Que cavalos são esses?
Fotografia
Gaúchos - Fotografia de Leonid Streliaev, 2005
Do País das Nanas
Nana-Boule - Niki de Saint-Phalle - Escultura de resina policromada,
em grande formato, 1968
Poderes
Luis Fernando Verissimo
O Batman é um super-herói sem super-poderes. Não voa, não enxerga através do aço, não faz o globo girar ao contrário. O único outro exemplo da espécie que me ocorre é o Fantasma, mas o Fantasma ficou datado. Há algo de irremediavelmente antigo na sua figura, vivendo aquela fantasia de onipotência colonial entre os pigmeus. O Batman, ao contrário, é um herói metropolitano. Só é concebível num cenário urbano onde o gabarito foi liberado. E fica cada vez mais atual.
Cada nova versão do Batman no cinema é mais sofisticada do que a anterior. Começou como gibi filmado, já foi comédia pós-moderna estilizada, agora - pelo que leio, ainda não vi - é uma tragi-comédia com sombrias referências às paranóias do momento. Batman é reincidente e nunca fica datado porque nunca fica bem explicado, tem sempre uma conotação a mais a ser explorada, um lado da sua personalidade e da sua legenda a ser descoberto e dramatizado. E acho que o fato de não ter super-poderes tem muito a ver com a sua permanência através de todos estes anos, que não foram piedosos com os outros super-heróis clássicos, massacrados pela paródia e o esquecimento.
Desde o momento em que foi matar uma mosca e demoliu a mesa o Superhomem conhecia seus poderes. Os poderes definiram o homem. Ele não poderia ser outra coisa além de Superhomem, sua vida estava decidida já nas fraldas. Batman escolheu ser Batman. Nada determinava a sua escolha. Não tinha nem a carga genética para guiá-lo, como o Fantasma, que pertencia a uma dinastia de Fantasmas. Se a legenda do Superhomem é uma parábola sobre a predestinação, a do Batman é uma reflexão sobre o livre-arbítrio. A única coisa que une os dois é a obsessão em fazer o Bem - o que torna a escolha do Batman ainda mais misteriosa.
Ele decidiu ser um homem-morcego. Logo o morcego, bicho hemofágico e ruim, cuja única antropomorfização (com perdão do palavrão) conhecida antes do Batman foi o Drácula. Escolhendo um símbolo do Mal para fazer o Bem, Batman enfatizou seu livre-arbítrio. Nada determina as suas ações, nem a Natureza que fez o Superhomem super e o morcego asqueroso. Sua obsessão pelo Bem é uma escolha moral, desassociada de qualquer imperativo externo. Ele não é um herói para melhorar a reputação dos morcegos nem porque veio de outro planeta predestinado a ser bom, ou porque gosta de usar malha justa. O que a sua legenda nos diz, e talvez por isso dure tanto, é que o ser humano é cheio de imperfeições e maus impulsos, limitado pela biologia e condicionado por mitos e tradições, mas é livre para escolher o que quer ser. E decidir ser justo.
Está aí, um super-herói do iluminismo. Longa vida para o Batman.
Máscara
Fotografia de Pierre Yves Refalo - Máscara
Modelo: Vitória Cuervo
© Carassotaque - Iluminuras, 2008
É o que diz José Saramago sobre a atribuição do Prêmio Camões a João Ubaldo Ribeiro.
José Saramago declarou ter ficado "tão contente" com a atribuição do Prêmio Camões 2008 a João Ubaldo Ribeiro que só lhe apetecia dizer o título de um dos romances do amigo: "Viva o Povo Brasileiro".
Em declarações telefônicas o Prêmio Nobel da Literatura 1998 exclamou ao saber da notícia: "Fico muito contente e até tenho vontade de dizer 'Viva O Povo Brasileiro', numa referência ao título do romance de João Ubaldo Ribeiro."Ele é uma pessoa extraordinária, que infelizmente já não vejo há um par de anos, mas de quem guardo as melhores recordações do Brasil, ou da Alemanha, onde estivemos juntos", lembrou Saramago.
"Desprende cordialidade em cada gesto e devemos estar todos satisfeitos", acrescentou o Nobel da Literatura português, em relação ao galardoado com o Prêmio Camões 2008.
"Justifica-se plenamente a atribuição do prémio que leva o nome de Camões, afinal a grande figura que une os países (lusófonos) através do laço autêntico da Língua Portuguesa", concluiu Saramago.