Não existe Justiça no Brasil
Não sei como será em outros países. Talvez seja a mesma coisa. No Brasil existe uma profusão de regras, que criam uma teia de procedimentos, o que apenas favorece o farto poder econômico.
É um sistema densamente engendrado para quem tem mais fôlego, mais dinheiro e mais articulação de conhecimentos. Não existe espaço para o senso comum, para a ética, esses valores gregos, esquecidos na História. Ordena – imperativo – o dinheiro, que fascina os agentes eleitos, os magistrados e conjunto de hábeis protagonistas envolvidos na roda da fortuna.
Vale mais do que tudo – o dinheiro. O sistema especular responde obediente aos comandos do poder econômico. Quando dois grupos poderosos envolvem-se numa disputa de vulto, há um simulacro de avanços e recuos, tango animado ao ruido das notas numerárias; riquissimos departamentos jurídicos e suntuosos escritórios de advocacia numa esgrima bailada de floretes e polidez artificial, até os parceiros dessa elite, momentaneamente adversários, chegarem ao conveniente acordo.
Nesses casos, arranja-se e ocorre o empate sob as vistas atentas e cúpidas da sócia Justiça,
No restante do tempo o resultado é sempre monotonamente o mesmo. Uns esmagam aos outros, sob as vistas complacentes e silenciosas do sistema jurídico que cumpre rigorosamente o papel de teatro que lhe foi designado.
No Brasil a Justiça sempre vê tudo e escolhe o melhor lado, independentemente dos fatos e da razão. É um sistema para assegurar riquezas e reproduzir o medo.
Não sei se nos outros países também funciona desse jeito...
A irreverente
Fotografia: Retrato da escultora Louise Bourgeois (Paris) - 1982
Fotógrafo: Robert Mapplethorpe