Domingo, 17.05.09

Árvore

Fotografia

 

 

Mário Castello - Árvore em Belo Horizonte - Fotografia (Belo Horizonte - Minas Gerais Brasil), 2009

publicado por ardotempo às 15:08 | Comentar | Adicionar

Perguntas ao Presidente que se omite sobre ambiente

Quatro Perguntas sobre Meio Ambiente
 
Carlos Tautz 
 
O Brasil é o quarto maior emissor de gases que aumentam a temperatura do planeta e alteram o clima da Terra, mas o presidente Lula e a Ministra Dilma Roussef, que de fato mandam no governo, desprezam o tema. Lula apenas repete que as alterações no clima foram causadas pelos países ricos e que eles é que devem encontrar uma solução. Dilma é uma prega o crescimento econômico pelo crescimento econômico. E só.
 
Duas regiões no Brasil sofrerão mais com as alterações no clima. No semiárido, uma das regiões mais pobres do País, onde já faltam todas estruturas de atendimento à população, aumentará ainda mais a escassez de água. Os pobres, mais uma vez, serão os mais atingidos. E boa parte da floresta amazônica vai se transformar em savana. Isso alterará o regime de formação das chuvas que saem de lá e vão se precipitar no cone sul da América do Sul, onde irrigam as regiões onde é produzida a maior parte dos alimentos que consumimos no Brasil e que exportamos. Ou seja, diminuirá a produção de comida.
 
1ª pergunta: Por que o governo não desenvolve uma política consistente de enfrentamento das mudanças no clima?
 
O Brasil liderou o debate sobre as responsabilidades comuns porém diferenciadas sobre as emissões históricas. Embora ainda mantenha capacidade de influir nas negociações internacionais, passou a se omitir desde que aumentaram as taxas do crescimento econômico baseado na derrubada e queimada de florestas. Em dezembro, acontece a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima em Copenhagen. Barak Obama, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Gordon Brown tentarão protagonizar o evento, que vai definir as ações contra as mudanças climáticas na segunda fase do Protocolo de Quioto, a partir de 2012. Está aberta a janela da oportunidade política para o Brasil assumir a liderança da principal questão do século 21.
 
2ª pergunta: Por que Lula não chefia pessoalmente a representação do Brasil à CoP15 e se projeta como líder mundial?
 
Parte considerável das emissões de gases poluentes se origina da queima de combustíveis fósseis. A Petrobras avalia que o pré-sal pode ter até 50 bilhões de barris, que demandarão 160 bilhões de dólares para serem explorados. Colocada no mercado, parcela considerável desse petróleo será queimada e vai agravar ainda mais a mudança no clima.
 
3ª pergunta: O governo considera não explorar o pré-sal e, em vez disso, investir tudo na viabilidade das energias do vento e do sol, como o fez nos anos 1970 para desenvolver o álcool combustível?
 
Em agosto de 2008, BNDES, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Caixa Econômica Federal assinaram protocolo de intenções se comprometendo a adotar critérios sociais e ambientais antes de conceder seus empréstimos. Mas os bancos continuam a financiar atividades que causam a destruição das florestas, desconsiderando até que pesam suspeitas de fraude e incompetência na emissão de licenças ambientais em estados campeões de desmatamento, como Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
 
O BNDES chegou a propor ao Banco Central uma linha de crédito para financiar a modernização do sistema ambiental desses estados, reconhecendo que as licenças em que se baseia para conceder seus vultosos e subsidiados empréstimos são frágeis, para dizer o mínimo.
 
4ª e última pergunta: Por que o próprio governo não para, agora mesmo, de fornecer o dinheiro que desmata e emite os gases que causam as mudanças no clima?
 
Carlos Tautz - Jornalista. Publicado no Blog do Noblat
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publicado por ardotempo às 14:37 | Comentar | Adicionar

Arte faz viver

Os inumeráveis estados do ser
 
Ferreira Gullar
 
Na época em que Nise da Silveira estudou psiquiatria, os métodos adotados para tratamento da esquizofrenia eram a lobotomia e o choque elétrico. Ela, horrorizada, negou-se a usar esse tipo de tratamento, criando assim um problema para o diretor do Centro Psiquiátrico Nacional, que era seu amigo e não queria demiti-la. Como alternativa, ela optou por dedicar-se a lidar com os pacientes que, como terapia, cuidavam da arrumação dos quartos e limpeza dos banheiros. Foi quando teve a ideia de acrescentar a essas ocupações, outras, como trabalho de encadernação, modelagem, desenho e pintura. Assim nasceram os ateliês e, como resultado deles, o Museu de Imagens do Inconsciente. Naqueles ateliês surgiram alguns artistas de grande talento, cujas obras hoje integram o acervo da arte brasileira.
 
Essa integração não se deu facilmente, uma vez que a maioria dos críticos de arte e mesmo artistas negavam-se a reconhecer como arte a produção de doentes mentais. O crítico Mário Pedrosa foi o primeiro, entre nós, a defender a legitimidade da expressão daqueles artistas que surgiam, por assim dizer, à margem da história.
 
A resistência dos que negavam valor artístico àquelas obras decorria do preconceito contra o doente mental e da incompreensão da natureza mesma do trabalho artístico. Custaram a compreender que não era a loucura que fazia daquelas pessoas artistas, e, sim, a vocação, o talento de que nasceram dotadas. Não é a loucura que produz arte, uma vez que das dezenas de pacientes que trabalharam nos ateliês do CPN, no Engenho de Dentro, só uns poucos - cinco - de fato criaram obras de real qualidade estética.
 
Por outro lado, deve-se entender que o propósito da dra. Nise não era formar artistas, mas, sim, oferecer aos pacientes a possibilidade de se expressar e, desse modo, dar vazão a impulsos e inibições que não encontrariam outro modo de superar. É que, em geral, o doente mental tem dificuldade de se expressar logicamente, como o exige a linguagem verbal. Já a linguagem pictórica, não-verbal, constituída de cores, linhas, símbolos visuais, dispensa o logos para se estruturar. Por essa razão, ao mesmo tempo que serve de vazão aos impasses emocionais, permite-lhe construir uma totalidade simbólica plena, bela, que lhe dá alegria e autoafirmação.
 
 
Um exemplo bem evidente disso é o caso de Emygdio de Barros, que, após 23 anos de mudez, encontrou na pintura o caminho para realizar suas potencialidades de artista. Na verdade, não só lhe seria impossível valer-se da fala ou da escrita, como jamais, através delas, conseguiria inventar um espaço imaginário tão rico de significações como o encontramos em seus quadros.
 
A pintura não o curou mas permitiu-lhe superar o mutismo em que se trancara, a ponto de, certo dia, manifestar o desejo de voltar para casa. E o fez de maneira muito especial, ao dizer a dra. Nise que, naquele Natal, queria como presente um guarda-chuva. Após um primeiro momento de surpresa, ela entendeu que, se queria um guarda-chuva, é que deseja sair do hospital, já que lá dentro não chove.
 
Mário e Almir Mavignier, temendo que ele parasse de pintar, sugeriram fazer uma exposição de seus quadros, como propósito de vendê-los -e, com o dinheiro, comprar telas, pincéis e tinta. Apenas seis quadros foram vendidos, dos quais cinco foram comprados por Mário Pedrosa -aliás, as únicas vendidas de todas as que foram criadas nos ateliês do CPN, já que o objetivo de dra. Nise era conservá-las como objeto de estudos médicos para a compreensão do fenômeno psíquico que ela designava, adotando uma expressão de Antonin Artaud, como "os inumeráveis estados do ser".
 
 
Emygdio foi morar com a família e, pouco depois, parou de pintar, ou porque o dinheiro acabara ou porque a família preferiu gastá-lo em coisa mais útil. Assim, passaram-se alguns anos sem que se tivesse qualquer notícia dele. Enquanto isso, críticos e artistas começaram a reconhecer a qualidade artística das obras criadas nos ateliês do CPN. O Museu de Imagens do Inconsciente ganhou prestígio internacional, e a obra da dra. Nise, o reconhecimento tanto de estudiosos da arte quanto da psiquiatria.
 
Mas eis que, um belo dia, um senhor de paletó e gravata, com uma maleta na mão, chegou ao hospital do Engenho de Dentro. Era Emygdio de Barros, que voltara para retomar seu trabalho de pintor. E pintou ali até completar 80 anos, quando, por força de lei, teve que ser transferido para um asilo de idosos, onde morreu aos 92 anos de idade.
 
 
Ferreira Gullar - Publicado na Folha de São Paulo / UOL

Pintura a gouache sobre papel de Emygdio de Barros

Imagem de Antonin Artaud - Fotografia por Man Ray

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publicado por ardotempo às 13:18 | Comentar | Adicionar

Gaivotas

Gilberto Perin

 

 

 

Gaivotas no fiorde - Fotografia de Gilberto Perin  (Noruega), 2007

publicado por ardotempo às 03:09 | Comentar | Adicionar

Pintura Abstrata

 Ad Reinhardt

 

 

 

"Abstração" - Pintura de Ad Reinhardt , Madrid - Espanha 

Estudantes anotam meticulosamente uma descrição artístico-estética acerca da pintura que vêem na mostra de Madrid.

publicado por ardotempo às 03:05 | Comentar | Adicionar

Mia Couto no teatro

Teatro em São Paulo

 

Mia Couto

 

Inspirado no romance "O Outro Pé da Sereia", do escritor moçambicano Mia Couto, a Cia. de Teatro Fábrica São Paulo, após um ano de pesquisa, estreia espetáculo homônimo neste sábado (16.maio.2009), na Unidade Provisória do Sesc Avenida Paulista, na região central de São Paulo.
 
A montagem, que fica em cartaz até 28 de junho, tem direção de Roberto Rosa e música-tema criada pelo compositor Chico César. A dramaturgia é de Fábio Salem Daie e Lina Agifu. No elenco estão Ed Moraes, Fernando Bezerra, Lina Agifu, Luanah Cruz, Marília Carbonari e Mônica Augusto.
 
No palco, após 20 anos refugiada em um lugar chamado Antigamente, Mwadia Malunga retorna para a Vila Longe, sua cidade natal, para achar um local para guardar uma imagem de Nossa Senhora. Ao voltar, descobre como o tempo e a guerra transformaram as pessoas, que aguardam, agora, a chegada de uma brasileira representante de uma ONG.
 
Em outro plano, que se passa em 1560, uma caravela portuguesa faz a primeira incursão católica para o litoral de Moçambique. A bordo estão um jovem padre e um jesuíta, que carrega consigo uma imagem de Nossa Senhora, abençoada pelo papa.
 
Construída sobre o cruzamento de tempos históricos e das memórias de seus personagens, a produção mostra como a chegada dessas três mulheres - a imagem de Nossa Senhora, Mwadia Malunga e a brasileira - mudam o cotidiano de Vila Longe.
 
Publicado pela Folha de São Paulo 
publicado por ardotempo às 02:36 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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