Nesta semana, numa apresentação única para 500 convidados, Peter Greenaway realizou uma intervenção com luz e efeitos de imagens sobre o afresco original restaurado de Leonardo da Vinci – "A Última Ceia" – no refeitório do Convento Dominicano de Santa Maria de Grazie, em Milão.
Algo extremamente elitista, direcionado a um público de convidados, bastante seleto e restrito, com a presença de especialistas em arte, prêmios Nobel, autoridades políticas e eclesiásticas. Foi necessário fazê-lo sobre a obra original para garantir a credibilidade do evento e os altos valores investidos no projeto. Para simbolicamente atribuir-lhe a "autenticidade" da intervenção sobre a obra-prima concreta. A seqüência do projeto prevê, a partir do dia seguinte e pelos próximos meses, a repetição das intervenções luminosas sobre uma reprodução fotográfica da pintura num painel ampliado recente, num auditório em sala ao lado, aberto ao grande público (que pagará o alto valor do ingresso). O "fake" sobre o "fake". E dessa forma a instalação de luz e imagem poderá viajar a vários outros locais nos próximos meses, mantendo o seu interesse, a mídia e o valor dos ingressos, após esse batismo sagrado de autenticidade original. Peter Greenaway, exultante com o resultado alcançado e sugerindo que, atualmente, Leonardo da Vinci seria um cineasta como ele, declarou: "Leonardo era um homem voltado às tecnologias, tenho a certeza que hoje em dia não pintaria mais e sim estaria pesquisando com a tecnologia mais elaborada", ao auditório colocado em frente ao grande afresco do mestre renascentista. Continuou o cineasta o seu discurso, profetizando: "Chegamos ao fim da época da supremacia do texto, estamos entrando na era da imagem".
Sono
Sesta do workaholic - Intervenção urbana com pinturas e objetos recortados, fixados na parede, em Melbourne, Austrália, 2005
Autor: Psalm