Domingo, 19.10.08

CRUZ

Esculturas de Ângela Pettini de Oliveira

 

Cruz é um tema da Arte. Foi assim na Antigüidade, foi assim ao longo de 400 anos pós-renascimento, é hoje um tema da contemporaneidade. Diria que é um tema crucial na Arte Contemporânea. Ali está com seu estojo de múltiplos significados e isso se prova com as propostas estéticas de Kasimir Malevitch, de Antonio Saura, de Tápies, de Velicovic, de Anselm Kiefer, de Antony Gormley, em Siron Franco.

 

Está a cruz presente em algumas obras desses artistas a apontar sua riquíssima carga de significados e simbologia, até mesmo quando o artista se inscreve na fatura abstrata. É um ícone da contemporaneidade e comporta o seu conjunto formal para as diversas formas de expressão.

 

Neste conjunto de obras Ângela Pettini de Oliveira a traz para a sua escultura. Aliás, a sua pertinência se consagra no espaço tridimensional, no universo da linguagem escultórica, posto que a cruz desde sempre é escultura.

 

Vemos nesta exposição, várias obras em que a cruz se explicita e se impõe dominando o espaço volumétrico. Noutras, ela se faz de suporte, preferencialmente em bronze, de diferentes pátinas ou graus de polimento, e dessa base universal conta uma história. Revela as outras cruzes dos seres humanos, no tráfego, nos acidentes, nos distúrbios, na violência, nas opções do livre arbítrio. Revela outras cruzes nos vícios, na sorte, na desdita. Na contas de um terço-cassino. Numa grande cruz que é carregada penosa e solidariamente por um grupo de pessoas, no caso específico, por crianças.

 

A escultora avança no tema e nos apresenta uma cruz em forma de favela, de bairro de lata, de vila miséria. A cruz, que é destinada a tantos, sem que eles a pedissem e assim ela se espalha por todos os lados, por todos os continentes.

 

A cruz deixa assim de ser um logotipo religioso e torna-se letra de um alfabeto comum a todos os seres, que identificam e compreendem imediatamente o signo e o alcance de seus significados. Existem também os labirintos de cruzes, as prisões e a poética de um lenho premonitório, ainda na sua forma primeva e original de árvore.

 

Uma escultura me chama a atenção, particularmente, será aquela em que a artista encaminha audaciosamente a cruz no formato de um cubo vazado e ali pendura um ser, torturado, que se mostra igualmente vazado, exaurido de sua força e de sua consistência integral no condicionamento ao espaço limitado, claustrofóbico e tenaz –aquele exato a que se acha reduzido e condenado. O espaço, que aberto também é fechado, que o confina e que o impossibilita de qualquer ação alternativa, na medida em que o esvazia do conhecimento e da consciência.

 

 

Olhe em volta e veja as cruzes, veja o caos que nos toca com os dedos longos.

 

Duas torres verticais que desabam – em fragmentos retorcidos de aço, em pedaços estilhaçados de concreto, em lascas de vidro, em fogo e poeira, em corpos ainda vivos arremessados ao espaço vertiginoso, em bilhões de pedaços de papel, sepultando, inutilizando e infelicitando milhares de vidas – quando caem ao solo, formam um imensa cruz, indelével e sinistra, mesmo que não a percebamos imediatamente.

 

A cruz é um tema contemporâneo – que faz pensar.

 

© Alfredo Aquino 

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Siza em São Paulo

Os 12 trabalhos de Álvaro Siza 

 

De 16 de outubro a 23 de novembro, 12 projetos do arquiteto português Alvaro Siza realizados nos últimos dez anos são tema da exposição "Álvaro Siza Modern Redux", no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Com curadoria do arquiteto português Jorge Figueira, a mostra tem maquetes, fotos, desenhos e projetos.

 

Álvaro Siza já recebeu o prêmio Pritzker, em 1992, e recebe, em 2009, a Medalha de Ouro Real, pelo Royal Institute of British Architects (Instituto Real dos Arquitetos Britânicos), o RIBA. A medalha é atribuída desde 1848 aos arquitetos de grande contribuição internacional à arquitetura. Já premiou Le Corbusier (1953), Renzo Piano (1989), Frank Gehry (2000) e Jean Nouvel (2001). 

 

Para justificar a escolha, o RIBA considerou que a obra de Siza tem uma especial qualidade de relacionar primordialmente os elementos da arquitetura - em oposição à exploração da forma ou textura dos mesmos elementos.

 

Foi ressaltada também a economia de meios expressivos combinada à generosidade dos espaços revelados. Estou resumindo um pouco, mas achei bem bacana esta síntese que o RIBA fez sobre a obra de Siza, que é profundamente ligado ao movimento moderno e ao mesmo tempo possui grande capacidade plástica e poética.

 

Veja a lista dos 12 trabalhos de Siza que podem ser vistos na mostra do Tomie Ohtake:


* Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2005-2008), Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2002) 

* Pavilhão Anyang, Anyang, Coréia do Sul (2005-2006)

* Complexo Desportivo Ribera-Serrallo, Cornellà de Llobregat, Espanha (2003-2006)  Prêmio Secil 2006 (grande prêmio de Arquitetura de Portugal)

* Casa Van Middelem-Dupont, Oudenburg, Bélgica (1995/2001)

* Pavilhão Centro de Portugal, Expo 2000. Hannover, Alemanha (1999/2000) 

* Pavilhão Multiusos, Gondomar, Portugal (2001/2007)

* Biblioteca Municipal. Viana do Castelo, Portugal (2001/2007)


 

 

 


* Hotel Desportivo e Centro de Alto Rendimento, Panticosa, Huesca, Espanha (desde 2001) 

* Casa do Pego, Sintra, Portugal (2002/2007)

* Casa em Maiorca, Palma de Maiorca, Espanha (2002/2007) 

* Adega Mayor, Campo Maior, Portugal (2003/2006)

* Museu Mimesis, Paju Book City, Coréia do Sul (desde 2006)

 

Álvaro Siza Modern Redux


Publicado por Mara Gama no Blog Design

Fotografia de Fernando Guerra

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O barbeiro

O barbeiro de Beja

 

 

 

"6.ª feira (…) estou até às 03, 15 h da tarde, depois saio ao cabrito (…)"

"Amigo cliente, se não estiver aqui na barbearia posso estar em minha casa, em casa do meu irmão, ou no café da Celeste. Ou casa pai.

Se me for chamar a minha casa, a campainha está por baixo da caixa do correio"

Este barbeiro, alentejano de Beja, homem de hábitos e rituais certos (sexta-feira cabrito), para quem o cliente é um "amigo", e com uma vida social de tal forma preenchida (ele é casa, casa do irmão, café da Celeste, casa do pai) que nem lhe sobra tempo para estar na loja.

À semelhança do seu congénere sevilhano, é digno de um qualquer Rossini do nosso tempo que o imortalize em ópera! Componha-se a dita!

José Simões

Publicado no blog Der Terrorist

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Paris

Fotografia

 

 

Fotografia - Pierre Yves Refalo - Solidão em Paris - 2008 

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Brasília

Fotografia de arquitetura

 

 

Fotografia - Mário Castello - Museu de Brasília - 2008 

publicado por ardotempo às 12:46 | Comentar | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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