Segunda-feira, 08.12.08

Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira
 
 
 
Vou-me embora pra Pasárgada
 
Lá sou amigo do rei
 
Lá tenho a mulher que eu quero
 
Na cama que escolherei
 
Vou-me embora pra Pasárgada
 
Vou-me embora pra Pasárgada
 
 
Aqui eu não sou feliz
 
Lá a existência é uma aventura
 
De tal modo inconseqüente
 
Que Joana a Louca de Espanha
 
Rainha e falsa demente
 
Vem a ser contraparente
 
Da nora que nunca tive
 
 
E como farei ginástica
 
Andarei de bicicleta
 
Montarei em burro brabo
 
Subirei no pau-de-sebo
 
Tomarei banhos de mar!
 
E quando estiver cansado
 
Deito na beira do rio
 
Mando chamar a mãe-d'água
 
Pra me contar as histórias
 
Que no tempo de eu menino
 
Rosa vinha me contar
 
 
Vou-me embora pra Pasárgada
 
Em Pasárgada tem tudo
 
É outra civilização
 
Tem um processo seguro
 
De impedir a concepção
 
Tem telefone automático
 
Tem alcalóide à vontade
 
Tem prostitutas bonitas
 
Para a gente namorar
 
 
E quando eu estiver mais triste
 
Mas triste de não ter jeito
 
Quando de noite me der
 
Vontade de me matar
 
— Lá sou amigo do rei —
 
Terei a mulher que eu quero
 
Na cama que escolherei
 
Vou-me embora pra Pasárgada.
 
 
 
 
 
 
© Manuel Bandeira 
Sem título - Pintura a gouache sobre papel - Alfredo Aquino - sem data 
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publicado por ardotempo às 21:02 | Comentar | Adicionar

Pintura a gouache

Pintura

 

 

Sem título - Pintura a gouache sobre papel - Alfredo Aquino - sem data 

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publicado por ardotempo às 20:02 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Pintura

Pintura a gouache

 

 

Sem título - Pintura a gouache sobre papel - Alfredo Aquino - sem data 

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publicado por ardotempo às 15:38 | Comentar | Adicionar

Ficções, de Jorge Luis Borges

 
 
Tim James Booth
 
Gostava de ter algo de novo a acrescentar sobre a obra de um dos maiores escritores do séc. XX mas, na verdade, não tenho. Apenas a minha visão sobre a sua obra mais reconhecida, Ficções.
 
O livro está dividido em duas partes, “O jardim dos caminhos que se bifurcam(1941)” e “Artifícios(1944)”, cada uma com um pequeno prólogo onde o autor explica alguns dos contos que as partes contêm.  No total são dezasseis os contos que compõem este livro e o difícil é conseguir destacar um ou outro. Cada um deles é, numa palavra, genial. Abre-se logo com uma entrada perdida numa enciclopédia sobre um país inexistente, Uqbar (”Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”) para logo de seguida examinarmos a obra de um autor que reescrevia D. Quixote (”Pierre Menard, autor do Quixote”) e ficamos imediatamente perdidos no mundo imaginário de Borges.
 
Seguem-se outros contos com visões desconcertantes do mundo, caso de “A Biblioteca de Babel” onde se sabe que todos os livros que alguma vez possam ser imaginados estão já escritos e na biblioteca - se não estão então é porque não são possíveis.
 
O imaginário de Borges é imperdível. Mergulhar na ideia de um mundo completamente aleatório (”A lotaria da Babilónia”) para logo depois lermos contos de índole policial (”O jardim dos caminhos que se bifurcam”, “A forma da espada”) é um privilégio que apenas se encontra nos livros do mestre argentino.
 
Difícil é escolher um, e apenas um, dos contos como favorito. É claro que como ninguém me pede isso, não o faço. Nota-se uma clara tendência para um mundo fantástico, tipicamente sul-americano (isto é, tipicamente após a obra de Borges onde muitos bebem a sua inspiração), fascinante e, simultaneamente, reflexivo. Talvez por isso mesmo “A Biblioteca de Babel” seja um dos contos mais marcantes, a noção de que todo o conhecimento do mundo, que foi e que será, esteja numa biblioteca é, deveras, apetecível.
 
A prosa de Borges é limpa com uma suave mistura entre o erudito e o comum. A estrutura frásica é simples e clara, característica especialmente evidente nos contos onde o autor faz a recensão crítica de uma obra, ou de um autor, inexistente, caso do famosíssimo “Análise da obra de Herbert Quain” que ganhou corpo fora do conto e figura, entre outros sítios, na obra prima de Saramago O Ano da Morte de Ricardo Reis.
 
Borges é a maior das figuras da literatura Latino-Americana, uma das maiores da Literatura Mundial, um escritor único com um imaginário sem igual. Ficções é uma excelente porta de entrada para o seu mundo particular, como o foi para mim, e o princípio de um caso sério de enamoramento literário. Várias vezes, enquanto lia este livro, dizia para mim “Onde andaste toda a minha vida, Jorge Luis Borges”. Onde andou não sei. Sei onde vai passar a andar: dentro do panteão dos meus autores favoritos.
 
Texto de Tim James Booth - Publicado no Blog Livros (s)em critério 
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publicado por ardotempo às 14:49 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Fotografias - de Mário Castello

As sombras e a Luz

 

 

 

Estação da Luz - Fotografias - Mário Castello (São Paulo), 2008

publicado por ardotempo às 13:38 | Comentar | Adicionar

Hans Hartung

Pintura gestual

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Verde - Pintura - Hans Hartung - Óleo sobre tela em grande formato.

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publicado por ardotempo às 13:33 | Comentar | Adicionar

Escritor da História da TV no Sul do Brasil

 Walmor Bergesch

 

O escritor e homem da TV, Walmor Bergesch, o visionário e pioneiro de implantação da TV no sul do Brasil - esteve na equipe de formação do três primeiros canais de TV no Sul e foi o precursor na transmissão de imagens em cores no Brasil - está escrevendo um minucioso e bem documentado livro sobre o assunto (com entrevistas, depoimentos e imagens).

 

publicado por ardotempo às 13:23 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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