Quarta-feira, 10.06.09

O ex-marido de Cicciolina é neopop

Un divo del arte pop
 
Isabel Lafont 
 
 
Arte. Pocos artistas actuales suscitan más controversia que Jeff Koons. Para algunos, es uno de los monstruos que ha creado el desenfreno de un mercado del arte alimentado por nuevos multimillonarios sin más conocimiento del arte que las cotizaciones de las subastas de arte.
 
Para otros, es un genio del marketing, como Damien Hirst o el japonés Takashi Murakami, que en lugar de arte hacen merchandising muy caro, pero merchandising al fin y al cabo. El hecho de que Koons o Hirst se hayan disputado en los últimos años el título de artista vivo más caro, seguramente ha contribuido a alimentar los argumentos de sus críticos.
 
Pero también hay otra posición que cree que Koons ha abierto nuevas vías a las corrientes del arte pop (su obra se suele clasificar de pospop o neopop) y por tanto merece un reconocimiento en la historia del arte.
 
Su obra es explícitamente sexual a veces - quién no recuerda la serie de fotografías abiertamente pornográficas con su ex esposa, Ilona Staller, más conocida como Cicciolina - y casi siempre irreverente. Pero, como suele suceder con las figuras polémicas, para emitir un juicio informado es aconsejable profundizar en ellas. 
 
Isabel Lafont - Publicado em Babelia - El País
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publicado por ardotempo às 20:10 | Comentar | Adicionar

Inscrições para o Prêmio da Jornada de Passo Fundo

 
Está chegando o dia. Se você quer participar, é momento de se apressar porque se encerram nesta sexta-feira as inscrições para o 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura. Podem participar romances escritos em língua portuguesa que tenham sido publicados entre junho de 2007 e maio de 2009. O vencedor receberá R$ 100 mil, e será conhecido na abertura da 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, no dia 24 de agosto.
 
Na última edição do prêmio, realizada em 2007, participaram escritores de 17 Estados brasileiros, além de autores de países como Inglaterra, Moçambique, Portugal e Tailândia. O vencedor foi o moçambicano Mia Couto, com a obra O Outro Pé da Sereia. A ficha de inscrição está disponível para download no site da Jornada.
publicado por ardotempo às 18:55 | Comentar | Adicionar

Na Serra da Mantiqueira

Escritores entre montanhas

 

"Ao organizarem alguma coisa não me convidem para a mesa do português Miguel Sousa Tavares. O homem se acha, deve pensar que é o Fernando Pessoa ou Eça de Queiroz  e nem chega aos pés do José Cardoso Pires, Lídia Jorge, Saramago ou Lobo Antunes. Foi marcada uma sessão de autógrafos dele e minha na mesma mesa, mesmo local, ao meio dia e meia de domingo. Ao chegar, ele estava sentado, cumprimentei-o. Ele nem me olhou, rosnou: "Hum". Sentei-me e estendi a mão, dizendo o meu nome. Ele nem estendeu a mão, nem se virou para o meu lado, nem rosnou "Hum". Diante de tanta cortesia, levantei-me, levei minha turma, fui autografar na praça. Não sem antes apanhar o romance Equador, que havia comprado para que ele me autografasse, afinal, é um companheiro de ofício. Na caixa da livraria Saraiva, troquei o Equador pelos 125 Contos de Guy de Maupassant."

 

Ignácio de Loyola Brandão - Publicado em O Estado de São Paulo

publicado por ardotempo às 16:23 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Faz-te à vida, miúdo

O que vêem os olhos quando já não podem ver
 
António Lobo Antunes
 
 
Para a Rita, que sabe enxotar papões.
 
Isto que escrevo é o quê? Uma pessoa a bater à porta sem que lhe respondam e continua a insistir numa monotonia aflita? A mão que imita no papel a chuva da janela? O silêncio do outro lado das vozes quando as nossas lembranças, uma a uma, se calam? Um velho a morrer sozinho num terceiro andar sem elevador e na cabeça dele, não alcançando a boca, o chamamento que só eu oiço
 
- Elisa
 
e o relógio de parede que só ele ouve, com todas as horas da sua vida dentro, as insignificantes, as grandes, um barco a afastar-se? Será isso acabar, um barco que se afasta, uma senhora a dizer adeus com o lenço, por trás do lenço um sorriso e por trás do sorriso ninguém, nem o que pensamos ser a nossa sombra? O lugar onde o Mondego nasce, num fiozinho, entre pedras e o sol no fiozinho e a tua sombra dentro? Isto que escreves é o quê? O teu pobre corpo no hospital, há dois anos, um corpo que não é teu, és tu, um trapo que tenta resistir, desiste, continua e tu, sem orgulho nele, a vê-lo desobedecer-te, diluir-se? Qual o teu nome verdadeiro sob o nome que te chamam e nem a tua mãe conhece? Escreves para quem se estão mudos, se não podem ler-te, se lendo-te se distraem de ti e te abandonam? Que sentido fazes e a quem esse sentido importa? Haverá alguém mais sem companhia do que aquele que fala? Depois de não seres virão escutar-te ou são os móveis da casa que escutam, as cruzetas baloiçando sem descanso nos varões, seja o que for parecido com o mar, a sétima onda que sempre procuraste e nunca veio, vem um enfermeiro medir-te a temperatura na orelha e queres dizer-lhe e não consegues, ao não conseguires perdes o que querias dizer e em ti
 
- Elisa
 
e o relógio de parede com todas as horas da tua vida dentro, sobretudo as que não viveste e te gastaram, mínimas horas entre as quatro e as seis quando era possível, ainda, encontrar um buraquinho onde coubesses neste muro? Não te lamentes, não te tornes amargo, não esperes: ocuparam o teu lugar, não tens espaço, fica o pó de algumas frases que um sopro distraído varrerá, um lugar nas selectas, títulos que penduraste à entrada dos teus gritos, nada porque nada te atinge ou te perturba, é tarde. Isto que escrevo é o quê? A empregada continuará a vir, a tomar conta da casa, a deixar-te bilhetes, a surpreender-se com a ausência de roupa no cesto, a ausência de correio, a ausência de ordens, a camisa azul precisa de, lave melhor o plástico do chuveiro, não encontro a faca do queijo na gaveta? Tão quotidiana foi a tua vida, pequeninos gestos, pequeninas maçadas, pequeninos projectos, pequeninos desejos e tanta luz em volta que te não pertence. És uma estátua entre estátuas, cegaste?
 
Quem passeia o cão que não tens, quem examina o que te resta de intestinos, quem morrerá contigo se morreres? Fotografias de outro, cartas de outro, o teu prato não na mesa, vazio, limpo? Mais perguntas ainda ou nenhuma pergunta, vais-te embora e ficas, durarás para sempre a esta mesa, nesta rua, neste quarteirão, a lembrares-te do homem que vivia com o gato e passava fome para comprar fiambre ao bicho, peixe caro, miminhos, enquanto ele se alimentava de cerveja, resmungos e cigarros? Ou o sujeito enorme que ao deixares o automóvel no passeio te tranquilizou, olhando o fulano das multas com desprezo
 
- Vá sossegado, doutor, que por cima de mim só os aviões?
 
Ou aqueles que não te deixavam pagar a torrada, o Julinho, o Carlos, os outros que, ainda estás para saber porquê, te estimavam? O paquistanês que se despediu de ti a apertar-te a mão, comovido
 
- Tenho de me ir embora, desculpe, não ganho um tostão com a loja
 
sentindo-se culpado de ser pobre? O senhor Varela, digno, delicadíssimo, de cabelos brancos, a quem o cancro levou a esposa e se injectava derivado aos diabetes, iluminando a esquina ao cumprimentar-te
 
- Ontem à noite senti-me mal, rezei dois Padre-Nossos, melhorei
 
a solidão que morava nesta conversa, rezei dois Padre-Nossos, melhorei? Senhor Varela, senhor Miguel que te oferecia do bolo que a mãe fez no Alentejo, João Paulo, Vítor, Senhor Cardoso, dona Irene, senhor Jorge, sempre tão atentos contigo, generosos? Senhor Leonel, senhor Paulo, um rosário protector à tua volta e tu a pensares
 
- Não mereço a vossa estima?
 
Formaram a matéria dos teus livros, ensinaram-te tanto, e tu é que eras o doutor, tu é que eras importante, que patetice, que asneira, ficarás aqui ao ires-te embora? Ficarás aqui ao ires-te embora, é aqui que pertences, reencontraste a Benfica perdida neste lugar de Lisboa, nestas pessoas que não sonham o que lhes deves nem acreditam em ti por mais que o repitas
 
- O senhor doutor está a brincar
 
convencidos que estás a brincar e não estás a brincar, é no meio desta gente que te sentes bem, deste canto que ninguém a não ser nós sabe onde fica, é para eles, que te não lêem, que escreves. O senhor Ribeiro, que ainda não saiu da guerra na Guiné, a dona Fernanda que te enrolava salsichas em couve lombarda, a esplanadazinha com as empregadas brasileiras do cabeleireiro?
 
O teu avô nasceu em Belém do Pará, o teu bisavô nasceu em Belém do Pará, ao teu trisavô, filho de camponeses da Póvoa do Lanhoso, meteram-no num veleiro faz-te à vida, e ele fez-se à vida, que remédio, e lá andou na borracha, aguentou-se. Chamava-se Bernardo António Antunes e aguentou-se. Aguenta-te tu. Isto que escrevo é o quê? O trineto do senhor Antunes a aguentar-se, a nobreza dele um casinhoto que deixou de existir há séculos, na Póvoa do Lanhoso. Todo o Minho do sangue do senhor Antunes está no teu, é uma criança num veleiro, a fazer-se à vida. Faz-te à vida, miúdo. António Antunes, mais o Lobo da nora do senhor Antunes, Leopoldina claro, como a imperatriz. O teu pai tinha retratos dela, morreu nova. Isto que escreves é Belém do Pará a tremer ao longe nas histórias que te contavam em pequeno, mamãe diz ao papai que eu quero ir para a guerra do Paraguai. E vou. Pensando bem já lá cheguei há que tempos.
 
© António Lobo Antunes
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publicado por ardotempo às 03:58 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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