Quinta-feira, 08.01.09

05. Onde está o leitor? Onde está a leitora?

Ler liberta o leitor

 

"Quando o livro fez a sua primeira aparição, Sócrates rejeitou-o por o considerar inferior à conversação. Quando surgiu a imprensa, alguns leitores mais obtusos recusaram-se a permitir a entrada nas suas bibliotecas de produtos industriais e contrataram escribas para copiarem os textos impressos.

 
Quando apareceu a televisão, proclamou-se a morte do livro. Aconteceu o mesmo com a chegada do CD-ROM e do livro electrónico (e-book). Quando o mercado começou a consolidar-se em torno de alguns bestsellers, cadeias de lojas, livrarias virtuais (on-line) e conglomerados editoriais, receou-se pela diversidade.
 
Porém, as enormes vendas de poucos títulos não significam o desaparecimento de todos os outros – mas sim que estes se tornaram relativamente obscuros, menos visíveis. As novas tecnologias (Internet, impressão por encomenda) estão a aumentar os milhões de títulos disponíveis. E as consersações continuam, apesar de ignoradas pela televisão – que nunca as noticiará: “Ontem, um estudante leu a Apologia de Sócrates e sentiu-se livre.”
 
A liberdade e a felicidade experimentadas com a leitura viciam, e a força da tradição reside nessa experiência, que no fim de contas se alimenta de todas as inovações. Ler liberta o leitor e transporta-o do livro para uma leitura de si mesmo e da vida. Leva-o a participar em conversações e, em certos casos, a promovê-las, como fazem tantos leitores activos: pais, professores, amigos, escritores, tradutores, críticos, editores, livreiros, bibliotecários…
 
A singularidade de cada leitor, reflectida na natureza particular da sua biblioteca pessoal (o seu genoma intelectual), floresce na diversidade. E a conversação continua, entre os excessos da grafomania e dos do comércio, entre a expansão tentacular do caos e a concentração do mercado."
 
Ler e publicar na era da abundância - de Gabriel Zaid
 
Publicado no blog  Bibliotecário de Babel
publicado por ardotempo às 23:32 | Comentar | Adicionar

Para entender a dinâmica de um blog

Por dentro do blog

 

Ricardo Noblat

 

Por volta de 1452, todo o acervo da humanidade era estimado em algo como 30 mil documentos. Uma vez inventados os tipos gráficos, um século e meio depois a imprensa havia produzido cerca de 300 mil documentos - a maioria livros e folhas soltas. Lutero beneficiou-se da imprensa para propagar as idéias que resultaram no cisma da Igreja Católica e na reforma protestante.
 
Há pelo menos 32 milhões de livros e 61 milhões de manuscritos na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Calcula-se que o conhecimento acumulado pela internet represente, hoje, alguma coisa 50 mil vezes maior do que isso.
 
Na conta da internet não entra tudo que foi e que está sendo publicado nos mais de 112 milhões blogs existentes - uma parte expressiva deles em atividade contínua. Até há pouco se tinha como verdade que 175 mil novos blogs eram criados a cada dia. E que eles ofereciam a cada 24 horas 1,6 milhões de novos conteúdos.
 
Em alguns países, como a Alemanha, por exemplo, pretende-se guardar para sempre tudo que for postado em sites e blogs - principalmente nesses. A história em movimento de uma época está sendo escrita pelos blogs - e é importante preservá-la.
 
 
Um blog vale mais pela discussão que provoca do que pela notícia ou opinião postada por seu responsável. O post é um simples gatilho que dispara a discussão. E, com frequência, a discussão ocorre independentemente do que foi postado. É comum, aqui, que leitores aproveitem o espaço de comentários de uma nota sobre um quadro, uma música ou uma charge para debater outros assuntos.
 
É bom ou mau que seja assim?
 
É assim. E cabe ao responsável pelo blog respeitar o costume. A não ser que ele esteja mais interessado em ser ouvido do que em ouvir. Ou não saiba distinguir entre uma coluna eletrônica onde os leitores podem escrever sobre o que lêem, e um blog propriamente dito.
No blog vale o que foi escrito pelo autor e pelos leitores. E vale mais o que muitas vezes resulta desse diálogo paralelo ou frontal, bem-educado ou áspero.Em nenhum outro espaço fica evidente a perda do monopólio da produção de conteúdo por parte dos tradicionais emissores - jornalistas, escritores, acadêmicos, formadores de opinião em geral.
 
Isso é bom ou mau?
 
É assim. E não tem retorno. Em 2008, os post publicados neste blog atraíram um total de 333.783 comentários - uma média de 27.815 comentários mensais ou 927 diários.  Este mês começou quente - e não me perguntem o motivo. Não sei.
 
Janeiro é um mês de poucas notícias na área política. O governo está mais ou menos de férias. O Congresso e o Judiciário estão de férias. Cai a audiência dos veículos de comunicação - jornais, rádios, tvs, sites e blogs. Aqui, o número de comentários anda elevado. Foram 1.054 na última sexta-feira dia 2, logo em seguida ao feriado do Ano Novo; 1.193 no sábado; 1.393 no domingo, 966 na segunda-feira e 1.343 ontem.
 
Publicado por Ricardo Noblat - Blog do Noblat 

 

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publicado por ardotempo às 14:04 | Comentar | Adicionar

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