Sexta-feira, 20.02.09

Conto inédito de Junia Nogueira de Sá

Dois minutos
 
Junia Nogueira de Sá
 
Dois minutos. É tudo que eu preciso, dois minutos. Preciso falar com você para explicar o que aconteceu. Vai ser rápido, você nem vai se aborrecer, eu prometo. Dois minutos. 
 
Vou contar tudo. Como foi que ele chegou em casa naquele dia, e como foi que eu ouvi os passos na escada da frente. Pesados, pesados. Pelos passos eu já sabia tudo. Juro. Mesmo. Não estou, brincando: os passos dele eu podia ouvir da cama, todas as noites quando ele chegava tarde. E pelo ritmo, pela maneira de pisar na pedra das escadas da frente de casa, pelo peso, entende?, eu já reconhecia o humor dele. 
 
Você não acredita mas não tem problema, porque você nunca acreditou em mim. Nunca. Eu me lembro que, desde a escola, quando eu brigava na hora do intervalo e acabava estapeando alguma das meninas, você não acreditava. Eu voltava para a sala de aula com os cabelos desgrenhados, a maria-chiquinha desfeita, e você achava que eu tinha apanhado em vez de bater. Logo eu, que nunca fui de levar desaforo para casa. Logo eu, que era pequenininha mas resolvia tudo no braço, e você nunca acreditou nisso. Eu batia nas meninas no intervalo, mas acabava apanhando de você no caminho de volta para casa. Enquanto você dizia que eu era mentirosa e tinha de revidar quando apanhasse, eu apanhava. 
 
Mas isso não vem ao caso agora. Não mesmo. Eu quero contar o que aconteceu sem aborrecer você. Como prometi. Dois minutos. Acho que já gastei um, não? Mas me deixe falar. Vou contar tudo. Ouvi os passos dele, parecia um bicho bem grande subindo as escadas. Um. Outro. Mais um. Passos pesados. Como os dinossauros dos filmes, sabe? Eu podia imaginar a barriga gorda, a cara gorda, a bunda gorda dele pesando em cima das pernas, dos pés ecoando na pedra das escadas. Eu não podia ouvir, mas podia imaginar a respiração pesada dele, a mesma que tantas vezes ouvi tão de perto, ele por cima de mim, a barriga gorda, a cara gorda, minhas mãos tentando tocar a bunda gorda dele sem conseguir. Claro, não? Eu sempre fui pequenininha, você sabe, como ia conseguir abraçar aquela montanha de gente em cima de mim? Minha vontade era tocar a bunda para cravar as unhas; eu tinha um desejo, um delírio melhor dizendo, de que poderia agarrar a bunda gorda com as duas mãos, com as unhas todas enterradas nela, e puxá-lo para cima, e depois lançá-lo longe, bem longe de mim. Mas eu nem alcançava a bunda, então ficava ali, tentando, tentando me distrair e pensar no que eu faria se pudesse, e ele se movimentando, se chacoalhando, se esfregando, sabe como é, resfolegando e suando. Horrível. 
 
Mas isso não vem ao caso também. Droga, acho que falta pouco tempo agora, não? Vou acelerar. Vou contar depressa. Ele subiu as escadas e abriu a porta da frente. Eu cobri a cabeça com o lençol e fechei os olhos. Primeiro, bem apertados. Mas eu me lembrei que ninguém dorme de olhos apertados, e fui soltando. Tentei deixar as pálpebras apenas cerradas, não é bonita esse expressão? Pálpebras cerradas. Eu adoro. Vi num livro, uma história bem romântica. Também pensei que ninguém cobre a cabeça quando dorme. Mas isso eu não sei onde aprendi. Puxei o lençol um pouco para baixo e ouvi, nitidamente, ele virar a chave na porta lá embaixo, pelo lado de dentro. Casa é assim mesmo, não? A gente alonga os ouvidos quando mora numa casa como a minha, numa cidade como esta, violenta, cheia de histórias assombrosas nos jornais, nos telejornais, em qualquer fila em que se entre para fazer qualquer coisa, basta dar uma chance e sempre tem alguém com uma história assombrosa desta cidade. Eu tenho medo, claro. Tento controlar, mas tenho. Passo a noite toda ouvindo os barulhos da casa, da rua, do vizinho da direita, sei identificar exatamente cada um deles, os ouvidos alongados, alongados. Uma janela que se abre. Uma porta que se fecha. Um estalo no telhado por conta do dia quente. Sei até que cachorro é de quem, apenas pelo latido. Mais do que isso: já aprendi que existem latidos de alerta, de aborrecimento, até de pesadelo dos cachorros. Conheço alguns deles, já. É verdade... São latidos diferentes, sabe? O cachorro que não está alertando o dono, não está vendo ninguém estranho pulando o muro ou forçando o portão, apenas como exemplo, um exemplo bobo mas é um exemplo, esse cachorro late frouxo. Uou, uou, uou, uou. Frouxo e rouco, quatro vezes. Pode contar... 
 
Por falar em contar, eu vou contar. Calma. Você nunca tem calma, isso sempre ficou por minha conta: acalmar as coisas. Eu sempre fui mais sensata do que você, não? Não disse esperta, por favor, não confunda. Sensata. E calma. Eu estava calma naquela noite. Tinha ido cedo para a cama, não tinha nada para fazer, o que não chega a ser uma novidade na minha vida. Então eu ouvi a chave girando na porta da frente e tentei ficar imóvel, naturalmente imóvel, como eu disse antes. Puxa, estou com sede. Mas não vou parar para buscar água, senão a história não acaba hoje. Dois minutos, foi o que combinamos, certo? Vou continuar. Minha língua está seca como uma folha no outono, deve estar até amarela, ocre, marrom. Cor de terra, como as das folhas secas. Cor de bosta, que feio. Eu adoraria ter um copo de água aqui perto, mas não tenho, vamos seguir com a história. Eu fui relaxando o corpo, a boca, os olhos, as mãos, as mãos são muito importantes, quando a pessoa dorme, as mãos ficam nem abertas, nem fechadas, já reparou? Conscientemente, fui relaxando tudo. Queria mesmo parecer que estava adormecida. Profundamente adormecida. Fácil. Faço um exercício bem parecido com esse pelo menos três vezes por semana, na aula de yoga, deitada no chão, todas nós deitadas no chão, e a instrutora dizendo: agora, os dedos dos pés. Sabia que eles ficam tensos? Você tem que prestar atenção neles para poder relaxá-los. Agora, a língua dentro da boca. A mesma coisa! Ela está lá, dura, você nem percebe. Dura e seca como agora, porque quando acaba a aula eu sempre tenho sede. Relaxo a língua, e ela se banha na saliva do fundo da boca, é bem gostoso. Não dá para fazer isso aqui e agora, porque eu estou falando. Vou ficar com a sede, que chato. Eu queria tanto um copo de água... E os músculos da pelve então, aqui embaixo, sabe? Ficam tensos como os dedos dos pés. Da primeira vez, a instrutora falou: agora, a vagina. Era para relaxar, mas acho que todo mundo fez como eu. Falou vagina, pronto: os músculos se retesaram como se tivessem ouvido. Travados. Trincados. Uma ou duas riram, e todas caímos na gargalhada. A sessão de relaxamento acabou na hora, e na aula seguinte a instrutora disse: meninas, em vez de vagina, vou falar pelve. É a mesma coisa, vocês vão relaxar os mesmos músculos. Mas não vai acontecer aquele efeito risadinha da aula passada. Funcionou, sabe? 
 
Bom, pelo menos para mim. Vagina é uma palavra feia, esquisita, que não tem a menor graça. Mas me deixa tensa. Isso, a palavra vagina tem esse poder. Quando ouço, quando leio, fico tensa. E no consultório da ginecologista, então? Ela repete umas setecentas vezes por consulta. Pior. Em cima da mesa, ela tem uma peça pequena feita em plástico, espetada num pedestal de metal preso a uma base de madeira onde está escrito aparelho reprodutor feminino. Já entendeu tudo, não? É uma vagina completa, que desemboca num útero que se desdobra em dois ovários pendurados lá em cima. Tudo coloridinho, tudo rosinha, tudo desmontável. Ela usa a peça para explicar os efeitos, os fluxos, os refluxos, os defeitos também. Tira, põe, deixa ficar. Escravos de Jó. No final, volta para a posição correta, ela olhando por cima, literalmente por cima dos óculos, nem sei o que eles fazem pendurados no nariz dela, coloca tudo de volta no lugar. E fica ali aquela vagina, não, vagina não, aquela xoxotinha cor-de-rosa em cima da mesa. Virada pra mim. Para mim! Logo eu, que escuto vagina e fico tensa, passo metade da consulta, sempre, invariavelmente, sendo observada pela xoxotinha. Despelada. Nuinha, a xoxotinha. De plástico, mas bem realzinha. Dava para colocar uma câmera escondidinha naquele buraquinho do meio e filmar a minha cara. Tensa. Devo ficar horrível. Tensa. Nem ia querer me ver nesse filme. Acho que ia ficar com aquela boca pequenininha que eu tenho quando estou tensa, já notou que eu quase engulo os lábios? Minha boca fica um risco, um traço apenas, uma linha fechada entre o nariz e o queixo. Nem parece uma boca. Horrível. 
 
Mas vamos ao que interessa, chega de vagina. Bom, pelo menos eu falo vagina. Ou xoxotinha. É, sempre assim no diminutivo, mais bonitinho. Ele, não. Sempre busssseta, assim, com u e um monte de s, para ficar bem do jeito, você entende, do jeito dele. Jeito escroto. Eu também não gosto de falar escroto, acho vulgar, mas tem palavra melhor para definir ele falando busssseta, me olhando com aqueles olhos meio abertos, meio fechados, aquela boca mole de cerveja, me falando eu quero foder essa sua busssseta hoje? Não tem. Se tem, eu não conheço. Nunca vi nada mais, mais, mais a cara dele do que isso. Onde é que eu estava com a cabeça quando resolvi me casar com ele? Você é que tinha razão, nem apareceu no casamento. Eu me arrependi no meio da festa. Juro. Acredite em mim, no meio da festa eu já estava pensando: isso não vai dar certo. Ele veio dançar comigo, era apenas para fazer as fotos, ele veio dançar e me apertou demais. Eu sou pequenininha, você sabe. Ele me apertando, eu disse: está doendo, eu não consigo nem sorrir para as fotos. Ele respondeu: quieta. Abriu a mão gorda, não era tão gorda mas já era gorda, agarrou a minha bunda por cima do vestido de noiva, ficou bonito, não?, todo mundo vendo, e apertou até que eu gritasse. Todo mundo rindo, achando graça. Eu ri também, mas sabe quando você ri para não chorar? Eu ri. Ainda bem que você não estava lá, ia querer que eu revidasse. Eu podia pisar no pé dele. No meio do peito do pé, com o salto fininho do sapato de noiva, lembra do sapato de noiva? Você comprou comigo. Um tapa na cara. Cuspir? Uma cabeçada na barriga? Qualquer coisa menos rir com ele e com os outros, eu sei. Você ia querer que eu revidasse. 
 
Mas vamos terminar a história. Afinal, você veio aqui para isso. A porta fechada, ele parou de fazer barulho. Completamente. Nem passos pesados, nem leves, nem nada. Não respirava, não se movia. Pelo menos, eu não escutava. Meus ouvidos alongados não identificavam nada, nem um mísero movimento. O cachorro do vizinho latiu, frouxo e rouco. Quatro vezes. O meu respondeu. Mais quatro. Ambos se calaram. Ainda bem, eu pensei. Não tem ninguém arrombando porta, portão, pulando muro. Precisava ouvir o que acontecia lá embaixo. Nada. Nada mesmo. Parecia que a casa inteira, toda, tinha se transportado para um mundo sem sons. Nem novos, nem familiares, sem sons. Sem ruídos. Tudo quieto, tudo esperando. É, porque quando as coisas ficam quietas, elas estão esperando. O leite em cima do fogão, esquentando, espera só a hora de se derramar todo. Meu cachorro é assim. Os passarinhos são assim. Lembra de quando nós éramos crianças e ficávamos sentados no degrau da porta da cozinha, olhando o quintal e a mangueira, e o céu ia ficando preto porque vinha chuva grossa e os passarinhos paravam de cantar? Lembra disso? Mamãe dizia: passarinho aquietou, lá vem tempestade. Assim, tempestade. Mamãe achava que qualquer chuva era uma tempestade, e as tempestades, o fim do mundo. Trancava portas e janelas, colocava as crianças para dentro e sumia pelo corredor, ia rezar no relicário de Santa Bárbara, acender vela, cobrir espelhos com medo dos relâmpagos, guardar panelas de metal bem no fundo do armário para não atrair raios, organizar a casa para o fim do mundo que nunca vinha. Mamãe era maluca. A chuva passava, ela pegava a sombrinha, lembra que o nome do guarda-chuva das mulheres era sombrinha?, e ia para a igreja agradecer por o mundo não ter acabado. Maluca. Enquanto as crianças se esbaldavam nas poças d´água do quintal, ela lá, rezando. Voltava com os joelhos amassados, meio sujos, de uma cor de poeira de igreja, um cinza que eu reconheço até hoje, andando ligeira com a sombrinha fechada. Eu olhava aqueles joelhos e via o sangue por baixo da pele. Verdade. Eu via sangue ali, juntado num lugar só, muito sangue, sangue pisado de quem passou muito tempo de joelhos, toda a culpa do mundo e todas as tempestades da terra pesando nos ombros, amassando os joelhos. E quando ela vinha ligeira, eu olhava os joelhos pontudos e imaginava que eles podiam se abrir, deixar o sangue escapar, e ia ser um sangue em pó. Sangue pisado, me disseram uma vez, vira sangue em pó. Não ia escorrer como nas imagens da igreja, um Jesus, um São Sebastião. Ia sair voando, soprado pelo vento, e ela ralhando com as crianças, colocando todo mundo para dentro de novo, no banho, porque estávamos molhados e poderíamos morrer de resfriado. Maluca e exagerada. 
 
Às vezes tenho saudades da mamãe. Tenho uma foto dela em casa, de quando papai era vivo ainda, eles estão juntos, ninguém tem cara de feliz na foto, eu devia ser um bebê de colo ainda, está num porta-retratos no aparador ao lado da entrada. Ah, a entrada da casa. Desculpe, pois é, eu estava contando que ele havia entrado e estava tão quieto, mas tão quieto que eu sabia que alguma coisa iria acontecer. Tinha certeza. Uma tempestade, daquelas da mamãe. Fiquei esperando. Nada. Mais um pouco. Nada ainda. Comecei a achar que eu tinha sonhado. Estava acordada, mas tinha sonhado com os passos dele nas escadas de pedra, a chave na porta. Sonho não: esse homem chegando em casa nunca foi sonho. Pesadelo. Pesadelo tem a ver com peso? Eu acho que tem, sabe. Nesse caso, tudo a ver. Pesadelo, pesado, peso. Toneladas de peso em cima de mim. Aí foi que eu percebi que o silêncio também estava pesando. Li isso num livro, mas achei tão ridículo na hora... Silêncio pesado. Mas existe. Eu comecei a prestar atenção no peso do silêncio, e ele foi crescendo. Eu não ouvia mais nada, nem a minha própria respiração. Nada, acredite. Nada. Foi então que eu senti o cheiro. Um cheiro quente e metálico que eu não reconheci na primeira vez que invadiu meu nariz. Era familiar, e era bom, mas eu não reconheci. E então ele veio de novo, um cheiro de tempestade, não, de tempestade não. Um cheiro de trovão. Melhor ainda, um cheiro de raio. Tem gente que acha que é a mesma coisa; não é. O que foi, você pensa que raio não tem cheiro? Tem sim. É quente, metálico, imenso. O que foi agora,  você pensa também que cheiro não tem tamanho? Esse tinha. Enorme. Entranhou em tudo, no meu nariz, nas minhas roupas, até nas de baixo, nos lençóis, nos meus cabelos. Cheira aqui se você quiser, ainda está nos cabelos. Vá até a minha casa, ele ainda está no quarto, eu sei que está. Quantos dias se passaram? Dois? Três? Está lá, o cheiro. No começo era bom, eu já disse, mas agora estou enjoada dele.  É nojento. Eu lavo, lavo, lavo e ele não sai. Grudou em mim. Você está sentindo? Acho que não. Você está tão longe, mas eu estou sentindo, sim. Acredite. Você acredita em mim? Acredita? 
 
Escute bem agora, porque eu vou contar como foi. Eu prometi, você veio até aqui, eu vou contar. Foi o cheiro que me fez sair da cama. Nenhum som, nenhum ruído, nenhum barulho. O cheiro. E  me lembrei dele porque era o mesmo cheiro de sangue que eu sentia quando nós voltávamos da escola, e você me batia, e meu nariz sangrava escorrendo, não o sangue em pó da mamãe, e você brigava comigo, o tempo todo, a volta toda para casa. O mesmo cheiro bom, familiar, eu gostava de importar para você, eu gostava de contar para você, eu gostava de ser alguém para você, de ser alguém em quem você batesse, você me batia porque queria que eu fosse como você. Queria que eu revidasse tudo, tudo, tudo na vida. O bem e o mal. Acho que era isso. Então eu senti o cheiro e me lembrei de você, e me levantei da cama, e quando dei um passo, tropecei nele caído no chão, estirado. Senti um calor úmido nos pés e o cheiro ficando cada vez maior, maior, maior. Encheu o quarto. Entranhou em mim. Eu fiquei ali parada, em pé, esperando, até que alguém chegasse. Não sei quem foi a primeira pessoa, nem a segunda, nem se isso demorou. Eu estava esperando, apenas. Estava com medo de andar no escuro, e estava escutando os ruídos da casa, só isso. Os cachorros latiram muito, todos eles, da vizinhança inteira. Muito. Eu estava com medo deles também. Eram latidos que eu não conhecia, não sabia o que podiam significar. Latidos estranhos. Às vezes eles chamavam meu nome latindo. Ana, Ana, Ana. Eu me lembro de você chegando, é a única pessoa de quem me lembro no quarto. Você também disse: Ana. Ana, o que é isso?, acho que era essa a frase. Você não entendeu. Eu precisava explicar. Dois minutos. Eu me lembro do cheiro e de você, só lembro disso. Estava querendo que você chegasse depressa para acender a luz, mandar embora o meu medo, para você ver o que eu tinha feito: ele estava caído no chão, acho que estava morto, não sei o que aconteceu. Mas quem escreveu nas costas gordas dele fui eu, isso eu sei. Com a pontinha da faca: Ana. A sua pequenininha. Uma assinaturazinha. Eu revidei. Acredita agora?
 
 
© Junia Nogueira de Sá
publicado por ardotempo às 02:10 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Retratos Notáveis - 26

Aquarelista dos pássaros

 

 

 

Fotografia: Retrato de Isolde Bosak (Porto Alegre) - 2007

Fotógrafa: Daniela Montano

publicado por ardotempo às 02:06 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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