Pintor, designer, videomaker, boêmio, contemporâneo
Sérgio Gagliardi - Composição: mesa de bar - Pintura, óleo sobre tela - 2006
O cordeiro
Fotografia inédita de Mauro Holanda - O cordeiro, imagem presente na impressionante mostra Alma Descarnada - individual de fotografia de autoria do fotógrafo, programada para novembro de 2008, na Sala Arquipélago - Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, em Porto Alegre.
Prêmio para O Filho Eterno
2008 é o ano do escritor catarinense Cristovão Tezza. Depois de ganhar o prêmio Jabuti de melhor romance com "O Filho Eterno" (com cerimônia nesta sexta, 31), a obra editada pela editora Record levou ontem (29) à noite o primeiro lugar do prêmio Portugal Telecom. O livro, que narra a relação entre um pai e um filho com síndrome de Down nos anos 80, também fora agraciado pela Associação Paulista de Críticos de Arte de SP em 2007 na categoria literatura e pelo Prêmio Bravo! Prime de Cultura, entregue na última segunda (27).
"É o livro mais marcante de minha vida, um livro que mostra maturidade e foi, sem dúvida, a obra mais difícil que eu já produzi", afirmou Tezza.
Publicado no UOL - Universo Online
Carborundum
Sem Título - Maria Inês Rodrigues - Gravura em metal, chapa de cobre gravada com texturas, sob ação de carborundum, 2008
Dentro da noite veloz
Descendo a parte mais vertiginosa da Rua Joaquim Távora em seu final já nas proximidades do Instituto Biológico, no bairro de Vila Mariana, o grande fotógrafo da cidade de São Paulo, Mário Castello, em skate, nas horas mortas da madrugada, fotografado por Pierre Yves Refalo.
O fruto
Alfredo Aquino - O fruto - Desenho aquarelado, a pincel, pena caligráfica e lâmina de canivete, sobre papel Montval, 2008
Técnica Mista
Sem título - Kader Attia - Pintura: acrílica em técnica mista sobre tela, colagens de lâminas de alumínio e serigrafia - Paris, 2006
"Pareceria que, de fato, para o novelista de linhagem definida como fantástica, aquele que descreve mundos irreconhecíveis e notoriamente inexistentes, não se cogitaria sequer o confronto entre a realidade e a ficção. Na verdade, cogita-se sim, embora de outra maneira. A irrealidade da literatura fantástica torna-se, para o leitor, o símbolo ou a alegoria, o que significa dizer, a representação de realidades e de experiências que se podem identificar na vida. O importante é precisamente isto: não é o caráter realista ou o fantástico de uma imaginação que vai traçar uma linha de fronteira entre a verdade e a mentira na ficção."
Mário Vargas Llosa - La verdad de las mentiras
O fotógrafo e sua musa
Fotografia: Retratos de Pierre Yves Refalo e Katia Sanson (São Paulo), 2008
Fotógrafo: Mário Castello
Conferência
"É um gênero frívolo.
O conferencista deve ser um pouco ator.
Além disso, as pessoas da platéia parecem desejar que ele lhes fale o que elas já sabem..."
©Jorge Luis Borges / Borges Verbal, Emecé Editores – Buenos Aires Argentina
Sempre quis contar
Sempre quis contar história
uma história bonita
pra uma menina bonita
mas nunca soube direito
o que dizer
pra além da face rubra
da vergonha de não saber
mas a menina bonita
travessa
sempre soube
o que eu queria dizer
e fingiu
num fingir redondo
e modesto que não sabia
do meu não saber
mas hoje vim saber com ela
se ela ensina a desatar o nó
do não dito
do silêncio
que hoje quero
pra sempre
desdizer.
© Jaime Medeiros Jr. , 2008
Fotografia de Mário Castello - Fotografia da Série Mantiqueira, 2008
Centro Georges Pompidou - Beaubourg
Arquitetura - Renzo Piano - CNAC Museu de Arte Contemporânea em Paris, França
Paisagem aérea da cidade de São Paulo (Brasil), em pintura
Anselm Kiefer - Pintura - Lilith - Óleo sobre tela, chicote e fios de cobre - 1987/1989
Escultura pública em bronze
Vertebrae - Henry Moore - Escultura monumental (7 metros de comprimento) em bronze - 1968 (Israel)
Número apagado
Luís Augusto Fischer
Faz anos eu li um livro que me comoveu muito. Ele se chama, em português, Enterrem-me em pé — A longa viagem dos ciganos (Cia. das Letras, tradução de José Rubens Siqueira). A autora se chama Isabel Fonseca, e com esse nome muito latino ela é norte-americana, com ascendência, diz a orelha do livro, hispânica e húngaro-judaica. Trata-se de um livro jornalístico sobre os ciganos, um relato de viagem feita pela autora para as remotas regiões dos Bálcãs, aquela região da antiga Iugoslávia, hoje em dia uma pulverizada em Macedônia, Sérvia, Croácia, mais Romênia, Albânia e outros países. (Quando estourou a guerra genocida do senhor Milosevic, o Luis Fernando Verissimo fez a piada de que nos Bálcãs a história fica parada, enquanto a geografia se mexe.)
Eu lembrava muitas coisas esparsas sobre o livro, histórias de muita pobreza e ao mesmo tempo de muita intensidade. A edição brasileira é de uns dez anos atrás, 1996 (e, oh, má qualidade dos livros brasileiros, já está com as páginas manchadas, como se tivesse 50 ou cem anos o volume).
Uma das histórias havia ficado na minha lembrança, também de forma imprecisa, o que me fez retomar o volume para tentar localizá-la agora. Trata-se um momento de sublime patético, ou de patético sublime, relacionado a uma senhora cigana que, como a maioria das mulheres de sua condição étnica, não sabia ler. Retomado o livro, agora posso contá-la com mais precisão.
Ocorreu que a jornalista Isabel Fonseca estava convivendo por uns tempos com uma família de ciganos em Tirana, na Albânia, para conhecer seu cotidiano (o que já vale a leitura do livro), e o chefe da família resolveu visitar uns parentes seus que viviam mais retiradamente ainda, numa região rural, na cidade de Mrostar. Para os ciganos da capital, tratava-se de uma viagem ao passado, por assim dizer: os parentes de Mrostar eram muito mais pobres do que os já pobres habitantes de Tirana.
Tratava-se na verdade de um campo de cabanas e choças muito precárias, algumas das quais sequer permitiam que o habitante ficasse de pé dentro delas. Os que ali viviam nem tinham notícia clara de pertencerem a um grupo étnico que contava com milhares e milhares de componentes que viviam em localidades bastante próximas; era como se os habitantes daquela aldeia vivessem isolados, sem contato, sem referência, sem mesmo as práticas tradicionais dos ciganos. Uma tristeza, uma desolação, para todos os que ali estavam de visita, e muito particularmente para a jornalista norte-americana.
Na hora das despedidas, uma senhora bem velha, magra, extremamente pobre, pendura-se na manga da Isabel, fazendo sinal de que queria mostrar-lhe alguma coisa. O que seria? A cigana mexe no bolso do avental que trajava e tira dali um papel velho, um pedaço já pequeno de papel, que ela trazia muito dobrado, reduzido ao tamanho de uma unha. Ela o pega e desdobra parte por parte aquele amarrotado; quando está todo aberto, ela o coloca na altura adequada para a leitura da visitante, perto dos olhos.
Diz Isabel, desolada: “Não vi nada — talvez uma mancha de sujeira. Peguei o papel de sua mão e verifiquei o outro lado. Nada. A não ser por algumas marcas de dedos, estava em branco.” A velha cigana, então, chateada, dobra de novo o papel e o coloca no mesmo fundo de bolso do avental.
Isabel Fonseca não falava com total destreza o dialeto da velhinha, mas foi capaz de entender o que ela dizia com auxílio dos outros ciganos. E soube, então, que ali, naquele papel, ela dizia que estava escrito o número do telefone de seu filho que tinha se refugiado na Itália.
“Se ela era analfabeta, o que parecia provável, jamais havia lido os números, e o que tinha visto ali já era uma abstração”, comenta a jornalista. De todo modo, a velhinha desejou boa sorte à visitante que não havia sabido ler o tesouro que naquele papel ela guardava com tanto zelo: “Te xav ka biav”, o que literalmente significa “Que eu possa comer em seu casamento”. Era todo um bom futuro, com casamento e festa, o que a idosa cigana desejou para a moça.
O relato do livro dá conta do estado de espírito de Isabel nessa hora. Ela quase chorou ao presenciar a cena. Assim também eu, quando li pela primeira vez essa história. O que a história guarda é qualquer coisa de muito estranho, misturado com algo de muito familiar. Uma mãe lembrar do filho ausente e desejar restabelecer contato com ele, que agora está no estrangeiro batalhando pela vida, é coisa que qualquer um de nós entende e sabe sentir; por outro lado, uma analfabeta que sequer sabe distinguir entre coisas escritas e não-escritas (ou apagadas), numa total inaptidão para o que nós podemos considerar como um mínimo da civilização, é de arrepiar, de tão distante de nossa vida.
Eu nunca me imaginei sem saber ler. Só um dia, depois de adulto, senti algo parecido, quando por algumas horas estive na cidade de Tânger, no Marrocos — vai-se de barco desde Algeciras, no extremo sul da Espanha (por sinal a terra natal do grande violonista Paco de Lucía), perto de Cádiz, pela manhã, e volta-se à tarde, numa viagem turística regular.
Na velhíssima cidade árabe, eu me senti acossado pela impossibilidade de entender o que se falava e pela incapacidade de ler as placas, quase todas escritas em árabe (se bem que muitas vezes, em atenção aos turistas, com tradução para o espanhol, o francês ou o inglês). Mas eu sabia que logo estaria de volta ao planeta das línguas conhecidas, que me permitiriam me movimentar sem dificuldades.
Qual o valor de saber ler, então? Nós, que sabemos ler e escrever quase tanto quanto sabemos respirar, jamais saberemos aquilatar o valor de tal conhecimento. Mas isso mesmo deveria nos alertar para a necessidade absoluta de oferecer alfabetização para todo mundo, em qualquer idade, e escola decente para todas as crianças e os jovens. Nem que seja para que qualquer pessoa, em qualquer circunstância, possa anotar o telefone do filho distante e, depois, telefonar para ele.
Publicado no blog Pesqueiro
Rodando pela cidade
"É provável que Deus não exista. Agora pare de se preocupar e desfrute sua vida."
Mensagem atualmente fixada em 30 ônibus de tranporte público, pelo período de quatro semanas, em Londres, Inglaterra.
Você pode imaginar isso aqui no Brasil? 30 ónibus públicos, com tal mensagem em português, fixada em suas laterais e traseiras, circulando no meio do tráfego engessado de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador ou Porto Alegre?
Publicado no blog Der Terrorist
Fotografia
Duas esculturas em bronze, representando Luiz Gonzaga, o sanfoneiro e Jackson do Pandeiro, o percussionista, em tamanho natural. estão colocadas sobre o passeio público, na margem do Açude, em Campina Grande, Paraíba, Brasil - Fotografia de Mário Castello
Das inumeráveis atualidades
Ferreira Gullar
Como se sabe, a história não caminha em linha reta e tampouco os processos econômico, tecnológico e ideológico gozam da mesma atualidade em todos os pontos do planeta. Daí porque García Márquez, em "Cem Anos de Solidão", inventou a cidade de Macondo, onde tudo acontecia com enorme atraso, se comparado com os centros mais desenvolvidos. Não por acaso, Macondo se situa precisamente na América Latina.
Eu mesmo nasci em Macondo, ou seja, na São Luís do Maranhão dos anos 30 e lá vivi até 1951, quando decidi também participar da história contemporânea, no Rio de Janeiro, que, se não era o centro do mundo, ficava mais perto.
Hoje São Luís é outra, bem mais moderna e atual.
A verdade é que essa noção de atualidade é relativa, de modo que quem vive na África profunda, seguindo rituais e adorando elefantes, vive sua própria atualidade. Por isso mesmo, quando passa por lá um avião, voando baixo, tenta atingi-lo com flechadas, certo de que é, em sua atualidade própria, um espírito do mal.
Não obstante, graças aos novos meios de transporte e comunicação, uma boa parte da humanidade vive numa atualidade maior, mais ampla, que abrange o que chamamos de mundo civilizado. De certo modo, a partir de determinado momento da história humana, esses povos, em maior ou menor grau, participam de um mesmo processo econômico e cultural, em níveis diferentes, claro, mas, de uma maneira ou de outra, de uma mesma história. Por essa razão, costumo dizer que não há "exclusão", já que estamos todos incluídos, ainda que em condições de desigualdade, tanto cultural quanto econômica.
Esta região, hoje chamada América Latina, foi cooptada pelos europeus, que a anexaram a seu processo civilizatório. De uma maneira ou de outra, o fator determinante de nosso processo histórico foi europeu; defasado, é claro, mas europeu. E, a cada dia, pelo avanço mesmo das tecnologias e do conhecimento, o mundo se globaliza, a economia é uma só e, gostemos ou não, estamos no mesmo barco: se a Bolsa cai ou sobe, em Nova York, cai ou sobe aqui também; se uma epidemia surge na Tailândia, temos que nos precaver porque ela pode desembarcar de um avião no aeroporto Tom Jobim e nos infectar.
Essa contemporaneidade de povos, que vivem em diferentes estágios culturais e econômicos, gera uma atualidade complexa, rica e contraditória, que faz com que o índio do Xingu, que ainda acredita em Tupã, assista pela televisão a uma partida de futebol que acontece em Barcelona, ou a um show dos Rolling Stones, na praia de Copacabana.
Não obstante, não há que se iludir: o índio não vive na mesma realidade que um morador do Harlem ou de Hong Kong, uma vez que as relações dessas diferentes pessoas com a realidade do mundo moderno são distintas, isso porque o homem é um ser cultural, que se apóia nos valores de sua comunidade e que são os seus. Por isso mesmo, aquele nativo africano, que vive num mundo tribal, não vê o avião como uma máquina que voa, e, sim, como uma aparição maligna.
A coisa não é muito diferente, embora seja mais complexa, se se passa no plano das idéias e das utopias. Quando Marx escreveu, em 1848, o "Manifesto Comunista", clamando pela libertação da classe operária, no Brasil ainda imperava o trabalho escravo e o sonho dos países latino-americanos era se tornarem impérios. A revolução que, segundo Marx, aconteceria nos países capitalistas avançados, aconteceu na Rússia, de capitalismo atrasado.
Esse fato, mesmo contrariando a teoria, não deixou de mudar o curso da história que, como se sabe, não está escrita, mas é fruto de fatores objetivos, de opções humanas e do acaso. Donde, poder dizer-se que a vida é, em certa medida, quântica, já que se rege pelo princípio da incerteza e da indeterminação. Todo o esforço humano para impedir que seja assim.
Contra o poder dos países capitalistas, a revolução soviética sobreviveu e a URSS tornou-se, em meados do século 20, a segunda potência econômica e militar do planeta.
Pois bem, o socialismo real desmoronou. Não obstante, enquanto a própria China, governada pelo Partido Comunista, troca o socialismo pelo capitalismo de Estado, na América Latina de García Márquez, reacende-se o sonho socialista, como em Macondo, onde o passado chega como se ainda fosse o futuro. E pode ser que o seja, porque a atualidade é relativa e há muitas e diversas atualidades.
Por isso, nada impede que, num povoado qualquer de nosso continente, renasça o sonho da sociedade sem classes. Só não se sabe quanto tempo duraria.
© Ferreira Gullar – publicado na Folha de São Paulo / UOL
Fotografia de Mário Castello - Série Mantiqueira, 2008
Esculturas de Ângela Pettini de Oliveira
Cruz é um tema da Arte. Foi assim na Antigüidade, foi assim ao longo de 400 anos pós-renascimento, é hoje um tema da contemporaneidade. Diria que é um tema crucial na Arte Contemporânea. Ali está com seu estojo de múltiplos significados e isso se prova com as propostas estéticas de Kasimir Malevitch, de Antonio Saura, de Tápies, de Velicovic, de Anselm Kiefer, de Antony Gormley, em Siron Franco.
Está a cruz presente em algumas obras desses artistas a apontar sua riquíssima carga de significados e simbologia, até mesmo quando o artista se inscreve na fatura abstrata. É um ícone da contemporaneidade e comporta o seu conjunto formal para as diversas formas de expressão.
Neste conjunto de obras Ângela Pettini de Oliveira a traz para a sua escultura.
Vemos nesta exposição, várias obras em que a cruz se explicita e se impõe dominando o espaço volumétrico. Noutras, ela se faz de suporte, preferencialmente em bronze, de diferentes pátinas ou graus de polimento, e dessa base universal conta uma história. Revela as outras cruzes dos seres humanos, no tráfego, nos acidentes, nos distúrbios, na violência, nas opções do livre arbítrio. Revela outras cruzes nos vícios, na sorte, na desdita. Na contas de um terço-cassino. Numa grande cruz que é carregada penosa e solidariamente por um grupo de pessoas, no caso específico, por crianças.
A escultora avança no tema e nos apresenta uma cruz em forma de favela, de bairro de lata, de vila miséria. A cruz, que é destinada a tantos, sem que eles a pedissem e assim ela se espalha por todos os lados, por todos os continentes.
A cruz deixa assim de ser um logotipo religioso e torna-se letra de um alfabeto comum a todos os seres, que identificam e compreendem imediatamente o signo e o alcance de seus significados. Existem também os labirintos de cruzes, as prisões e a poética de um lenho premonitório, ainda na sua forma primeva e original de árvore.
Uma escultura me chama a atenção, particularmente, será aquela em que a artista encaminha audaciosamente a cruz no formato de um cubo vazado e ali pendura um ser, torturado, que se mostra igualmente vazado, exaurido de sua força e de sua consistência integral no condicionamento ao espaço limitado, claustrofóbico e tenaz –aquele exato a que se acha reduzido e condenado. O espaço, que aberto também é fechado, que o confina e que o impossibilita de qualquer ação alternativa, na medida em que o esvazia do conhecimento e da consciência.
Olhe em volta e veja as cruzes, veja o caos que nos toca com os dedos longos.
Duas torres verticais que desabam – em fragmentos retorcidos de aço, em pedaços estilhaçados de concreto, em lascas de vidro, em fogo e poeira, em corpos ainda vivos arremessados ao espaço vertiginoso, em bilhões de pedaços de papel, sepultando, inutilizando e infelicitando milhares de vidas – quando caem ao solo, formam um imensa cruz, indelével e sinistra, mesmo que não a percebamos imediatamente.
A cruz é um tema contemporâneo – que faz pensar.
© Alfredo Aquino
Os 12 trabalhos de Álvaro Siza
De 16 de outubro a 23 de novembro, 12 projetos do arquiteto português Alvaro Siza realizados nos últimos dez anos são tema da exposição "Álvaro Siza Modern Redux", no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Com curadoria do arquiteto português Jorge Figueira, a mostra tem maquetes, fotos, desenhos e projetos.
Álvaro Siza já recebeu o prêmio Pritzker, em 1992, e recebe, em 2009, a Medalha de Ouro Real, pelo Royal Institute of British Architects (Instituto Real dos Arquitetos Britânicos), o RIBA. A medalha é atribuída desde 1848 aos arquitetos de grande contribuição internacional à arquitetura. Já premiou Le Corbusier (1953), Renzo Piano (1989), Frank Gehry (2000) e Jean Nouvel (2001).
Para justificar a escolha, o RIBA considerou que a obra de Siza tem uma especial qualidade de relacionar primordialmente os elementos da arquitetura - em oposição à exploração da forma ou textura dos mesmos elementos.
Foi ressaltada também a economia de meios expressivos combinada à generosidade dos espaços revelados. Estou resumindo um pouco, mas achei bem bacana esta síntese que o RIBA fez sobre a obra de Siza, que é profundamente ligado ao movimento moderno e ao mesmo tempo possui grande capacidade plástica e poética.
Veja a lista dos 12 trabalhos de Siza que podem ser vistos na mostra do Tomie Ohtake:
* Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2005-2008), Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2002)
* Pavilhão Anyang, Anyang, Coréia do Sul (2005-2006)
* Complexo Desportivo Ribera-Serrallo, Cornellà de Llobregat, Espanha (2003-2006) Prêmio Secil 2006 (grande prêmio de Arquitetura de Portugal)
* Casa Van Middelem-Dupont, Oudenburg, Bélgica (1995/2001)
* Pavilhão Centro de Portugal, Expo 2000. Hannover, Alemanha (1999/2000)
* Pavilhão Multiusos, Gondomar, Portugal (2001/2007)
* Biblioteca Municipal. Viana do Castelo, Portugal (2001/2007)
* Casa do Pego, Sintra, Portugal (2002/2007) * Casa em Maiorca, Palma de Maiorca, Espanha (2002/2007) * Adega Mayor, Campo Maior, Portugal (2003/2006) * Museu Mimesis, Paju Book City, Coréia do Sul (desde 2006) Álvaro Siza Modern Redux
* Hotel Desportivo e Centro de Alto Rendimento, Panticosa, Huesca, Espanha (desde 2001)
Publicado por Mara Gama no Blog Design
Fotografia de Fernando Guerra
O barbeiro de Beja
"6.ª feira (…) estou até às 03, 15 h da tarde, depois saio ao cabrito (…)"
"Amigo cliente, se não estiver aqui na barbearia posso estar em minha casa, em casa do meu irmão, ou no café da Celeste. Ou casa pai.
Se me for chamar a minha casa, a campainha está por baixo da caixa do correio"
Este barbeiro, alentejano de Beja, homem de hábitos e rituais certos (sexta-feira cabrito), para quem o cliente é um "amigo", e com uma vida social de tal forma preenchida (ele é casa, casa do irmão, café da Celeste, casa do pai) que nem lhe sobra tempo para estar na loja.
À semelhança do seu congénere sevilhano, é digno de um qualquer Rossini do nosso tempo que o imortalize em ópera! Componha-se a dita!
Publicado no blog Der Terrorist
Desenho
Poética - Desenho de Alfredo Aquino - Tinta china e aguadas a pena e pincel sobre cartão Montval.