Terça-feira, 01.09.09

Obrigado, José Saramago

 Exit Saramago

 

José Saramago despediu-se hoje da blogosfera, embora não coloque de parte um regresso pontual ao seu Caderno, caso as circunstâncias o justifiquem. É uma pena. Embora não fosse um blogger no sentido que normalmente lhe atribuímos (pelos motivos que enumerei aqui), era uma voz singular e muitas vezes desarmante, a voz de um Nobel que não precisa, objectivamente, disto para nada mas que teve a generosidade e a humildade de se expor diariamente (a si, à sua escrita, às suas ideias) diante do mundo infinitamente aberto, mas por isso também devorador e implacável, da Internet.

 

Por tudo o que nos ofereceu no Caderno, mas sobretudo pelo gesto de partilha, insisto em dizer: obrigado, José Saramago. Saber que a ausência online reverte a favor da escrita de um novo livro não deixa de ser um consolo.

 

José Mário Silva - Publicado no blog Bibliotecário de Babel

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publicado por ardotempo às 15:57 | Comentar | Adicionar

Blogs são como estrelas

Uma pena, o fim do blog de José Saramago
 
José Saramago despediu-se hoje de seu blog. Uma pena, vamos sentir sua falta, a falta de seus textos imponentes e lúcidos. Os blogs são assim, de repente deixam de existir. São maravilhosos e frágeis, os blogs. Não têm apoios, não têm sustentabilidade econômica, quase sempre não tem nenhuma divulgação pelas plataformas que os abrigam. São luz e conhecimento, são convívios secretos entre os que os fazem e os que os consultam diariamente. Como a vida, podem extinguir-se a qualquer momento, pode nem haver o pretexto de que se vai escrever um livro. Isso é para quem escreve bem, já ganhou um Prêmio Nobel e recolhe o tempo restante para sua própria tarefa singular. Escrever livros. Blogs podem parar de repente, no dia 31 de agosto, no dia 12 de outubro, 17 de outubro ou 31 de outubro. Basta um gesto, uma abdicação, um piscar de olhos, um alçar de sobrolhos. A vida é curta, os blogs mais curtos ainda. Pena aos que ficam, aos que procuram e consultam blogs em busca de sentido para objetos e gestos no contexto da vida e da escrita, por esse fazer despreendido e audaz. 
 
Sentiremos sua falta no blog, José Saramago, até o dia em que resolvamos parar também. Nesse dia, o do pequeno suspiro do blog, a sua paralisação será sem notícia nem testemunhas porque os comentários são tão poucos que implicam em fantasmas inaudíveis de promessas desarticuladas. Talvez, de fato, seja melhor apenas ler alguns livros. 
 
Despedida
 
José Saramago
 
Diz o refrão que não há bem que sempre dure nem mal que ature, o que vem assentar como uma luva no trabalho de escrita que acaba aqui e em quem o fez. Algo de bom se encontrará neste textos, e por eles, sem vaidade, me felicito, algo de mal terei feito noutros e por esse defeito me desculpo, mas só por não tê-los feito melhor, que diferentes, com perdão, não poderiam eles ser. Às despedidas sempre conveio que fossem breves. Não é isto uma ária de ópera para lhe meter agora um interminável adio, adio. Adeus, portanto. Até outro dia? Sinceramente, não creio. Comecei outro livro e quero dedicar-lhe todo o meu tempo. Já se verá porquê, se tudo correr bem. Entretanto, terão aí o “Caim”.
 
P. S – Pensando melhor, não há que ser tão radical. Se alguma vez sentir necessidade de comentar ou opinar sobre algo, virei bater à porta do Caderno, que é o lugar onde mais a gosto poderei expressar-me.
publicado por ardotempo às 04:58 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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