Segunda-feira, 08.09.08

Leopoldo Plentz - Maquinaria da Arte

Fotografia

 

 

 

 

No dia 10 de setembro, o fotógrafo e artista Leopoldo Plentz vai participar juntamente com M. François Barré (ex-Diretor do Centre Georges Pompidou, Paris - especialista em fotografia) e com Mauro Holanda (fotógrafo e artista) do debate sobre FOTOGRAFIA - Maquinaria da Arte SESC Porto Alegre. 

 

A conversa e apresentação de fotografias, da sua nova série de imagens em grande formato – "Inúteis" - na qual ele apresenta releituras de pequenos objetos, rejeitos que foram resgatados, fotografados e ampliados em cores sobre papel vintage, no mínimo em 100 vezes a maior que seus tamanhos de origem. O evento acontecerá no SESC - Av. Alberto Bins, 665 - Centro Porto Alegre RS - às 19 horas, quarta-feira (10 de setembro) - Entrada gratuita.

 

publicado por ardotempo às 18:36 | Comentar | Adicionar

Pássaros de Vôo Curto

"Sabemos que o poder é provisório, o sucesso temporário e a vida precária. A salvação é que o amor, a amizade e a arte são eternos." - Alcione Araújo, escritor

 

 

Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista de cinema e ex-professor da UFMG, Alcione Araújo busca em sua obra a síntese entre o subjetivo e as circunstâncias, o psicológico e o social.

Em Belo Horizonte, que considera a sua cidade, pois dela palmeou “cada esquina, cada rua, cada praça, além de ser o lugar das suas amizades definitivas”, foi encenada a sua primeira peça, Há Vagas para Moças de Fino Trato , em 1974. A peça é um estudo psicológico do sofrido convívio de três mulheres e dos traumas que lhes são causados pelas relações amorosas.

Consagrado internacionalmente como dramaturgo e cronista, em 1999 Alcione lançou Nem mesmo todo o oceano, romance com o qual foi um dos finalistas do Prêmio Jabuti. Sobre o livro, escreveu Luis Fernando Veríssimo: “Havia um romanção sobre os últimos anos há história do Brasil esperando para ser escrito. Um livro que falasse de tudo que nos aconteceu, entre o sonho e o remorso. E não é que pode ser o livro do Alcione essa obra que faltava. O livro é um verdadeiro transatlântico carregado de personagens inesquecíveis”.

Publicado pela Record, Alcione Araújo lança em 2008 o seu novo romance, Pássaros de vôo curto. Sobre o novo livro, diz Alcione: “O livro tem 460 páginas, bem menos que Nem mesmo todo o oceano , que tem 800. Porém, deu mais trabalho: no outro levei dois anos e meio; neste foram quatro anos de trabalho. A história não é narrada na ordem cronológica. Mas, seguindo a cronologia, começa em 1882 e termina em 1982: perpasse um século, portanto.”

“Mantendo a ordem cronológica que, reitero, não é a do livro, começa quando George Chalmers, engenheiro inglês especializado em mineração, chega a Nova Lima para dirigir a atual Mina de Morro Velho. Assim que se adapta no novo país, Chalmers volta a Londres e, como bom anglicano e vitoriano, casa-se. O casamento, porém, não impede que desabroche a paixão por uma braçal italiana muito mais jovem do que ele. O romance avançou, na sombra da inocência da esposa, igualmente vitoriana e anglicana, assim como do Bispo anglicano", antecipa Alcione.

Petrônio Souza Gonçalves

  Pássaros de Vôo Curto

  Autor: Alcione Araújo

  Editora Record

  Romance, 462 páginas - 2008

  ISBN nº 9788501082107

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publicado por ardotempo às 16:09 | Comentar | Adicionar

Epifania

O museu sublime

 

 

O museu concebido concebido por Álvaro Siza Vieira - a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre - é tão extraordinariamente surpreendente e belo que inocula de beleza atordoante qualquer obra colocada em seu espaço, reveste-a de harmonia tal em sua limpeza visual, no seu equilibrio epifânico de brancos e de claridades matizadas de luz, em isenção absoluta de ruídos, sujidades e alaridos visuais, que qualquer obra que contar com o privilégio de ali estar exposta, poderá ser percebida instantaneamente como uma obra maior e; certeiramente, como uma obra continente do conceito da beleza.

 

 

Álvaro Siza Vieira, com suas passarelas de ascensão suave, os amplos espaços de observação desobstruída, o piso confortável em madeira clara, com os detalhes sutilmente luxuosos do acabamento discreto e sempre presente em mármore branco, com as aberturas luminosas e de elegia espiritual, concebeu na perfeição milimétrica de sua arquitetura audaciosa, um museu impermeável à feiúra, uma máquina eficaz que concede beleza - beleza sublime - a qualquer manifestação artistica que esteja colocada em seu interior. Uma escultura com a função de mostrar a Arte - de fazer a Arte bela.

 

 

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publicado por ardotempo às 01:54 | Comentar | Adicionar

O fantasma de Fellini

A fotografia

 

O fotógrafo e a namorada aproximaram-se do palazzo antigo em Florença, entraram na fila para comprar os ingressos no meio da multidão de turistas alvoroçados. No gelado do inverno e na concorrida temporada cultural. Muita gente em todos os lados, diversas procedências. Línguas na aglomeração. Português, grego, inglês, japonês, francês, outras linguas que o fotógrafo e a namorada não foram capazes de identificar; e mais o italiano. Por todos os lados. Movimento em frenesi. E fantasmas.

 

De repente, sem se perceber de onde, eles chegaram. Alegre e ruidosamente. Contornaram deslizantes o espaço frontal do edifício secular e pararam juntos. Vistosos, coloridos e falantes. Os ciclistas italianos, em equipe. Capacetes e tecidos emborrachados. Bicicletas de corrida para estrada. Juntaram-se com alegria contagiante à fila dos turistas, instatalaram uma confusão momentânea de medina marroquina, de mercado persa, de tráfego romano. 

 

Resolveram montar um fotografia conjunta da equipe na porta do palazzo. Sob a orientação de um diretor de cena, gestos largos e teatrais. Gritos de lado a lado, o conjunto se forma em orquestra de futebol. Um maestro-ciclista e um fotógrafo-ciclista. E um outro fotógrafo atento. E o fantasma de Fellini a coordenar a cena. Claquete. Ação. Clique. Corta.

 

 

 

 

O fotógrafo e a namorada entram no palazzo no meio da multidão. Obras de arte. Afrescos. Tetos e pisos antigos. Turistas em movimento. Escadarias e fotografias dos turistas. O fotógrafo e a namorada sobem a grande escada. Degraus desgastados de mármore, arredondados, lisos, seculares, cheios de histórias de calçados que por ali passaram, a conspirar, em serviço ou a passeio. No teto, o afresco dos anjinhos brincalhões e irônicos tropeçando em globos coloridos como se passeassem no céu pintado. Céu azul e nuvens brancas, anjos e planetas. E um fantasma a observar a cena.

 

O fotógrafo olha para o teto, enquadra a cena, faz a foto. O fantasma do cineasta dirige a tomada. Claquete. Ação.

 

Um passo em falso, um leve toque de equilibrio, um vento de fantasma... O vôo frenético do perdiz. Topo da escada, o cume do Mont Blanc. Degraus sem arestas, lisos de neve de Carrara. Em elipse descendente, a curva definitiva da gravidade, numa fração de segundo. Um despenhadeiro profundo de grota alpina. Base lisa de Carrara no fundo do abismo. Corta, grita o fantasma. Baque seco, estalo de ossos, grita o fotógrafo.

 

No fundo do vale escuro do palazzo renascentista, o fotógrafo quebrara um de seus instrumentos de trabalho... não a cabeça, não o crânio, não a câmera, quebrara o braço esquerdo.

 

Logo a corrida dos funcionários, o transporte a uma sala de serviços, com rapidez e discrição. Silêncio e dor. O consolo da namorada ao fotógrafo ferido, mimos contra gemidos. A chegada dos enfermeiros na ambulância, o som dos metais cromados da maca articulada. A metamorfose do fotógrafo com o braço arruinado em paciente-refém de uma maca de tubos de aço. Um funcionário encaixa mal a maca, a articulação força uma dobradura inesperada, alguém de branco apoia-se no braço avariado. O fantasma sorri. O fotógrafo grita. A enfermeira comanda o motorista: "Meta a sirena"

 

E a ambulâcia parte alucinada, com seu grito histérico jogado ao ar, pelas apertadas vias do centro histórico, curvas de dor em ondas de sangue para o abatido protagonista, navegando com brusquidão no tubo vermelho e branco de luz, como se fora um surfista de onda grande em prancha rápida, 

 

A ambulância chega ao hospital. Logo após chega apressado o fantasma do cineasta. Claquete. Ação. A cena agora se desenrola nos corredores planos e brancos de centro de ortopedia de emergêcia de Florença. Fellini dirige a cena. Por uma porta entra a maca do fotógrafo, braço direito estropiado. Na mesma sequência, sem cortes, entra pela porta lateral uma segunda maca em aços cromados, com outra vítima de atividade no dia. Um dos ciclistas, vestido com o espalhafatoso uniforme colorido, a perna direita arruinada, ossos partidos , ensangüentada fratura exposta. Os atores involuntários se reconhecem da cena anterior e riem da nova situação, apesar dos dolorosos sofrimentos comuns. Corta, pensa o fantasma.

 

 

Fotografia de Pierre Yves Refalo - Ciclistas - Florença, 2008 

 

publicado por ardotempo às 01:06 | Comentar | Ler Comentários (1) | Adicionar

Editor: ardotempo / AA

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