Lana Turner
Andy Warhol - Lana Turner - Pintura em acrílica com aplicação de processo serigráfico, sobre tela (Grand Palais, Paris 2009), 1985
A crise derrubada sobre o cotidiano das pessoas
Homem no lixo - Imagem em adesivo, colada sobre um muro em Paris (Paris, França) 2009
Fotógrafo: Eric Tenin
Uma exposição de carros pintados
A mostra está atualmente em Nova York, ocupando luxuosamente o espaço expositivo de um Museu. Como já esteve no MASP em São Paulo há uns 15 anos atrás, talvez indevidamente, e apresenta uns carros de uma marca famosa alemã que foram pintados por alguns artistas de renome, há bastante tempo.
É mostra de Arte de verdade? Já naquela época a pergunta de fazia necessária e urgente.
Ou terá sido sempre apenas uma melancolia tristonha, um ardiloso movimento de marketing, mostrando artifícios decorativos e estéreis aplicados sobre um suporte de carrocerias de automóveis - hoje em dia já meio antigos - peças da indústria de consumo e da obsolescência veloz, já ultrapassadas, que nem mais rodam pelas ruas e estão mais para o antiquariato de placa preta do colecionismo do que para a expressão de uma modernidade que, datada, se fez ultrapassar e enterrar, inevitavelmente?
O tempo desmascara as intenções.
A arte (?) ali proposta se mostra fúnebre, domesticada e artificialmente morna. Mas desde o princípio, essa proposta respirou apenas por aparelhos, impulsionada pela mídia de aluguel.
O que está errado no que ali se expõe? Primeiramente, a improvisação evidenciada nos trabalhos dos artistas que aderiram ao projeto mediante o apelo monetário pela encomenda do patrocinador interessado comercialmente no conjunto da mostra - evidentemente não houve a menor necessidade interna e espiritual para se realizar aquilo.
Em segundo lugar, a proposta é meramente decorativa e nem nesse aspecto se sai muito bem, superada que é pelos especialistas anônimos nessa "estética" automobilística, que produz sempre alguma coisa que se mostra mais interessante a cada dia - basta olhar para as ruas e em algum momento se vê passando algo mais criativo, mais bizarro ou engraçado. Mesmo assim isso também não é Arte...
A terceira abordagem equivocada está no público que comparece à mostra, que não é o público dos museus e o da cultura como interesse primordial - é o público que iria em massa a um Salão de Automóveis ou a uma loja de carros para bisbilhotar as novidades e ver as ofertas. Que sairá frustrado do Museu por ver, nos dias de hoje, apenas umas velharias que não o interessam mais - desse modo nem para formar um novo público para a Arte essa mostra serve, como anteriormente já acontecera no MASP de São Paulo. Esse público comparece por curiosidade pelas notícias veiculadas, pelo anúncio publicado pela fábrica, observa aqueles carros antigos, vai embora e não retorna nunca mais. Não vê as mostras que estão ao lado, nos outros andares, tampouco se interessa pelo acervo do Museu.
A propósito, por onde estarão aqueles aviões a jato, de viagens intercontinentais, concebidos por Calder há uns 30 anos atrás? Eram bonitos, eu os vi pousando algumas vezes no aeroporto de São Paulo... Quem os viu recentemente? Foram colocados em algum museu? Ou simplesmente viraram sucatas, foram vendidos como ferro velho e sumiram da memória coletiva da Arte, como obras pensadas apenas para serem efêmeras?
Desenhos
César, desenho sobre papel (Marselha, França), 1977
Daniel Buren, desenho sobre papael (Paris, França), 1985
Keith Haring, desenho sobre papel (Nova York, Estados Unidos), 1986
Yann Arthus-Bertrand
Fotografia de Yann Arthus-Bertrand - Navio quebra-gelo em Nunavut (Canadá)
© Yann Arthus-Bertrand
André Malraux
Fotografia - André Malraux e as fotografias para o Museu Imaginário - Fotografia de Maurice Jarnoux - 1947
Anônimo Noturno