Uma história triste
Manuel Vicent - Publicado em El País
Imagem: Auto-retrato de Amedeo Modigliani - Óleo sobre tela - MAC Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (São Paulo SP Brasil)
Manuel Vicent - Publicado em El País
Imagem: Auto-retrato de Amedeo Modigliani - Óleo sobre tela - MAC Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (São Paulo SP Brasil)
Fotografia
Gilberto Perin - Mãos de Zilah Machado, cantora, 81 anos - Fotografia (Porto Alegre RS Brasil), 2009
Os contos gardelianos
Pré-lançamento: 55ª Feira do Livro de Porto Alegre
Dia 10 de novembro - 19h30 / Praça de autógrafos (terça-feira)
Praça da Alfândega s/nº - Centro - Porto Alegre RS
Apresentação: Palavraria
Dia 19 de dezembro - 19h (sábado)
Rua Vasco da Gama, nº 165 - Bom Fim - Porto Alegre RS
(51) 32 68 42 60
Apresentação: Instituto Simões Lopes Neto
Dia 05 de dezembro - 21h / Noite Branca (sábado)
Rua D. Pedro II, nº 810 - Pelotas RS
(53) 30 27 18 65
“Un compatriota nada disimulado”
Quinze côvados abaixo das tuas pálpebras.
© Mariana Ianelli - Iluminuras, 2009
Imagem: Páteo dos Leões - Alhambra, Granada (Espanha)
Imagem: Rene Magritte - Perspectiva I - Madame Recamier / Releitura da obra de David - Pintura - Óleo sobre tela
Luís Augusto Fischer nasceu em 1958, em Novo Hamburgo (RS). Desde 1984 leciona Literatura Brasileira na UFRGS. É colunista do jornal Zero Hora RS Porto Alegre e colaborador da Folha de S. Paulo SP São Paulo
Verdes Trigos é selo de edição digital para kindle e outros e-readers
Publicado no Blog Arte Photografica
Convite para lançamento de livro:
Elio Gaspari - Publicado no Blog do Noblat
Lançamento de livro e recital - Ave, Flor
O ANJO BLINDADO
Zé dos Anjos
ZéAugusthodosAnjos
Zé Augustho
O poeta escreve seu texto incontido, sem pruridos nem reservas, a escrita automática dos surrealistas, um tanto como Picasso o fez em seu próprio livro publicado, como no espaço metafísico da xangrilá de Alain Resnais.
Uma resposta coerente, profunda e poética, especular e metafórica ao gesto espontâneo de uma pintura derramada e expressionista. Devemos ler a saga do elefante condoreiro como quem encontra/como quem se defronta/como alguém que se choca com a explosão de signos e cores, atômica, de uma pintura de Ruth Schneider, ou de De Koënning ou de Dubuffet.
“...até o coveiro das teclas
anunciar a céu aberto de aninhas
tua chegada por e mail.”
A poesia de Zé Augustho é um encontrão, uma pisada no pé, um esbarrão inesperado numa calçada de movimentos ondulatórios comportados e polidos. “Perdão, senhora, desculpe, senhor... não foi sem querer.”
“...ave marinha cheia de graxa
senhor é tão pouco
bendito entre lãs mujeres
sois vós o pão nosso em calmaria (...)
aqui na terra
e na poluição do mel
todos os foguetes do ódio
e a miséria roubada das merendas.”
No texto poético, uma corrente extensa de elos e de significados. Nele estão incrustradas as pequenas homenagens, as citações eruditas, uns impropérios indignados, uns gritos, uns insultos, a escatologia, umas delicadezas.
“De ardência e encanto
Vai e vem
Sempre ao impulso
Das marés de Gonzagas.”
Um texto escorreito e magnético proposto pelo poeta, expelido de uma só vez num sopro vital, sem tosse e sem rinite alérgica, um jorro de vida como é a forma particularizada do poeta ver o seu mundo e como ele se sateliza aos diversos universos que o cercam e que formam essa miragem caleidoscópica que chamamos de realidade.
“Todo elefante é frágil
E tudo na praia é passageiro
Menos o motorista e o elefante condoreiro
E, se tu és como um Deus, meu companheiro
Sei que sou princípio de alguém
E, também sou o fim de ninguém.”
O que é tangível? A carta enigmática do poeta ou as notícias selecionadas do jornal? A conversa sobre o tempo no táxi ou a interpretação ideológica das cenas dos jornais televisivos noturnos? A imagem policromada de Deus ou a figura imaginada do elefante condoreiro a pisar com passos de feltro o sonho do poeta? A iconoclastia dos versos afiados e dançarinos dão sentido, revelam as intenções e conduzem o espectro de luzes e sombras através do labirinto de prismas e de espelhos. Assim é letra e a voz do anjo blindado.
A praia do elefante condoreiro
Zé Augustho Marques
85 páginas
Editora Carta
Local do lançamento e autógrafos: Espaço Cultural Á Lenha
Rua Pe. Chagas, 330 - Moinhos de Vento
Das 19h às 22h -
Porto Alegre RS Brasil
Imagem: Antonio Segui - Elefante dos Pampas - Desenho a tinta china com pena caligráfica e lápis de cor sobre papel, 1976 (Uruguay)
© Ferreira Gullar
Tapete vermelho para o rei do Brasil
No meio do sertão, sobre a terra árida do interior de Pernambuco, um tapete vermelho de mais de uma centena de metros para a comitiva real. Tão absurdamente fantástico como o biocombustível para o consumo mundial, como o petróleo profundo em alto-mar, como o país capaz de realizar ao mesmo tempo a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas...
Fotografia de Evelson de Freitas - Publicado no Blog do Noblat
Poesia
13º TRABALHO DE HÉRCULES
José Mário Silva é excelente escritor e poeta. Além disso, é respeitado crítico literário do Expresso de Lisboa, colaborador permanente da revista Ler e editor do blog Bibliotecário de Babel, blog que vale pelo menos uma visita diária. Autor do livro de contos Efeito Borboleta e outras histórias; e do livro de poesias Luz Indecisa, ambos editados e disponíveis apenas em Portugal, por enquanto.
Veja o blog Bibliotecário de Babel
Francesc Relea - Publicado em Babelia - El País
Xilogravura monumental
Isolde Bosak - Flores - Xilogravura em chapas de madeira inteiras, em grande formato (Porto Alegre Rs Brasil), 2009
Amor-perfeito
Neste lugar imperfeito
Onde as pedras calam
E o ar é rarefeito
Nesta terra árida
Onde répteis rastejam
E o fruto é amargo
Nestes galhos secos
Onde as aves recolhem
Seus ninhos vazios
Aqui, bem-amado
Plantei um canteiro
De amor perfeito
© Cleonice Bourscheid
© Anelise Scherer - Aquarela botânica / Amor-perfeito / Viola x cornuta
"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de rugidos e mugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama."
[in Caim, Caminho, 2009]
Publicado por José Mário Silva - BlogBibliotecário de Babel
Mostra de fotografia em Paris - Gilberto Perin / Novembro 2009
Gilberto Perin - Água - Série Fuerza Bruta / New York - Fotografia (New York Estados Unidos), 2008
Parque do Ibirapuera, São Paulo
Mário Castello - Ibirapuera - Fotografia (São Paulo SP Brasil), 2009