Sábado, 31.01.09

Os livros sem leitores

A livraria (o lado não romântico)
 
 
O ritmo é alucinante. O vendedor mostra uma mala cheia deles. Nós fazemos má cara. Ficamos indecisos. Escolhemos apenas alguns.
 
O vendedor faz má cara. Não atinge os objectivos. O editor protesta. O autor não percebe porquê. Nós temos pena. Não podemos ter todos. É fisicamente impossível. Economicamente errado.
 
Chegam caixas e caixas. Abrem-se as caixas. Conferem-se as facturas. Dá-se entrada no sistema informático. Classificam-se na área temática. Colam-se as etiquetas do preço. Carregam-se aos quilos. Colocam-se em cima das mesas. Uns virados para um lado, outros para o outro. Chama-se a isto casá-los.
 
Esperam em cima das mesas. Há quem lhes toque. Os abra. Leia uma passagem. Os deixe. Não podem esperar mais. Em breve vêm outros. Só mais uns dias. Aconselham-se mais uma vez.
 
Ninguém os quer. Volta-se a pegar neles. Nem sequer ganham pó. De novo o sistema informático. Um por um. Processa-se a devolução. Novamente em caixotes. Chama-se o transportador. São levados para um armazém frio, escuro. Cheio de livros, azarados como eles.
 
Jaime Bulhosa
 
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Um novo e extraordinário livro de Aldyr G. Schlee

Os limites do impossível - Contos Gardelianos

 

A partir da idéia estarrecedora de que o nascimento de Carlos Gardel ocorreu em Tacuarembó, no Uruguai, fruto de incesto e estupro, os contos deste livro transitam por algumas versões do espantoso acontecimento.

 

Aqui se imagina e se inventa como tudo terá acontecido de forma a alcançar uma realidade ficcional que se proponha verdadeira à  percepção do leitor. Assim, qualquer semelhança entre os fatos narrados e algo que tenha realmente ocorrido ou deixado de ocorrer não será apenas mera coincidência: será a prova de que a realidade muitas vezes vai além dos recursos da ficção, alimentando-se do improvável e do inacreditável para chegar ao impossível que nossa fantasia, geralmente, não consegue alcançar ou frequentar.

 

Aqui enfrentamos os limites do impossível.

 

Aqui, os limites do impossível são desafiados em cada uma das histórias  de Clara, de Blanca, de Juana, de Felícia, de Rosaura, de Mulata-Flor, de La Niña, de Manuela, de Constantina, de Berta, de La Madorell, mulheres de verdade e de mentira, cujas vidas ajudam a recompor a difusa memória do incrível e triste nascimento de Carlos Gardel em Tacuarembó.

 

 


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O gato

Pintura

 

 

 

Mariana e sua gata - Pintura de Alfredo Aquino, óleo sobre tela (São Paulo, Brasil), 1987

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O gato, por Lucian Freud

Pintura

 

 

Moça com gatinho - Lucian Freud - Pintura, óleo sobre tela (Inglaterra), 1947

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O gato, por David Hockney

Detalhe

 

 

O retrato do Sr. Percy Clark (detalhe) - David Hockney - Pintura, óleo sobre tela (Estados Unidos), 1970

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O gato, por Frida Khalo

Pintura

 

 

Auto-retrato com macaco e gato - Frida Khalo - Pintura, óleo sobre tela (Cuernavaca - México) - 1940 

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Sexta-feira, 30.01.09

O gato, por Salvador Dali

Fotografia

 

 

 

 

Dali Atomicus - Retrato de Salvador Dali com gatos - Fotografia de Philippe Halsman 

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O gato, por Iberê Camargo

Desenho

 

 

 

 

Iberê Camargo - O gato Martim - Desenho sobre papel vintage especial para gravura, em fibra de algodão (Porto Alegre, Brasil) - 1993

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O gato, por Joan Miró

Litogravura

 

 

 

 

Joan Miró - O gatinho - Litogravura sobre cartão (França) - 1951

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O gato, por Pablo Picasso

Pintura

 

 

Pablo Picasso - A lagosta e o gato - Pintura, óleo sobre tela (França) - 1965 

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Quinta-feira, 29.01.09

Fotografia

Ovos

 

 

 

Fotografia de Howard Meister - GASTRONOMICA (Estados Unidos), 2009

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Frank Gehry - Desenho

Desenho

 

 

 

Exposição de desenhos e gravuras - Frank O. Gehry - Galerie Lelong (Paris), 2009 

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A vida bate

Ferreira Gullar

 

Não se trata do poema do homem 

e sua vida

- a mentida, a ferida, a consentida

vida já ganha e já perdida e ganha 

outra vez.

 

Não se trata do poema e sim da fome

de vida,

             o sôfrego pulsar entre constelações

e embrulhos, entre engulhos.

 

                                                     Alguns viajam, vão

a Nova York, a Santiago

do Chile. Outros ficam

mesmo na Rua de Alfândega, detrás 

de balcões e guichês.

 

                                       Todos te buscam, facho

de vida, escuro e claro,

               que é mais que a água na grama

               que o banho no mar, que o beijo

               na boca, mais 

               que a paixão na cama.

 

Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns

               te acham e te perdem.

              Outros te acham e não te reconhecem

e há os que se perdem por te achar,

                                                                 ó desatino,

ó verdade, ó fome

                                de vida!

 

                O amor é difícil

mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.

 

                E estamos na cidade

sob as nuvens e entre as águas azuis.

                A cidade. Vista do alto

ela é fabril e imaginária, se entrega inteira

               como se estivesse pronta.

 

               Vista do alto,

com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade

é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém. 

 

               Mas vista

               de perto,

revela seu túrbido presente, sua

               carnadura de pânico: as

               pessoas que vão e vêm

               que entram e saem, que passam

sem rir, sem falar, entre apitos e gases. Ah, o escuro

               sangue urbano

               movido a juros.

 

São pessoas que passam sem falar

               e estão cheias de vozes

               e ruínas. És Antônio?

És Francisco? És Mariana?

 

               Onde escondeste o verde

clarão dos dias? Onde

               escondeste a vida

que em teu olhar se apaga mal se acende?

               E passamos 

carregados de flores sufocadas.

 

                Mas dentro, no coração

                eu sei,

                            a vida bate, Subterraneamente,

a vida bate.

 

                 Em Caracas, no Harlem, em Nova Dellhi,

                 sob as penas da lei, 

                 em teu pulso,

                                         a vida bate.

    

E é essa clandestina esperança

misturada ao sal do mar

                 que me sustenta

                 esta tarde

debruçada à janela de meu quarto em Ipanema

                 na América Latina.

 

 

 

© Ferreira Gullar - A Vida Bate, 1999

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Siron Franco em grande forma

Ouro

 

 

A Vida Bate - Siron Franco - Desenho a ponta seca sobre folhas de ouro, em cartão Fabriano preto - 1999

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Quarta-feira, 28.01.09

Prorrogada a Mostra Alma Descarnada

Até 28 de fevereiro 

 

 

Mais uma chance para se ver e rever o notável conjunto de fotografias de Mauro Holanda:

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

Rua dos Andradas, 1.223

Centro - CEP 90020 - 008 Porto Alegre - RS

 

Até o final de fevereiro - 28 de fevereiro de 2009

 

 

 

 

 

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Terça-feira, 27.01.09

Flor, do natural

Aquarela

 

 

 

Flor de São João - Aquarela do natural, de Anelise Nunes, 2008 - Série Ave, Flor, do livro de poemas de Cleonice Bourscheid, 2009

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Segunda-feira, 26.01.09

O gesto policial

Fotografia

 

 

 

A policial de Florença -  Mário Castello - (Florença, Itália), sem data  

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Um herói muda um mundo

 
Quem salta do inferno cai no tecto do céu
 
António Lobo Antunes
 
O meu avô dizia-me muitas vezes que um homem sem amigos não é nada. Pode ter tudo na vida, garantia ele, dinheiro, casas, mulher, filhos, saúde
 
(e continuava a lista)
 
mas se não tiver amigos é um infeliz, um pobre de pedir. Eu olhava o meu avô sem acreditar porque as pessoas crescidas são tão ignorantes e com tanta falta de sentido das coisas essenciais: nunca conheci nenhuma, por exemplo, que juntasse, como eu fazia, pirilampos numa caixa de fósforos para o caso de não haver electricidade. E punha bocadinhos de erva dentro para os bichos comerem, porque não há quem não saiba que os pirilampos adoram pastar. Portanto as sentenças do meu avô passaram-me ao lado e essa acerca dos amigos entre elas. Mesmo que não tivesse mais ninguém tinha Flash Gordon, Mandrake, Tintim, Batman, que me pareciam muito melhores que os sujeitos que com ele com ele privavam, alguns de risca do cabelo na orelha, alguns de bigode, alguns de boquilha e quase todos com a mesma pergunta
 
– Que idade tens tu já?
 
impressionados, com um suspiro de inveja, pelos meus oito anos, de que se esqueciam logo a seguir para falarem de coisas incompreensíveis e chatíssimas enquanto, sentado no tapete, eu espreitava para dentro da caixa de fósforos na esperança de uma claridade azul e nem uma pontinha de claridade azul para amostra. Mas, ao contrário dos sujeitos do meu avô, se me apetecesse subia uma parede inteira mais depressa que o Homem-Aranha, só que não estava para aí virado e havia o risco da minha avó aparecer a ordenar-me
 
– Sai imediatamente desse décimo oitavo andar, estás maluco?
 
e lá vinha eu por aí abaixo, contrariado e infeliz, com medo que ao jantar me cortassem no doce. A prova que os amigos eram desnecessários estava em que Tarzan, Clark Kent, Cisco Kid e outras criaturas do mesmo gabarito eram todas de poucas relações, demasiado ocupadas em actos heróicos e para mais cheios de cabelo. Além disso os amigos do meu avô casaram com senhoras que cheiravam imenso a perfume, me enchiam as bochechas de baton peganhento e se queixavam das costas. E, cúmulo dos cúmulos, achavam-me amoroso, adjectivo que não me passaria pela cabeça aplicar a Batman.
 
Queria ser heróico, não queria ser amoroso, queria respeito, não queria que se enlevassem com os meus olhos azuis e o meu cabelo loiro, queria que me admirassem, não queria ser beijobicado, queria que os maus
 
(por azar não conhecia nenhum)
 
se aterrorizassem só de pensar em mim queria, num gesto mágico, que as pistolas desaparecessem das mãos dos gatunos, fulanos pérfidos de riso satânico que, vá-se lá saber porquê, não se aproximavam de mim. Vá-se lá saber porquê uma ova: no fundo sabia: a minha imensa força interior e o meu infinito poder aterravam-nos, e fugiam de mim a sete pés
 
(adoro esta expressão)
 
no pânico que os entregasse à polícia algemados e sovados. Portanto, mais uma vez o meu avô não tinha razão: ele que se entretivesse à vontade com os seus sujeitos de risca na orelha e me deixasse resolver as grandes questões das viagens interplanetárias, da magia ordenadora do mundo e da administração da justiça. 
 
E quando faltasse a luz
 
(a minha avó espreitando a rua  – É geral)
 
ou um fusível rebentasse aí vinha eu com a minha caixa de fósforos de pirilampos herbívoros solucionar o problema, introduzindo na escuridão uma fosforescência salvadora. Haviam de admirar-me
 
– O pequeno é extraordinário
 
e o meu parecer tornar-se decisivo acerca do problema fundamental da abolição da sopa e da troca da açorda por arroz doce, de menor relevo mas merecedor de um exame cuidado: pataniscas de bacalhau com arroz doce é de certeza melhor que pataniscas de bacalhau com açorda, para não mencionar jaquinzinhos com leite creme e a mousse de chocolate com mariscos: a revolução social vai de par com o progresso culinário.
 
E porque carga de água devo lavar os dentes à noite ou sacudir a pilinha depois de fazer chichi em vez de molhar os calções ou salpicar os azulejos de pingos? Que culpa tinha eu que o pirilau não fungasse, puxando para dentro de si o amoníaco que sobrava? Meu Deus como a existência de um miúdo é um inferno de incompreensão por parte da família. Daí pensar que saltando desse inferno, num pulo de Homem-Aranha, caía no tecto do céu, repleto de chocolates de leite com amêndoas e hamsters a pedalarem nas suas rodas em milhares de gaiolas, sem cópias, sem ditados, sem afluentes da margem esquerda do Tejo e outros conhecimentos inúteis que a Flash Gordon não serviam um pito nem nunca li que Batman os soubesse de cor. E não consta que senhoras de perfume violento lambuzassem Tarzan a queixarem-se das costas.
 
(Lembro-me de uma com um sinal peludo no queixo.)
 
Nasci para vôos e perseguições, não para responder a perguntas distraídas
 
– Que idade tens tu já?
 
e sem sentido, porque quem nasceu em Kripton não conta o tempo por anos. Informava amuado
 
– Fiz oito em setembro
 
e era uma sorte para eles não os evaporar da poltrona com um estalinho dos dedos. Em boa verdade devia preveni-los
 
– É uma sorte não os evaporar da poltrona com um estalinho dos dedos
 
passar de Mandrake a Tarzan e percorrer o corredor de liana a liana, com uma macaca no ombro, a fim de rapar o tacho de doce de coco com o indicador vagaroso, se não fosse, ai de mim, ter tanto medo do escuro.
 
 
 
 
 
© António Lobo Antunes
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São Paulo - Museu da Língua Portuguesa

São Paulo - 455 Anos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Museu da Língua Portuguesa é um dos mais encantadores e emocionantes museus brasileiros. Belo, dinâmico e interativo, promove a aproximação e a descoberta das possibilidades do conhecimento através da linguagem e do universo de autores brasileiros, portugueses e africanos. Localizado no centro de São Paulo, na Estação da Luz, em frente à Pinacoteca do Estado, tem seu acesso facilitado pelo Metrô - Linha Azul. Vale a visita.

 

publicado por ardotempo às 09:56 | Comentar | Adicionar
Domingo, 25.01.09

Elogio do Conto - de Alberto Manguel

 

Elogio del cuento
 
Alberto Manguel 
   
No sabemos en qué momento el cuentista supo que lo que contaba sería un género literario. Lo cierto es que en algún momento de nuestra historia el cuento se diferenció del poema, de la novela y del ensayo, y emergió como un género literario distinto para que los profesores universitarios tuvieran de qué ocuparse.
 
Sin embargo, más allá de esas divisiones burocráticas, el lector intuye que el cuento no es novela, que una diferencia que puede medirse (pero no definirse) por el número de páginas, distingue uno del otro. Borges alguna vez dijo que escribía cuentos porque la novela le parecía una exageración. Detrás de la boutade se oculta una verdad literaria: la novela expande la narración, el cuento la concentra. Los mini-relatos de Augusto Monterroso no pueden ser leídos como mini-novelas; el equivalente de esa parodia es, para la novela, la casi interminable Comedia humana de Balzac.
 
El cuento retiene en su nombre sus orígenes sin duda orales, calidad que preservan aún hoy los narradores orales de las plazas de mercado en Marruecos, Colombia, Gabón. La escritura, que todo formaliza (quizás porque nace como un instrumento contable, para sumar o restar cabezas de ganado), empieza desde temprano a dar al cuento artificios y estrategias.
 
Refinándose en fábula, parábola, anécdota, historia humorística o moral, relato erótico, histórico, filosófico, de terror, el cuento adquiere, según su categoría, rasgos particulares que, si bien son reconocidos, los autores del género se empeñan en cambiar. Así las historias de fantasmas ("viejas como el miedo", decía Adolfo Bioy Casares) al principio, en Mesopotamia y Egipto, debieron su eficacia a la mera aparición de un muerto; luego a un muerto transformado en otra cosa, un esqueleto en Roma, una sombra en la Italia de Boccaccio, un zorro en China; finalmente, con los grandes autores del siglo diecinueve el fantasma se reduce a una ausencia, a algo horriblemente real y sin embargo invisible. Cambios similares pueden rastrearse en las otras categorías, nuevas maneras de contar a las cuales el lector rápidamente se acostumbra. Ya en el siglo dieciocho, los lectores de cuentos son tan diestros en el arte de seguir las maniobras del autor, que Diderot se ve obligado a destruir o renovar sus expectativas con un cuento que (imitando al futuro Magritte) titula Esto no es un cuento.
 
El cuento es quizás el más conservador de todos los géneros. Cambia el estilo, el tono, el impacto del final o del comienzo, la posición del narrador, la voluntad fantástica o documentalista, pero no, en términos generales, su forma. Si bien pueden encontrarse ejemplos de cuentos que escapan cabalmente al modelo de narración tradicional (pienso en El joven intrépido en trapecio volante de William Saroyan y en alguno de Raymond Carver), la mayor parte de ellos sigue el consejo del Rey en Alicia en el País de las Maravillas, "Comienza en el comienzo y sigue hasta llegar al final; allí para".
 
Casi no existen cuentos de estructura tan libre como el Tristram Shandy de Lawrence Sterne o Cobra de Severo Sarduy. Y autores como James Joyce y Julio Cortázar, que tan brutalmente renovaron la novela, escribieron cuentos exquisitamente clásicos cuya originalidad se halla en la voz y la temática, o en la aproximación a esa temática, no en la forma misma del cuento.
 
Por absurdas razones comerciales, las editoriales han decretado que los cuentos no se venden. No se venden Poe, Kipling, O. Henry, Chéjov, Katherine Mansfield, Ernest Hemingway, John Cheever, Borges, Silvina Ocampo, Alice Munro, Mavis Gallant. Y sin embargo, más que nunca, los cuentos siguen escribiéndose y, no lo dudo, leyéndose. Tal vez porque, en su clásica, modesta precisión, nos permiten concebir la insoportable complejidad del mundo como una íntima y breve epifanía. 
 
 
 
 
Alberto Manguel - Publicado em Babelia - El País 
publicado por ardotempo às 22:09 | Comentar | Adicionar

Os Gêmeos - Objetos Escultóricos

Instalação

 

 

Instalação / Objetos Escultóricos - Os Gêmeos - Objetos em madeira (Museu Oscar Niemeyer - Curitiba), 2009

publicado por ardotempo às 21:36 | Comentar | Adicionar

Raios!

Porque Obama não deve visitar o Brasil
 
Ivan Lessa
 
Nosso país irmão, os Estados Unidos, não têm mais vagas para mártires. Só se um desastre natural levar Obama (ele já merece nossa intimidade, como o nada saudoso Bush), algo assim como um raio o fulminar. É o caso do novo presidente nunca visitar o Brasil. Não por birra ou pouco caso, mas por cautela.
 
 
Peço perdão por tergiversar. É que foi amplamente noticiado aqui no Reino Unido o fato de que o Brasil, segundo relatório da ONU, conta com o dobro da média mundial de homicídios. Apesar de tudo, ao contrário dos americanos, não temos uma listinha de presidentes assassinados (a saber: quatro a tiros) ou que tenham sofrido tentativa de assassinato.
 
Nenhum presidente brasileiro foi assassinado. Nem a tiros nem a golpe de peixeira. Morreram todos da forma mais natural possível. Pois nós somos assim: naturais pela própria natureza. Sei que me estendo como se estivesse discursando uma posse qualquer minha, mas eu queria era explicar, com a devida clareza, os motivos porque sou contra uma chegada do novo presidente ao nosso país.
 
 
Tem mais. Lideramos o mundo em matéria de raios. Os números são de nosso próprio governo. Segundo eles, 75 pessoas morreram fulminados por raio em 2008. O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, organização acima de qualquer suspeita, afirma que até agora o recorde estava com o ano de 2007, quando 47 morreram de raio. Importante é salientar o fato científico, também divulgado pelo instituto em questão, de que o Brasil recebe, sofre ou acolhe uma média de 50 milhões de raios por ano. Agora, em 2009, na Bahia, quatro já morreram de raio. Quatro. Mesmo número de presidentes americanos abatidos a bala.
 
Raios! É muito raio! Mesmo para um fenômeno que escapa ao controle do mais esclarecido dos governos.
 
Voltando à vaca fria: seria terrível se Obama, numa visita de cortesia a nosso país, fosse atingido, ou tivesse membro de sua comitiva atingida, por um desses 50 milhões de raios.
 
Resta apenas desejar boa sorte ao novo presidente norte-americano e que lhe seja leve o duro caminho que tem pela frente. Um caminho, esperamos todos, sem bandidos à espreita, no solo, ou raios, nos céus.
 
 
Ivan Lessa - Publicado no Blog BBC-Brasil
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publicado por ardotempo às 13:46 | Comentar | Adicionar

um.desenho.por.semana.06

09.jan.semana-04

 

  

publicado por ardotempo às 12:46 | Comentar | Adicionar

São Paulo - Sala São Paulo

São Paulo, 455 anos

 

 

 

Sala São Paulo - Concertos da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) - Fotografia de Eduardo Tardin, 2009

 

Publicado no UOL 

publicado por ardotempo às 12:34 | Comentar | Adicionar

Todos com suas razões, vivendo no Inferno

As razões do ódio
 
Ferreira Gullar
 
O horror que tenho à violência me leva a admitir que o pior dos acordos é melhor que uma guerra. Nem todos o admitem, mesmo porque as coisas não são tão simples quanto podem parecer, já que às vezes mostrar-se disposto a ir à guerra pode ser um fator importante para evitá-la.
 
Desentendimentos que envolvem povos e nações são sempre muito complexos e de difícil superação. E quando remontam a disputas antigas, que já resultaram em mortes e perdas de todo tipo, superá-los é ainda mais difícil. Ir à guerra é mais fácil, mas, na maioria dos casos, também não resolve. O conflito entre Israel e palestinos é exemplo disso: 60 anos de atentados, bombardeios e combates, intercalados de tréguas que levaram a novos massacres, mortes e destruição.
 
No momento em que escrevo, as tropas de Israel começam a se retirar da faixa de Gaza, dando início a uma trégua, de fato inevitável, uma vez que nenhum dos contendores tem capacidade de derrotar definitivamente o outro. Ao contrário do que gostaríamos que ocorresse, essa suspensão das hostilidades tende a ser provisória e vem, não antes, mas depois de perdas lamentáveis. Teremos assim mais uma precária pausa na interminável e sangrenta disputa entre os dois povos.
 
Quem tem acompanhado o desenrolar dessa questão sabe que os dois lados se julgam com a razão e é exatamente por isso que o conflito não termina: "A razão está conosco, eles se apossaram de nossa terra, logo, ou nos devolvem o que é nosso ou seremos obrigados a tomá-lo pela força". Isso, de um lado; enquanto o outro lado argumenta: "Não tomamos nada de ninguém, temos o direito de estar onde estamos e repeliremos toda e qualquer tentativa de nos expulsar daqui". Mas de que adianta ter razão e viver no inferno?
 
Como se sabe, esse conflito começou em 1948, depois que a ONU decidiu pela criação de dois Estados, um palestino e outro judeu, mas os palestinos não acataram essa decisão, alegando que aquele território lhes pertencia desde sempre. Mesmo assim, o Estado de Israel foi implantado, resultando na expulsão de milhares de palestinos. Criou-se a OLP (Organização para Libertação da Palestina) que prometeu "jogar os judeus no mar".
 
Em 1967, Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito, liderou uma frente anti-Israel, a que aderiram a Síria e a Jordânia, cujas tropas se preparavam para invadir o território israelense quando foram surpreendidas por uma ofensiva fulminante que as derrotou, resultando na ocupação, pelo Exército israelense, das colinas de Golã, de parte da Cisjordânia e da península do Sinai. Finda a guerra, o governo israelense negou-se a desocupar aqueles territórios, alegando que esse era o modo que tinha de evitar os ataques a seu país. Esse é ainda hoje um dos principais entraves à pacificação.
 
De lá para cá, houve alguns progressos que aliviaram as tensões na região, como o acordo de paz firmado por Israel com o Egito e a Jordânia. Em 1993, foi assinado o Acordo de Oslo, que abriu caminho para o convívio pacífico entre israelenses e palestinos. Alguns territórios foram devolvidos por Israel, inclusive a faixa de Gaza, hoje ocupada pelas forças do Hamas.
Foi a impossibilidade de destruir o Estado de Israel que levou Yasser Arafat a concordar com a criação do Estado palestino e o convívio pacífico com ele. Esta é a posição, hoje, de Mahmoud Abbas, sucessor de Arafat. Os líderes do Hamas não concordam com isso: mantêm-se na posição palestina de 60 anos atrás, exigindo o fim de Israel. Logo, para eles, a paz é inaceitável, pois, como Israel não admite autodissolver-se, só a guerra pode acabar com ele. Mas como, se o Hamas não tem poder militar para isso?
 
Já que essa é a realidade, resta entender por que então, sabendo que sofreria implacável represália, insistiu em atirar foguetes sobre cidades israelenses. Pode-se especular que seu verdadeiro propósito era de fato provocar a reação furiosa de Israel e, com o martírio de sua gente, ganhar o apoio dos países árabes para, assim, como ocorreu em 1967, juntá-los numa frente militar capaz de expulsar os israelenses daquela parte da Terra Santa que lhes pertence.
 
 
Pode ser, pode não ser, mas custa crer que alguém provoque um conflito dessas proporções, sabendo que não o vencerá, apenas para irritar o inimigo. De qualquer modo, a verdade é que, na tentativa de anular as ações do Hamas, Israel fez crescer ainda mais o ódio dos palestinos e desgastou-se diante da opinião pública internacional, particularmente no mundo árabe.
 
A paz parece mais longe ainda.
 
 
© Ferreira Gullar - Publicado na Folha de São Paulo / UOL

 

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António Lobo Antunes na Jornada de Passo Fundo

Deu no blog António Lobo Antunes:

António Lobo Antunes estará na Jornada Literária de Passo Fundo

 
O escritor português António Lobo Antunes foi confirmado como uma das principais estrelas da 13.ª Jornada de Literatura, que ocorre na cidade gaúcha de Passo Fundo, entre 24 e 28 de agosto. Vencedor do Prêmio Camões de 2007 e um dos principais autores em língua portuguesa da atualidade, Lobo Antunes terá a companhia do filósofo francês Pierre Lévy. As presenças foram confirmadas pela coordenadora da jornada, Tânia Rösing.
 
Escritor inquieto - para ele, a perfeição está longe de ser alcançada, daí sua escrita estar sob constante evolução, notadamente subversiva e radicalmente original -, Lobo Antunes é formado em medicina, com especialização em psiquiatria, e foi destacado para Angola entre 1970 e 1973, durante a fase final da guerra colonial portuguesa - experiência que utilizou em vários de seus livros.
 
Neto de brasileiros (a família veio do Pará), Lobo Antunes é autor de sucessos como Cus de Judas, Memória de Elefante e Ontem Não te Vi em Babilônia, entre outros, editados no Brasil pela Alfaguara.
 

Publicado no Blog António Lobo Antunes 

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Pintura - Josef Albers

Exposição de Pintura

 

 

 

 

Josef Albers - Quadrados - Pinturas - Óleo sobre tela - Instituto Tomie Ohtake (São Paulo - 2009) Exposição: Cor e Luz - Homenagem ao Quadrado

publicado por ardotempo às 00:28 | Comentar | Adicionar
Sábado, 24.01.09

Liberdade em festa

Bairro Liberdade - São Paulo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bairro oriental de São Paulo, Brasil, com concentração de lojas, restaurantes, supermercados, livrarias e serviços para uma grande população de etnia asiática (japoneses, coreanos e chineses) que habita a cidade.

 

Fotografia de Luiz Citton - Publicado no UOL

publicado por ardotempo às 19:54 | Comentar | Adicionar

Lusa Memória - Isolde Bosak

Descoberta
 
 
 
 
 
 
 
Do alto desta vista cá
vou mais longe
pelo rio embarco
ganho o oceano
e cruzo
o arco de sagitário
e o cruzeiro
até o sul e mais
 
e se a memória de lá
o seu afogado tange
deixo tudo ao largo
resgato o mar liso e plano
de tanto uso
pego flecha e destinatário
abro velas que o vento trás
 
agora entendo navegar
e o que mais me constrange
é ter deixado o que abarco
desde aqui ao dano
tudo o que é luso
escrito em diário
de não ser dignatário
tendo voltado ao cais
 
 
© Isolde Bosak - Poema do livro Lusa Memória, 2009
publicado por ardotempo às 19:03 | Comentar | Adicionar

Conversa sobre elefantes

José Saramago fala sobre seu novo livro

 

Veja o vídeo

A viagem do elefante

 

 

 

Fotografia de Nick Brandt

publicado por ardotempo às 13:12 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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