, a mão tem a forma da mão. As peças aparentemente vão aos lugares, permanece a dor e a rigidez dos dedos , que são outros, esses novos, mais quebrados.

 

Desarmonia, falta, ausência. Como o silêncio denuncia a falta de linguagem, a abolição da comunicação.

 

O silêncio é o labirinto sem a saída. O impasse da mão que já não escreve, não desenha, não pinta. O artista da mão quebrada permanece no centro do labirinto à espera do encontro. Já não leva com ele o fio, a tessitura da linguagem, a saída contida na comunicação, na promessa da luz, na revelação. A restauração do que se rompeu, do que foi quebrado, não se consuma. O que é o escombro da queda, o que se quebra e se torna apenas ruína.  Resta o artista solitário com sua mão congelada. Ele coloca as telas pelas paredes, pelas páginas, da construção trágica e sombria. Suas telas são únicas e originais mas ninguém poderá vê-las agora. Comoverão a criatura monstruosa? Esta conceder-lhe-á algum tempo a mais? O fio de ariadne, ausente pela deliberação da recusa, é a negação da palavra. O encontro com o monstro ocorrerá somente uma vez, sem testemunhas, na escuridão da catacumba. Lá estarão apenas as telas luminosas como lápides refratárias do tempo do convite à palavra.

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Quinta-feira, 26.11.09

Esferográfica mão quebrada

Um rabisco muito rápido, muito mão-quebrada

 

 

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Segunda-feira, 23.11.09

A TV ideal

Tempo, fantasia e reflexão

 

 

"A imaginação é a melhor surpresa. Não tem hora, não tem limites. As letras que outros escrevem são capazes de produzir prazer infinito. Dá para ler com certa facilidade uns cinquenta livros por ano. Basta evitar o botão do tédio e da distração passiva. Todo o tempo é valioso, é o único bem não-renovável que possuímos, juntamente com nossa memória, que é o tempo transformado em cinema. "

 

Imagem do blog Bibliotecário de Babel

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Sábado, 21.11.09

O entrevistador sem perguntas

El hombre que expulsó a Zidane
 
Enrique Vila-Matas
 
Ocurrió este verano. Estábamos pasando unos días en el quinto pino, en uno de los lugares más remotos de la tierra, en un hotel en las afueras de una ciudad de los Andes venezolanos que ya de por sí ella misma está en las afueras de todo, aunque tenemos la costumbre de visitarla con persistente frecuencia, como si se hallara a la vuelta de la esquina. La ciudad se llama Mérida y nos encanta y creemos tener allí, además, buenos amigos. Estábamos este verano en ese perdido hotel de las perdidas afueras de una ciudad en las afueras de todo cuando para colmo, al atardecer, se fue la luz y pasamos a tener pánico, porque la oscuridad nos hizo recordar dónde estábamos, dónde en realidad hemos estado siempre: en medio de ninguna parte.
 
El colapso eléctrico dio paso a un mundo de sombras en el exterior del hotel, y también en la zona del jardín interior, allí donde moraban, en una jaula grande, dos soberbias guacamayas, de conversación fácil entre ellas. Recordaré siempre los tres golpes secos en la puerta de nuestro cuarto y el susto considerable. Resultó ser un amigo que, ajeno a nuestros miedos, venía a comunicarnos la sorprendente buena nueva: por raro que pudiera parecernos, en nuestro hotel se alojaba el argentino Horacio Elizondo, el árbitro que había expulsado a Zidane en la final del Mundial.
 
Estupor, incredulidad. A la mañana siguiente, durante el desayuno, disimulando mal mis emociones, le conté a un amigo argentino que Horacio Elizondo andaba por aquel hotel en el fin del mundo. Mi amigo reaccionó con la frialdad de los no mitómanos.
 
-Se trata, sin duda, de un compatriota ilustre. El único entre todas las leyendas argentinas que no se esforzó por ocupar la cima, sino que supo estar preparado y sobre todo actuar en el momento necesario.
 
Cuando supe que Elizondo era un gran aficionado a la poesía y la filosofía, comencé a mover influencias, e hice que llegara a sus oídos que un escritor catalán quería entrevistarse con él. Y de ahí nació el equívoco, porque creo que entendió que quería hacerle una entrevista. Unas horas después, nos reuníamos los dos en una mesa cercana a la jaula de las guacamayas. Elizondo resultó ser un hombre alto y afable, ligado al Departamento de Desarrollo Arbitral de la FIFA.
 
Un tipo gentil, de aire distinguido y verbo fácil e inteligente, estilo Valdano. Dijo estar al corriente de la gran cantidad de zinedines -así los llaman ahora- que brotan cada día como hongos: todos esos relatos que compiten por enfocar de mil formas distintas las secuelas del cabezazo de Zinedine Zidane.
 
Pensé que era grande estar frente al árbitro de la final del último Mundial, pero también absurdo, porque él no había oído hablar de mí en la vida y yo, por mi parte, en realidad no tenía nada que decirle. Sin sospechar todavía que Elizondo veía aquella reunión entre los dos como una simple entrevista, me interesé por saber qué se sentía al arbitrar la final de un Mundial. Me miró con cara de profunda y súbita decepción. "Bueno, oiga, esto ya me lo han preguntado muchas veces", se quejó. Quedé tan herido en mi amor propio que busqué, casi a la desesperada, que viera que yo tenía un nivel cultural más alto del que acababa de aparentar. Y para demostrárselo, le pregunté por el libro La melancolía de Zidane, donde Jean Philippe Toussaint hablaba de la tristeza del futbolista y del cielo de Berlín en la noche de la final.
 
 
¿Llegó a percibir que el cielo estaba aquel día de un romántico subido? ¿No había ni oído hablar del libro melancólico? ¿Era posible que no supiera quién era Toussaint? Comprendí enseguida que si había buscado con aquellas preguntas que me reconociera un cierto nivel intelectual, mi esfuerzo había resultado baldío.
 
Elizondo permanecía ante mí cruzado de brazos, impertérrito, a la espera de que le llegara alguna pregunta por fin razonable. Y yo seguía allí sin saber que aquello era una entrevista. O, mejor dicho, que aquello eran unas declaraciones en exclusiva mundial y una inmejorable oportunidad para mi siempre frustrada carrera de entrevistador. Pero también una oportunidad de escribir un buen zinedine que, además, contaba con el valor añadido de ser un relato real.
 
Me explicó que estaba en Mérida trabajando con Amelio Andino y otros colegas en un "curso de instructores FIFA" y me narró la historia de una final de tenis entre dos argentinos en la que el vencedor se arrojó al suelo y abrazó durante unos segundos a su raqueta y, cuando le preguntaron, dijo que había estado abrazando a la gloria. Es decir, concluyó Elizondo, que la Gloria no pasa nunca de ahí, y siempre es efímera.
 
Creí llegado el momento de preguntarle qué recordaba más del cabezazo de Zidane, y me di cuenta de que por primera vez aceptaba yo para mí mismo que le estaba entrevistando.
 
-Todo el mundo seguía al balón, que estaba en aquel momento lejos de Zidane y Materazzi, y casi nadie vio el cabezazo. Nadie lo vio en el estadio y, en cambio, el mundo entero cree haberlo visto en directo.
 
Me pareció que, salvo su entrevistador y las guacamayas, tampoco su brillante respuesta la había oído ni visto nadie en directo y, sin embargo, merecería hacerse tan famosa como la célebre expulsión. Ahora bien, era evidente que el destino de Elizondo ya estaba escrito y nada se podía hacer por cambiarlo. Hiciera lo que hiciera, su memoria ya había quedado ligada para siempre a la imagen de la tarjeta roja bajo el cielo de Berlín, la inmortal expulsión, el abrazo efímero de la fama. Mi exclusiva mundial no le redimiría de todo aquello.
 
-Y para terminar esta entrevista - dije -, ¿cómo ve el papel de los intelectuales en el mundo actual?
 
Pensé que iba a expulsarme a patadas de allí, de la cancha de las guacamayas. Pero ni se inmutó.
 
- A la baja. ¿No le parece? Tan agotado como las cortinas de damasco en la decoración de nuestras casas. O como los dichosos zinedines.
 

Enrique Vila-Matas 

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Sexta-feira, 20.11.09

O piso da calçada

Fora da ordem

 

 

Itaci Batista - Os músicos - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2009

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O mercado é uma bolsa flutuando no oceano

Uma reflexão sobre a arte contemporânea e o mercado
 
Obra de arte, artistas, marchands, colecionadores e outros atores compõem a análise de Luciano Trigo.
 
Em A grande feira, Luciano Trigo apresenta uma crítica incisiva à relação do artista e sua obra com o mercado de arte. Segundo o autor, desde o fim da década de 70, época do fim das vanguardas, a arte contemporânea atravessa uma crise. A mercantilização da obra de arte é um dos pilares deste cenário. Fatos da arte contemporânea mundial são utilizados por Luciano Trigo para mostrar a subordinação da arte ao mercado. Com prefácios de Gianguido Bonfanti e orelha de Gonçalo Ivo, A grande feira é um lançamento da Editora Civilização Brasileira (www.record.com.br ) e chegou às livrarias no dia 6 de novembro.
 
A década de 70 é o ponto de partida da análise, época apontada pelo autor como o início da crise no mundo da arte, até os dias de hoje. A relação entre os vários personagens que compõem o chamado mercado da arte é estudada pelo autor: o artista, o crítico, o marchand, os colecionadores, as galerias, os museus, entre outros, têm suas funções dissecadas no livro.
 
Com argumentos sólidos e relevantes, o autor utiliza fatos reais para ilustrar suas opiniões e fomentar o debate pouco realizado no Brasil sobre este sistema, que hoje tem o mercado como norteador. Segundo o jornalista, atualmente, a arte contemporânea é oposta à concebida pelas vanguardas dos anos 70 e a antiga disputa entre “apocalípticos” e “integrados”, narrada por Umberto Eco, acabou com a vitória dos últimos.
 
O valor atribuído a obras que por muitos não são consideradas arte e por outros são compradas por milhões também é destaque em A grande feira. “A capa deste livro reproduz a obra The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living, do artista plástico inglês Damien Hirst. Em 2004, o tubarão mergulhado em formol foi vendido por 12 milhões de dólares ao administrador de fundos americano Steve Cohen. Dois anos depois, Cohen recebeu uma má notícia: o tubarão estava se decompondo. O pequeno alvoroço no mundinho da arte foi logo abafado. Artista e colecionador negociaram a substituição do animal original, e não se falou mais do assunto“, conta Luciano Trigo.
 
 
O autor utilizou essa imagem como metáfora para revelar uma facção da arte contemporânea que, segundo ele, é frágil e efêmera como um cadáver mergulhado em formol. Para escrever o livro, Luciano Trigo manteve diálogos com professores, teóricos, leigos interessados e, principalmente com artistas. Com A grande feira, ele empreende uma defesa do que chama de verdadeira arte – “aquela que é sempre criadora, subversiva e nova“.
 
Luciano Trigo é jornalista, escritor, editor de livros, crítico de cinema e colunista do site de notícias G1. Pela Editora Record, o escritor lançou O viajante imóvel e pelo selo Galerinha Record, os infantis Vira Bicho!, As cores do amor e A pequena ditadora, publicado recentemente.
 
A grande feira – Uma reação ao vale-tudo na arte contemporânea 
Luciano Trigo 
Editora Civilização Brasileira 
240 páginas
 

Publicado em Verdes Trigos 

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Apresentação de Livro: em Pelotas e Porto Alegre

 Os limites do impossível

 

 

A partir da idéia estarrecedora de que o nascimento de Carlos Gardel ocorreu em Tacuarembó, no Uruguai, fruto de incesto e estupro, os contos deste livro transitam por algumas versões do espantoso acontecimento.
 
Aqui se imagina e se inventa como tudo terá acontecido − de forma a alcançar uma realidade ficcional que se proponha verdadeira à percepção do leitor. Assim, qualquer semelhança entre os fatos narrados e algo que tenha realmente ocorrido ou deixado de ocorrer não será apenas mera coincidência: será a prova de que a realidade muitas vezes vai além dos recursos da ficção, alimentando-se do improvável e do inacreditável para chegar ao impossível − que nossa fantasia, geralmente, não consegue alcançar ou frequentar.
 
Aqui enfrentamos os limites do impossível.
 

Aqui, os limites do impossível são desafiados em cada uma das histórias de Clara, de Blanca, de Juana, de Cisa, de Felicia, de Rosaura, de Mulata-flor, de La Niña, de Manuela, de Constantina, de Berta, de La Madorell, mulheres de verdade ou de mentira cujas vidas ajudam a recompor a difusa memória do incrível e triste nascimento de Carlos Gardel em Tacuarembó. 

 

 

 

 

 
 

Apresentação: Instituto Simões Lopes Neto

Dia 05 de dezembro - 21h / Noite Branca (sábado)

Rua D. Pedro II, nº 810  - Pelotas RS

(53) 30 27 18 65

 

Apresentação: Palavraria

Data adiada para :             MARÇO DE 2010

Rua Vasco da Gama, nº 165 - Bom Fim - Porto Alegre RS

(51) 32 68 42 60

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O sagrado

Deuses

 

"Não creio que exista um deus, mas à medida exata do pensamento dos gregos, um conjunto de deuses e deusas, imortais na memória individual e um outro conjunto de semi-deuses, estes mortais, fruto da aproximação dos seres com as divindades. Falíveis, temperamentais, poderosos o suficiente em alterar as translações dos planetas e o fluxo das marés, mudando aqui e ali os destinos dos humanos. Sua presença entre nós, subtil e pontual, uma vez que são poucos e poucas espalhados pelo planeta, revela-se num invento, num segredo desvelado, na arte original, na escritura perfeita de um livro, na correção dos rumos, na felicidade momentânea, numa palavra inesperada. Esses deuses e deusas possuem a chama e sabem o sagrado."

 

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Domingo, 15.11.09

No País da Copa, das Olimpíadas e dos relâmpagos

Retrocesso à vista
 
Ferreira Gullar
 
O fim da utopia marxista, que apostava na derrota do capitalismo, deu lugar, na América Latina, ao neopopulismo que, fazendo-se passar por socialista, explora, em vez da contradição classe operária versus burguesia, a oposição entre pobres e ricos. Se, no caso anterior, os sindicatos funcionavam como instrumento de organização e mobilização do operariado para a tomada revolucionária do poder, agora constituem uma burocracia de neopelegos, que passaram a ocupar posições estratégicas no aparelho de Estado e na máquina política.
 
Assim, pressionam o governo e os patrões para que façam pequenas concessões aos trabalhadores, com a condição de mantê-los quietos, enquanto eles, os neopelegos, enriquecem a se fortalecem politicamente. A ascensão de Lula à Presidência da República foi resultado desse jogo e, ao mesmo tempo, um salto qualitativo para a elite sindicalista.
As consequências disso para a democracia brasileira podem ser as mais desastrosas, como procurou mostrar Fernando Henrique Cardoso, num artigo recente, intitulado "Para onde vamos?".
 
O neopopulismo nada tem de revolucionário, como alardeia Hugo Chávez, travestido de líder esquerdista, mas que, na verdade, se apoia no voto do venezuelano pobre. Sustentado pelos vultosos rendimentos do petróleo, mantém programas sociais assistencialistas, que lhe garantem vasta popularidade.
 
Aparece, diante do povão desinformado, como seu providencial protetor, que o defende de um lobo mau chamado Estados Unidos. Seu verdadeiro projeto é manter-se indefinidamente no poder e, para consegui-lo, fez o Congresso aprovar a reeleição ilimitada.
Lula tentou seguir o mesmo caminho, mas teve sua pretensão rejeitada numa pesquisa de opinião. Precavido, mudou de tática e terminou adotando a candidatura de Dilma como a solução possível.
 
Invenção sua, se eleita, ela terá que fazer dele seu sucessor em 2014, e, assim, caso isso ocorra, teríamos mais oito anos de Lula na Presidência da República, o que somaria, no total, 20 anos de lulismo. Ou mais, muito mais, porque pode não parar aí, já que, àquela altura, as bases do neopeleguismo e do neopopulismo estariam amplamente assentadas em todo o país.
 
A ameaça é que, se já agora ele se rebela contra a ação fiscalizadora do Tribunal de Contas da União e pretende calar a imprensa, ou seja, não admite que ninguém critique ou cerceie suas decisões de governo, imaginem o que não fará durante tantos anos no poder.
 
A história tanto anda para frente como pode andar para trás. O propósito de, chegado ao poder, não sair mais, faz parte da ideologia petista, como deixou claro José Dirceu, em visita a Madri, logo após a posse de Lula, em 2003, ao afirmar que o projeto deles era ficar 20 anos no poder. Sim, porque, ao contrário dos outros partidos "burgueses", o partido dito revolucionário vem para salvar o povo e mudar o rumo da história. Logo, não pode se submeter às regras democráticas da alternância no poder. Se é verdade que, a esta altura, o petismo já abriu mão do revolucionarismo, não admite perder as posições conquistadas.
Lula, muito esperto, logo compreendeu que o Brasil não é a Venezuela. Sabe que, embora tenha maioria no Congresso, este jamais lhe concederia um terceiro mandato e muito menos a possibilidade de reeleição ilimitada. Por isso, adotou a tática de conseguir um mandato tampão para Dilma, enquanto, às carreiras, procura implantar o PAC e aparecer, diante da nação, como um presidente empreendedor, que visa elevar o país à condição de grande potência. Assim age Chávez e assim agiu nossa ditadura militar.
 
A fórmula é sempre aquela: inimigo dos poderosos e amigo dos pobres, defensor dos negros e mulatos, inimigo dos brancos de olhos azuis. Isso transparece, a todo momento, em suas declarações e discursos. Não faz muito tempo, falando aos catadores de lixo, criticou os ricos que, deliberadamente, sujam a cidade para que os lixeiros, humilhados por eles, a limpem.
 
É um presidente da República que, sem qualquer escrúpulo, faz questão de instigar ressentimentos e conflitos entre os cidadãos, jogar uns contra os outros. Isso no discurso, porque, de fato, usa a máquina do Estado para favorecer grandes empresas nacionais e estrangeiras.
 
O artigo de Fernando Henrique Cardoso chamou atenção para o perigo que o país corre. Em vez de desautorizá-lo, os formadores de opinião deveriam preocupar-se com o interesse maior da sociedade. É de se esperar, também, que Serra e Aécio assumam a responsabilidade que lhes cabe.
 

© Ferreira Gullar 

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Ar de Paris

Paris não tem fim

 

"A Paris de cada um é a real. A cidade é democrática, individual, pessoal e intransferível. A de cada um, miríade de espelhos, segredos e labirintos, é a verdadeira."

 

 


 

 

Imagem: Gilberto Perin (Paris França), 2009

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Cabeça

Desenho

 


 

  Carta - Desenho a tinta china, pincel , pena caligráfica e ponta de canivete sobre cartão  (Porto Alegre RS Brasil) 

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Sábado, 14.11.09

Poucas fogueiras ainda ardem

El último Joyce
 
Enrique Vila-Matas
 
 
"Mi hora segunda insondable

Sin más dilación, recomienzo, releo el primer párrafo del 'Finnegans' profético 
y encuentro ahí mi augurio para esta noche

Mi lectura oracular de este fragmento dice sencillamente que me espera para esta noche
– que es metáfora de toda mi vida – un 'riverrun' de insomnio 

sin estrellas"
 
Como tengo insomnio, pasaré la noche con mi lenguaje nocturno. Me entretengo imaginando que soy un crítico, un especialista en ficción crítica. Y también imagino que me he pasado media vida leyendo Finnegans Wake en una edición de Faber and Faber de 1939, siempre acercándome a ella con cautelosos sorbos, porque esta última novela de James Joyce no es para leerla de un tirón, sino para abrirla en cualquier parte y sumergirse en su fascinante pluralidad, ambigüedad y lúdica riqueza. Siempre que me acerco al Finnegans lo hago sabiendo que estoy ante el más denso de los tapices y con el temor de que una vez más, como lector, me llegue una sensación, primero, de estar al borde del colapso y, después, el colapso mismo.
 
Imagino también que soy descubierto, pero no temo que alguien pueda hacerme confesar que no he leído el Finnegans. Y es que, de entrada, se supone que nadie ha sido tan idiota como para leerlo de corrido. Y, además, se sospecha que en realidad es ilegible y se dice - es pintoresca la leyenda - que nadie ha podido leerlo nunca.
 
 
 
Me quedo recordando que siempre me acerqué al Finnegans con esa impresión de que no tardaría en llegar el inefable y puntual colapso y, además, con el temor a no estar a la altura de la clase de lector que espera este libro: alguien en radical contacto con lo incomprensible y, por tanto, con el arte verdadero, con esa "hora segunda insondable sin estrellas" de los textos más próximos a nuestra gran verdad, a la realidad brutal y muda, sin significado, de las cosas.
 
Sea como fuere, nunca me faltaron los estímulos para regresar al libro de Joyce y a los prudentes sorbos. No sé cuántas veces me animé a releerlo diciéndome que no había nada de peligroso en volver al libro y que a fin de cuentas se trataba de una de las novelas favoritas de John Lennon. En más de una entrevista el músico dijo que el libro le parecía "so way out and so different" (excéntrico y diferente) y nunca, además, negó que no hubiera podido influenciarle a la hora de escribir la psicodélica letra de I'm the Walrus, composición (seguramente la mejor canción de Lennon) donde las palabras "Goo goo g'joob" podrían ser una referencia al "googoo goosth" que encontramos ya hacia el final del Finnegans.
 
Pero el hecho es que hasta ahora, siempre que he emprendido la lectura de este libro admirable, he acabado golpeado, tarde o temprano, primero por una sensación de colapso que se mezclaba con el pasmo por tan lúcido trabajo con el lenguaje, y luego por el colapso mismo, por ya ni hablar del consiguiente rubor al sentirme un negado para descifrar con precisión la espectacular exploración que hizo Joyce de los límites de la literatura.
 
Se me ocurre en pleno insomnio que en mi próxima relectura de algún fragmento del Finnegans podría contar con un método para atajar la llegada de esa onda extraña y horrible que siempre me anticipa mi desastre como lector del libro. El método podría parecerse al que empleo cuando leo el vaticinio de mi horóscopo y, por muy indescifrable y desconectado de mí que éste me parezca, siempre me las arreglo para que el párrafo oracular que me corresponde me acabe diciendo algo.
 
Se trataría de un método que me haría incluso más digeribles los fragmentos del Finnegans que decida abordar. ¿Abordo alguno ya esta misma noche? ¿Enlazo mi insomnio con el Finnegans en un viaje circular perfecto, adecuado a la estructura también circular del libro?
 
Mientras lo pienso, leo el pronóstico para el signo Aries que apareció en el periódico de ayer (por la hora no tengo otro a mi alcance): "Gran comprensión y apoyo de un colaborador en un proyecto que responde a sus ambiciones". Ya lo puedo leer las veces que quiera que, como no utilice mi particular método, no descifraré qué quiso decirme ayer el horóscopo. Porque, de entrada, no tengo "colaborador", de modo que difícilmente pude contar ayer con su apoyo para el supuesto proyecto.
 
"Comprensión y apoyo", termino escribiéndole en un email muy escueto a Eduardo Lago, que es caballero de la Orden del Finnegans y vive en Nueva York, donde ahora son las siete de la tarde y, por tanto, es probable que no tarde en leer mi mensaje. Es tal vez, por mi parte, la conmovedora petición de auxilio de quien teme ahora naufragar ante su inmediato reabordaje del Finnegans. Lo cierto es que, gracias al descarnado y escueto y en parte emotivo mensaje, el pronóstico del horóscopo ha cobrado sentido. Y hasta creo que yo he salido ganando. Porque donde antes no había nada, ahora hay un pronóstico y una petición de comprensión y apoyo. Y un colaborador (un lector en la noche).
 
No queriendo dar muchos rodeos, elijo el primer párrafo del Finnegans. No pienso que sea tan desatinado aplicar técnicas de horóscopo (de Whoroscope, de Puthoroscopo, que diría Beckett) a la lectura del temible libro. Después de todo, el propio Finnegans (durante mucho tiempo Work in Progress fue su título provisional) anunció, de forma no deliberada, palabras que luego cobraron inesperada vida y sentido. Como Quark, por ejemplo, que no significaba nada en concreto cuando a su autor le dio por incluirlo en su libro ("three quarks for muster mark"), pero que acabó relacionándose con la física cuántica a través del profesor Murray Gell-Mann, que extrajo directamente del Finnegans esa palabra, rompiendo así con la tradición de bautizar los descubrimientos de partículas con palabras derivadas de raíces griegas.
 
Sin más dilación, recomienzo, releo el primer párrafo del Finnegans profético y encuentro ahí mi augurio para esta noche:
 
"Correrrío, pasada Eve and Adam, desde el viraje de la ribera hasta el recodo de la bahía, nos trae por un vicio comodicio de recirculación de vuelta al Howth Castle y Enrededores".
 
En cursiva quedan las palabras que no existieron nunca hasta que no abrí este libro por primera vez y leí su primer párrafo. Desde entonces han pasado tantos años que incluso tiempo hubo para un gran correrrío muy comodicio por los Enrededores. De hecho, he acomodado comodiciamente mi mente, estos dos últimos años, por los alrededores del Liffey.
 
Y es que la ciudad de Dublín, que nunca pensé que podría siquiera algún día llegar a ver, he terminado por visitarla cuatro veces en el último año. Han sido cuatro correrríos siempre cerca del río Liffey, cuatro riocorridos, como los llama el mexicano Salvador Elizondo en su traducción joyceana.
 
El riocorrido o correrrío - el riverrun para la mayoría de lectores de Joyce y una clara referencia al curso del río Liffey a través de Dublín - es antesala de la referencia a Giambattista Vico (vicio comodicio), quien concibió la evolución histórica como un viaje circular, exactamente lo que es el Finnegans, cuyo inicio - ahí está vicio (por Vico) operando como señal o advertencia- se halla enlazado con el final de la novela.
 
Mi lectura oracular de este fragmento dice sencillamente que me espera para esta noche - que es metáfora de toda mi vida - un riverrun de insomnio, un trayecto que irá desde el viraje de la ribera hasta el recodo de la bahía, en travesía semejante a la de aquel viaje iniciático que hice en mi primera visita a Dublín, cuando fui de Pearse Station hasta el pueblo de Howth donde, desde lo alto de su castillo, vi el territorio en ruinas por el que se extendían los Enrededores de este libro excéntrico y diferente, que habría podido acabar con la literatura. Después de todo, tras el terremoto que desató en el lenguaje, los más lúcidos sucesores de Joyce nos parecen hoy sobrevivientes caminando entre los cascotes, bajo un cielo insondable sin estrellas, deteniéndose ante las pocas hogueras - y aún gracias - que arden.
 
Enrique Vila-Matas - Publicado em Babelia / El País
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Onde está o leitor? Onde está a leitora?

Onde está?

 

Na Praça do Livro? Na chuva? Na Universidade? Na biblioteca? Em frente à televisão? Na rua, no trem, no metrô, no ônibus? No kindle? Na Academia? Nas academias de musculação? Na internet? No banco? No serasa? Nas escolas? Na Jornada? Na cama? No hospital?

 

Anteriormente, um bom autor era reverenciado, era aclamado, ler seus livros era considerado um privilégio pelos seus leitores.

 

Atualmente, um bom leitor é considerado um privilégio pelos autores.

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Sexta-feira, 13.11.09

Crime contra a humanidade

Não ao Desemprego
 
José Saramago
 
A gravíssima crise económica e financeira que está convulsionando o mundo traz-nos a angustiante sensação de que chegámos ao final de uma época sem que se consiga vislumbrar o que e como será o que virá de seguida.
 
Que fazemos nós, que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistar mais e mais dinheiro, mais e mais poder, com todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, regulares ou criminais?
 
Podemos deixar a saída da crise nas mãos dos peritos? Não são eles precisamente, os banqueiros, os políticos de máximo nível mundial, os directores das grandes multinacionais, os especuladores, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, os que, com a soberba de quem se considera possuidor da última sabedoria, nos mandavam calar quando, nos últimos trinta anos, timidamente protestávamos, dizendo que não sabíamos nada, e por isso nos ridicularizavam? Era o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presunçosamente auto-reformável e auto-regulável encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para sempre e jamais a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de desmenti-lo a cada hora que passava.
 
E agora, quando cada dia aumenta o número de desempregados? Vão acabar por fim os paraísos fiscais e as contas numeradas? Será implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delitivas, de inversões opacas que, em muitos casos, mais não são que massivas lavagens de dinheiro negro, do narcotráfico e outras actividades canalhas? E os expedientes de crise, habilmente preparados para benefício dos conselhos de administração e contra os trabalhadores?
 
Quem resolve o problema dos desempregados, milhões de vítimas da chamada crise, que pela avareza, a maldade ou a estupidez dos poderosos vão continuar desempregados, mal-vivendo temporariamente de míseros subsídios do Estado, enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente conduzidas à falência gozam de quantias milionárias cobertas por contratos blindados?
 
O que se está a passar é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e desde esta perspectiva deve ser analisado nos foruns públicos e nas consciências. Não é exagero.
 
Crimes contra a humanidade não são apenas os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassinatos selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as contaminações massivas, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é também o que os poderes financeiros e económicos, com a cumplicidade efectiva ou tácita de os governos, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o que lhes resta, a sua casa e as suas poupanças, depois de terem perdido a única e tantas vezes escassa fonte de rendimento, quer dizer, o seu trabalho.
 
Dizer “Não ao Desemprego” é um dever ético, um imperativo moral. Como o é denunciar que esta situação não a geraram os trabalhadores, que não são os empregados os que devem pagar a estultícia e os erros do sistema.
 
Dizer “Não ao Desemprego” é travar o genocídio lento mas implacável a que o sistema condena milhões de pessoas. Sabemos que podemos sair desta crise, sabemos que não pedimos a lua. E sabemos que temos voz para usá-la. Frente à soberba do sistema, invoquemos o nosso direito à crítica e ao nosso protesto. Eles não sabem tudo. Equivocaram-se. Enganaram-nos. Não toleremos ser suas vítimas.
 

José Saramago - Publicado no blog Caderno de Saramago 

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Lançamento de livro e Recital

Dia 14 de novembro - Sábado

 

 

Coquetel - 16 horas - Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

Recital AVE, FLOR - 17 horas - Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

 

Lançamento de livro - 18h30 - Pavilhão de Autógrafos - 55ª Feira do Livro de Porto Alegre RS

 

 

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Diálogo das pequenas

As meninas

 

" – Meu avô é muito rico. Ele é industrial... ele faz chocolate lá na Serra. Todos os que visitam a Serra, compram e levam o chocolate que ele faz. E o seu avô, o que ele faz?"


"– Ah... o meu avô é escritor, ... ele também é desenhista, ... mas o mais importante, ele é observador de pássaros, ... ele passa muito tempo observando tudo o que os pássaros fazem, como eles são..."

 

 

 

 

Georges Braque - Pássaro branco e pássaro negro - Pintura - Gouache sobre cartão (Paris França) 1960

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Aldyr G. Schlee na Praça e na TV

Entrevista do escritor

 

 


 

 

Aldyr Garcia Schlee e Tatata Pimentel - entrevista concedida pelo autor à TV Com / RBS TV (Rede Globo), desde a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre - Pavilhão de Autógrafos  (Porto Alegre RS Brasil), 2009

Fotografia: Luiz Carlos Vaz

publicado por ardotempo às 15:43 | Comentar | Adicionar

Ilustração inédita de Spacca

"As barbas do Imperador"

 


 

 

Ilustração de Spacca - 55ª Feira do Livro de Porto Alegre 2009 

publicado por ardotempo às 15:39 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar
Quinta-feira, 12.11.09

Flores, poemas, música e canto na praça

 

 
Recital e Livro Ave, Flor
 
Acontece neste próximo sábado, 14 de novembro, às 18h30, o lançamento do livro Ave, Flor  de Cleonice Bourscheid, com ilustrações botânicas da artista Anelise Scherer, na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre RS Brasil. A obra, que tem prefácio do poeta e professor Armindo Trevisan, é composta por delicados poemas que cantam a flora brasileira.  A apresentação das imagens e feita pelo artista plástico e curador Paulo Amaral. As reproduções e digitalizações das imagens para impressão foram realizadas por Pierre Yves Refalo.
 
 
O ciclo de canções sobre os poemas, composto especialmente pelo compositor Fernando Mattos, tem estréia na 55ª Feira do Livro de Porto, antes da sessão de autógrafos, às 17:00 horas, no Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo. Na segunda parte do programa serão apresentadas canções de compositores diversos num tributo a natureza e contará com a a participação especial da soprano Laura de Souza e da pianista Elda Pires.
 
 
Coquetel de Lançamento e Recital AVE, FLOR
Às 16 horas
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
 
 Recital AVE, FLOR
Voz: Deisi Coccaro, Clarice Bourscheid
Viola: Fernando Mattos
Participação especial do
QUARTETO DE CORDAS DA UNISINOS
Soprano Laura de Souza e pianista Elda Pires
Às 17:00 horas
 
Local: Auditório Barbosa Lessa
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Rua dos Andradas, 1223 Centro - Porto Alegre RS
Sessão de autógrafos: 18:30 horas no Pavilhão de Autógrafos
Praça da Alfândega - Centro s/nº - 55ª Feira do Livro de Porto Alegre

Edições ARdoTEmpo 

 

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Quarta-feira, 11.11.09

Palavras de Luiz Hossaka

Fidelidade à pintura

 

"Alfredo Aquino é um pintor cuja carreira dinâmica é marcada por uma profunda pesquisa e por um rigor verdadeiramente significativo. A produção respeitável deste pintor merece uma observação criteriosa: numa época em que nos defrontamos com uma grande variedade de manifestações artísticas, Aquino mantém-se fiel à pintura.




Cores, que remetem à atmosfera luminosa de um país de contrastes muito acentuados, e formas, em alguns momentos geométricas, às quais misturam-se figuras em que a imaginação pode sonhar ou buscar o seu melhor caminho."

 


 

Luiz Hossaka - Conservador-Chefe do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP, 2004

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publicado por ardotempo às 12:37 | Comentar | Adicionar
Terça-feira, 10.11.09

Autógrafos sob os jacarandás

Oportunidade rara 

 

 

Novo livro de Aldyr Garcia Schlee, com a presença do autor no Pavilhão de Autógrafos da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre

 

 

 

Os limites do impossível - Contos gardelianos

 

© Aldyr Garcia Schlee
Livro de contos - 204 páginas - 2009
Capas: imagens fotográficas de Mário Castello
ISBN nº 978-85-62984-00-6

 

Edições ARdoTEmpo 

Dia 10 de novembro 19h30 - terça feira - Pavilhão de Autógrafos

55ª Feira do livro de Porto Alegre - RS Brasil 

 

publicado por ardotempo às 18:49 | Comentar | Adicionar

Conversa de carnes

Fotografia

 

 

 

Mauro Holanda - Dois pescoços - Série Alma Descarnada - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2008

publicado por ardotempo às 18:43 | Comentar | Adicionar
Domingo, 08.11.09

Gilberto Perin - Paris

Mês da Fotografia

 

GILBERTO PERIN - Paris

Galerie François Mansart

5, rue Payenne - 75003 Marais - Paris

10 a 28 de novembro - 2009 

 


 
 

publicado por ardotempo às 17:32 | Comentar | Adicionar

O poema enterrado

Uma experiência-limite
 
Ferreira Gullar
 
Entre 1959 e 1961,, quando nasceu e eclodiu o movimento neoconcreto, tornei-me amigo de Hélio Oiticica, que eu tinha como uma espécie de irmão mais novo. Ele, aliás, era o mais moço do grupo e o último a se juntar a ele, tanto que não participou da primeira exposição neoconcreta, inaugurada em março de 1959, no MAM do Rio, nem assinou o manifesto, publicado naquela ocasião.
 
Mas Hélio, de todos, era o mais determinado a buscar novos caminhos de expressão, a levar adiante as propostas que surgiam do trabalho e da troca de ideias e de experiências. Ele estava convencido de que a arte neoconcreta abrira um território novo à criação artística. Esse era um tema frequente em nossas conversas, que, na verdade, se limitavam a algumas hipóteses sem resposta. A resposta não estava no discurso, mas no trabalho criador.
 
O incêndio, que recentemente destruiu grande parte de suas obras, chegou-me como uma notícia inverossímil pelo telefone, quando a repórter me falou da perda de mil obras, o que me pareceu exagero uma vez que, pela própria natureza de suas criações, dificilmente teria feito tantas. De qualquer modo, as perdas seriam muitas. Pois incluiriam telas, desenhos, relevos espaciais, instalações e todos os "Bólides" e "Parangolés", que estavam na sala onde ocorreu o incêndio.
 
Uma perda irreparável, no plano artístico, impossível de calcular, uma vez que ali se teria perdido grande parte da própria história do artista. Agora se sabe que boa parte das obras se salvou e outras serão recuperadas ou refeitas.
 
Ainda assim, foi um desastre lamentável que, atinge todas as pessoas amantes da arte, atinge-me particularmente pela ligação que mantive com ele, no momento mesmo em que inventava o seu próprio caminho. E, mais ainda, porque o incêndio ocorreu onde ocorreu, na casa da Gávea Pequena, onde foi construído, em 1960, o "Poema Enterrado".
 
Cabe dizer ao leitor, que talvez não o saiba, o que era esse poema. A coisa começou quando publiquei no Suplemento Dominical do "Jornal do Brasil" um poema concreto que, para se realizar de fato, obrigava o leitor a ler, seguidamente, a palavra "verde", que se repetia até explodir na palavra "erva". Só que o leitor, ao perceber a repetição, não fazia a leitura prevista, por desnecessária.
 
Esse fracasso me levou a inventar um poema escrito, palavra a palavra, no verso das páginas e a cortá-las, conforme a necessidade do poema. Nasceu, assim, o livro-poema, que me levou aos poemas espaciais (placa de madeira com um cubo colorido que ocultava uma palavra), que obrigavam o leitor mover as peças do poema.
 
Pois bem, depois de levá-lo a participar do poema, manuseando-o, usando a mão, decidi levá-lo a usar o corpo - e bolei o "Poema Enterrado": uma sala no subsolo, a que o leitor descia por uma escada e entrava no poema. Sua invenção foi no final de 1959, quando publiquei, no "SDJB", a planta do poema e sua descrição.
 
 
Hélio ligou-me empolgado e dizendo que ia obrigar o pai a construir o poema no quintal da nova casa da família, essa mesma casa, onde houve agora o incêndio. Pronto o poema, marcou-se a inauguração num domingo, mas, como chovera muito na véspera, ao abrirmos-lhe a porta, vimos que estava inundado, para desapontamento de todos nós.
 
Soube, muitos anos depois da morte do Hélio, que o poema havia sido reconstruído, mas não fui informado. Esse poema nasceu azarado: o MAM de São Paulo tentou construí-lo, no Ibirapuera, mas a comissão estadual de cultura o proibiu.
 
De qualquer modo, o incêndio de agora junta-se em minha mente à inundação do poema, numa relação estranha que sinto sem saber explicar. Tenho diante dos olhos, agora, o rosto tenso de Oiticica, sentado comigo a uma mesa do Zepelin, pouco depois de seu retorno de New York. Daí a poucos meses, ele é encontrado agonizando no pequeno apartamento em que passara a morar, em Ipanema.
 
Hélio e Lygia Clark levaram às últimas consequências a proposta básica do neoconcretismo, de acrescentar à experiência visual -que define a pintura, a gravura e a escultura- o relacionamento corporal com a obra. Essa participação do espectador conduz, no caso do Hélio Oiticica, à série de "Bólides", que são, a meu ver, o momento-limite de sua busca, antes dos "Parangolés" e outras obras, de difícil definição estética. Algumas das experiências dele e de Lygia Clark anteciparam certos caminhos que a arte tomaria, a partir dos anos 60 e 70. Daí o reconhecimento internacional de que gozam. Isso nos dá a medida do que se poderia ter perdido com o incêndio de outubro passado.
 
Ferreira Gullar 
publicado por ardotempo às 12:24 | Comentar | Adicionar
Sábado, 07.11.09

Um dia imensamente triste...

Para os Museus, para a Arte, para os artistas, para a fotografia...

 

Homenagem ao querido amigo, o grande Luiz Hossaka - a competência, o entusiasmo, a lealdade e o sorriso cativante do fotógrafo e conservador-chefe do MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

 

 

Morre o mais antigo colaborador do Masp
 
Luiz Sadaki Hossaka, Conservador Chefe do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), morreu hoje pela manhã, vítima de uma hemorragia interna. O corpo de Hossaka será velado no primeiro subsolo do museu, neste sábado (7), a partir das 16h30, em cerimônia aberta ao público. O enterro está marcado para este domingo, mas o local e horário ainda não foram divulgados. O conservador do acervo contava 82 anos.
 
Luiz Hossaka era o colaborador mais antigo do MASP, tendo participado, segundo a assessoria da instituição, de todos os passos da história do museu. Foram 59 anos dedicados ao principal acervo artístico da América Latina.
 
A jornada de Hossaka no Masp começou em 1950, quando o museu ainda ocupava o prédio dos Diários Associados, no centro da cidade. Já nos anos 60, Hossaka registrou por meio de fotos a construção e a inauguração da sede atual, na Avenida Paulista, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi. 
 
Depois, trabalhou como Secretário do Prof. Pietro Maria Bardi e exerceu uma série de funções no museu, inclusive como curador. No entanto, jamais deixou de lado o ofício da fotografia, uma de suas maiores paixões, registrando as obras que compõem o acervo do museu. Em nota, à imprensa, a direção do Masp declara que a morte de Hossaka é "uma irreparável perda para Arte".
 
Publicado na Folha de São Paulo / UOL

publicado por ardotempo às 23:16 | Comentar | Adicionar
Sexta-feira, 06.11.09

10 de novembro - Os limites do impossível

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os limites do impossível - Contos gardelianos

© Aldyr Garcia Schlee
Livro de contos - 204 páginas - 2009
Capas: imagens fotográficas de Mário Castello
ISBN nº 978-85-62984-00-6

Edições ARdoTEmpo 

Dia 10 de novembro 19h30 - terça feira - Pavilhão de Autógrafos

55ª Feira do livro de Porto Alegre - RS Brasil 

 

 

publicado por ardotempo às 11:45 | Comentar | Adicionar
Quarta-feira, 04.11.09

CAIM é bom

 
O romance CAIM de José Saramago é boa literatura e, simplesmente, como uma obra de literatura, é que deve ser lido. Não como um tratado teológico ou uma bula de atentatória interpretação eclesiástica. Como tudo é inventado, biblia e romance, Saramango tem o direito de criar literariamente o que quiser. Nem estará mentindo ou profanando o quer que seja. Estará estimulando muitas perguntas, multiplicadas reflexões e a imaginação liberta, num exercício maravilhoso de inventividade. O seu texto, de luminosidade contemporânea, é pleno de remissões de hiper-texto em linguagem web, magistralmente incrustradas em barroco e resulta cinematograficamente fascinante em sua esgrima de inflexões passado/futuro, sempre o seu presente metafórico.
 
A construção do entrecho circula em volutas que visualmente resultam em puro cinema: há flash-backs, passagens de tempo, verduras luxuriantes, desertos monocromáticos, salteadores obscuros submetidos a efeitos especiais em que as espadas transformam-se magicamente em serpentes coruscantes a escalarem com agilidade braços petrificados, sexo, muito sexo em contraplanos de secretas luzes filtradas, serial-killers em disputas celestiais, querubins disfarçados sob rústicos tecidos encardidos, uma epifania. Um arraso.

Vale a pena. Leia o livro. Você vai se divertir muito.

publicado por ardotempo às 16:17 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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