"– Desejo passar o resto da minha vida com você."
"– Não, uma vida com você nunca será resto."
Carpinejar falou a noite inteira procurando demonstrar que o conceito "canalha" traz algumas nuances virtuosas e simpáticas ao revés do crápula e do cafajeste, que seriam, estes sim, os adjetivos realmente comprometedores e patológicos. Afirmou que os homens apreciam ser chamados de "canalhas" (sem a concordância da platéia masculina presente, em especial com a discordância veemente e sempre irônica do Prof. Cláudio Moreno) e que todas as mulheres tem uma queda em vertigem pelos canalhas (também com a pronta discordância da platéia feminina presente, em expressiva maioria no Sarau e representada no palco por Cláudia Tajes e Katia Suman)
Foi divertido, com muitas risadas de todos mas Carpinejar não convenceu ninguém com sua tese mirabolante. O Sarau Elétrico estava lotado, teve apresentação de rock RS e o autor assinou muitos autógrafos de seu novo livro durante a longa noitada de leituras (textos de Carpinejar, Machado de Assis, Rubem Fonseca e da Grécia dos deuses). Como sempre o Sarau contou também com a presença de Luís Augusto Fischer.
Deu no New York Times
Sabe quem aparece nesta semana em sexto lugar na lista do The New York Times dos livros mais vendidos nos EUA? O Alquimista, de Paulo Coelho, lançado há exatamente vinte anos aqui no Brasil. O livro está há mais de um ano consecutivo no levantamento feito em milhares (sic) de livrarias do país, segundo o jornal. A Bruxa de Portobello, o último romance de Coelho lançado no exterior, também está na lista do NYT, mas em 34º lugar. Nos EUA, O Alquimista já vendeu 6,5 milhões de exemplares. No mundo, 35 milhões, ou cerca de 35% de tudo o que Paulo Coelho já publicou na vida.
É estranho e algo decepcionante constatar isso mas também parece natural e coerente com nossos tempos de consumo irrefreado, superficialidades, inconsciência, fuga da realidade e necessidades crescentes de auto-ajuda.
Não lemos, na realidade, esses livros de Paulo Coelho mas sabemos que vendem aos milhares dentro do conceito de best-seller pipoca. Sobre que tipo de pessoa os compra não se sabe bem ao certo. Melhor para ele, o autor e bom para suas editoras no mundo todo, mas esses textos que se apresentam tão frágeis, nem devem ser chamados de literatura, conceito que confere o mesmo espaço para os livros de Machado de Assis, de Jorge Luis Borges, de Fernando Pessoa, de Miguel Torga, de Ignácio de Loyola Brandão, de Rubem Fonseca, de José Saramago , Mia Couto, Aldyr Garcia Schlee e António Lobo Antunes.