Quinta-feira, 27.08.09

Azul

Fotografia

 

 

 

 

Itaci Batista - Parede azul - Fotografia  (São Paulo SP Brasil), 2009

publicado por ardotempo às 14:17 | Comentar | Adicionar

Saramago sobe ao ringue

 
Saramago carga contra Dios y salva a Caín
 
José Saramago vuelve a ocuparse de la religión en Caín, su nueva novela, que la editorial Alfaguara publicará previsiblemente a mediados de octubre, en la que redime a su protagonista del asesinato de Abel y señala a Dios "como el autor intelectual al despreciar el sacrificio que Caín le había ofrecido".
 
Caín viajará a la Feria del Libro de Frankfurt el próximo octubre y a finales de ese mes estará en las librerías de Portugal, América Latina y España, donde ver la luz también en catalán. Será en Lisboa, en su presentación mundial, donde el Nobel hable por primera vez de su nuevo libro, pero desde su casa de Lanzarote, donde pasa el verano y ya prepara las maletas para volver a Lisboa, ha explicado a través del correo electrónico que lo que ha querido decir con Caín es que "Dios no es de fiar. ¿Qué diablos de Dios es éste que, para enaltecer a Abel, desprecia a Caín?".
 
Casi 20 años después de su discutido libro El evangelio según Jesucristo, que fue vetado por el Gobierno portugués para competir por el Premio Europeo de Literatura, el Nobel luso hace un irreverente, irónico y mordaz recorrido por diversos pasajes de la Biblia pero no teme que vuelvan a crucificarle. "Algunos tal vez lo harán - explica Saramago -, pero el espectáculo será menos interesante. El Dios de los cristianos no es ese Jehová. Es más, los católicos no leen el Antiguo Testamento. Si los judíos reaccionan no me sorprenderé. Ya estoy habituado. Pero me resulta difícil comprender cómo el pueblo judío ha hecho del Antiguo Testamento su libro sagrado. Eso es un chorro de absurdos que un hombre solo sería incapaz de inventar. Fueron necesarias generaciones y generaciones para producir ese engendro".
 
José Saramago no considera este libro su particular y definitivo ajuste de cuentas con Dios -"las cuentas con Dios no son definitivas", dice -, pero sí con los hombres que lo inventaron.
 
"Dios, el demonio, el bien, el mal, todo eso está en nuestra cabeza, no en el cielo o en el infierno, que también inventamos. No nos damos cuenta de que, habiendo inventado a Dios, inmediatamente nos esclavizamos a él", explica el autor. Niega que la cercanía de la muerte, hace ahora un año debido a su enfermedad, le hiciera pensar más en Dios. "Tengo asumido que Dios no existe, por tanto no tuve que llamarlo en la gravísima situación en que me encontraba. Y si lo llamara, si de pronto él apareciera, ¿qué tendría que decirle o pedirle, que me prolongase la vida?".
 
Y continúa Saramago: "Moriremos cuando tengamos que morir. A mí me salvaron los médicos, me salvó Pilar (su esposa y traductora), me salvó el excelente corazón que tengo, a pesar de la edad. Lo demás es literatura, y de la peor".
 
Hace un año, el escritor sorprendió a sus lectores por la ironía y el humor que destilan las páginas de El viaje del elefante (Alfaguara) y que ahora vuelve a con Caín. Para él es un misterio. Y reflexiona: "No fue deliberado ni premeditado, la ironía y el humor aparecen en las primeras líneas de ambos libros. Podía haberlo contrariado e imprimirle un tono solemne a la narrativa, pero lo que está me vino ofrecido en una bandeja de plata, sería una estupidez rechazarlo".
 

El escritor empezó a pensar en Caín hace muchos años, pero se puso a escribirlo en diciembre de 2008 y lo terminó en menos de cuatro meses. "Estaba en una especie de trance. Nunca me había sucedido, por lo menos con esta intensidad, con esta fuerza", rememora. Saramago, que una vez escribió que "somos cuentos de cuentos contando cuentos, nada" y así sigue viéndose, escribe más y más rápido que nunca (tres libros en un año), quizás como la mejor manera de seguir vivo. "Es verdad. Tal vez la analogía perfecta sea la de la vela que lanza una llama más alta en el momento en que va a apagarse. De todos modos, no se preocupen, no pienso apagarme tan pronto", sentencia.

 

En su blog (blog.josesaramago.org ) aparece hoy el anuncio de la nueva novela, una suerte de tráiler del libro y una carta de la presidenta de la Fundación Saramago, Pilar del Río, en la que anuncia a los lectores del Nobel que este Caín no les dejará indiferentes. 

 

 

Publicado em El País

publicado por ardotempo às 14:09 | Comentar | Adicionar

1987

O fim de uma época: Daniel Buren na biblioteca de Serralves
 
O episódio é conhecido: em 1971, uma série de nomes ligados sobretudo ao minimalismo, à arte conceptual e à "land art" - Donald Judd, Dan Flavin, Joseph Kosuth e Richard Long - exigiram a exclusão de uma obra de Daniel Buren, a monumental "Peinture-Sculpture", da sexta exposição internacional organizada pelo Guggenheim, em Nova Iorque, com o argumento de que o trabalho do francês comprometia a visão de outras criações, nomeadamente as dos autores do pedido de exclusão.
 
 
 
Apesar de a instalação ter sido aprovada inicialmente pela comissária da mostra, Diane Waldman, esta viria a ceder aos argumentos dos contestatários, decidindo retirar a peça de Buren - uma tela não esticada com 20x10 metros, suspensa, de modo a dividir, desde a clarabóia até à parte inferior da primeira rampa, o espaço cilíndrico da rotunda do museu.
 
Em oposição à retirada de "Peinture-Sculpture", dezasseis dos vinte e um artistas presentes na exposição assinaram uma petição, tendo mesmo Carl Andre, em solidariedade com Buren, retirado a sua obra da mostra; contudo, apesar dos gestos de solidariedade, a peça acabou por ser desmontada antes da inauguração. Nesse ano, 1971, uma retrospectiva de Hans Haacke foi cancelada pelo mesmo museu, na sequência da vontade do então director do Guggenheim, Thomas Messer, de excluir dois trabalhos da exposição, um desejo repudiado neste caso quer pelo artista, quer pelo comissário, Edward Fry - as obras em questão eram "Shapolski et al. Manhattan Real Estate Holdings" e "Sol Goldman and Alex DiLorenzo Manhattan Real Estate Holdings". Os trabalhos de Buren - não esqueçamos a sua imagem de marca, as listras coloridas, com 8,7 cm de largura - e de Haacke podem ser considerados momentos fundadores da crítica institucional.
 
Hoje, a assimilação deste projecto pelas instituições, nomeadamente através da inclusão nas suas agendas de iniciativas (mostras, colóquios, cursos, etc.) relacionadas com a investigação sistemática do sistema artístico anulou os seus efeitos práticos. Continua, mesmo assim, a ser necessária uma análise atenta e permanente das possíveis instrumentalizações das estruturas museológicas para outros fins - ou das instrumentalizações por estas realizadas em seu benefício. Essa tarefa pode ser realizada quer a partir de um olhar centrado na sua componente artística - por exemplo, a relação da obra de arte com a arquitectura envolvente ou a forma como se constitui um programa de exposições -, quer focando a atenção na autonomia de um museu relativamente a interesses distintos (políticos, económicos, sociais, administrativos).
 
Em texto incluído em "Art Since 1900", precisamente o dedicado a 1971, Benjamin Buchloh escreve que a crítica institucional, tal como formulada por Haacke e Buren, é um projecto que pode ser associado ao impacto das teorias críticas e pós-estruturalistas nas artes visuais: "Podemos dizer que para Haacke este efeito é evidentemente o legado do pensamento da Escola de Frankfurt e de Jürgen Habermas, enquanto para Buren é evidentemente o legado estruturalista e pós-estruturalista de Roland Barthes, Michel Foucault e Louis Althusser, que levaram a práticas artísticas que tomam em conta a inescapável sujeição da arte a interesses ideológicos." Porém, tudo isto parece distante, absorvido: passados 34 anos, o artista francês, já depois de consagrado com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (1986), volta ao Guggenheim com uma exposição intitulada "The Eye of the Storm" - Buren, que, em 2005, num diálogo com Olafur Eliasson publicado na revista "Artforum", declara a propósito de instituições como a Tate, o Centro Pompidou, o MoMa ou o Guggenheim: "Estes são certamente lugares onde expor ainda é um "plus", mas expor em quaisquer outros é como expor numa galeria ou seja lá onde for - não é uma coisa que indica que o teu trabalho é muito especial."
 
Serralves pertence porventura àqueles museus que ainda não foram atingidos pelo síndroma de que hoje sofre o Louvre, uma situação analisada recentemente por Pietro Citati em artigo publicado no "La Repubblica" : "Os oitomilhõesquinhentosecinquentamil visitantes [o número de entradas na instituição francesa, no ano passado] não são, na sua maioria, nada: não compreendem nada: não amam a pintura: não distinguem um Grünewald de um Caravaggio: não experimentam nenhuma alegria; e aborrecem-se mortalmente." Através desta poderosa crítica, o escritor italiano consegue atingir o cerne da actual questão: o divórcio absoluto entre o espectador e a obra de arte, confundindo-se esta cada vez mais com as necessidades básicas de compreensão do público - quanto mais divertida a experiência, melhor, chegando-se ao ponto de, numa das exposições realizadas este ano no Guggenheim, o artista Carsten Höller propor um espaço em que o visitante podia dormir por um preço que variava entre 259 (estudantes, só às segundas-feiras) e os 799 dólares (fins-de-semana), sendo-lhe ainda permitido circular pelos seis pisos da instituição durante a sua estada.
Comissariada por Guy Schraenen, a actual exposição dedicada a Daniel Buren pela biblioteca de Serralves - numa altura em que o museu comemora dez anos - é, por isso, uma excelente oportunidade para reflectir sobre os desígnios da instituição. Mais público, menos arte, parece ser a estratégia, na qual o marketing ganha cada vez mais território relativamente à investigação, ao saber.
 
 
Quanto aos livros e publicações expostos, aparecem transformados em "documentos" de uma época já desaparecida - alguns surgem sobre plintos, outros emoldurados, numa contradição absoluta relativa aos seus usos, como é o caso dos convites/cartazes usados nas intervenções realizadas pelo artista no Wide White Space, em Antuérpia, entre 1969 e 1974.
 
Há um envelhecimento precoce em muitos destes domesticados objectos, talvez porque se quis andar demasiado depressa, sem pensar nas consequências desse movimento: a ineficácia crítica.
 
Oscar Faria - Publicado no Ipsilon
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publicado por ardotempo às 12:43 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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