O grande salão (andar inteiro) da Bienal de São Paulo, sem obras de arte
Na edição da Bienal de São Paulo deste ano há um andar totalmente destituido de obras de arte (na foto, uma visão do espaço, ao revés) - trata-se de algo equivalente a uma Feira de Livros, com a ausência absoluta de livros; ou a um Congresso Internacional de Psicanálise, em que esses profissionais, deliberadamente, não tivessem sido convidados...
Pelos corredores da mostra e pelo espaço vazio perambula um "artista" que é a "sua própria obra de arte" em performance solitária e patética: totamente nu e dependente dos visitantes (que pagaram seus ingressos para ver as obras de arte expostas ou não-expostas no atual certame), para poder alimentar-se e até se abrigar do frio diário, da umidade noturna, de alguma intempérie, de eventuais insultos ou de olhares incrédulos. Postura atavicamente resignada que se contrapõe e precede em atitude criativa ao gesto audaz do homem das cavernas que, independentemente de mercados, traçou as silhuetas vermelhas e negras dos bisões e de seus caçadores, e deixou-nos um legado emocionante na arcada calcárea da gruta histórica.
Boa sorte e longa vida à Arte.