Domingo, 16.11.08

Luís Augusto Fischer: Fato Literário 2008

Merecido!

 

 

O professor universitário e escritor Luís Augusto Fischer foi o grande vencedor do Prêmio Fato Literário 2008 na categoria Personalidade. Obtendo 44 dos 78 votos válidos do Júri Oficial, Fischer foi econômico nas palavras de agradecimento.

Dizendo-se emocionado pela premiação, o autor da obra Machado e Borges - e Outros Ensaios sobre Machado de Assis agradeceu a alguns de seus mestres ali presentes, como Sérgius Gonzaga e Zilá Benrd, por terem lhe ensinado um pouco do que ele hoje “tenta fazer”. Fischer foi amplamente aplaudido pela platéia que lotou uma das salas do Clube do Comércio, onde o prêmio foi anunciado.

 

tags:
publicado por ardotempo às 22:31 | Comentar | Adicionar

Mil anos menos cinquenta

Lançamento em Portugal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De Angela Dutra de Menezes

Em Mil Anos Menos Cinquenta, Angela Dutra de Menezes produz uma espécie de romance de aventuras no qual o que sobressai é a história de uma família cujos traços, virtudes e pecados caracterizam a própria história de Portugal. À mistura, há factos verídicos, folclóricos e imaginários…

Entre a Coimbra reconquistada aos Mouros (1064) e o Brasil do século XX, uma família lusa, orgulhoso sangue milenarmente misturado, descobre as suas verdades, enquanto constrói a História portuguesa. No caminho de quase um milénio, entre o partir e o chegar, o medo e a coragem, o clã esbarra com deuses destruidores, guerras. omissões e vinganças – sempre com fé no possível e lutando cegamente pelo impossível.

Mas o tempo, a grande personagem, transforma todos em vencidos e vencedores. A cada passo, homens e mulheres consolam-se na esperança indestrutível e nas paixões furiosas, as marcas de um povo forte que desvirginou o mundo e inventou a geografia.

ISBN  9789722627771
294 páginas - Editora Civilização - Porto - Portugal
 

publicado por ardotempo às 20:52 | Comentar | Adicionar

O ócio de nada para ver

Bienal do Vazio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Talvez até exista alguma obra de arte por lá. Não sei. Mas está mais contundente o imenso vazio a tomar conta de tudo. É a ausência abusiva. Filosoficamente é até motivo válido para reflexão, para os discursos e tomadas de posição. Mas é péssimo para os artistas e para a Arte contemporânea, uma capitulação dessa magnitude, a ausência absurda de obras num espaço tão valioso e tão visível, num conjunto significativo como a Bienal de São Paulo. Uma tristeza. Ali resta o ócio da preguiça de não existir nada para se ver. É um insulto silencioso às centenas de verdadeiros artistas que continuam fazendo seu árduo trabalho diário, intelectualmente honesto e de manufatura consistente, pintores, escultores, gravadores, fotógrafos, cineastas, video-makers, que carecem de espaços expositivos concretos para chegar a um público, que se torna mais refratário e cético frente às possibilidades de interação com a Arte.

 

Arte não é diversão nem entretenimento. Não é negócio nem decoração.

tags:
publicado por ardotempo às 20:43 | Comentar | Adicionar

A sorte muda a História

Jogo de dados


Ferreira Gullar


Quando digo que a vida não é newtoniana e, sim, quântica, sei que não estou fazendo uma afirmação científica, mas, como poeta que às vezes sou, valho-me de uma metáfora para baratinar a cabecinha do próximo e fazê-lo se dar conta de que, muitas vezes, dois mais dois são cinco.


Por exemplo, a eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos. Isso tem lógica? Está dentro do previsível? Agora, depois que aconteceu, parece ter lógica e deve ter, já que aconteceu, mas não a lógica do dois-mais-dois quatro.


Assim que ele se lançou candidato e lhe vi o rosto, achei que não ia dar. Não apenas porque ele fosse mulato mas porque me parecia frágil, sem aquele maxilar de macho: uma aparência de intelectual recém-saído da adolescência. E disse a mim mesmo: "Os americanos não vão entregar o país a esse rapaz".


Isso sem contar que ele se chamava Barack Hussein Obama. No entanto, ele derrotou Hillary Clinton e, finalmente, John McCain. Vai governar a maior potência econômica e política do planeta.
A impressão que se tem é de que o mundo está contente com a vitória dele. E otimista. Todos esperamos que algum milagre aconteça, que esse jovem mulato, inteligente, informado, brilhante e objetivo faça o mundo mudar para melhor. É esperar muito? Certamente, mas sem esperança não se suporta viver.


Tudo bem, aconteceu, o improvável aconteceu. Mas, se aconteceu, foi porque era possível acontecer, e quem, como eu, temia não ser possível equivocou-se. É que a vida é quântica: a simples lógica não dá conta dela.


Será possível, agora, saber quando tudo começou? Foi com os discursos de Martin Luther King, a afirmar que tinha um sonho e que esse sonho era de uma pátria fraterna, sem discriminação racial? Foi durante a luta dos anos 60 pelo Poder Negro? Esses fatos, certamente, influíram, mas é impossível determinar, na natureza e na história, quando exatamente as coisas começam, mesmo porque o curso da existência, por serem tantos os fatores que sobre ele atuam, resulta produto tanto da necessidade quanto do acaso.


A verdade, porém, é que, se Barack Obama não tivesse nascido, isso não teria acontecido. Surgiria um outro mulato inteligente, orador brilhante, carismático para vencer as eleições norte-americanas de 2008? Dificilmente. E o próprio Obama teria ganhado esse pleito, se ele não tivesse ocorrido depois dos dois desastrosos governos de George W. Bush?


Há quem diga que não, não teria, e, se isso for verdade, devemos concluir que Bush, com suas guerras e mentiras, também concorreu para a vitória de Obama. E a crise financeira que se deflagrou no planeta em plena campanha eleitoral não contribui para a vitória do democrata?


Como se vê, a história não está predeterminada. A não ser para aqueles que acreditam no destino - como os gregos acreditavam -, o fortuito também influi nos acontecimentos mais relevantes. Por isso, vale a hipótese de que, se Obama não tivesse nascido, a história que o mundo iria viver daqui para a frente seria outra. Isso não significa que ele seja um predestinado, que nasceu para salvar o mundo.


Nem sei se o governo dele vai ser tão bom quanto todos nós desejamos. Pode ser, pode não ser. Mas, se ele não tivesse nascido de um negro queniano e uma branca norte-americana do Kansas, com esse charme todo, não teríamos agora um presidente mulato na Casa Branca. Isso significa que nenhum outro negro chegaria a governar os Estados Unidos? Não, mas talvez não acontecesse tão cedo.
Porque assim é a história humana: o que acontece poderia não acontecer. Não pretendo dizer que tudo seja mero produto do acaso, e, sim, que a necessidade tem incontáveis modos de realizar-se.


E que, por isso mesmo, as pessoas, por sua capacidade de ação e inteligência, podem influir decisivamente no destino da humanidade.
O certo é que, durante décadas e décadas, naquele fervilhar de gente que é seu país - pessoas que se amam e se odeiam, ambições e traições, filhos que nascem e viram bandidos ou artistas de cinema, poetas ou campeões de golfe -, essa vitória surpreendente era gestada, sem que ninguém se desse conta.


E assim como numa mesa de sinuca, onde se movessem milhões de bolas (desde a queda das Torres Gêmeas, o escândalo Clinton, as mentiras de Bush e a guerra do Iraque), preparava-se a ascensão de um jovem mulato ao mais alto posto a que um norte-americano pode chegar. E chegou. Agora, les jeux sont faits, os dados foram lançados.

 

 

© Ferreira Gullar - Publicado na Folha S.Paulo / UOL 

 

tags:
publicado por ardotempo às 20:39 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

Pesquisar

 

Novembro 2008

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
12
18
19
20
21
22
24
25

Posts recentes

Arquivos

tags

Links